"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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MINHAS PÉROLAS

sexta-feira, 17 de março de 2023

O QUINHÃO DO PLANTIO ("O sucesso torna as pessoas modestas, amigáveis e tolerantes; é o fracasso que as faz ásperas e ruins." — W. Somerset Maugham)

 


O QUINHÃO DO PLANTIO ("O sucesso torna as pessoas modestas, amigáveis e tolerantes; é o fracasso que as faz ásperas e ruins." — W. Somerset Maugham)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Pessoas engajadas nas tendências da moda intimidaram-me com suas repetições, queriam que eu deixasse de escrever aqui, o que elas não querem ouvir. Porém, vou perder esta luta, pois eu sou só um, vocês são a maioria, meu poder de destruição não se equivale ao de vocês. Então, não sou eu o culpado pelo genocídio moral e espiritual da sociedade "politicamente correta". Educação escolar de qualidade não tem viço nas tecnologias deste tempo, senão os intelectuais do passado não seriam melhores.

Na escola, não devia ser assim: Os ruins puxam os menos ruins para baixo com preguiça ou vergonha de ser visto seguindo-os. E os bons não contagiam, são portadores de "Ruídos", sem direito de expressão, ameaçados pelo cancelamento. Aprendi isto: jogam-se pedras em árvores com frutos.

Em minha loucura, considero-me ainda um intelectual, por fugir do senso comum, mesmo sujeito à discriminação. Como se não bastasse o bullying corriqueiro ao idoso, selecionam os melhores e fazem deles uma minoria perseguida. Aliás, o destino é sempre a favor de quem tem ideias criativas. E a sorte existe para quem é de Deus e está dentro do plano existencial, uma vez elaborado pelo o Criador, então as coisas acontecem para as pessoas certas no instante certo. Não tenho culpa do seu fracasso. É seu quinhão do plantio. (Cifa

quinta-feira, 16 de março de 2023

FRUTO DO MEIO ("Não vemos as coisas como são: vemos as coisas como somos." — Anaïs Nin)

 


FRUTO DO MEIO ("Não vemos as coisas como são: vemos as coisas como somos." — Anaïs Nin)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Naquela tarde de domingo, folheando o jornal local, deparei-me com uma notícia intrigante: o tema da redação do ENEM 2019 fora "Democratização do acesso ao cinema no Brasil". Um suspiro escapou-me, mesclando alívio e nostalgia. Finalmente, pensei, um tópico que fugia às discussões de gênero que dominavam os debates recentes.

O cinema, outrora chamado de "oitava maravilha do mundo", sempre foi um assunto rico em possibilidades para reflexão. Enquanto minha mente divagava pelas memórias de tardes passadas na penumbra acolhedora das salas de projeção, uma sombra de dúvida se formou. Será que os jovens vestibulandos, nascidos na era digital, conseguiriam ver além da superfície reluzente da tela grande?

Lembrei-me de uma conversa com meu sobrinho, que resumiu os filmes atuais como "só pancadaria e sacanagem". Suas palavras ecoavam com nova ressonância diante do tema do ENEM. É inegável que o cinema mudou drasticamente desde minha adolescência. As bilheterias parecem premiar cada vez mais o espetáculo vazio, a violência gratuita e o apelo sexual desmedido. Onde estão as narrativas que nos faziam pensar, que nos emocionavam sem recorrer aos instintos mais básicos?

Imaginei os jovens diante da folha em branco, tentando elaborar argumentos sobre a democratização do acesso ao cinema. Quantos conseguiriam enxergar além dos blockbusters hollywoodianos? Quantos teriam sido expostos ao cinema como forma de arte, como veículo de ideias e reflexões profundas?

Minha mente vagou para a alegoria da caverna de Platão. Não estaríamos todos, de certa forma, acorrentados diante de sombras projetadas? O cinema, que prometia ser uma janela para novos mundos, não estaria se tornando apenas mais uma parede em nossa caverna moderna?

As instituições que deveriam ser guardiãs de valores elevados - famílias, escolas, igrejas - parecem ter se rendido a uma cultura que celebra o choque e o escândalo. Onde está a cultura que cultivava o intelecto, a moral, o espírito? A discussão sobre a democratização do acesso ao cinema poderia ter seguido caminhos inesperados, abordando não apenas a disponibilidade física dos filmes, mas também o conteúdo e seu impacto na sociedade.

Folheando mais algumas páginas do jornal, uma manchete sobre conflitos em um país distante trouxe à tona a lembrança das atrocidades que a humanidade é capaz de cometer. Por que, mesmo em meio ao caos da guerra, o ser humano ainda encontra espaço para a crueldade do estupro? Essa reflexão me fez questionar o papel do cinema na formação de nossa percepção sobre violência e sexualidade.

O cinema, como qualquer forma de expressão humana, é um reflexo de quem somos. Se o que vemos na tela nos desagrada, talvez seja hora de olharmos mais profundamente para nós mesmos. A verdadeira democratização do cinema não deveria ser apenas sobre abrir portas para que todos assistam aos filmes, mas sobre permitir que todos possam ver o mundo com olhos críticos e reflexivos.

Enquanto me levantava para fazer um café, pensei nos milhares de jovens elaborando suas redações. Esperava sinceramente que alguns deles conseguissem enxergar além das sombras, encontrando nas entrelinhas desse tema aparentemente simples a oportunidade de questionar, sonhar e propor um cinema - e um mundo - diferente.

Afinal, não é isso que a verdadeira cultura deveria fazer? Elevar-nos acima de nossa condição atual, lembrar-nos do que há de divino em nós, inspirar-nos a respeitar e celebrar o milagre da vida em todas as suas formas?

Com esses pensamentos, dirigi-me à estante de DVDs, decidido a revisitar alguns clássicos. Talvez fosse hora de acender algumas luzes nesta caverna, reconhecendo as correntes invisíveis que nos prendem e buscando a luz da verdade, mesmo que isso signifique enfrentar as sombras mais desconfortáveis de nossa própria existência.

Duas questões discursivas sobre o texto:

1. O autor expressa preocupação com a qualidade do conteúdo cinematográfico atual e seu impacto na formação dos jovens. De acordo com o texto, quais são as principais críticas à indústria cinematográfica contemporânea e como elas influenciam a forma como os jovens percebem o mundo e a si mesmos?

Esta questão convida os alunos a refletir sobre a relação entre a cultura popular e a formação da identidade, analisando as implicações do consumo de determinados conteúdos audiovisuais.

2. O texto estabelece um paralelo entre a alegoria da caverna de Platão e a experiência cinematográfica contemporânea. Explique essa analogia e discuta como ela pode ser utilizada para analisar o papel do cinema na sociedade atual.

Esta questão estimula os alunos a aplicar um conceito filosófico clássico a um contexto contemporâneo, promovendo uma reflexão crítica sobre a função do cinema e sua influência na construção da realidade.

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quarta-feira, 15 de março de 2023

A "CORUJA DE MINERVA" EXISTE ("Preencha o minuto em que você acha impossível perdoar por 60 segundos de distanciamento." — Rudyard Kipling)

 


A "CORUJA DE MINERVA" EXISTE ("Preencha o minuto em que você acha impossível perdoar por 60 segundos de distanciamento." — Rudyard Kipling)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Hoje, uma coruja pousou no meu portão, já era quase o pôr do sol, quando eu saía para trabalhar; desceu como um alienígena, e se assentou no batente superior. Passei por baixo, e ela não se mexeu, eu temi que esse presságio fosse desfavorável para a minha saúde. Talvez, iminente conflito, reforçando as lutas deste dia. Pois a Coruja representa Minerva que era a deusa romana da sabedoria, das artes e das estratégias de guerra. É equivalente a Atena para os gregos. Nascida já adulta do cérebro de Júpiter, Minerva é descrita com um escudo, lança, armadura e capacete de guerra. Graças a Deus, até agora, nada me aconteceu de ruim. Só espero que o mal da saúde seja atenuado com a certeza de um tratamento eficaz. O gavião, que a espreitava do poste, correu atrás dela. Eu queria que fosse a representação de uma solução qualquer para o que quer que vier acontecer.

           Doença de amor é bem vinda: oxalá fosse viver uma gratificante experiência amorosa, amorosa felicidade, e vida pacífica e feliz. Porém, parece-me que esta não é a melhor interpretação! É hora de me preparar para o pior! Até porque vivemos em anos de pandemia, não dá para ficar devaneando, não há tempo para plantar, só para colher, agora a circunferência está fechando, andamos do fim para o começo. Eu vou me esforçar para ter um humor mais jovial e boa natureza para o meu encontro com você, apesar do distanciamento obrigatório. A flexibilidade é altamente necessária neste momento. No purgatório, ninguém é feliz. Inversão de valores: Nesta terra, sofrer deveria ser opcional. Ser feliz, obrigatório. (CiFA

terça-feira, 14 de março de 2023

"MARANATA" PARA DESMASCARAR O PECADO ("A vida é um "carnaval"; pena que de vez em "sempre" algumas máscaras caem..." — Paula Liron)

 


"MARANATA" PARA DESMASCARAR O PECADO ("A vida é um "carnaval"; pena que de vez em "sempre" algumas máscaras caem..." — Paula Liron)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Ontem almocei em um restaurante "XiK" em Goiânia, entramos usando máscara; a placa da entrada nos advertia,  a partir daí todos deixamos de ser  incoerentes: O uso da máscara era muito necessário. Mas,  tiramos as máscaras para comer e sentir o cheiro da alimentação, depois que o prato estava cheio e pesado, podíamos observar que ninguém comia mascarado.

           Hoje, estando eu pela praça da matriz em Senador Canedo, entro, meio indeciso, na  fila para comprar o almoço de três reais do restaurante popular. Depois de dez minutos, cheguei à boca do caixa. Com o dinheiro na mão; todavia, fui impossibilitado de comprar o Marmitex, porque estava sem máscara na cara (Mantenho sempre uma no bolso para situações extremas como essa, mas "empinei a carroça" para não ceder a ditadura). Então, saí sem fazer questão alguma e um pouco feliz até, pois a moça me ajudou na decisão de manter meu regime. Pois eu tinha almoçado bem no dia anterior. Minha "gratidão ao acaso" foi tamanha que nem tive tempo de observar se a moça atendente usava ou não o tal instrumento repressor. Sua atitude foi a mim suficiente para eu construir alguns conceitos: primeiro, a "coisa" pública é rígida, porque faz favor com o preço reduzido, paga-se com parte do caráter; segundo, a "coisa" privada, tem quem cuide do cliente. os que pagam a conta com dinheiro, são respeitados.  

           Já pensaram, se eu dependesse unicamente desse restaurante popular para viver? Ou teria que ir a Goiânia onde exige máscara na entrada, porém lá dentro pode ficar sem. As máscaras sempre caem no final. Para os sábios, os assuntos menos importantes perdem para os mais importantes, as crianças olham o gado colorido e riem, todavia não acredita mais que o arco-íris engole ninguém e nem têm medo de careta, pois o boi da cara preta não existe mais, cada um carrega o logotipo de sua crença na máscara. Ou será que a máscara é o sinal da besta do apocalipse? SÓ COMPRA OU VENDE MASCARADOS! Ora vem Senhor Jesus desmascarar o pecado. CiFA

segunda-feira, 13 de março de 2023

ALUNOS QUE EVOLUÍRAM OU SE ADAPTARAM ("Conheci muitos canalhas no passado e hoje percebo que os mesmos evoluíram ao canalhismo." — Elias Torres)

 


ALUNOS QUE EVOLUÍRAM OU SE ADAPTARAM ("Conheci muitos canalhas no passado e hoje percebo que os mesmos evoluíram ao canalhismo." — Elias Torres)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Fico impressionado, como alunos desde a segunda fase do fundamental já não se intimidam mais diante do professor academicamente superior. Mas, a "esquerda" diz que "Ninguém é melhor que ninguém" — Paulo Freire. Por que não gostam de estudar, talvez aprenderam essa lição nos braços de uma feminista. Agora, não se pode dar-lhes uma aula expositiva sequer, eles falam demais, interrompendo a todo instante para mostrar que sabem mais, e não precisam de nada mais: Aliás, só de nota. Essa postura arrogante, sempre justificou o comportamento de rebeldia dos "Laodiceianos"; desinteresse nas aulas de um professor velho "quadrado" de antigamente é compreensível, o que eu não compreendo ainda é porque chamam isso de modernidade.

Eu já devia estar aposentado, mas a burocracia não ajuda, prejudicando o sistema por tabela, pois enquanto eu estiver trabalhando, estarei ativo, mas em desaceleração. O grande mal da educação é que ela se tornou um grande "cabide de emprego" sem outro objetivo social! E o comportamento desrespeitoso do alunado explica-se pela falta de seriedade e falta de punição: O osso não é doce, porém lhe passam açúcar. (Cifa

domingo, 12 de março de 2023

RESPEITAR EM CADA HOMEM A AUTORIDADE ("O mundo não está ameaçado pelas pessoas más, e sim por aquelas que permitem a maldade." — Albert Einstein)

 


RESPEITAR EM CADA HOMEM A AUTORIDADE ("O mundo não está ameaçado pelas pessoas más, e sim por aquelas que permitem a maldade." — Albert Einstein)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Na escola de Gestão democrática é assim: Tudo se resolve com reunião (Não tem pressa, convoca uma reunião). Dessa vez, convocaram os professores para escolher o livro didático em uma reunião formal com direito a lanche e tudo mais, mas o livro adotado não será o que escolhemos. Receberemos outro; o da editora que negociar "melhor" com o ministério da educação. Como eu sei disso? Sim, já participei de muitas e vivi o bastante. Fingir que contribuí foi meu papel! Por ocasião da formação do currículo mínimo e do projeto político pedagógico (PPP) acontece o mesmo, são muitas reuniões para mudar quase nada. Pois, tudo já vem pronto, falta só a "maquiagem". "Democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você manda em mim." (Millôr Fernandes).

           Então, sempre acreditei que é  possível ser respeitado pelas vias pacíficas, na base da tolerância. Se eu me rebelar contra as autoridades legítimas, serei comido vivo! Todavia, se me humilhar para respeitar e obedecer as autoridades, encontrarei o favor e a bênção de Deus e dos homens. Certamente não estaremos nos protegendo ao nos rebelarmos contra as autoridades constituídas: Eu me protejo submetendo-me às autoridades e garantindo tanto os favores quanto as bençãos de Deus. Isto é sabedoria. Provérbios 12:1 diz: "Quem ama a instrução ama o conhecimento, mas o que odeia a repreensão é estúpido." (Cifa

sábado, 11 de março de 2023

O PENSAMENTO: DESMATERIALIZAÇÃO DO QUE EXISTE ("A esperança é a materialização do nada." – Isabel Monteiro)

 


O PENSAMENTO: DESMATERIALIZAÇÃO DO QUE EXISTE ("A esperança é a materialização do nada." – Isabel Monteiro)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

O homem só pensa o que já existe em algum plano sensível! O pensamento é o grito das coisas clamando por reconhecimento. Se fosse tão original assim, duas pessoas não pensariam igualmente a mesma ideia em pontos distantes do planeta. Embora, um mesmo evento estimule duas pessoas próximas, elas reagem diferente; então a originalidade está no modo de receber e reagir. O homem não cria nada, só copia da natureza! É tudo o contrário do que os charlatões de autoajuda dizem: você é Deus! Todas as coisas já estão prontas e por estarem prontas, Deus nos motiva o pensamento sobre elas, e esses fanáticos da religião nos faz pensar que são nossos pensamento que criam as coisas. Também contradizem Lavoisier: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. E eu intertextualizo com João Cabral de Melo Neto: Tecendo a Manhã

1

Um galo sozinho não tece uma manhã:

ele precisará sempre de outros galos.

De um que apanhe esse grito que ele

e o lance a outro; de um outro galo

que apanhe o grito de um galo antes

e o lance a outro; e de outros galos

que com muitos outros galos se cruzem

os fios de sol de seus gritos de galo,

para que a manhã, desde uma teia tênue,

se vá tecendo, entre todos os galos.

2

E se encorpando em tela, entre todos,

se erguendo tenda, onde entrem todos,

se entretendendo para todos, no toldo

(a manhã) que plana livre de armação.

A manhã, toldo de um tecido tão aéreo

que, tecido, se eleva por si: luz balão.

Veja que para formar meu conceito de pensamento, vali-me dos conceitos dos outros, isso dispensa o que disse a serpente a Adão e Eva no Jardim do Éden: "E serão como Deus conhecedores do bem e do mal". Eu não sou Deus, os eventos naturais são nossas causas. (Cifa

quarta-feira, 8 de março de 2023

TRANSFORMADOS PELA LEITURA ("A leitura de todos os bons livros é uma conversação com as mais honestas pessoas dos séculos passados." — René Descartes)

 


TRANSFORMADOS PELA LEITURA ("A leitura de todos os bons livros é uma conversação com as mais honestas pessoas dos séculos passados." — René Descartes)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

AH, NEM! Quanto tempo você gasta lendo bobagens no Whatsapp? Só lamento por serem estas redes sociais ferramentas de trabalho para professores e de lazer para os alunos. Certamente o dia todo, envolvido em uma leitura inútil, sem reflexão, profundidade e reduzida, a qual leva a loucura e a tristeza! Gastar tempo demais nessa "masturbação" da virtualidade é no mínimo uma improbidade na administração do tempo; por isso, você é cego e sem sensibilidade à compreensão e à interpretação; vive de experiências negativas e arruinadas, estéril e sensacionalista, matando sua fonte de inspiração; então predomina a ignorância na sociedade "moderna".

Uma leitura que gera conhecimento é do tipo, realista, relacionada e comparada com outros conhecimentos úteis. Mas, você também pode escolher, obedecendo rigores, ler com qualidade, textos de vidas vividas e abençoadas, dignas de obediência que já é louvável. "Muitos homens iniciaram uma nova era na sua vida a partir da leitura de um livro." (Henry David Thoreau). CiFA

terça-feira, 7 de março de 2023

RESSUSCITA-SE O QUE AINDA EXISTE ("As vezes temos que fingir de morto para ressuscitar na frente daqueles que estão achando que estamos mortos." — Leandro Isnard Cardoso Machado)

 


RESSUSCITA-SE O QUE AINDA EXISTE ("As vezes temos que fingir de morto para ressuscitar na frente daqueles que estão achando que estamos mortos." — Leandro Isnard Cardoso Machado)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Hoje, no Dia de Finados, acordei com um sentimento estranho. As ruas estavam silenciosas, mas havia uma agitação no ar que não conseguia explicar. Olhei pela janela e vi uma procissão de pessoas caminhando lentamente em direção ao cemitério local. Seus rostos estavam carregados de emoção, alguns com lágrimas, outros com sorrisos nostálgicos.

Decidi me juntar a eles, movido por uma curiosidade que não conseguia conter. Ao chegar ao cemitério, notei algo diferente. As lápides pareciam vibrar com uma energia incomum. Os religiosos locais estavam em êxtase, proclamando que a morte não é o fim. Suas palavras ecoavam pelo ar, misturando-se com o cheiro de velas e flores frescas.

Obserguei as pessoas ao meu redor, algumas assentindo fervorosamente, outras com expressões céticas. Lembrei-me das palavras de Eclesiastes 9:5, que li certa vez: "Os vivos sabem que morrerão, mas os mortos nada sabem". A contradição entre essa passagem e o que eu estava ouvindo me intrigava.

Enquanto caminhava entre os túmulos, ouvia fragmentos de conversas. Uma mulher discutia apaixonadamente sobre a submissão feminina mencionada em Efésios 5:22, enquanto um homem ao seu lado argumentava sobre a igualdade de gêneros. A Bíblia, percebi, é interpretada de maneiras tão diversas quanto as pessoas que a leem.

De repente, um vento frio soprou, fazendo as folhas dançarem ao redor dos meus pés. Por um momento, tive a impressão de ver sombras se movendo entre as lápides. Será que eu estava imaginando coisas?

Pensei nas células do nosso corpo, constantemente morrendo e sendo substituídas. A vida é um ciclo contínuo de renovação, mas e quanto à consciência individual? Quando partimos, voltamos ao nada de onde viemos?

Observei uma urna com cinzas pronta para ser lançada ao mar próximo. As cinzas se dispersarão nas ondas, misturando-se com a imensidão azul. Como poderiam essas partículas minúsculas se reagrupar um dia para formar uma pessoa novamente?

Sentei-me sob uma árvore no cemitério, observando as folhas caírem suavemente ao meu redor. Era como se cada folha representasse uma vida que se foi, um ciclo que se completou. Enquanto refletia sobre a ressurreição ideológica de defuntos, percebi a ironia de tentar manter vivos conceitos que talvez devessem descansar em paz. Em vez de reviver velhas crenças, talvez devêssemos focar em criar novas ideias, que tragam mais coerência e sentido à nossa existência.

Ao final do dia, deixei o cemitério com mais perguntas do que respostas. A morte, percebi, é um mistério que continua a nos intrigar e desafiar. Talvez a verdadeira ressurreição não seja física, mas a forma como vivemos nas memórias e corações daqueles que deixamos para trás.

Enquanto caminhava para casa, via as luzes da cidade se acendendo uma a uma. A vida continuava, implacável em seu avanço. Pensei em todos aqueles que partiram e em como suas ideias, sonhos e lutas continuam vivos através de nós.

Neste Dia de Finados, percebi que a verdadeira imortalidade pode não estar em uma existência pós-morte, mas na marca que deixamos no mundo e nas pessoas que tocamos. E você, caro leitor, que marca pretende deixar?

Questões Discursivas:

1. O texto apresenta reflexões sobre a morte, a fé e a vida após a morte, abordando diferentes perspectivas e questionando crenças tradicionais. A partir dessa perspectiva, quais são os principais desafios que a humanidade enfrenta ao lidar com a finitude da vida?

2. O autor sugere que a verdadeira imortalidade pode estar na marca que deixamos no mundo e nas pessoas que tocamos. Com base em sua experiência pessoal ou em exemplos da história, apresente exemplos de pessoas que transcenderam a morte física através do legado que deixaram.

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