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MINHAS PÉROLAS

sábado, 24 de fevereiro de 2018

DEUS SE ESQUECE DE QUEM NÃO SE LEMBRA DA LUA("Existem noites em que os lobos ficam em silêncio, e apenas a lua uiva." — George Carlin)


Crônica

DEUS SE ESQUECE DE QUEM NÃO SE LEMBRA DA LUA("Existem noites em que os lobos ficam em silêncio, e apenas a lua uiva." — George Carlin)

Por Claudeci Ferreira de Andrade*

           A lua crescente desponta no céu, trazendo consigo um brilho suave que ilumina a noite. Para mim, essa fase lunar possui um encanto especial, como se o próprio universo sorrisse para nós. Sinto-me pequeno em sua presença, envolto em um mistério que me atrai. À medida que a lua atinge sua plenitude, uma sensação de eclipse toma conta de mim, como se me tornasse invisível diante de sua magnitude.
           Enquanto meu olhar se fixa na lua, reflito sobre a dualidade que reside na natureza humana. É nos momentos de harmonia e felicidade que corremos o risco de esquecer de Deus. É como se, embriagados pelo prazer, nos desvinculássemos da razão mais profunda de nossa existência e da presença divina que permeia nossas vidas. Somente quando o sofrimento nos alcança é que clamamos por um sinal de Deus.
           Nos momentos de calmaria, Deus pode deixar de ser uma necessidade para aqueles que se consideram autossuficientes. Não que Deus os abandone, mas deixa de ter significado para aqueles que acreditam não precisar de nada além de si mesmos. Afinal, o sofrimento é um componente intrínseco da vida humana, é através dele que podemos compreender a gratidão. Caso contrário, Deus é facilmente esquecido. É como se a necessidade de respirar só fosse reconhecida quando nos faltam os pulmões. É no clamor por alívio do sofrimento que a lembrança de Deus se torna mais vívida. "Deus sussurra em nossa saúde e prosperidade, mas, sendo maus ouvintes, deixamos de ouvir Sua voz. Então, Ele aumenta o volume por meio do sofrimento, e é nesse momento que ouvimos o estrondo de Sua voz." (C.S. Lewis).
           Aqueles que são agraciados com bem-estar e cultivam um espírito de gratidão possuem uma missão especial: aliviar o sofrimento do próximo. No entanto, muitas vezes nos esquecemos dessa responsabilidade e nos tornamos meros indivíduos ávidos por prazeres efêmeros, desprovidos de um propósito maior. "Cada um de nós é como a lua, com um lado escuro que jamais mostramos a ninguém." (Mark Twain). Não podemos nos contentar em apenas satisfazer nossos desejos mundanos, enquanto nos esquecemos de nós mesmos e da dor que assola aqueles ao nosso redor. É importante recordarmos de Deus enquanto contemplamos a lua, pois é nessa conexão espiritual que encontramos o verdadeiro significado da vida.
           Ao encerrar essa reflexão, convido você, leitor, a olhar para o céu noturno e contemplar a lua, lembrando-se de que cada fase lunar traz consigo uma mensagem: a importância de mantermos viva a conexão com o divino, de valorizarmos a gratidão e de cuidarmos uns dos outros. Que possamos encontrar em nossa existência a harmonia entre a luz e a sombra, e que a presença de Deus nos acompanhe em todas as fases de nossa jornada terrena
Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 04/11/2016
Reeditado em 24/02/2018
Código do texto: T5813119
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Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

domingo, 18 de fevereiro de 2018

EM BUSCA DO EQUILÍBRIO INTERIOR ("Toda emoção é inconstante, toda paixão é bipolar. Tudo é mistério, tudo é instável, e sorte de quem aprende a se equilibrar nessa gangorra." — Martha Medeiros)


Crônica

EM BUSCA DO EQUILÍBRIO INTERIOR ("Toda emoção é inconstante, toda paixão é bipolar. Tudo é mistério, tudo é instável, e sorte de quem aprende a se equilibrar nessa gangorra." — Martha Medeiros)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

                        Hoje, reconheço a oscilação no meu humor e a influência negativa da minha intolerância nas relações interpessoais. Estou empenhado em cultivar a flexibilidade e a imparcialidade, buscando equilibrar uma postura austera e uma abordagem mais branda. A paciência será minha estratégia essencial para lidar com as consequências dos meus atos recentes e transformar adversidades em oportunidades de aprendizado, assim, espero!
           Eu sempre soube que compreender e expressar emoções é fundamental para prevenir problemas de saúde. E agora, se faz necessário enfrentar o desafio do Transtorno Afetivo Bipolar com a determinação de me tornar uma pessoa melhor. Portanto, romper com a inércia e confiar no meu talento são passos essenciais para meu autodesenvolvimento. A jornada em busca do equilíbrio interior pode ser desafiadora, mas repleta de descobertas, com certeza.
           Neste momento, não posso negar que sinto medo e uma vontade de fuga, mas estou refletindo cuidadosamente para descobrir o que ainda não foi resolvido em minha vida. Desejo encontrar uma solução ou apenas superar as emoções das decisões. Estou disposto a enfrentar esses desafios, fortalecendo as conexões com aqueles que são importantes para mim.
           A jornada em busca do equilíbrio interior é um caminho de autenticidade e bem-estar. Estou determinado a trilhá-lo, encontrando a paz interior que almejo.
Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 04/11/2016
Reeditado em 18/02/2018
Código do texto: T5813118 
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domingo, 11 de fevereiro de 2018

CARNAVAL: ANESTESIA DE TOLO ("Não se pode esperar muito de pessoas que vivem de futebol, carnaval e televisão. Que dirá de um país..." — Renilmar Fernandes)



Crônica

CARNAVAL: ANESTESIA DE TOLO ("Não se pode esperar muito de pessoas que vivem de futebol, carnaval e televisão. Que dirá de um país..." — Renilmar Fernandes)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Dizem que o Carnaval é uma pausa — uma brecha ruidosa entre os compromissos do ano e a busca por algum sentido maior. Mas para mim, ele sempre foi mais que isso. Há algo de sagrado nesse profano que se espalha pelas ruas, algo que revela o ser humano em sua inteireza. Máscaras caem quando outras se colocam, e por trás da fantasia, emerge uma verdade que poucos têm coragem de encarar.

Não me vesti de Arlequim nem cobri o corpo de lantejoulas. Preferi trajar a alma com perguntas — aquelas que não se calam mesmo diante do batuque. Entrei no bloco não para dançar, mas para observar. A dança dos corpos, os olhos em busca de sentido, os risos que escondem silêncios: tudo ali carregava mais do que a alegria estampada. Carregava sede. De quê? Nem todos sabiam. Mas era evidente que não se tratava apenas de festa.

Havia quem buscasse libertação, outros apenas fuga. Um homem vestido de anjo vendia cerveja quente com o mesmo fervor de um pregador. Uma mulher quase nua, coberta de glitter e fé, caminhava com passos de quem levava o mundo nos ombros. Um padre aposentado, de colar havaiano e sorriso largo, cantava “É hoje o dia da alegria” como se fosse um salmo. E ali, entre eles, tentei entender se é possível ser livre quando se está preso aos próprios desejos.

A verdade é que o Carnaval não esconde nossa natureza — ele a escancara. Ao som ensurdecedor do trio, ouvi um grito que parecia vir de dentro de mim: “Onde está o bloco de Jesus?” Ninguém respondeu. Talvez porque Jesus, cansado de ser símbolo, estivesse buscando ser presença. Talvez dançasse também, entre os cínicos e os desesperados, os que procuram Deus nos lugares onde ele costuma ser negado.

Lembrei-me então de Viviane Mosé: “Lúcido deve ser parente de Lúcifer. A lucidez custa caro.” E custa mesmo. Ser lúcido no Carnaval é como tentar sussurrar no meio da multidão. É resistir ao apelo da carne com o coração dividido — entre o impulso e a consciência, entre o prazer e a permanência.

Reconheço: há uma força sedutora na permissividade. A energia efervescente dessa festividade parece justificar tudo em nome do gozo momentâneo. E ainda que eu compreenda os apelos físicos e psicológicos que ela desperta, sei que entregar-se sem medida é correr o risco de perder o centro. A indulgência, quando sem freios, não emancipa — aprisiona. E não nos faz humanos, apenas instintivos.

É preciso lembrar que o pecado, por vezes, vem disfarçado de liberdade, e o Diabo não aparece com tridente — aparece com glitter. Os limites éticos e espirituais se confundem com a batida do tambor, e a carne, essa velha conhecida da tentação, clama por protagonismo. Não é a festa que nos corrompe, mas o esquecimento de quem somos em meio a ela.

Voltei para casa com os pés sujos de rua e o espírito marcado. O Carnaval havia me atravessado — e não o contrário. Ainda ecoava o batuque no asfalto, mas, em mim, o silêncio da reflexão era mais alto. Talvez a beleza do Carnaval esteja justamente nisso: na confusão humana que, se bem conduzida, revela o que temos de mais autêntico.

E se, afinal, a carne é fraca — que a alma esteja atenta. Porque quando a música parar, só restará a pergunta que ecoa mesmo no fim do último acorde: "E agora, quem somos nós sem a fantasia?"



Como seu professor de Sociologia, vejo que esta crônica oferece um material riquíssimo para pensarmos as dinâmicas sociais para além da superfície. A minha observação atenta do Carnaval nos permite analisar questões que vão do indivíduo à estrutura social.


1. O Carnaval como Rito Social e Expressão Humana: O autor descreve o Carnaval como algo que "revela o ser humano em sua inteireza" e onde "máscaras caem". Sociologicamente, como podemos entender o papel de ritos e festividades como o Carnaval na expressão da identidade individual e coletiva, e na (possível) quebra das regras sociais cotidianas?

2. A Busca por Sentido e a Fuga em Eventos de Massa: O texto capta uma "sede" nos foliões, uma busca por "libertação" ou "fuga". Discuta, do ponto de vista sociológico, o que leva as pessoas a buscar "escape" ou (aparentes) "sentidos" em grandes celebrações coletivas, e que necessidades sociais podem estar por trás dessa busca na sociedade contemporânea.

3. Corpo, Prazer e Moralidade na Esfera Pública: A crônica aborda a intensidade da "festa da carne" e a tensão entre a entrega ao prazer e a consciência. Como a Sociologia analisa a relação entre o corpo, a busca por prazer (como no Carnaval) e a construção social da moralidade e dos limites éticos em espaços públicos?

4. A Indulgência, a Permissividade e o Controle Social (Simbolizado): A crítica à "indulgência sem freios" que "aprisiona" e à ideia de que o "pecado" vem "disfarçado de liberdade" sugere uma reflexão sobre controle social. Como a Sociologia interpreta os períodos de permissividade social (como o Carnaval) e os mecanismos (visíveis ou simbólicos) que atuam para manter, mesmo que sutilmente, uma ordem social?

5. O Indivíduo Observador diante da Massa: O autor se posiciona como "observador" no meio da folia, "trajado de perguntas", e reflete sobre o custo da "lucidez". O que a Sociologia nos diz sobre a experiência do indivíduo que, consciente ou inconscientemente, se distancia ou questiona as normas e comportamentos predominantes em um evento de forte adesão coletiva?

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sábado, 3 de fevereiro de 2018

INTERVALO RECREATIVO DOS DOCENTES ("Inspiração visite-me, frustração evite-me, paz acompanhe-me e cobrança não me irrite." — (Kamau)



Crônica

INTERVALO RECREATIVO DOS DOCENTES ("Inspiração visite-me, frustração evite-me, paz acompanhe-me e cobrança não me irrite." — (Kamau)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

            Tocou a sirene inicial, alunos chegaram atrasados, e alguns professores, também; mas, como se não bastasse, a coordenadora, que chegava em cima da hora, aliviou sua consciência, mandando os professores, que ali estavam já se movimentando para sair, à sala de aula para trabalhar. Nem sequer olhou o horário das aulas daquele momento. Muitas e muitas vezes, ela me fez sentir irresponsável, e, de novo, senti-me assim, até conferir na tabela de aulas, provando que eu estava realmente de folga (de janela) naquela primeira aula, pois não tinha uma carga completa. E os colegas de trabalho que se esforçaram excessivamente para agradar, indivíduos que sofreram de condições psicossomáticas devido à constante sensação de injustiça, mantiveram uma vigilância constante sobre mim, simplesmente porque escolhi permanecer sentado após o sinal sonoro, então um deles reforçou, gritando: — "Você está de folga! Por que é só você, e eu não?" Será se o nobre colega não sabia que não ganhávamos pelas aulas não ministradas? Não precisava sentir-se inferiorizado, minha folga era uma falsa vantagem sobre aquele que estava trabalhando.
           Por que até hoje um professor não suporta ver o outro de aula vaga, será se ele não gosta do que faz ou se lhe dói muito me ver no lugar que ele gostaria e não pode? Ou não há verdadeira amizade, daquelas que me faz bem ao ver o meu amigo bem! Já diziam os sábios: "Não se misture com quem você não seria." 
           Ao chegar o intervalo, no meio do período, todos corriam para a sala dos professores, inclusive a coordenadora. Pois não era bom deixar os professores juntos "sozinhos", isto é, sem a liderança por perto. Eles podiam articular coisas a favor deles e juntos se fortalecerem (se não fosse o ferro e barro que não se misturavam nos pés da estátua profética). Então em todo intervalo, fazia-se uma reunião sem sentido à prosperidade, apenas servindo para abafar as vozes dos professores. Visto que professores ociosos, na sala, podiam interagir, e assim aumentava a insegurança dos coordenadores.
           Também, aqui na sala dos mestres, difundem-se muitas informações inadequadas. Os indivíduos que se intitulam "bem-intencionados" espalham fofocas, fingindo ser amigos, oferecendo sugestões e correções, se apresentando como exemplos de prosperidade e retidão, quando na realidade estão instigando conflitos entre as pessoas para desviar a atenção da desorganização reinante. E o desfecho é sempre positivo! Pois "a felicidade é encontrada nos momentos de descuido" (Guimarães Rosa).
Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 30/01/2018

Reeditado em 03/02/2018

Código do texto: T6240571 

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