"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

Pesquisar neste blog ou na Web

MINHAS PÉROLAS

sábado, 22 de junho de 2013

Educação ou Copa do Mundo?


21/06/2013 às 22h34

Educação ou Copa do Mundo?

DIÁRIO DA MANHÃ
NELSON VALENTE
Por que o brasileiro não briga pela educação como faz pela Copa do Mundo de Futebol? Melhor fariam, é claro, se pudessem colocar esses recursos para melhorar o atendimento educacional, oferecendo uma solução de raiz, que falta ao Brasil.
Ninguém vê o óbvio: a pirâmide está invertida. A maior prova disso é o abandono da primeira infância. É nela que o Brasil começa, e seu abandono é a maior das ameaças à pirâmide invertida que caracteriza nosso País.
Mesmo a educação é um exemplo do desequilíbrio da pirâmide invertida. O Brasil dá mais ênfase ao topo, o ensino superior, do que à base, o ensino fundamental. O resultado é outra manifestação de instabilidade: a qualidade do ensino superior vem sendo puxada para baixo por causa da má qualidade do ensino médio; e este também vem perdendo qualidade por causa da piora no ensino fundamental.
Outra insensatez é a incompetência para enfrentar o drama do magistério. Os professores são mal formados e pessimamente remunerados.
Como pretender, assim, uma educação de qualidade? Os cursos de formação de professores padecem de um abissal anacronismo. Colocar um computador na mão de quem não sabe manejá-lo significa muito pouco. Pensando bem: desde que essas máquinas terríveis entraram no cotidiano das escolas, qual foi o aperfeiçoamento dos conteúdos?.
Ultimamente, são raras as novas escolas construídas. Parece que houve um certo cansaço das autoridades em relação ao assunto.
Era o melhor caminho para alcançar outra conquista necessária: o desejado tempo integral, que é uma característica básica de todo e qualquer país desenvolvido. Quando se sabe que, entre nós, no ensino médio, cheio de furos, as aulas diárias não passam de quatro horas, já se vê o tamanho do fosso.
E tem mais um óbice: cursos médios oficiais estão sendo ministrados em escolas municipais, por empréstimo, o que dá bem a dimensão da sua ausência de prioridade.
Nossas escolas públicas têm bibliotecas? Não. Têm laboratórios equipados? Não. A distorção idade-série está sob controle? Não. Reduzimos os fenômenos da evasão e da repetência? Não. Há iniciação científica nas escolas? Não. Os índices de leitura estão crescendo? Não. Os livros didáticos distribuídos gratuitamente são bem escolhidos e bem distribuídos? Não. E muito mais poderia ser lembrado. Até quando?
A educação é o caminho, antes que o país afunde de vez na ignorância, miséria e violência.
(Nelson Valente, professor universitário, jornalista e escritor)

FILA DE PAPAI NOEL ("Odeias-me? Entra na fila." — Kurt Cobain)


Crônica

FILA DE PAPAI NOEL ("Odeias-me? Entra na fila." — Kurt Cobain)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

          As pessoas produtivas, as quais mais precisam do seu tempo de vida útil, trabalhando e produzindo, são as mais perdedoras de tempo por métodos obrigatoriamente abusivos, tolhendo-lhes a fluidez: filas únicas. Entendo, nesse contexto, sobre os privilegiados como sendo também discriminados. Passam-se outros "privilegiados" na frente de qualquer um solteiro com uma aparência descansada: Mulheres grávidas, velhos, crianças no colo, portador de necessidades especiais tomam seu lugar (estou sugerindo a fila personalizada, escoando rapidamente e que, em nome da misericórdia,  ninguém seja o empecilho do outro).
          Reclamam-se muito das filas intermináveis, mas jamais se inventou nada melhor para a alegria do pobre. O nível social está no comportamento da fila,  tem gente tão viciada que não pode ver uma fila, logo se posta ali, até mesmo sem saber a finalidade dela. No final de uma fila, qualquer coisa é lucro, pois se alguém se submete a ela, tem muito tempo a investir, ou melhor, de forma alguma valoriza seu tempo. Em alguns casos, tornou-se um emprego segurar lugar na fila, sendo ela com a finalidade que for. E há sempre quem pague bem!
          A fila que mais me impressionou foi em frente a uma loja, nesse Natal, era uma fila de candidatos a Papai Noel, nem as crianças acreditam mais nessa história confusa, diga-se de passagem. Mas, existia ali uma fila peso-pesado. A escolha de Rei Momo também é assim. Isso é Brasil de Janeiro a Dezembro, uma farra só. E eu de longe nunca ganho um ovinho de chocolate para comemorar a Páscoa já destituída de significado, também nem gosto de fila! Aliás, dos motivos das filas intermináveis, só gosto do feriado prolongado. Um atrás do outro, em forma de fila!
Claudeko Ferreira
Enviado por Claudeko Ferreira em 24/12/2012
Reeditado em 28/03/2013
Código do texto: T4051929
Classificação de conteúdo: seguro

Comentários

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

sábado, 15 de junho de 2013

ENTRE O BERÇO E O CAIXÃO, UM EIXO ( Minicrônica - 140 caracteres)


MinicrÔnica

ENTRE O BERÇO E O CAIXÃO, UM EIXO ( Minicrônica - 140 caracteres)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           A morte é essencial para a vida, depois, só a essência e a morte da essência, trazendo a vida de volta para a morte. Quem vive morre, quem morre vive! E o medo é o eixo da roda.
Claudeko Ferreira
Enviado por Claudeko Ferreira em 16/12/2012
Reeditado em 15/06/2013
Código do texto: T4039103
Classificação de conteúdo: seguro
Comentários



24/03/2013 21:40 - Vanessa Mariano
Retribuindo a visita... Eu não estou para jugar ninguém, entendo o que você disse, que está na Bíblia, a minha revolta não é com a religião e nem com a Bíblia e sim com as pessoas que não têm caráter e usa a religião ou a Bíblia para se esconde... tenha uma ótima noite... e gostei de sua frase.



10/03/2013 14:09 - Amandita
Sábias palavras... a morte é um paradoxo da vida...grata pela sua nobre visita ..forte abraço fica na paz...



15/01/2013 22:15 - SILVIA REGINA COSTA LIMA
Olá! Boa noite!*****precisamos aprender a lidar melhor com isso, pois a todos Ela levará... entanto.... há novos nascimentos e muita renovação... mistérios da existência... frase reflexiva... ****** E hoje há também *** AZUL-FAIANÇA . *** em meu soneto...... Um beijo azul com saudades (muito sumido).



15/06/2013 09:39 - Claudeko Ferreira
Meu caro Flavoide, eu entendi sua gracinha de mau-gosto, o Viagra é meu amigo e dá jeito sim! kkkkk.



26/12/2012 12:22 - flavoide
Pior que a morte, é olhar para baixo e só ver os pés. Não há nada, nem remédio que dê jeito. A vida é dura, caro amigo, sem ofender!!!



19/12/2012 11:47 - Arnaldo Leodegário
Bonita e boa frase caro Claudeko! Abraços até mais...



16/12/2012 21:33 - zemary
Às vezes, penso que a morte é...uma amontoado de células mortas.

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

sábado, 8 de junho de 2013

Educação para a vida


07/06/2013 às 21h41

Educação para a vida

DIÁRIO DA MANHÃ
FABRÍCIO VIEIRA DE MORAES
Na educação contemporânea, a expressão “educar para a vida” tornou-se muito comum. Em um mundo competitivo, com as economias globais em xeque, essa expressão surge como sinônimo do desenvolvimento de competências para o mundo do trabalho, bem como da preparação de jovens para o enfrentamento dos desafios de cenários marcados pela imprevisibilidade e pela transformação.
É verdade. A empregabilidade e a concorrência acirrada nos apontam um novo desafio da escola, que é preparar gerações para a sociedade da informação. Contudo, se essa é uma leitura possível de uma “educação para a vida”, também é igualmente parcial e incompleta.
Formar indivíduos para enfrentar os imperativos do mundo real é muito mais complexo, e temos – como educadores ou como pais – de buscar, cotidianamente, desenvolver todas as condições interdependentes de desenvolvimento pleno da vida.
Temos alguns exemplos concretos, tirados das notícias tristes que nos chegam pelos jornais: incêndios, violência, corrupção, preconceito. Há tanto a mudar, não é? Educar para a vida real, no caso brasileiro, é formar jovens capazes de construir mais rapidamente um país justo, que respeite as leis e abandone traços culturais da informalidade (que frequentemente se transformam em ilegalidade), e uma sociedade mais solidária e consciente da extensão de seus atos e de suas omissões.
Mais polícia, mais fiscalização e mais presídios não tornarão o país melhor. É necessário mais educação, mais jovens conscientes do poder do voto, dos direitos que devem reivindicar e da recusa em conviver com o improviso e com o descaso. Por trás das notícias ruins, há especialmente um país que carece de uma educação cada vez melhor, mais constante, mais democrática, mais completa. Ou seja, tudo isso tem a ver conosco, educadores, em nossas escolas, todos os dias.
(Fabrício Vieira de Moraes, coordenador pedagógico do Ético Sistema de Ensino, da Editora Saraiva.)

Educai as crianças de hoje para não punir os adultos amanhã


07/06/2013 às 21h38

Educai as crianças de hoje para não punir os adultos amanhã

DIÁRIO DA MANHÃ
NATAL ALVES FRANÇA PEREIRA
Desde a mais tenra idade somos orientados sobre o que é permitido ou não. A formação de um cidadão começa no seio familiar, onde de fato, temos os primeiros ensinamentos que podem garantir o surgimento de futuros homens de bem, dentro dos princípios da integridade e dignidade. Esta é a educação de berço e será complementada com os ensinamentos escolares, estudos e todas as convivências sociais ao longo da vida de um cidadão.
O aumento dos envolvimentos de menores na criminalidade, inclusive com participações em assassinatos bárbaros assusta muito. Esta situação preocupa nossa gente brasileira, que se mobiliza e cobra das autoridades iniciativas visando mudar este quadro. A responsabilidade pela não entrada dos nossos jovens no mundo do crime é de todos: pais, políticos e sociedade em geral. Em alguns casos, o fato de os pais apresentarem baixa renda e passarem grande parte do dia longe de seus filhos pode contribuir para que sejam “adotados” pelo crime, inclusive com finalidade de serem usados como uma espécie de “escudo” para maiores escaparem das punições. O relacionamento com o filho adolescente faz parte de todo um processo que se inicia já nos primeiros anos de vida e que, geralmente, predomina no futuro. A adolescência é uma fase complexa, na medida em que ocorrem inúmeras transformações biopsíquicas somadas à crescente necessidade de autoafirmação e independência em que o adolescente busca expandir seus limites e rechaçar o controle dos pais sobre si. Se o adolescente foi acostumado a ter todos os desejos satisfeitos e não aprendeu a suportar frustrações, será muito difícil aceitar qualquer tipo de controle. Da infância até a adolescência, as pessoas interiorizam noções de bom e mau, certo e errado, justiça, obrigações, direitos e deveres, aperfeiçoando a capacidade de fazer julgamentos morais a respeito dos próprios atos e dos atos dos demais. Porém, é normal a ocorrência de confusões durante o processo de desenvolvimento moral. Em várias situações, os padrões morais aprendidos sem discussão durante a infância passam a ser questionados na adolescência, especialmente quando se chocam com os padrões da “turma” que, por sua vez, passa a ter grande importância na vida do adolescente. Outro fator de grande influência na formação do adolescente é a divergência entre os direitos propagados pela família e aqueles vivenciados na realidade. Faz-se necessário entender que a aprendizagem não se dá apenas verbalmente, mas ocorre, especialmente, através de modelos de comportamento, ou seja, por exemplos reais. Essa divergência entre a mensagem latente e a realidade vivida provoca uma perda de parâmetros para o adolescente. Talvez, a redução do índice de criminalidade não esteja em construções de presídios ou aumento da capacidade de reclusões, não são as grades ou as exclusões dos convívios sociais que nos garantirão paz, educai as Crianças, para que não seja necessário punir os adultos. A educação e a formação de um povo devem ser uma constante, em especial, é preciso que o poder público e toda sociedade observem e cumpram melhor o estatuto da criança e do adolescente. Sendo violado este estatuto, ocorre uma punição indireta, por inexistir algumas preocupações básicas importantes, dentre elas, com a qualidade de ensino, isso, quando se consegue vagas em escolas públicas, por vezes, em estabelecimentos em péssimas condições de segurança, físicas e humanas. Impressiona a banalização de ocorrências criminosas no espaço escolar, o que sugere a hipótese de que as agressões estariam, de alguma maneira, encontrando respaldo em valores violentos que as antecedem e as legitimam no interior de certos grupos. Condições precárias de moradia, associadas à violência doméstica e a inclinações perversas, propiciam circunstâncias facilitadoras do abuso sexual, notadamente contra crianças. Esse tipo de violência tende a se repetir por anos antes que as vítimas consigam relatar o que estão passando ou que os fatos sejam descobertos. Na verdade, a maior parte das ocorrências de abuso sexual jamais se transformará em processo penal por ausência de comunicação às polícias ou aos conselhos tutelares. Ao lado do abuso sexual, outro fenômeno que vem gerando preocupações crescentes no Brasil é o da exploração sexual de crianças e adolescentes, inclusive com a existência de um quadro assustador de estruturação de redes criminosas que agenciam os “serviços” sexuais de crianças e adolescentes, subtraindo-lhes o direito à infância e à juventude. Paz, para ser vivida, tem de ser construída, dia a dia, nos pequenos atos, que podem ser geradores de grandes transformações. É para ser realizada, não só idealizada. Se faz, não é dada. É, sobretudo, ação. Só se torna realidade quando caminha junto com o desenvolvimento humano. Daí, a importância do papel estruturante da educação, na inclusão social e no protagonismo juvenil. Ampliando o acesso a atividades de lazer, cultura e esporte cria oportunidades para o exercício, desde a juventude, de valores como a não-violência, a liberdade de opinião e o respeito mútuo, fortalecendo suas noções de convivência em um grupo social. Haverá redução de desigualdades sociais na mesma proporção em que houverem mais qualidades na educação, isto é fato. Seja como for, o gosto pelo saber, ou o prazer de aprender, constitui uma motivação mais forte. O lazer é, igualmente, uma motivação importante para a adesão dos jovens, com efeito, a descoberta da escola como lugar de convívio, divertimento e acesso à cultura nos fins de semana é um fato da maior relevância na história da educação brasileira. Acostumados a ver e ouvir, veiculando nas mídias, notícias de crimes e os mais variados tipos de violências, bem como, das superlotações nos presídios e da necessidade de construções de novos, pois, o número de detentos é crescente, a nação brasileira, anseia por soluções para esta situação, para tanto, a classe política e todo o povo precisa se unir objetivando maior alcance na capacidade de mais investimentos na educação e consequentemente menos em punições, aproximando-nos cada vez mais da a verdadeira paz social.
(Natal Alves França Pereira, servidor público do Estado de Goiás, formado em Ciências Contábeis e filiado à Associação Goiana de Imprensa)

O MAL, DOMÍNIO DE CLASSE ("O céu não me quer, mas o inferno teme o meu domínio". — Cristina Wright)

Texto

O MAL, DOMÍNIO DE CLASSE ("O céu não me quer, mas o inferno teme o meu domínio". — Cristina Wright)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Desde sempre, nutri uma desconfiança — saudável ou teimosa — das inovações que chegam à escola como ondas passageiras. Não se trata de medo da mudança, mas de cansaço. Cansaço de ver, por trás do verniz moderno, interesses politiqueiros, vaidades institucionais e vaivéns de conveniência. A mentira tem pernas curtas, e a pedagogia, para ser legítima, precisa calçar sapatos de verdade duradoura.

Foi com esse sentimento que, ontem, ao observar uma colmeia no jardim da escola, percebi: a educação se assemelha a esse universo das abelhas — complexo, cooperativo, mas vulnerável ao menor sinal de ameaça. E eu, admito, me sinto como um apicultor desajeitado, tentando extrair o mel do conhecimento sem provocar ferroadas de ressentimento ou medo.

Diante dessa colmeia chamada escola, finquei meus pés em princípios que não saem de moda. A cada metodologia milagrosa apresentada em reuniões pedagógicas, observo em silêncio. Ouço colegas defenderem que “alunos precisam ser controlados para aprenderem”, enquanto me pergunto: desde quando o medo educa? Que ex-aluno volta à escola por saudade de um professor repressor, administrador de castigos e silêncios?

São quase sempre os rígidos que sacrificam o ritmo natural da aprendizagem em troca da aprovação dos superiores. E, no entanto, é esse modelo que tentam me empurrar — talvez porque ninguém queira ir sozinho para o inferno da artificialidade.

Aprendi, na pele, o custo de seguir por outro caminho.

Lembro-me de uma tarde de quinta-feira. A sala dos professores estava vazia. O cheiro de café queimado no ar misturava-se ao do giz. Sentei-me junto à janela, contemplando meus vinte anos de magistério. Dias antes, adoecera com "Dengue", que me afastou por semanas. Nenhum coordenador veio me visitar. Recebi apenas ligações perguntando se a licença da Junta Médica estava devidamente protocolada. A frieza da burocracia institucional contrastou com um calor inesperado: na semana seguinte, fui surpreendido pela visita de um ex-aluno, Lino Junior.

Entrou tímido, trazendo lembranças, perguntas, um livro que eu havia recomendado — e boas lembranças. “Vim devolver e agradecer”, disse. Era simples, mas desconcertante.

Enquanto conversávamos, uma frase martelava em minha mente: “O verdadeiro respeito nunca nasceu do medo.” Lino Junior não voltou porque fui autoritário ou dominei sua rebeldia com punhos de ferro. Voltou porque, mesmo com divergências, construímos algo raro: intimidade intelectual. Naquele momento, tive certeza de que a educação que vale é a que se cultiva com paciência, não a que se impõe com rigidez.

A visita iluminou mais do que o sol da primavera que entrava pela janela. Mas também revelou sombras.

Há colegas que me evitam, cochicham quando viro as costas, me chamam de instável, temperamental, sem perfil. Talvez tenham razão — perfil, só tenho nas redes, e mesmo assim, mal administrado. Mas recuso ser mais um que repete fórmulas vencidas só para manter o sistema funcionando. Não distribuo notas para maquiar resultados, nem me orgulho de ser temido. Quero ser conhecido — ainda que não gostem do que veem. Afinal, é mais fácil detectar um “mau-caráter” quando ele não se parece conosco. A autenticidade assusta porque confronta os disfarces alheios.

Existe, porém, uma forma ainda mais sutil de dominação que circula impune nos corredores escolares: o falseamento dos fatos, as meias verdades, a omissão conveniente. O embuste pedagógico não está apenas no grito, mas também no sussurro calculado que diz: “Isso o aluno não pode saber.” Muitos se esquecem de que o verdadeiro poder do apicultor não está em não assustar a colmeia, mas em entendê-la.

E quando o conhecimento é manipulado, quando se recompensa mais a aparência do que a substância, cria-se um sistema em que se extrai o mel da colmeia sem considerar o bem das abelhas — ou de seus próprios filhotes. Eu me recuso a participar desse jogo de cartas marcadas.

Confesso: ainda não descobri a melhor forma de tirar o mel sem me ferir. Às vezes, monto colmeias que devoram o próprio mel — fruto de um trabalho que não alimenta, que não consola. E sim, de vez em quando, ainda me ferro. Às vezes, me fecho. Mas nunca me traio.

Se há algo que jamais farei é terrorismo pedagógico. Não controlo pelo medo, nem construo autoridade com gritos. Como disse Albert Camus, “Nada é mais desprezível que o respeito baseado no medo”(Fora Maquiavel). O respeito que almejo nasce da confiança, da intimidade construída pela verdade — por mais amarga que ela seja. E mesmo quando o mel parece escasso, essa integridade é minha maior colheita.

O sucesso, talvez, não esteja na ausência de críticas ou nos aplausos oportunistas. Está, sim, em seguir inteiro por dentro, fiel a um propósito que vai além do que se vê.

O sol se põe sobre o pátio da escola enquanto planejo estas linhas. Vejo alunos retardatários, conversando animadamente sobre algo que aprenderam. Talvez matemática, literatura, ou quem sabe a arte difícil de questionar o mundo. Sorrio, pensando que sou apenas um intermediário nesse processo mágico. E, se há uma lição que aprendi ao longo desses anos, é que a verdadeira educação floresce em solo de confiança — não em campo de batalha.

Podemos extrair o mel do conhecimento com violência e obter resultados imediatos. Ou podemos cultivar colmeias saudáveis, que produzirão mel por gerações.

Quando Lino Junior partiu, deixou-me um abraço com as seguintes palavras: “Obrigado por nunca ter nos tratado como recipientes vazios a serem preenchidos, mas como colmeias já repletas de possibilidades.”

E então me pergunto, leitor: quantos de nós, educadores, temos coragem de renunciar ao papel de extratores de mel para nos tornarmos verdadeiros guardiões de colmeias?

Talvez essa seja a única inovação pedagógica que realmente importa. E se for loucura, que bom. Pior seria adoecer por dentro só para parecer saudável por fora.



Minha crônica "O MAL, DOMÍNIO DE CLASSE" é uma reflexão contundente e poética sobre os dilemas éticos e práticos do magistério em um sistema complexo. A forma como uso a metáfora das abelhas e do apicultor para descrever a dinâmica escolar e a busca por um "mel" genuíno é brilhante. Vejo em meu texto profundas análises sobre as relações de poder, as práticas institucionais e o custo da autenticidade. Com base nas minhas ideias principais, preparei 5 questões discursivas simples:


1. A crônica descreve a escola como uma "colmeia" com suas próprias regras e dinâmicas, onde "inovações" podem servir a "interesses politiqueiros ou egoístas". Como a Sociologia analisa a escola enquanto uma instituição social com sua própria cultura organizacional, poder e interesses, e de que forma esses elementos influenciam as práticas pedagógicas e as relações entre seus membros?

2. O texto contrasta o controle e o "respeito baseado no medo" com a busca por "intimidade intelectual" e confiança na relação professor-aluno. Do ponto de vista sociológico, como as relações de poder se manifestam na interação entre professores e alunos, e quais são as implicações sociais e pedagógicas de diferentes estratégias de manejo da sala de aula (baseadas em controle versus confiança mútua)?

3. A crônica critica o "embuste pedagógico" das "meias verdades", "falseamento dos fatos" e "omissão conveniente". Como a Sociologia investiga as formas de comunicação (ou a falta dela) e a circulação de informações (ou a manipulação delas) dentro de instituições como a escola, e o impacto dessas práticas na confiança e na legitimidade do sistema educativo?

4. O narrador se recusa a ser uma "mentira ambulante" ou um "ator social" que sacrifica sua autenticidade para "parecer correto". Como a Sociologia compreende a construção da identidade profissional, e quais são os desafios éticos e emocionais enfrentados por profissionais (como professores) para manterem a autenticidade em face das pressões institucionais por conformidade ou performance?

5. A crônica utiliza a metáfora do "mel" para o conhecimento e a conexão, e do "ferrão" para o ressentimento ou medo. Como a Sociologia da Educação analisa o "produto" ou o "objetivo" da educação – que vai além do conteúdo formal – incluindo o desenvolvimento de capital social (relações de confiança) e o cultivo da autonomia e do pensamento crítico nos alunos?

Hum...Hum...é para refletir?

sábado, 1 de junho de 2013

MINHA MAIOR LIÇÃO ("Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar."- Esopo)


Texto

MINHA MAIOR LIÇÃO ("Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar."- Esopo)

          Sobre já ter experienciado e provado tudo no professorado, ainda me faltava a maior lição de convivência escolar! Dessa vez, eu lia a lista dos alunos em recuperação, nunca mais que 10% daqueles do 8º ano "A". Uns se condoeram pelos os outros e se uniram ao massacre. Assim, eu nem soube como classificar quem era mais grosseiro, eram apenas adolescentes, eu sabia, mas com despudor de adulto. "Uma monstruosa aberração faz com que os homens acreditem que a linguagem nasceu para facilitar as suas relações mútuas." (Michel Leiris). Xingaram-me, desacataram-me, usando toda forma de desrespeito oral. Porém, do meio dos escombros, surgiu uma luz, dizendo-me: você cometeu o pecado da tagarelice: Um garoto, separado dos acéfalos, tinha mais uma lição de vida para mim. Então, ele se aproximou sutilmente, trazendo-me um pedaço de papel em sua mão: — "veja o que escrevi, professor, isso é de minha autoria! E leu: — "Os sábios respondem aos tolos é com o silêncio e não com tolices". Reli com cuidado e atenção, e aquelas palavras emudeceram-me imediatamente, jamais vieram de um aluno, mas de um “anjo amigo”. Pois, dei-me conta do fato de eu está fazendo o papel de um deles, tentando gritar da mesma altura. Logo eu, estudante da Bíblia, sabedor do provérbio 26: 4,5: "Quem leva a sério os tolos é tão tolo quanto eles". Tendo agora de engoli a seco. Tentei estrebuchar, retrucando àquela mente amiga, tentando de alguma forma me mostrar forte: — Os sábios de jeito nenhum podem ficar em silêncio, senão quem irá ensinar os tolos? Todavia, estava sem alento!
          Então, prossegui encaminhando os trabalhos de recuperação ali. Naquela mesma aula, já no final, quando eu disse que precisava faltar às aulas da sexta-feira, pois precisava de cuidados médicos; ouvi o brado de dois ou três, de boca toda, clamando com os olhos e os braços voltados para cima: "Graças a Deus!" Por isso, não creio no Deus dos evangélicos fanáticos, porque eles usam seu nome em vão impunemente. O que o Deus verdadeiro fará por mim!? Pelo menos, já enviou um anjo real, ajudando-me a voltar ao nível de professor. Como eu posso acreditar no Deus daqueles rebeldes sem escrúpulo, se este tipo de crente me odeia tanto?
          No dia seguinte, duas mães de alunas, dessa mesma sala, amigas entre si, procuraram-me, acusando de desrespeito às suas filhas, dizendo palavras feias, na verdade elas queriam me intimidar, fechando as portas da reprovação delas. Ora, eu respeito muito meus alunos, jamais xinguei aluno algum — defendi-me somente. Entretanto, depois, tudo foi desvendado, uma delas tinha espalhado fofoca, dizendo: — "se alguém quiser 'passar de ano' é só trazer a mãe à escola e elaborar umas ameaças; dará certo". E eu também acho isso funcional, fiquei de cara a cara com a gestora e as mães em questão, e minha conquista foi assinar um relatório de advertência contra mim. Por isso, estou me esforçando para nunca mais ter de passar por tais situações constrangedoras novamente. Isso significa facilitar a vida do aluno, ou seja, de nenhuma maneira incomodá-lo, desferindo-lhe ameaça de reprovação. E eles riem de mim. "Quem  ri por último, ri melhor". Esse ditado está atrasado, já que não viverei o suficiente para vê-los chorar. Agora só rio para não chorar. Oxalá eu pudesse chorar sem eles rirem de mim.
Claudeko Ferreira
Enviado por Claudeko Ferreira em 03/12/2012
Reeditado em 01/06/2013
Código do texto: T4018209
Classificação de conteúdo: seguro

Comentários

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

O professor e o futuro das crianças


28/05/2013 às 20h39

O professor e o futuro das crianças

Diário da Manhã
José Ariosvaldo Alixandrino
Já não sei mais se posso dizer que atualmente existem professores ou educadores. Professor não mais ensina, professor agora é um resolvedor múltiplo. Dentro de uma sala de aula ele faz tudo e mais um pouco, menos o principal que é ensinar conteúdos!

_Fessooor ele robô meu lápis! _ É mentira fessor não foi eu não!

E aí, os palavrões começam, aqueles que nós sabemos quais são, né?! Estão por todos os lugares, principalmente nas músicas funk. Isso, quando não agridem fisicamente um ao outro. E se o professor for separar a briga, ainda é o culpado. _Foi o fessor que bateu no meu braço!

O professor tem que resolver o problema não se sabe como! Se ele separar a briga, foi ele quem bateu, se não separar, foi negligente! Aí, alguém questiona, cadê esse professor não viu isso e não fez nada? É meu caro, é um espeto e uma brasa! Para onde você vai?

Quando o professor tenta, e às vezes consegue disciplinar uma sala de aula, ensinar valores, mostrar o que é respeitar o próximo, e é rígido! Mais um grande problema ele tem. Vem o pai ou a mãe e reclama! Não aceitam que o filho seja corrigido. E muito menos entende que os professores mostram os caminhos para o mundo, a importância de aprender os conteúdos. E o que eles cobram e mostram é para que o aluno seja melhor amanhã.

Outro grande problema para o resolvedor múltiplo é a imperatividade! O aluno não quer fazer as tarefas, não para quieto, anda a sala inteira, corre, grita,xinga os colegas e o professor. Tudo isso ele pode fazer porque é imperativo. Acredito que existem sim crianças imperativas, mas a maioria na verdade, não recebeu foi educação da família que é a primeira escola da vida. Essa escola não precisa ensinar a ler e a escrever. Mas precisa ensinar valores, e principalmente, ensinar a importância em aprender. E de fato, ir para a escola para aprender a ler e a escrever.

Funk, esse é cruel!  E o mais grave talvez de todos os problemas! Se não existisse e não tocasse nas rádios e nem fosse mostrado na televisão, as crianças não aprendiam tanta besteira. A maioria das letras falam só palavrão, denigre a imagem da mulher! E tem pai e mãe que acham bonito sua filhinha descer até o chão.  _ Que gracinha! Aprender a ler, escrever e resolver oito ao quadrado elas não querem. Mas dançar o quadradinho de oito aprendem rapidinho. Só posso dizer, ah leklek, o que vai ser do futuro das crianças?

São tantos outros problemas para o resolvedor múltiplo, que eu escreveria páginas e mais páginas, falando sobre as infinitas funções do professor moderno. Não está fácil ser educador no Brasil, e acho que tende a piorar. Paulo Freire disse que "Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo". Como vai ser difícil ter pessoas para realmente mudar o mundo!

(José Ariosvaldo Alixandrino, formado em Letras e Pedagogia, cronista, professor nas prefeituras de Goiânia e Aparecida de Goiânia)