"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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MINHAS PÉROLAS

sábado, 29 de junho de 2013

MINHA CASA, MINHA GAIOLA ("RECLUSÃO: VIDRAÇA NO PRÉDIO, A PLANTA DENTRO DA SALA FALECE DE TÉDIO." — Daniel Brito)


Crônica

MINHA CASA, MINHA GAIOLA ("RECLUSÃO: VIDRAÇA NO PRÉDIO, A PLANTA DENTRO DA SALA FALECE DE TÉDIO." — Daniel Brito)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

          Qual é a eficácia do estatuto do desarmamento, se todo bandido tem armas escondidas da lei? O que eles não têm mesmo é consciência. Bandido sem arma não tem poder, não é bandido de verdade!!! Os políticos pretendem acabar com a bandidagem brasileira, apelando à consciência de quem não a tem? Não adianta dizer para o bandido armado: não me mate! Uma mente cauterizada e um coração insensível não pode ser tocado. "Pode o etíope mudar a sua pele? Pode o leopardo alterar as suas pintas? Assim também podereis vós fazer o bem, estando tão habituados à prática do mal?" (Jer. 13:23). O contrário também é verdade. E muitos eleitores são coniventes com os que propõem a paz sem luta, principalmente evangélicos fanáticos. Não sabendo eles que o Resumo dos 10 mandamentos é: Não morrerás! Todo sentido do cristianismo e da Bíblia é: Não morrerás. Qualquer coisa que preserve a minha vida vem de Deus. O Trabalho do Inimigo é roubar, matar e destruir. Chega de falso moralismo. Lembro-me muito bem que estudei este tema na faculdade de Teologia e nunca mais parei de estudar, portanto cresci um pouco mais. Sua luta contra as armas de fogo é a mesma contra o inferno! Não é obrigatório, compra uma arma quem quiser; sempre foi assim e assim será, agora você quer ganhar do governo populista uma arma de fogo na cesta-básica? 
           Minha casa é minha gaiola, eu preso, protegido pelas rudes paredes compradas com dinheiro do trabalho difícil, e os malfeitores soltos e livres pelas ruas, divertindo-se à vontade. Racionalizando o valer a pena do sofrer engaiolamento, na atual circunstância, não deve ser motivo de tristeza para um "passarinho" que se preza, tendo de enfrentar, desarmado, os perigos da imensidão, regida pela lei dos mais fortes, ele desfruta de uma certa proteção. Acostumamos com o que não presta. O bom uso do direito de autodefesa quebra as cadeias. Mas, estando impossibilitado, só lhe resta cantar, e eu escreverei poemas por muito tempo aqui dentro, falando ao mundo de paz conquistada e merecida.
           Como será o mundo, se os dóceis, frágeis e sensíveis se esquecerem de "voar" ou estiverem impossibilitados de procurar seu próprio alimento, quais aves velhas de gaiola?
           É impossível, quando milhares de pessoas se unem, não promover a violência! Nem todos têm o mesmo objetivo em um tumulto, mas, por esta época de eleições, considerando a série de manifestações, em várias partes do país, só poderia resultar em um grande ato público nacional também violento: Os debates dos candidatos são apologias às violências: inventando mentiras, agredindo o adversário; importa ser o ídolo ou seguidor do ídolo. Nunca foi diferente na disputa pela sobrevivência e o conforto. 
           Como querem resolver os candidatos a violência das ruas, se precisa mesmo é de propostas que valha a pena  uma manifestação contra a violência das manifestações. O brado dessas passeatas seria dirigidos a quem, na verdade? Aos bandidos! E fazem palestras a quem nem precisaria ouvir conselhos dessa natureza: O Cidadão de bem! As estatísticas e intimidações contendo frases de efeito, combatendo a violência em lugares inadequados. Sensibilizar bandido é um trabalho pouco rentável. O crime é um vício! Por que os fumantes apesar de muitas advertências no maço de cigarro, porém, até hoje, ainda, continuam fumando?
           Repetiu o presidenciável, Bolsonaro, muitas vezes em sua campanha, o Dito popula: "Bandido bom é bandido morto". Se "Está morto: podemos elogiá-lo à vontade." (Machado de Assis). Morto não se envaidece, está insensível, bem como os viciados no mal. Vândalos, saqueadores e bandidos vivos e atuantes devem ser tratados cruelmente da mesma forma,  com a qual eles nos tratam, talvez faça sentido, senão estaremos sendo cúmplices deles! "Os maus só têm cúmplices; os libertinos têm sócios de devassidão; o comum dos homens ociosos tem relações. Os homens virtuosos têm amigos." (Voltaire).
           A palavra de Deus diz que devemos confiar na polícia: "AS AUTORIDADES SÃO INSTRUMENTOS DE DEUS PARA TEU BEM. MAS, SE FIZERES O MAL, TEME, PORQUE NÃO É SEM RAZÃO QUE LEVA A 'ESPADA'"(Rom 13:4). Embora na corporação tenha os poucos indignos, mas, pelo menos, obediência às autoridades é uma forma de combater a violência. Digo melhor, que meus impostos paguem uma polícia justa, consciente, forte e ativa. Eu confio nos órgãos públicos de defesa do cidadão, pois ainda saio para ir trabalhar, e ir ao supermercado, e tenho voltado em paz para minha gaiola. Apesar que não basta só ter casa, para onde voltar, precisamos de segurança, habilidade e autoconfiança.
Claudeko Ferreira
Enviado por Claudeko Ferreira em 27/12/2012
Reeditado em 29/06/2013
Código do texto: T4055875
Classificação de conteúdo: seguro
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segunda-feira, 24 de junho de 2013

O gestor escolar como construtor de cenários


23/06/2013 às 20h33

O gestor escolar como construtor de cenários

DIÁRIO DA MANHÃ
FRANCISCA PARIS

A imagem do educador como um profissional capaz de produzir cenários onde a aprendizagem se desenvolva ilustra bem a mudança no papel dos professores, ao longo das últimas décadas. Entre as competências do bem ensinar, está certamente a de criar um ambiente estimulante no qual crianças e jovens possam encontrar sua rota de aprendizagem, construam seu percurso de aprendizes, cresçam.
Se pensarmos bem, a imagem da construção do cenário também se refere diretamente ao trabalho dos gestores. O diretor, o coordenador, enfim, os líderes educacionais, devem, cada vez mais, ser capazes de entrever e construir os cenários do seu projeto de escola.
Pode-se pensar nesse papel de duas diferentes perspectivas. Uma delas é o contexto imediato, próximo. Liderando equipes complexas, em que atuem diversos profissionais com diferentes personalidades e formas de trabalhar, os gestores precisam ser capazes de articular um relacionamento produtivo. Isso implica, por exemplo, a construção de um ambiente de trabalho que concilie criatividade e disciplina, espaço de valorização do mérito de cada um e resultado do grupo. Ser capaz de organizar a cena profissional é uma habilidade importante para o gestor contemporâneo que precisa ser desenvolvida.
Há, porém, cenários maiores do que esse: um deles é o grande palco das mudanças da sociedade contemporânea. Se é imprescindível olhar para dentro, com atenção e critério para o que acontece na escola – nossa área de influência mais próxima –, é igualmente importante olhar para fora, ou seja, tentar compreender o que se passa no mundo. Se há algo que caracteriza nossa época é a volatilidade dos conceitos.
Muitas vezes, presos aos afazeres cotidianos, os gestores se esquecem de olhar para mudanças importantes, grandes reorientações que mais cedo do que parece chegarão ao ambiente escolar. Estamos falando de tecnologia? Sim, mas não só disso. Há mudanças demográficas, econômicas, culturais e comportamentais que certamente chegarão à escola e irão interferir nos negócios. Saber entender esses movimentos permite ao gestor se preparar para o que virá.
São muitos os exemplos: em alguns lugares, pode ser a melhoria da escola pública, que repentinamente rouba os clientes da rede particular; em outros, podem ser movimentos migratórios internos, como a fuga das metrópoles. Enfim, não há uma regra; o que sabemos, com certeza, é que as mudanças se sucedem com incrível velocidade e a vitalidade dos negócios cada vez mais dependerá de nossa capacidade de adaptação aos novos contextos.
Por isso, ser líder hoje implica ser sensível aos sinais dos tempos. É preciso saber ler nas entrelinhas, buscar compreender as tendências, antecipar-se, quanto mais possível, às curvas da história – essa estrada cada vez mais veloz.
(Francisca Paris, pedagoga, mestra em educação e diretora de soluções educacionais do Ético Sistema de Ensino, (www.sejaetico.com.br), da Editora Saraiva)

sábado, 22 de junho de 2013

Educação ou Copa do Mundo?


21/06/2013 às 22h34

Educação ou Copa do Mundo?

DIÁRIO DA MANHÃ
NELSON VALENTE
Por que o brasileiro não briga pela educação como faz pela Copa do Mundo de Futebol? Melhor fariam, é claro, se pudessem colocar esses recursos para melhorar o atendimento educacional, oferecendo uma solução de raiz, que falta ao Brasil.
Ninguém vê o óbvio: a pirâmide está invertida. A maior prova disso é o abandono da primeira infância. É nela que o Brasil começa, e seu abandono é a maior das ameaças à pirâmide invertida que caracteriza nosso País.
Mesmo a educação é um exemplo do desequilíbrio da pirâmide invertida. O Brasil dá mais ênfase ao topo, o ensino superior, do que à base, o ensino fundamental. O resultado é outra manifestação de instabilidade: a qualidade do ensino superior vem sendo puxada para baixo por causa da má qualidade do ensino médio; e este também vem perdendo qualidade por causa da piora no ensino fundamental.
Outra insensatez é a incompetência para enfrentar o drama do magistério. Os professores são mal formados e pessimamente remunerados.
Como pretender, assim, uma educação de qualidade? Os cursos de formação de professores padecem de um abissal anacronismo. Colocar um computador na mão de quem não sabe manejá-lo significa muito pouco. Pensando bem: desde que essas máquinas terríveis entraram no cotidiano das escolas, qual foi o aperfeiçoamento dos conteúdos?.
Ultimamente, são raras as novas escolas construídas. Parece que houve um certo cansaço das autoridades em relação ao assunto.
Era o melhor caminho para alcançar outra conquista necessária: o desejado tempo integral, que é uma característica básica de todo e qualquer país desenvolvido. Quando se sabe que, entre nós, no ensino médio, cheio de furos, as aulas diárias não passam de quatro horas, já se vê o tamanho do fosso.
E tem mais um óbice: cursos médios oficiais estão sendo ministrados em escolas municipais, por empréstimo, o que dá bem a dimensão da sua ausência de prioridade.
Nossas escolas públicas têm bibliotecas? Não. Têm laboratórios equipados? Não. A distorção idade-série está sob controle? Não. Reduzimos os fenômenos da evasão e da repetência? Não. Há iniciação científica nas escolas? Não. Os índices de leitura estão crescendo? Não. Os livros didáticos distribuídos gratuitamente são bem escolhidos e bem distribuídos? Não. E muito mais poderia ser lembrado. Até quando?
A educação é o caminho, antes que o país afunde de vez na ignorância, miséria e violência.
(Nelson Valente, professor universitário, jornalista e escritor)

FILA DE PAPAI NOEL ("Odeias-me? Entra na fila." — Kurt Cobain)


Crônica

FILA DE PAPAI NOEL ("Odeias-me? Entra na fila." — Kurt Cobain)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

          As pessoas produtivas, as quais mais precisam do seu tempo de vida útil, trabalhando e produzindo, são as mais perdedoras de tempo por métodos obrigatoriamente abusivos, tolhendo-lhes a fluidez: filas únicas. Entendo, nesse contexto, sobre os privilegiados como sendo também discriminados. Passam-se outros "privilegiados" na frente de qualquer um solteiro com uma aparência descansada: Mulheres grávidas, velhos, crianças no colo, portador de necessidades especiais tomam seu lugar (estou sugerindo a fila personalizada, escoando rapidamente e que, em nome da misericórdia,  ninguém seja o empecilho do outro).
          Reclamam-se muito das filas intermináveis, mas jamais se inventou nada melhor para a alegria do pobre. O nível social está no comportamento da fila,  tem gente tão viciada que não pode ver uma fila, logo se posta ali, até mesmo sem saber a finalidade dela. No final de uma fila, qualquer coisa é lucro, pois se alguém se submete a ela, tem muito tempo a investir, ou melhor, de forma alguma valoriza seu tempo. Em alguns casos, tornou-se um emprego segurar lugar na fila, sendo ela com a finalidade que for. E há sempre quem pague bem!
          A fila que mais me impressionou foi em frente a uma loja, nesse Natal, era uma fila de candidatos a Papai Noel, nem as crianças acreditam mais nessa história confusa, diga-se de passagem. Mas, existia ali uma fila peso-pesado. A escolha de Rei Momo também é assim. Isso é Brasil de Janeiro a Dezembro, uma farra só. E eu de longe nunca ganho um ovinho de chocolate para comemorar a Páscoa já destituída de significado, também nem gosto de fila! Aliás, dos motivos das filas intermináveis, só gosto do feriado prolongado. Um atrás do outro, em forma de fila!
Claudeko Ferreira
Enviado por Claudeko Ferreira em 24/12/2012
Reeditado em 28/03/2013
Código do texto: T4051929
Classificação de conteúdo: seguro

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sábado, 15 de junho de 2013

ENTRE O BERÇO E O CAIXÃO, UM EIXO ( Minicrônica - 140 caracteres)


MinicrÔnica

ENTRE O BERÇO E O CAIXÃO, UM EIXO ( Minicrônica - 140 caracteres)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           A morte é essencial para a vida, depois, só a essência e a morte da essência, trazendo a vida de volta para a morte. Quem vive morre, quem morre vive! E o medo é o eixo da roda.
Claudeko Ferreira
Enviado por Claudeko Ferreira em 16/12/2012
Reeditado em 15/06/2013
Código do texto: T4039103
Classificação de conteúdo: seguro
Comentários



24/03/2013 21:40 - Vanessa Mariano
Retribuindo a visita... Eu não estou para jugar ninguém, entendo o que você disse, que está na Bíblia, a minha revolta não é com a religião e nem com a Bíblia e sim com as pessoas que não têm caráter e usa a religião ou a Bíblia para se esconde... tenha uma ótima noite... e gostei de sua frase.



10/03/2013 14:09 - Amandita
Sábias palavras... a morte é um paradoxo da vida...grata pela sua nobre visita ..forte abraço fica na paz...



15/01/2013 22:15 - SILVIA REGINA COSTA LIMA
Olá! Boa noite!*****precisamos aprender a lidar melhor com isso, pois a todos Ela levará... entanto.... há novos nascimentos e muita renovação... mistérios da existência... frase reflexiva... ****** E hoje há também *** AZUL-FAIANÇA . *** em meu soneto...... Um beijo azul com saudades (muito sumido).



15/06/2013 09:39 - Claudeko Ferreira
Meu caro Flavoide, eu entendi sua gracinha de mau-gosto, o Viagra é meu amigo e dá jeito sim! kkkkk.



26/12/2012 12:22 - flavoide
Pior que a morte, é olhar para baixo e só ver os pés. Não há nada, nem remédio que dê jeito. A vida é dura, caro amigo, sem ofender!!!



19/12/2012 11:47 - Arnaldo Leodegário
Bonita e boa frase caro Claudeko! Abraços até mais...



16/12/2012 21:33 - zemary
Às vezes, penso que a morte é...uma amontoado de células mortas.

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sábado, 8 de junho de 2013

Educação para a vida


07/06/2013 às 21h41

Educação para a vida

DIÁRIO DA MANHÃ
FABRÍCIO VIEIRA DE MORAES
Na educação contemporânea, a expressão “educar para a vida” tornou-se muito comum. Em um mundo competitivo, com as economias globais em xeque, essa expressão surge como sinônimo do desenvolvimento de competências para o mundo do trabalho, bem como da preparação de jovens para o enfrentamento dos desafios de cenários marcados pela imprevisibilidade e pela transformação.
É verdade. A empregabilidade e a concorrência acirrada nos apontam um novo desafio da escola, que é preparar gerações para a sociedade da informação. Contudo, se essa é uma leitura possível de uma “educação para a vida”, também é igualmente parcial e incompleta.
Formar indivíduos para enfrentar os imperativos do mundo real é muito mais complexo, e temos – como educadores ou como pais – de buscar, cotidianamente, desenvolver todas as condições interdependentes de desenvolvimento pleno da vida.
Temos alguns exemplos concretos, tirados das notícias tristes que nos chegam pelos jornais: incêndios, violência, corrupção, preconceito. Há tanto a mudar, não é? Educar para a vida real, no caso brasileiro, é formar jovens capazes de construir mais rapidamente um país justo, que respeite as leis e abandone traços culturais da informalidade (que frequentemente se transformam em ilegalidade), e uma sociedade mais solidária e consciente da extensão de seus atos e de suas omissões.
Mais polícia, mais fiscalização e mais presídios não tornarão o país melhor. É necessário mais educação, mais jovens conscientes do poder do voto, dos direitos que devem reivindicar e da recusa em conviver com o improviso e com o descaso. Por trás das notícias ruins, há especialmente um país que carece de uma educação cada vez melhor, mais constante, mais democrática, mais completa. Ou seja, tudo isso tem a ver conosco, educadores, em nossas escolas, todos os dias.
(Fabrício Vieira de Moraes, coordenador pedagógico do Ético Sistema de Ensino, da Editora Saraiva.)

Educai as crianças de hoje para não punir os adultos amanhã


07/06/2013 às 21h38

Educai as crianças de hoje para não punir os adultos amanhã

DIÁRIO DA MANHÃ
NATAL ALVES FRANÇA PEREIRA
Desde a mais tenra idade somos orientados sobre o que é permitido ou não. A formação de um cidadão começa no seio familiar, onde de fato, temos os primeiros ensinamentos que podem garantir o surgimento de futuros homens de bem, dentro dos princípios da integridade e dignidade. Esta é a educação de berço e será complementada com os ensinamentos escolares, estudos e todas as convivências sociais ao longo da vida de um cidadão.
O aumento dos envolvimentos de menores na criminalidade, inclusive com participações em assassinatos bárbaros assusta muito. Esta situação preocupa nossa gente brasileira, que se mobiliza e cobra das autoridades iniciativas visando mudar este quadro. A responsabilidade pela não entrada dos nossos jovens no mundo do crime é de todos: pais, políticos e sociedade em geral. Em alguns casos, o fato de os pais apresentarem baixa renda e passarem grande parte do dia longe de seus filhos pode contribuir para que sejam “adotados” pelo crime, inclusive com finalidade de serem usados como uma espécie de “escudo” para maiores escaparem das punições. O relacionamento com o filho adolescente faz parte de todo um processo que se inicia já nos primeiros anos de vida e que, geralmente, predomina no futuro. A adolescência é uma fase complexa, na medida em que ocorrem inúmeras transformações biopsíquicas somadas à crescente necessidade de autoafirmação e independência em que o adolescente busca expandir seus limites e rechaçar o controle dos pais sobre si. Se o adolescente foi acostumado a ter todos os desejos satisfeitos e não aprendeu a suportar frustrações, será muito difícil aceitar qualquer tipo de controle. Da infância até a adolescência, as pessoas interiorizam noções de bom e mau, certo e errado, justiça, obrigações, direitos e deveres, aperfeiçoando a capacidade de fazer julgamentos morais a respeito dos próprios atos e dos atos dos demais. Porém, é normal a ocorrência de confusões durante o processo de desenvolvimento moral. Em várias situações, os padrões morais aprendidos sem discussão durante a infância passam a ser questionados na adolescência, especialmente quando se chocam com os padrões da “turma” que, por sua vez, passa a ter grande importância na vida do adolescente. Outro fator de grande influência na formação do adolescente é a divergência entre os direitos propagados pela família e aqueles vivenciados na realidade. Faz-se necessário entender que a aprendizagem não se dá apenas verbalmente, mas ocorre, especialmente, através de modelos de comportamento, ou seja, por exemplos reais. Essa divergência entre a mensagem latente e a realidade vivida provoca uma perda de parâmetros para o adolescente. Talvez, a redução do índice de criminalidade não esteja em construções de presídios ou aumento da capacidade de reclusões, não são as grades ou as exclusões dos convívios sociais que nos garantirão paz, educai as Crianças, para que não seja necessário punir os adultos. A educação e a formação de um povo devem ser uma constante, em especial, é preciso que o poder público e toda sociedade observem e cumpram melhor o estatuto da criança e do adolescente. Sendo violado este estatuto, ocorre uma punição indireta, por inexistir algumas preocupações básicas importantes, dentre elas, com a qualidade de ensino, isso, quando se consegue vagas em escolas públicas, por vezes, em estabelecimentos em péssimas condições de segurança, físicas e humanas. Impressiona a banalização de ocorrências criminosas no espaço escolar, o que sugere a hipótese de que as agressões estariam, de alguma maneira, encontrando respaldo em valores violentos que as antecedem e as legitimam no interior de certos grupos. Condições precárias de moradia, associadas à violência doméstica e a inclinações perversas, propiciam circunstâncias facilitadoras do abuso sexual, notadamente contra crianças. Esse tipo de violência tende a se repetir por anos antes que as vítimas consigam relatar o que estão passando ou que os fatos sejam descobertos. Na verdade, a maior parte das ocorrências de abuso sexual jamais se transformará em processo penal por ausência de comunicação às polícias ou aos conselhos tutelares. Ao lado do abuso sexual, outro fenômeno que vem gerando preocupações crescentes no Brasil é o da exploração sexual de crianças e adolescentes, inclusive com a existência de um quadro assustador de estruturação de redes criminosas que agenciam os “serviços” sexuais de crianças e adolescentes, subtraindo-lhes o direito à infância e à juventude. Paz, para ser vivida, tem de ser construída, dia a dia, nos pequenos atos, que podem ser geradores de grandes transformações. É para ser realizada, não só idealizada. Se faz, não é dada. É, sobretudo, ação. Só se torna realidade quando caminha junto com o desenvolvimento humano. Daí, a importância do papel estruturante da educação, na inclusão social e no protagonismo juvenil. Ampliando o acesso a atividades de lazer, cultura e esporte cria oportunidades para o exercício, desde a juventude, de valores como a não-violência, a liberdade de opinião e o respeito mútuo, fortalecendo suas noções de convivência em um grupo social. Haverá redução de desigualdades sociais na mesma proporção em que houverem mais qualidades na educação, isto é fato. Seja como for, o gosto pelo saber, ou o prazer de aprender, constitui uma motivação mais forte. O lazer é, igualmente, uma motivação importante para a adesão dos jovens, com efeito, a descoberta da escola como lugar de convívio, divertimento e acesso à cultura nos fins de semana é um fato da maior relevância na história da educação brasileira. Acostumados a ver e ouvir, veiculando nas mídias, notícias de crimes e os mais variados tipos de violências, bem como, das superlotações nos presídios e da necessidade de construções de novos, pois, o número de detentos é crescente, a nação brasileira, anseia por soluções para esta situação, para tanto, a classe política e todo o povo precisa se unir objetivando maior alcance na capacidade de mais investimentos na educação e consequentemente menos em punições, aproximando-nos cada vez mais da a verdadeira paz social.
(Natal Alves França Pereira, servidor público do Estado de Goiás, formado em Ciências Contábeis e filiado à Associação Goiana de Imprensa)

O MAL, DOMÍNIO DE CLASSE ("O céu não me quer, mas o inferno teme o meu domínio". — Cristina Wright)

Texto

O MAL, DOMÍNIO DE CLASSE ("O céu não me quer, mas o inferno teme o meu domínio". — Cristina Wright)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Desde sempre, nutri uma desconfiança — saudável ou teimosa — das inovações que chegam à escola como ondas passageiras. Não se trata de medo da mudança, mas de cansaço. Cansaço de ver, por trás do verniz moderno, interesses politiqueiros, vaidades institucionais e vaivéns de conveniência. A mentira tem pernas curtas, e a pedagogia, para ser legítima, precisa calçar sapatos de verdade duradoura.

Foi com esse sentimento que, ontem, ao observar uma colmeia no jardim da escola, percebi: a educação se assemelha a esse universo das abelhas — complexo, cooperativo, mas vulnerável ao menor sinal de ameaça. E eu, admito, me sinto como um apicultor desajeitado, tentando extrair o mel do conhecimento sem provocar ferroadas de ressentimento ou medo.

Diante dessa colmeia chamada escola, finquei meus pés em princípios que não saem de moda. A cada metodologia milagrosa apresentada em reuniões pedagógicas, observo em silêncio. Ouço colegas defenderem que “alunos precisam ser controlados para aprenderem”, enquanto me pergunto: desde quando o medo educa? Que ex-aluno volta à escola por saudade de um professor repressor, administrador de castigos e silêncios?

São quase sempre os rígidos que sacrificam o ritmo natural da aprendizagem em troca da aprovação dos superiores. E, no entanto, é esse modelo que tentam me empurrar — talvez porque ninguém queira ir sozinho para o inferno da artificialidade.

Aprendi, na pele, o custo de seguir por outro caminho.

Lembro-me de uma tarde de quinta-feira. A sala dos professores estava vazia. O cheiro de café queimado no ar misturava-se ao do giz. Sentei-me junto à janela, contemplando meus vinte anos de magistério. Dias antes, adoecera com "Dengue", que me afastou por semanas. Nenhum coordenador veio me visitar. Recebi apenas ligações perguntando se a licença da Junta Médica estava devidamente protocolada. A frieza da burocracia institucional contrastou com um calor inesperado: na semana seguinte, fui surpreendido pela visita de um ex-aluno, Lino Junior.

Entrou tímido, trazendo lembranças, perguntas, um livro que eu havia recomendado — e boas lembranças. “Vim devolver e agradecer”, disse. Era simples, mas desconcertante.

Enquanto conversávamos, uma frase martelava em minha mente: “O verdadeiro respeito nunca nasceu do medo.” Lino Junior não voltou porque fui autoritário ou dominei sua rebeldia com punhos de ferro. Voltou porque, mesmo com divergências, construímos algo raro: intimidade intelectual. Naquele momento, tive certeza de que a educação que vale é a que se cultiva com paciência, não a que se impõe com rigidez.

A visita iluminou mais do que o sol da primavera que entrava pela janela. Mas também revelou sombras.

Há colegas que me evitam, cochicham quando viro as costas, me chamam de instável, temperamental, sem perfil. Talvez tenham razão — perfil, só tenho nas redes, e mesmo assim, mal administrado. Mas recuso ser mais um que repete fórmulas vencidas só para manter o sistema funcionando. Não distribuo notas para maquiar resultados, nem me orgulho de ser temido. Quero ser conhecido — ainda que não gostem do que veem. Afinal, é mais fácil detectar um “mau-caráter” quando ele não se parece conosco. A autenticidade assusta porque confronta os disfarces alheios.

Existe, porém, uma forma ainda mais sutil de dominação que circula impune nos corredores escolares: o falseamento dos fatos, as meias verdades, a omissão conveniente. O embuste pedagógico não está apenas no grito, mas também no sussurro calculado que diz: “Isso o aluno não pode saber.” Muitos se esquecem de que o verdadeiro poder do apicultor não está em não assustar a colmeia, mas em entendê-la.

E quando o conhecimento é manipulado, quando se recompensa mais a aparência do que a substância, cria-se um sistema em que se extrai o mel da colmeia sem considerar o bem das abelhas — ou de seus próprios filhotes. Eu me recuso a participar desse jogo de cartas marcadas.

Confesso: ainda não descobri a melhor forma de tirar o mel sem me ferir. Às vezes, monto colmeias que devoram o próprio mel — fruto de um trabalho que não alimenta, que não consola. E sim, de vez em quando, ainda me ferro. Às vezes, me fecho. Mas nunca me traio.

Se há algo que jamais farei é terrorismo pedagógico. Não controlo pelo medo, nem construo autoridade com gritos. Como disse Albert Camus, “Nada é mais desprezível que o respeito baseado no medo”(Fora Maquiavel). O respeito que almejo nasce da confiança, da intimidade construída pela verdade — por mais amarga que ela seja. E mesmo quando o mel parece escasso, essa integridade é minha maior colheita.

O sucesso, talvez, não esteja na ausência de críticas ou nos aplausos oportunistas. Está, sim, em seguir inteiro por dentro, fiel a um propósito que vai além do que se vê.

O sol se põe sobre o pátio da escola enquanto planejo estas linhas. Vejo alunos retardatários, conversando animadamente sobre algo que aprenderam. Talvez matemática, literatura, ou quem sabe a arte difícil de questionar o mundo. Sorrio, pensando que sou apenas um intermediário nesse processo mágico. E, se há uma lição que aprendi ao longo desses anos, é que a verdadeira educação floresce em solo de confiança — não em campo de batalha.

Podemos extrair o mel do conhecimento com violência e obter resultados imediatos. Ou podemos cultivar colmeias saudáveis, que produzirão mel por gerações.

Quando Lino Junior partiu, deixou-me um abraço com as seguintes palavras: “Obrigado por nunca ter nos tratado como recipientes vazios a serem preenchidos, mas como colmeias já repletas de possibilidades.”

E então me pergunto, leitor: quantos de nós, educadores, temos coragem de renunciar ao papel de extratores de mel para nos tornarmos verdadeiros guardiões de colmeias?

Talvez essa seja a única inovação pedagógica que realmente importa. E se for loucura, que bom. Pior seria adoecer por dentro só para parecer saudável por fora.



Minha crônica "O MAL, DOMÍNIO DE CLASSE" é uma reflexão contundente e poética sobre os dilemas éticos e práticos do magistério em um sistema complexo. A forma como uso a metáfora das abelhas e do apicultor para descrever a dinâmica escolar e a busca por um "mel" genuíno é brilhante. Vejo em meu texto profundas análises sobre as relações de poder, as práticas institucionais e o custo da autenticidade. Com base nas minhas ideias principais, preparei 5 questões discursivas simples:


1. A crônica descreve a escola como uma "colmeia" com suas próprias regras e dinâmicas, onde "inovações" podem servir a "interesses politiqueiros ou egoístas". Como a Sociologia analisa a escola enquanto uma instituição social com sua própria cultura organizacional, poder e interesses, e de que forma esses elementos influenciam as práticas pedagógicas e as relações entre seus membros?

2. O texto contrasta o controle e o "respeito baseado no medo" com a busca por "intimidade intelectual" e confiança na relação professor-aluno. Do ponto de vista sociológico, como as relações de poder se manifestam na interação entre professores e alunos, e quais são as implicações sociais e pedagógicas de diferentes estratégias de manejo da sala de aula (baseadas em controle versus confiança mútua)?

3. A crônica critica o "embuste pedagógico" das "meias verdades", "falseamento dos fatos" e "omissão conveniente". Como a Sociologia investiga as formas de comunicação (ou a falta dela) e a circulação de informações (ou a manipulação delas) dentro de instituições como a escola, e o impacto dessas práticas na confiança e na legitimidade do sistema educativo?

4. O narrador se recusa a ser uma "mentira ambulante" ou um "ator social" que sacrifica sua autenticidade para "parecer correto". Como a Sociologia compreende a construção da identidade profissional, e quais são os desafios éticos e emocionais enfrentados por profissionais (como professores) para manterem a autenticidade em face das pressões institucionais por conformidade ou performance?

5. A crônica utiliza a metáfora do "mel" para o conhecimento e a conexão, e do "ferrão" para o ressentimento ou medo. Como a Sociologia da Educação analisa o "produto" ou o "objetivo" da educação – que vai além do conteúdo formal – incluindo o desenvolvimento de capital social (relações de confiança) e o cultivo da autonomia e do pensamento crítico nos alunos?

Hum...Hum...é para refletir?