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sábado, 26 de maio de 2018

ATO DE ACOLHER ("Os filhos precisam de ninho e de asas. Ninho é o acolhimento, o aconchego. Asas para ter liberdade para crescer." — Isabelle Ludovico)



Crônica

ATO DE ACOLHER ("Os filhos precisam de ninho e de asas. Ninho é o acolhimento, o aconchego. Asas para ter liberdade para crescer." — Isabelle Ludovico)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Eu sempre gostei de escrever. Desde pequeno, eu me sentia atraído pelas palavras, pelas histórias, pelas ideias. Eu tinha uma caneta e um caderno como meus melhores amigos, e neles eu registrava os meus pensamentos, os meus sentimentos, os meus sonhos.

Mas hoje, ao abrir o meu velho caderno, eu me deparei com um texto que me fez parar e refletir. Um texto que eu escrevi há muitos anos atrás, quando eu tinha 17 anos e estava no último ano do Ensino Médio. Um texto que revelava a minha visão da vida naquela época, uma visão pessimista e sem sentido.

O texto era uma espécie de resenha do livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, que eu havia lido por obrigação escolar. Eu me lembro de como eu me identifiquei com o personagem principal, um homem que narra a sua vida após a morte, fazendo um balanço negativo de sua existência. Eu me lembro de como eu fiquei impressionado com a frase final do livro: “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.”

Eu me lembro de como eu repetia essa frase para mim mesmo, como se fosse um mantra. Eu me lembro de como eu respondia a todos que me perguntavam sobre filhos com a mesma frase: “COMO PODERIA EU COMETER TAMANHO ERRO REPRODUZINDO A MISÉRIA QUE SOU?” Eu me lembro de como eu achava que a vida não tinha sentido, que o futuro não tinha esperança, que o amor não existia.

Mas hoje, ao reler esse texto, eu percebo o quanto eu mudei. O quanto a vida me surpreendeu. O quanto o amor me transformou.

Hoje, eu sou pai de uma linda mulher, fruto de uma relação desprotegida que aconteceu há muitos anos atrás. Uma menina que apareceu na minha vida como um milagre, como um presente divino. Uma menina que cresceu, se educou e se tornou uma jóia rara. 

Hoje, eu não preciso mais ler o defunto escritor. Eu encontrei em outros autores, mais simples e otimistas, uma inspiração para viver. Como Paulo Coelho, que disse: “Uma coisa é você achar que está no caminho certo, outra é achar que o seu caminho é o único. Nunca podemos julgar a vida dos outros, porque cada um sabe da sua própria dor e renúncia.”

Hoje, eu quero construir uma família honrada, onde o amor e o respeito sejam os pilares da nossa convivência. Porque eu aprendi com a sabedoria das escrituras: “A pessoa que se revolta contra o ensino e a correção acabará pobre e envergonhada; quem dá valor ao ensino e segue as instruções receberá honra.” (Provérbios 13:18 BV).

Hoje, eu desejo que a minha descendência seja abençoada por mil gerações, e que eu possa ser o exemplo de um pai que, apesar dos seus erros, buscou o caminho da redenção e do perdão. Pois, como disse Éder Moises: “Não lamente a flor caída. Logo ela te trará frutos e descendência.”

Hoje, eu escrevo esta crônica para contar a vocês a minha história de vida. Uma história que começou com um livro triste e terminou com um livro feliz. Uma história que mostra que a vida é cheia de surpresas e possibilidades. Uma história que prova que o amor é a força mais poderosa do universo.

E vocês? O que vocês pensam sobre a vida e o amor? O que vocês escolheram fazer com as suas vidas? O que vocês esperam do futuro?

Eu adoraria saber as suas opiniões.

Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 26/12/2016
Reeditado em 26/05/2018
Código do texto: T5863642 
Classificação de conteúdo: seguro

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

sexta-feira, 25 de maio de 2018

sábado, 19 de maio de 2018

SOU ÁRVORE DESFOLHADA NO OUTONO, AINDA VIVA ("Os caluniadores são como o fogo que enegrece a madeira verde, não podendo queimá-la." — Voltaire)



Crônica

SOU ÁRVORE DESFOLHADA NO OUTONO, AINDA VIVA ("Os caluniadores são como o fogo que enegrece a madeira verde, não podendo queimá-la." — Voltaire)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

            Hoje acordei com uma sensação estranha, como se fosse um bicho magro de presépio, ilustrando o Natal de alguém, mas sem sentir a alegria da festa. Lembrei-me de uma cena da minha infância, quando eu subia em uma árvore para tentar pegar uma fruta apetitosa, mas nunca conseguia alcançá-la. Eu me esforçava, me arriscava, sacudia os galhos, mas nada adiantava. A fruta continuava lá, inatingível, rindo da minha frustração. Então eu descia, desanimado, e ficava jogando pedras na árvore, como se isso fosse me vingar.

            Essa cena é uma metáfora da minha vida atual. Eu tenho um objetivo, um sonho, uma esperança, mas parece que ele está cada vez mais longe de mim: ser sábio. É como ver o sol se pondo, ou sendo abandonado pelos seus raios. Eu quero me proteger, evitar desperdícios e excessos, controlar a impulsividade, fazer atividades leves, ser cordial com as pessoas. Mas isso não é suficiente para sair do marasmo em que me encontro. O fruto não cai de uma mão beijada.

               Então eu pensei: será que estou fazendo algo errado? Será que estou me conformando com pouco? Será que estou deixando de lutar pelo que quero? Será que estou perdendo a fé?

                 Foi aí que eu resolvi vestir uma camisa verde folha, que eu tinha guardada no armário. Eu gosto dessa cor, porque ela me lembra a natureza, a vida, a esperança. Eu me senti como um tapete de grama, cobrindo o chão das fazendas, fazendo as bestas felizes no campo. Eu pensei que talvez essa cor me trouxesse sorte, sucesso, felicidade. Mas logo percebi que isso era uma ilusão.

            A cor verde não é garantia de nada. Ela pode ser usada por ervas daninhas, que sufocam as plantas boas. Ela pode ser usada por árvores artificiais de Natal, que fingem ser naturais e alegres. Ela pode ser usada por pessoas falsas, que se escondem atrás de uma aparência de bondade e virtude.

               O que importa não é a cor que eu visto, mas a cor que eu sou. O que importa não é o fruto que eu vejo, mas o fruto que eu produzo. O que importa não é o destino que eu espero, mas o destino que eu faço.

               Por isso, decidi mudar de atitude. Em vez de ficar reclamando da vida, resolvi agradecer pelas dificuldades que enfrentei. Elas me fizeram sair do lugar, me fizeram crescer, me fizeram buscar novos caminhos. Em vez de ficar esperando pela compaixão dos outros, resolvi praticar a compaixão por mim mesmo e pelos outros. Ela me fez entender melhor as emoções e as motivações humanas, e também me fez superar o egoísmo e o orgulho. Em vez de ficar preso às minhas certezas, resolvi questioná-las e examiná-las. Elas me fizeram refletir profundamente e honestamente sobre as coisas, e também me fizeram estar aberto à correção e ao aprendizado.

               E assim eu descobri que a sabedoria não é algo que se possa obter por um método infalível ou por uma fórmula mágica. A sabedoria é uma jornada pessoal, que depende da minha disposição em questionar minhas certezas, em praticar a compaixão e em cultivar a humildade. Essa jornada fluida me torna verdadeiramente sábio.

E você? Qual é a sua jornada? Qual é a sua cor? Qual é o seu fruto?

Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 22/12/2016

Reeditado em 19/05/2018
Código do texto: T5860874 
Classificação de conteúdo: seguro

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sábado, 12 de maio de 2018

ENTRE CONSELHOS E INQUIETAÇÕES ("O casamento é como enfiar a mão num saco de serpentes na esperança de apanhar uma enguia." — Leonardo da Vinci)



Crônica

ENTRE CONSELHOS E INQUIETAÇÕES ("O casamento é como enfiar a mão num saco de serpentes na esperança de apanhar uma enguia." — Leonardo da Vinci)

Por Claudeci Ferreira de Andrade


Ah, este sábado. Nem um dia a mais, nem um dia a menos, apenas um capítulo singular em meio à página corrida do calendário. Mas, eis que este sábado, como muitos outros, resolveu se diferenciar. A rotina matinal, habitualmente silenciosa, foi interrompida por um sinal digital, um aviso virtual de que alguém desejara trocar palavras comigo, uma conexão instantânea para dividir preocupações e inquietações.

E assim, adentrando o mundo das conversas digitais, vi-me na posição curiosa de ser abordado para um aconselhamento. Um pedido para compartilhar meu olhar sobre os meandros da vida conjugal, como se eu fosse um cicerone de relações complexas. Instantaneamente, senti-me como alguém que atravessa uma ponte de madeira velha e podre, passo a passo, cauteloso em cada movimento. As amizades online, os labirintos emocionais de desconhecidos, é um terreno em que piso com prudência. Quem sou eu para interferir nas linhas cruzadas do destino de alguém? (Dono de mulher não é amigo de ninguém, aliás só das amigas dela, vacilou o pai de família, trabalhador adultera. Ele é a medida que julga todos homens).

Mas é aquela velha história do gato escaldado, que teme até as águas mais calmas. As lições do passado, os tropeços e as quedas, todos eles forjaram um escudo de cautela em torno de minha alma. "Gato escaldado tem medo de água fria", dizem. Assim, olhando para trás, vejo um rastro de desafios superados, de obstáculos transpostos com destemor. As ameaças dos ciumentos, as sombras da dúvida, todas elas foram dissipadas pelo esforço constante. E, como alguém que enfrentou a tempestade, encontrei-me agora como um especialista em navegar nesses mares tumultuosos.

É nesse misto de experiência e apreensão que mergulho nos convites do fim de semana. Os amigos chamam, as festas e os eventos aguardam, prometendo colorir meu tempo de descanso. Mas os limites que tracei para mim são como fronteiras intransponíveis, traços de minha própria natureza. A farra, as multidões, a energia efervescente – tudo isso, com moderação, pode ser bom. Porém, minha disposição muitas vezes flutua, e é raro que eu me entregue plenamente à euforia. Não sou um recruta no exército das amizades superficiais. A prostituição social pode prosperar, mas não encontrará em mim um aliado fiel.

Agora, ao ser abordado pela mulher que me procura, o marido é o foco da preocupação. Cabe a mim manter as rédeas, não me envolver em danças perigosas. Empatia, sim, mas sem absorver responsabilidades alheias. Um ombro amigo pode ser um porto seguro, mas estabeleço limites, regras que podem – ou não – ser quebradas, desde que a balança da vida as justifique. "Só vai para a prostituição, por livre e espontânea vontade, quem tem vocação", disse Nelson Barh, e de alguma forma, essa frase ecoa em meu raciocínio. Uma justificativa, uma forma de explicar a própria escolha.

Mas, no fim, paira a inquietação. Por que lutamos contra a prostituição, contra o negócio que vende amor, quando essa batalha, tão antiga quanto a humanidade, continua persistente? Prostituição, palavra que evoca julgamentos, opiniões impregnadas de moralidade. Prostitutas e clientes, os papéis estabelecidos e desafiados ao longo das eras, mas a troca de afeto comercializado resiste. A eterna prostituição que trafica sentimentos, que traduz o imponderável em cifras, que desafia a própria noção de moral e ética.
E assim, neste sábado singular, navego pelas águas revoltas das palavras e das emoções. Entre conselhos e desabafos, entre dilemas e certezas vacilantes, sigo adiante, um navegante nas correntezas da experiência. A vida, esse intricado novelo de escolhas e sentimentos, segue, e eu sigo com ela, aprendendo, questionando, refletindo. "Morrendo e aprendendo", como dizem. E enquanto as incertezas persistem, resta-me enfrentar as marés com o coração aberto e a mente alerta, disposto a decifrar os enigmas que o universo humano insiste em lançar em meu caminho. 
Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 10/12/2016

Reeditado em 12/05/2018

Código do texto: T5849607 

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sábado, 5 de maio de 2018

A FOLGA("Dei folga ao meu coração. Dei a ele dias de felicidade simples, pura... a liberdade de amar quem quer que seja, ou que não seja ninguém." — Camille Mamona Spinola)



Crônica

A FOLGA("Dei folga ao meu coração. Dei a ele dias de felicidade simples, pura... a liberdade de amar quem quer que seja, ou que não seja ninguém." — Camille Mamona Spinola)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Hoje é o último dia do semestre escolar, e eu estou exausto. Não aguento mais as reuniões do conselho de classe, as avaliações dos alunos, as cobranças dos pais, as fofocas dos colegas. Sinto que estou sendo julgado o tempo todo, por tudo e por todos. Minhas emoções estão à flor da pele, e qualquer coisa me irrita ou me entristece. Parece que eu vivo em um drama constante, sem saída nem solução.
            Por isso, decidi dar-me um presente: uma tarde de descanso na rede. Sim, na rede. Aquela que fica no quintal da minha casa, entre duas árvores frondosas. Aquela que me convida a relaxar, e esquecer dos problemas, a sonhar acordado. Aquela que me faz sentir como se eu fosse um pássaro livre, voando pelo céu azul.
           Não quero saber de nada hoje. Não quero ler, nem escrever, nem estudar. Não quero ver televisão, nem ouvir música, nem navegar na internet. Não quero atender o telefone, nem responder mensagens, nem conversar com ninguém. Só quero deitar na rede, e deixar o tempo passar.
            Não me chame de preguiçoso. Eu não odeio o trabalho, nem o esforço. Eu só preciso de um tempo para mim mesmo, para recarregar as energias, para renovar as ideias. Eu só quero ser um pouco mais lento, mais tranquilo, mais leve. Eu só quero aproveitar o ócio criativo, aquele que inspira a arte, a poesia, a filosofia.
           Eu sei que amanhã tudo vai voltar ao normal. Eu sei que vou ter que enfrentar os desafios da vida, os conflitos do trabalho, os relacionamentos complicados. Eu sei que vou ter que ser responsável, organizado, produtivo. Mas, hoje não. Hoje, eu vou ser apenas um preguiçoso feliz.
            E você? Você quer se juntar a mim? Você quer ser minha companhia de rede? Você quer ser meu motivo extra de inspiração? Você quer ouvir o poema que eu tenho guardado no peito? Você quer sentir o prazer de não fazer nada? Então, venha, não tenha medo. Venha se balançar comigo na rede. Venha se perder comigo no tempo. Venha se encontrar comigo na vida.          
Kllawdessy Ferreira
Enviado por Kllawdessy Ferreira em 07/12/2016

Reeditado em 05/05/2018
Código do texto: T5846898 
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