LEMBRANDO-ME DOS QUE ME
ESQUECERAM (Charles Bukowski: "Posso viver sem a grande maioria das pessoas. Elas não me completam, esvaziam-me.")
Por Claudeci Ferreira de Andrade
Meu aniversário de 63 anos, talvez o último, digo isso, pois sempre me preparo para o pior, e tudo que vier será lucro. Nem me ocupo em responder algumas poucas mensagens dos meus con(corrente)s virtuais. Sim, pelo menos esses me afrontam, hologramas perfeitos, testando minha mobilidade! Será por que os "colegas" de trabalho e parentes esqueceram-se de mim, também?! Ou será por que são vingativos, pois não ligo para eles também? Nem fazem parte do meu Facebook para que o aplicativo lembre-nos dos aniversariantes. Acham-se os melhores! Esqueceram de mim pela a sexagésima terceira vez! Aqui cabem, perfeitamente, em minha boca, as palavras de Charles Bukowski: "Posso viver sem a grande maioria das pessoas. Elas não me completam, esvaziam-me."
Todavia, é compreensível, já que a maioria das pessoas adota o esquecimento para vingar-se do indesejado: ignoram uns aos outros. Já dizia sabiamente Alfred de Musset: "Na falta de perdão, abre-te ao esquecimento." Porém, devemos priorizar o que disse positivamente, sobre esquecer-se, Benjamin Franklin: "O esquecimento mata as injúrias. A vingança multiplica-as." O lado favorável de tudo isso é que precisamos esquecer para viver. Então, vamos nos conciliar no pensar de Machado de Assis sobre este tema: "Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito."
Não estou chateado, se tenho poucos amigos a culpa não é dos outros! A culpa é minha... Se sou pobre, não é por culpa dos outros! A culpa é minha... Se tive um péssimo casamento com uma mulher desagradável, não é culpa dela! A culpa foi minha... Se estou doente, a culpa não é dos demônios! A culpa é minha... Meu caráter e sabedoria são conhecidos pela limpeza e organização de minha casa; a massa desordenada em minhas gavetas, armários, a mala do carro; o progresso em minha carreira; o que está na parte de trás e debaixo de minha geladeira. Eu compreendo, sim, o porquê da solidão, na qual vivo mergulhado. E não me deixarei enganar por suas frases feitas de autoajuda, sou assim...
Afinal, eu também, peço perdão a mim mesmo: depressão não é doença; é sim, falta de fé! Se por acaso, eu morrer com meus 63 anos de idade, aqui fica meu último desejo: que não se esqueçam que também me esqueci de vocês. É uma crônica de despedida sem querer me despedir ...
Enviado por Kllawdessy Ferreira em 07/07/2017
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