A DANÇA DAS ARMADILHAS EDUCACIONAIS: ESTRATÉGIA ("A facilidade do caminho é semelhante ao frágil graveto que sustenta a arapuca." — Sergio Antonio Meneghetti)
Ao entrar nos corredores da escola, os alunos vão como se estivessem atravessando um campo minado. Cada passo é meticulosamente calculado, cada movimento é uma dança cuidadosa para evitar as armadilhas do aprendizado. Lembro-me de uma época em que a complexa coreografia entre os alunos se desenrolava diante dos meus olhos. No entanto, raramente resultava no espetáculo educacional esperado.
Era um desafio, quase como assistir a um professor construindo meticulosamente armadilhas para os forçar a cumprir as obrigações. Curiosamente, assim como as armadilhas não funcionavam para os alunos resistentes, elas também não surtiam efeito nos mestres. Uma teia complexa de estratégias educacionais se erguia de ambos lados, mas, invariavelmente, as presas escapavam.
"Quem cava uma armadilha, nela acabará caindo," diz um antigo provérbio. E, de fato, os estrategistas muitas vezes se tornavam vítimas de suas próprias artimanhas. O jogo entre aluno e professor se assemelhava a uma dança na qual ambos, armador e presa, compartilhavam um destino comum.
Nesse cenário intricado, percebi que a escola muitas vezes desempenhava um papel semelhante ao do pescador que, ao lançar sua isca, tenta atrair os peixes grandes e fortes. A isca apetitosa, representada por promessas de um bom salário, segurança e conforto, seduzia alunos e professores. No entanto, toda isca tem seu preço. A experiência, frequentemente, se tornava manipulável a favor dos manipuladores, e a busca por uma sobrevivência garantida se revelava um terreno traiçoeiro.
A estratégia educacional, como uma armadilha de coelhos, almejava pegar seus alvos. Mas, quando alcançava o sucesso, esquecia-se do método. Os planos de aula, repletos de estratégias meticulosamente planejadas, pareciam desmoronar diante da experiência dos alunos. A caça desconfiada não se deixava prender pela mesma artimanha duas vezes; a piada, quando repetida, perdia sua graça.
Ensinar, ao contrário do que sugerem as armadilhas do sistema, não é um ato baseado em estratagemas, mas sim um processo que floresce através do interesse genuíno do aprendiz. A escola, em sua busca por eficácia, deveria começar por questionar as necessidades individuais dos alunos, reconhecendo que o aprendizado desperta-se conforme suas próprias demandas.
Lembro-me de ter sido caça nesse emaranhado educacional, dos abutres educados, vestidos de luto, que se alimentavam de carniça e que, por vezes, se disfarçavam de ovelhas. Mas o aprendizado foi, para mim, um veneno de sapo nas veias, tornando-me imune à falsidade e às artimanhas.
Assim, fica a pergunta: Por que não construir uma escola onde o aluno aprenda a gostar dela? Onde as armadilhas são substituídas pelo verdadeiro encantamento do conhecimento? Afinal, como diria Adão Myszak, "é a caça ruim que desarma a arapuca..." Talvez seja hora de desarmar as armadilhas e abraçar um novo paradigma educacional, onde o aprendizado seja a verdadeira conquista.