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domingo, 11 de agosto de 2024

ANTIFARISEU — Ensaio Teológico VI(19) “Amor Divino: Uma Perspectiva Humanista e Inclusiva”

 


ANTIFARISEU — Ensaio Teológico VI(19) “Amor Divino: Uma Perspectiva Humanista e Inclusiva”

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A interpretação fanática sobre divindade, que atribui a Deus um ódio direcionado aos pecadores e uma predileção por castigos, é uma distorção perturbadora da essência divina. Esta concepção contrasta com uma visão mais humanizada e compassiva, onde a noção de amor divino prevalece sobre o ódio. Como está escrito em 1 João 4:8, "Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor".

Recorrendo a pensadores contemporâneos para iluminar esse debate, Albert Schweitzer afirmou que "A essência do amor divino está na compaixão". Esta compreensão ressoa mais fortemente com uma visão humanista e empática da divindade. Nesse sentido, enxergar Deus como um ser que odeia ativamente os pecadores é contraditório com a noção de um amor incondicional e redentor, conforme expresso em Romanos 5:8, "Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores".

A noção de que Deus reserva seu amor apenas para os eleitos é uma concepção excludente e limitadora. Em contrapartida, o filósofo Martin Buber nos lembra que "o amor é um encontro entre sujeitos livres", sugerindo que a relação com o divino é acessível a todos, independentemente de sua condição moral. Isso ecoa a mensagem de 1 Timóteo 2:4, que afirma que Deus "deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade".

A ênfase excessiva na punição e no ódio divino desvirtua a mensagem central das escrituras, que é a busca pela reconciliação e pela paz. Conforme Paulo Freire nos ensinou, "A verdadeira paz não é a mera ausência de tensão: é a presença da justiça". Assim, a verdadeira expressão do amor divino reside na promoção da justiça e na construção de relações harmoniosas entre os seres humanos, como expresso em Mateus 5:9, "Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus".

Em síntese, a interpretação apresentada no mundo cristão é uma distorção da mensagem central das escrituras e das concepções contemporâneas de divindade e amor. Ao invés de propagar o ódio e a exclusão, devemos buscar uma compreensão mais inclusiva e compassiva do divino, onde o amor e a reconciliação são os princípios orientadores, conforme expresso em Efésios 4:32, "Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus os perdoou em Cristo".

Questões para Discussão:

Como a ideia de um Deus vingativo pode ter se originado e se perpetuado ao longo da história?

Essa questão permite explorar as raízes históricas e culturais dessa concepção de Deus, assim como os interesses que ela pode ter servido.

Qual a importância da linguagem e da interpretação na construção de uma teologia inclusiva e compassiva?

Essa questão destaca o papel da linguagem e da hermenêutica na forma como entendemos os textos sagrados e construímos nossas concepções de divindade.

Como conciliar a ideia de um Deus amoroso com a existência do sofrimento no mundo?

Essa questão aborda um dos grandes desafios teológicos e filosóficos, permitindo uma reflexão sobre a natureza do mal e a presença de Deus em um mundo marcado pela dor.

Qual o papel das religiões na promoção da paz e da justiça social?

Essa questão explora o potencial das religiões para promover valores como o amor, a compaixão e a justiça, ao mesmo tempo em que reconhece os desafios e as limitações desse papel.

Como a psicologia e a neurociência podem contribuir para uma compreensão mais profunda da experiência religiosa e da natureza da divindade?

Essa questão abre espaço para uma intersecção entre a fé e a ciência, permitindo explorar as dimensões psicológicas e neurológicas da experiência religiosa.

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