"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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sábado, 10 de abril de 2010

HOMENS COMO ÁRVORES (Estou tirando a “casquinha” de quem para resolver meu problema?)




Crônica

HOMENS COMO ÁRVORES (Estou tirando a “casquinha” de quem para resolver meu problema?)

sábado, 10 de abril de 2010
Por Claudeci Ferreira de Andrade

       No colégio, contemplei uma forma de poder diferente do poder do professor, da coordenadora, da secretária; a meu ver, cruel e passional! A agente de limpeza, com uma faca na mão, roletava de fora a fora a casca do tronco de uma árvore a qual enfeitava a área verde do pátio. Já faz alguns meses, mas é ali, onde ainda tranco minha bicicleta com a certeza de que estaria protegida dos malfeitores, misturados com nossos alunos, porém já prevejo a perda de meu apoio, madeira apodrece rápido e ela já está muito seca.
       — "A árvore derrubava muitas folhas, dava trabalho varrer!" Essa foi a plausível justificativa, todavia como cada crime tem suas fabulosas justificativas, esta, além disso, é uma evidência de abuso de poder e de legislação em causa própria.
       O grito de dor daquela árvore, no momento do esfolamento fatal, não foi ouvido, mesmo tendo muitos espectadores, entretanto ecoa até hoje! Soaram vocativos estridentes ao coração incessível! E como não pude deter aquela “educadora” em seu ritual macabro, pois estava com a consciência amortecida pela a visão unilateral certa de que estava resolvendo o seu problema, agora apanho aqueles gritos, encorporo ao meu, e o levo até mais longe: o mundo das ideias.
       Como formar uma consciência ecológica, no seio da Instituição de Ensino, se há o visível  testemunho daquela madeira seca com a cicatriz em forma de uma cintura sem reparo, contradizendo qualquer coisa nobre? E logo, teremos só resto de um tronco podre, e finalmente um vazio! Por que 
ainda não a tiraram e já plantaram outra no lugar? São tantos os questionamentos sugeridos por aqueles beneficiados da sombra da outrora frondosa árvore! O que dizem os pássaros, os insetos, os líquens e a biodiversidade! Porém, um não pode calar! Será se todos os agentes, e até de outros setores da educação, usam o mesmo princípio, assim, resolvendo os seus problemas? Onde a tal funcionária aprendeu aquele procedimento? Compreendo quando um caçador de coelho acuado por um bicho grande atira em todas as direções, ferindo as árvores e até o pé dele mesmo. Sobretudo não compreendo até que ponto pode ir um funcionário para agradar o patrão!
       Dessa vez, foi só a casca, mesmo assim foi o suficiente para todo bom leitor da cena de então, imaginar uma bicicleta, instrumento ecologicamente correto, se apoiando em uma árvore seca de tronco escoriado, também paradoxal! Precisamos entender um fato: “tirar o couro” leva a óbito. Estou tirando a “casquinha” de quem a fim de resolver meu problema? Não gostaria de ser taxado de criminoso por incriminar o destruidor de árvore. O poder usado nessa forma de viver não é natural, é como diz o provérbio Árabe: “A árvore quando está sendo cortada, observa com tristeza que o cabo do machado é de madeira”. E eu quero fazer minhas as palavras de Tom Jobim: “Quando uma árvore é cortada ela renasce em outro lugar. Quando eu morrer quero ir para esse lugar, onde as árvores vivem em paz.”
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 10/04/2010
Código do texto: T2188867

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domingo, 4 de abril de 2010

ENTRE PÁSSAROS E GAIOLAS ("/Ninguém é o dono do que a vida dá/" — Dani Black)






Crônica

ENTRE PÁSSAROS E GAIOLAS ("/Ninguém é o dono do que a vida dá/" — Dani Black)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

              
            O mundo é feito de conceitos enraizados, como se as ideias fossem árvores antigas, com raízes profundas que se entrelaçam no solo da tradição. Entre essas concepções, uma que persiste é a da posse, em especial quando se trata da mulher. Mas permitam-me, caros leitores, desfiar-lhes a trama de uma realidade vivida, uma crônica que, como um rio sinuoso, flui entre o enredo da tradição e a busca pela liberdade feminina.
            Era uma vez a crença de que a mulher deveria ser posse do homem, uma ideia que, ao longo do tempo, revelou-se limitadora e sufocante. Essa narrativa, embora pintada com tintas de utilidade, escondia armadilhas que transformavam vidas em trágicas histórias de submissão. A mulher, mais do que útil, deveria ser dona de si mesma, uma ideia que surge como uma brisa suave em meio às palavras rígidas.
             A tradição, qual jardim com flores de normas inflexíveis, alimentou o mito da exclusividade, transformando mulheres em propriedades, objetos, ou até mesmo em animais de estimação. Uma trama que, ao ser tecida com fios de controle, resulta em sofrimento, violência e dominação. O homem, às vezes, cego pela mania de consertar suas "coisas", transforma o amor em algo amargo, como absinto, e a fidelidade em uma espada de dois gumes, cortando a liberdade.
            A infidelidade, concebida como pecado, ecoa em páginas de livros mais vendidos, mas e a esposa do Cristo, quem a conheceu? A fidelidade, imposta, contrasta com a benevolência voluntária, uma dualidade que paira sobre relacionamentos. Questiono-me se é possível manter uma mulher de tudo e, ainda assim, falhar na compreensão de seus propósitos, alimentando a fragilidade que conduz à infidelidade conjugal.
             A busca por respostas perpassa as páginas da história e até mesmo as escrituras, mas é nas expressões do amor que encontramos a verdadeira libertação. Mulheres, capazes de se livrar de pesos como ansiedade e culpa, embarcam num caminho de metamorfose, transformando a traição em sintoma dessa jornada de autodescobrimento.
             O casamento, esse consórcio que muitos veem como o maior lesador do ser humano, revela-se como uma metamorfose constante. Até "que a morte os separe", um lema que antecipa a morte do próprio eu, prenunciando que a garantia para a jornada conjugal não é eterna.
             Ao final, percebo que a fidelidade autêntica está reservada a Deus e a Si mesmo. Não defendo a prostituição, mas sim a conveniência, a felicidade que reside na liberdade. Recordo as palavras de William Shakespeare: "O diabo pode citar as Escrituras quando isso lhe convém". Ser conveniente é, afinal, uma questão de felicidade.
             E assim, entre pássaros que voam livres e gaiolas que tentam aprisioná-los, concluo esta crônica. Onde há amor que promove liberdade, há felicidade. Raul Seixas não estava equivocado ao cantar sobre "A Maçã", e em todos os lugares, unhas são feitas, celebrando a liberdade feminina [Lembrei-me da Fabíola].
            Que possamos, entre as asas do tempo, voar em busca de um amor que não aprisiona, mas que liberta.

ENCAMINHAMENTO DE PERCEPÇÃO



1- Descreva uma mulher "fabiolada", e o que há de irônico no neologismo com relação ao texto todo?

2- O que está insinuando as imagens sugeridas pelo texto, juntamente com o sentido do olho da crônica?

3- Que tipo de fidelidade promove a mulher? Relacione com o antepenúltimo parágrafo do texto.

4- A mulher fala: Este é meu marido/ o homem diz: Esta é minha mulher! Que sutilidade da sociedade machista há nas expressões acima para levar a mulher à submissão?

5- Por que nenhum homem é digno de ser dono de uma mulher? Como isso contrasta com a ideologia dos documentos que legalizam a dependência da mulher: plano de saúde, franquia de clube etc.?

6- Qual tipo de questionamento deve ser feito acerca das mulheres com o fim de  honrá-las?

 7- "tudo vale como expressão de um amor altruísta" versus "quem ama não mata". O que há de comum na semântica das duas frases?

8-  Por que, historicamente, a libertação da mulher é uma luta acanhada?

9- No pensamento de Rudyard a palavra "dominar" marca a tendência do exagero feminista. Comente.

10- O que as mulheres podem fazer por si mesmas para atingir o ideal da frase: "Atrás de um grande homem só o passado, porque hoje a mulher anda lado a lado"?
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 30/01/2010
Código do texto: T2059939

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sexta-feira, 2 de abril de 2010

UM PEDIDO À MORTE OU À VIDA? (“Qualquer idiota consegue ser jovem. É preciso muito talento pra envelhecer.” Millôr Fernandes)

       

Crônica

UM PEDIDO À MORTE OU À VIDA? (“Qualquer idiota consegue ser jovem. É preciso muito talento pra envelhecer.” Millôr Fernandes)

sexta-feira, 2 de abril de 2010

         Por Claudeci Ferreira de Andrade

         Com cinquenta e seis anos de idade, pesa-me a cabeça! E não estou satisfeito com minha cara, o processo andou mais rápido do que a percepção! Como ainda é possível para eu continuar envolvido nos aspectos carnais? Dizem que em assuntos de amor e sexo, idade é apenas um leve fator motivador de preconceito social! Outros dizem que a velhice chega, as virtudes saem! Então, moçada, prove-me, sem preconceito algum, que eu ainda  posso; faça-me acreditar que assim o é. Mas não quero ser você, apenas quero sua juventude ou, quem sabe, voltasse a minha, que não pude desfrutar, ou melhor, não vi passar. Agora, compreendendo: prefiro ser esse verme (velho) em minha própria fossa, com meus detritos; que ser águia (jovem) num espaço alheio! Por isso sou forçado a repetir, olhando para o espelho, as palavras de George Orwell: "Aos cinquenta, cada pessoa tem a cara que merece."
          O revelia da discriminação é paradoxal demais! Ou só ironicamente cruel: Vivemos num mundo de velhos com qualidade de vida! É muito ou quer mais!? Qualidade aqui é um eufemismo que sofreu o mesmo desgaste da palavra especial para facilitar a inclusão social (A longevidade do brasileiro subiu para 74,9 anos em média!)  Tudo bem, mas velho é velho e tem tudo geriátrico!
         O sinestésico de tudo isso é que eu gosto mais da juventude dos jovens do que eles mesmos gostam dela! É como os negros reduzindo suas competências em contas dos programas sociais. O maior problema é que meu corpo não me ajuda! Amolece e decai, parecendo-me tomar a forma do recipiente! Sendo assim, apenas me refugio nas palavras de Cecília Meireles: "Quanto mais me despedaço, mais fico inteira e serena." Eu Creio ser mais difícil para morte fazer-me sofrer. Pois, para destruir um ser calejado não basta cortes violentos, o sangue está profundo. Mas o senso comum insiste: "Quando de jovem não morre, de velho não escapa"! Esse é um lugar comum nos falando da certeza da morte, porém nos fala também do cansaço dela, de sua ação não condizente com a sua própria intensa fome e sede de matar. Se matar um jovem é muita crueldade; matar um velho é desperdício de munição!  Que continue nos matando indistintamente, heroína malquista! Em meus desesperos não sei se estou pedindo à morte que venha logo para me aliviar dos sofrimentos ou à vida para retirá-los levando-me junto! "
O pior não é morrer, mas ter de desejar a morte e não conseguir obtê-la." (Sófocles).
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 02/04/2010
Código do texto: T2172855


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sábado, 27 de março de 2010

SER GAY "DE MENOR" (PARADOXAL: Prendem-se os que pagam a conta!)

            
Crônica

SER GAY "DE MENOR" (PARADOXAL: Prendem-se os que pagam a conta!)

sábado, 27 de março de 2010
 Por Claudeci Ferreira de Andrade

             Se o homossexual não é um doente, e o homossexualismo não é uma patologia, como penalizar um adulto que “ficou" com um adolescente de 16 anos comprovadamente gay!? Quem é o contadinho da história? Houve o consentimento deles! Que paradoxo é este, o “de menor” tem autonomia respeitada pelas autoridades, até amparado por lei, para escolher ser homossexual, e ao mesmo tempo é proibido de praticar sua orientação sexual com quem consentir? Ou os conselhos de proteção ao menor de idade vai selecionar seus parceiros pelo ajuste de idade? A lei brasileira não faz qualquer distinção entre casos heterossexuais e homossexuais! A crescente adesão à prática gay favorece a pedofilia, no sentido de não se condenar a orientação sexual em qualquer idade.
            Não seria menos antitético proteger o adulto do  "de menor" sexualmente ativo,  do que os dezesseizões dos adultos? E quanto aos favores sexuais pagos com dinheiro, quem comprou o que de quem? Há uma negociação de compra e venda ou uma negociação de troca de prazeres e o dinheiro entra como "quebra gelo"?
          Penso que a violência devia ser combatida em todos os seus níveis, e a violação desrespeitosa do corpo também, mas quando dois concordam em "transar", acontece um momento de aprendizagem, experiência e descoberta, não passa de uma brincadeira compromissada com a liberdade. E um rapaz de 16 anos que tem relação sexual com uma mulher de 50, que já não é mais a primeira, e a prefere assim como um novo aprendizado, apaixona-se por ela e ambos querem se casar, tem alguma lei que proíbe esse tipo de casamento? Os pais do rapaz menor de idade o autorizaram, pois a mulher tem riqueza! O inverso não é considerável também? Veja o conto: Aos vinte anos de Aluíso Azevedo. Compare com o trecho das páginas 74–81 do livro de Pepetela, As Aventuras de Ngunga. 6, ed. Luanda: União dos Escritores Angolanos, 1988.  Essa prática existe em todos os lugares e desde os tempos dos dotes para casamento. "Por que o que outrora era considerado saudável hoje não é mais? E por que o que outrora era considerado doentio hoje já é aceito com naturalidade?" (https://detonandoamatrix.wordpress.com/2012/03/07/o-novo-dote-que-a-mulher-criou/) - acessado em 22/11/2015.
            Uma criança pede ajuda para um adulto, que vai passando, para tocar a campainha de uma residência, é uma traquinagem sórdida, sai correndo e o adulto fica condenado por participar da brincadeira premeditada do suposto inocente! Foi a maior idade, incompatível, que o condenou ou sua intenção humanitária? As leis escondem os menores, e os adultos que pagam a conta ficam condenados! O abuso sexual (estupro) ao adolescente é condenável e repugnante, bem como ao adulto  e, também, ainda a quem não pode tomar as suas próprias decisões. Deve-se penalizar o agressor severamente. Porém, como evitar a atuação do adolescente nas carreiras de modelo, de futebolista, pagodeiro, e outros trabalhos produtores de lazer ainda na infância; assim como a prostituição informal? A idade mínima para o ingresso no mercado de trabalho formal é 16 anos. E a pirataria do DVD pornográfico, distribuído por eles, começa mais cedo! A Redução da maior idade penal deve ser levada a sério para proteger mais os adultos! Porque, "este 'de menor', que na maioria das vezes só tem pouca idade, pois na verdade alguns deles têm uma constituição física avantajada: são altos, musculosos, o que não retrata a sua condição de menor de idade na prática. Eles cometem atrocidades, barbaridades e crimes monstruosos: roubam, estupram e matam, pois estes bandidos têm a certeza da impunidade que os estimulam a seguirem a carreira do crime e do mal. Será que quando um 'de menor' puxa o gatilho de uma pistola o resultado é diferente de quando um bandido de maioridade procede da mesma forma??" (Ivan Brafman).
            No Brasil, uma pessoa pode votar com 16 anos de idade, na escolha para diretor escolar, com 11 já vota; mas com essa mesma idade não pode responder por crimes cometidos! Quem consegue entender este Código Penal! Votar é um direito para os "de menor". No entanto, Transar aos 16  não é direito, apesar da maturação biológica,  mas os gays são obrigados, pelas circunstâncias a confirmar sua homossexualidade bem mais cedo na vida, para desfrutar da proteção social que a lei lhe atribui. 
          Na net vale tudo, diz a Wikipédia: "E atos sexuais consentidos, praticados com adolescentes de 14 a 17 anos, em geral, deixaram de ser crime, não sendo mais possível aos pais interpor ação penal. Nesta última faixa etária, o crime permanece apenas por exceção, nos casos de assédio praticado por superior hierárquico, prostituição, etc.  sendo sempre processado por iniciativa do Estado. No Brasil qualquer tipo de sexo (ato libidinoso) 'mediante violência ou grave ameaça' é considerado estupro (Art. 213 do Código Penal)." (http://pt.wikipedia.org/wiki/Idade_de_consentimento). - acessado em 22/11/2015.
            A denúncia e/ou o depoimento de uma adolescente de 16 anos são levados a sério e registrados com valor jurídico, condenando um adulto com fins lucrativos para ela e para terceiros, e por que o assentimento dela para o ato sexual não tem valor para proteger o convidado e explorado "coroa" que pagou certinho o "programa"? Nesse caso, é sempre denunciado por um terceiro, pois não é interessante à profissional do sexo! O que me preocupa mais ainda é quem vai denunciar, e para quem denunciar, e sob qual suspeita denunciar um desses conselheiros para menores se por ventura estiver abusando sexual e psicologicamente sob o manto da lei? O que seria o tal falso moralismo sem precedente? Responde-me Bertrand Russell: "Moralistas são pessoas que renunciam às alegrias corriqueiras para poder, sem culpa e recriminação, estragar a alegria dos outros."  Uma prostituta de menor é repugnante, mas um gay de menor é sofisticação!
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 27/03/2010
Código do texto: T2162459

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domingo, 21 de março de 2010

REPROVADOS NÃO RETIDOS (Os desejos de infortúnio dos alunos para o professor retornam a eles mesmos.)

       
Crônica

REPROVADOS NÃO RETIDOS (Os desejos de infortúnio dos alunos para o professor retornam a eles mesmos.)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

            Sexta-feira, recebi a visita de Cristiane, uma ex-aluna do Ensino Médio, tive gosto em apresentá-la à sala, naquela manhã. Que mensagem de estímulo dirigiu ela aos alunos que ali estavam! E ela disse ainda que o sucesso não depende de professor e nem de escola, tudo depende do aluno: isso ela aprendeu comigo! Bem, disse com categoria, porque já está terminando o curso de Administração numa boa Faculdade. Meus alunos que prosperam sempre aparecem, isso é bom! Mas, cadê os diplomados fracassados, nunca mais os vi, melhor ainda, não tive culpa nas consequências deles, que se escondam quando me vir, não quero ser desrespeitado novamente, pois é assim que fazem os fracos e reprovados (não retidos), jogam sempre a culpa nos outros! Porque será que eles não aparecem mais no colégio, depois que terminaram o 3º ano do Ensino Médio? Os bons, os professores têm prazer em exaltá-los, estes também não têm vergonha de dizer o que já conseguiram na carreira proposta. Mas, os maus alunos, eu não gostaria de encontrá-los novamente, a presença deles me condena, eles me transferem uma culpa que não é minha, e derrubam minha autoestima.
            Os jovens que fazem, pelo menos, um curso superior são configurados como exemplos que animam os outros. Eles tiveram fraquezas também, mas acharam nos estudos toda suficiência. Agora são iguais a seus professores do passado, estão no mesmo nível acadêmico, mas jamais nos abandonaram. "Lastimável discípulo, que não ultrapassa o mestre." Leonardo da Vinci.
            O segredo é dedicação. Isso significa diligência, disciplina, firmeza, perseverança, resolução, inteireza, decisão de enfrentar cada provação, cada desaprovação, cada tentação antes que negar o propósito de ser alguém na vida. "Obstáculos e dificuldades fazem parte da vida. E a vida é a arte de superá-los." Mestre DeRose. No modo como eu me refiro, explico melhor, não basta começar bem, é preciso manter-se em dedicação cada dia. Alisar assentos de escola, todos fazem, frequentar só por causa do lanche escolar ou para ganhar os favores dos incentivos do governo, isso não faz a diferença. 
            Não deve haver desleixo na vida estudantil, por que a juventude é fugaz; é passageira. Se virmos qualquer pessoa trabalhando, pelo o modo como ela age, poderemos saber se o seu coração está ou não no que faz. Podemos verificar se um aluno desempenha seus trabalhos com boa vontade ou não. Se ele decididamente está disposto a alcançar riqueza e fazer um nome para si, ele vencerá todo e qualquer obstáculo. Muitas vezes, os alunos são apenas meio dedicados aos estudos; lembrem-se, não existe meio sucesso! "Quem supera, vence." Johnn Goethe.
            Uma pessoa que está morrendo nas águas de um lago fará de tudo para não perder a vida, porém se desesperar, ela afunda. Por isso, o jovem não pode perder a confiança em Deus, nem em si, nem em seus professores, nem na sua escola. Deseje seu sucesso e o terá. Os que maltratam seus professores secam sua fonte de aprendizagem. Recebam minha maldição abençoada!

Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 21/03/2010
Código do texto: T2150421

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23/03/2010 14:52 - J C Cavalcante
Cada pessoa tem a vida erguida de acordo com seus esforços e pela (boa) ajuda recebida. Uns são muito bons, outros nem tanto, existem aqueles que se projetam pelo próprio merecimento, outros que se projetam pelo merecimento alheio. Vale mesmo o esforço e a honestidade.


23/03/2010 00:29 - ZORA
zora... amigo ,parabens pelo que escreve...grata pela visita... obs:A meia idade que me refiro...(é meio século)é linguagem baianês ,quando a pessoa tem 5o anos dizem meia idade... um abraço...


domingo, 14 de março de 2010

A ESCOLA NÃO COMEMORA OU NÃO COM MEMÓRIA?


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Crônica

A ESCOLA NÃO COMEMORA OU NÃO COM MEMÓRIA?

domingo, 14 de março de 2010
Claudeci Ferreira de Andrade


         A nota alta da semana foi “Dia Nacional da Alfabetização". O Brasil todo comemorou, tratando avidamente do assunto! Será que as entidades de ensino lembraram-se? As que frequento não, e o Brasil também não, ou melhor, pelo menos não vi! Por essa e outras tantas razões, creio que realmente atravessamos um tempo de insensibilidade intencional, com relação às influências dos temas sociais no currículo das entidades públicas educacionais. E digo melhor, as datas comemorativas são devidamente sugestivas para a inserção de nossos alunos na cultura e nos conhecimentos sociais. Mas, quem é culpado dessa vacância?
         Para uma atuação correta é preciso entender a importância e o papel da escola na comunidade. Enquanto, os atores da entidade não se entenderem, o conflito permanecerá com maior prejuízo para o alunado. Não bastaria um ou outro professor lembrar e pedir simples atividades de última hora para a classe realizar, as datas comemorativas e as festividades sociais deveriam está no planejamento pedagógico da unidade escolar (coordenadora pedagógica plantada na sala de professor não é útil a escola toda!) e, levado à concretização depois de encontros reflexivos com os docentes para maior fluxo de novas ideias e ampliação, vejam que falei encontros reflexivos, não “paradas pedagógicas” que é uma expressão pejorativa!
         Talvez eu esteja enganado, pensando que tudo pode ser tão simples assim! Quem vai tomar a iniciativa? Eis a grande questão! Até porque em muitos setores, pode não haver meios, recursos humanos e materiais, isso eu compreendo, só não sei mesmo é quem poderia articular o evento, por causa dos encaixes: tema tal é pertinente a que tal e tal, quem será o tal responsável! E coisa e tal! Também, os propósitos podem tornar-se tão destorcidos que se opina melhor pela inatividade.
         É! Selecionar um tema transversal, um aqui, outro acolá, examinando sei lá o quê! Na esperança de haver feito a melhor escolha, será que vale o desgaste detetivesco! “Cada onça de impureza custa o seu preço em ouro!”
         Na tentativa de explicar melhor tudo que quero dizer: se queremos uma escola atualizada inteligentemente e útil, precisamos deixar de sermos ignorantes a respeito de como queremos atender as necessidades de nossos alunos. Se queremos que eles sejam intelectuais, precisamos incentivá-los a largar a mesmice. Se queremos fazer deles cidadãos, precisamos inseri-los corretamente nos assuntos do mundo letrado. O reverso disso significa que, se queremos que eles, nossos alunos, sejam “nada na vida”, deixemos-los como estão para vermos como é que ficam!
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 14/03/2010
Código do texto: T2138279

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sábado, 6 de março de 2010

EM CIMA DOS MUROS DA ESCOLA (No faz-de-conta, no nem: nem para lá, nem para cá...)






Crônica

EM CIMA DOS MUROS DA ESCOLA (No faz-de-conta, no nem: nem para lá, nem para cá...)


Claudeci Ferreira de Andrade

         Disse Paulo Freire, educador, pedagogista e filósofo brasileiro: "Que é mesmo a minha neutralidade senão a maneira cômoda, talvez, mas hipócrita, de esconder minha opção ou meu medo de acusar a injustiça? Lavar as mãos em face da opressão é reforçar o poder do opressor, é optar por ele."  E eu observo que quase tudo na Educação é simulacro! Simula-se prova, simula-se austeridade, simula-se letividade, simula-se legalidade, simula-se até amistosidade! Não sei por que estou incomodado, afinal, a escola é a preparação da sociedade para si mesma, isto é, um movimento reflexivo da cultura em ondas cada vez mais sofisticadas! “Como uma onda no mar” (Lulu Santos).
         Por que me recuso a ficar “em cima do muro”? É mais confortável a neutralidade! Muitos creem que não precisamos tomar posição clara ao lado dos fatos, já que se pode viver situações várias sem maiores consequência, no faz-de-conta, no nem: nem para lá, nem para cá. É verdade, esse Maneirismo implica na baixa qualidade quando nos transferimos para a vida real, mas os entendidos do sistema dizem que pode haver comprometimento amistoso com os dois lados, então, é só simularmos também a qualidade! Nota de simulado vira coisa séria. A mornidão é recomendada quando nos é ensinado que devemos tolerar as diferenças. 
           Não me lembro de nenhum mártir da educação, talvez não seja importante ser “linha dura” e dar a vida em troca de simulações! Ou a coragem altruísta foi negociada?
         Em assuntos que dizem respeito ao meu bem-estar, de meus amigos, da escola em que trabalho, não deve haver lugar para desinteligências, aí entra adequadamente a dissimulação vantajosa: santa hipocrisia!
           A respeito de tudo, uma pergunta como esta é descabida: Que mal pode haver se eu recuso envolver-me nas simulações da escola? Todo o Mal do inferno, pois como vou sobreviver sem a arte da convivência profissional. Não pode existir em minha consciência peso algum. Não sou pior do que a maioria dos colegas. A menos que eu me ponha de coração no canteiro do meio, é mera pretensão dizer que sou moderno.
         A neutralidade evita conflitos. Tudo na vida tem dois lados: direito, esquerdo; positivo, negativo; preto, branco... Contudo, simulação é equilíbrio, descobri que o caminho do meio também é uma posição a ser tomada pelos que simulam ora deste lado ora daquele: a subdivisão do equilíbrio.  
           Ninguém pode brincar com coisas sérias. Sou assim por que o muro caiu comigo em cima dele, arranhões foram inevitáveis na minha pele e a reconstrução do mesmo será por demais dispendiosa para quem tiver interesse. Será que vale a pena simular boas intensões, mais do que ficar "em cima do muro" tentando agradar todo mundo? E melhor do que ser covarde é ser hipócrita. Disse Coelho Neto: "Aquelas campinas, fertilizadas e santificadas pelo sangue dos heróis, não podiam gerar covardes." (Morto, c. 8, p. 65, ed. 1918.). É melhor ainda é ser irônico.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 06/03/2010
Código do texto: T2122928

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18/03/2010 00:22 - ZORA
amigo seu texto é uma riqueza de conteúdo ...quero ler mais o que voce escreve,pois é um acúmulo de sabedoria...coisas práticas ,do nosso cotidiano ..bjus


08/03/2010 12:53 - ANDRÉA NETO
OLÁ AMIGO, BLZ? AMEI O SEU TEXTO, EU SUMI UM POUCO FALTA DE TEMPO, MAS ESTAREI RETORNANDO PARA COLOCAR MAIS POEMAS MEUS... PARABÉNS... SEUS TEXTOS SEMPRE SÃO MTOS CRIATIVOS E COM TEMAS LEGAIS. Abraço ANDREA NETO