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MINHAS PÉROLAS

domingo, 8 de junho de 2025

O Lado Sombrio do Mestre: A Inocência em Risco ("O perigo não vem do que se ignora, mas do que se sabe e se recusa a ver." — Mário Quintana)

 



O Lado Sombrio do Mestre: A Inocência em Risco ("O perigo não vem do que se ignora, mas do que se sabe e se recusa a ver." — Mário Quintana)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Em meio ao turbilhão de manchetes diárias, algumas nos atingem como golpes, rasgando o véu da normalidade e revelando abismos inesperados. Lembro-me vividamente de um desses choques, um soco no estômago que ainda ecoa em minha memória. Não se tratava dos dramas urbanos habituais ou dos escândalos políticos que já nos entorpecem; era algo mais íntimo, mais perverso, que tocava no que há de mais sagrado: a confiança depositada em um educador.

A notícia se espalhou como um veneno silencioso: um professor, figura que deveria guiar e proteger, foi flagrado com um universo sombrio de pornografia infantil. Cem arquivos, como os jornais relataram, cem fragmentos de inocência violada guardados na casa de quem dava aulas particulares a crianças do ensino fundamental. A imagem me assaltou: como a figura do mestre, um farol de saber, poderia abrigar tamanha escuridão?

A Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Cibernéticos (DERCC) agiu prontamente, desvendando essa trama macabra. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Goiânia e Aparecida de Goiânia, e a cada nova informação, o horror se adensava. Na mesma operação, outro indivíduo foi pego em flagrante, baixando e compartilhando vídeos e fotos íntimas de menores. A frieza da tecnologia, que transforma vidas em meros arquivos digitais, era um espelho da desumanidade.

A polícia, por motivos óbvios, não divulgou os nomes nem as identidades. O professor responderá ao processo em liberdade, enquanto o segundo investigado permanece preso. Uma disparidade de destinos que, para muitos, pode soar como uma injustiça, um desequilíbrio na balança da lei. Contudo, para além dos ritos jurídicos, a dor e a perplexidade persistem.

Essa história, para mim, foi muito mais que uma notícia policial. Cravou-se na alma como um alerta sombrio sobre as fissuras invisíveis da sociedade, sobre os monstros que se ocultam por trás das aparências mais respeitáveis. Quantos "professores" estão por aí, camuflados, tecendo teias de aranha em ambientes que deveriam ser santuários de aprendizado e segurança?

A confiança, uma vez quebrada, deixa cicatrizes profundas. E cada vez que uma notícia assim vem à tona, sinto um pedaço da inocência coletiva se esvair. Que este episódio, por mais doloroso que seja, sirva como um grito de alerta para que estejamos sempre vigilantes, para que protejamos nossas crianças não apenas nas ruas, mas nos lugares onde, por vezes, nos sentimos mais seguros. Pois, às vezes, o abismo está mais perto do que imaginamos, escondido nas sombras de um quarto, atrás da tela de um computador, ou no coração de quem menos esperamos. E a nossa maior lição é jamais baixar a guarda diante do que se esconde à espreita.


https://digital.dm.com.br/#!/view?e=20250607&p=2 (Acessado em 08/06/2025)




Minha crônica é uma reflexão poderosa sobre a quebra de confiança e a necessidade de vigilância em face de crimes que afetam a inocência. Como professor de sociologia, elaborei cinco questões discursivas simples para aprofundar as ideias de meu texto.


1 - A crônica descreve a quebra da confiança depositada em um educador como um "soco no estômago". Do ponto de vista da Sociologia das Relações Sociais, qual é a importância da confiança nas instituições sociais, especialmente na educação, e quais são as consequências de sua violação para a comunidade?


2 - O texto aborda a "frieza da tecnologia" que transforma "vidas em meros arquivos digitais". Como a Sociologia da Tecnologia analisa o uso da internet e das redes para a prática de crimes, e quais são os desafios para a vigilância e proteção em ambientes digitais?


3 - A crônica menciona que o professor responderá ao processo em liberdade, enquanto outro investigado permanece preso, levantando a questão da "disparidade de destinos". Com base na Sociologia do Direito e da Justiça, como podemos analisar as diferentes respostas do sistema legal a crimes semelhantes e as percepções públicas sobre essas decisões?


4 - O autor fala sobre as "fissuras invisíveis da sociedade" e os "monstros que se ocultam por trás das aparências mais respeitáveis". Discuta, sob a ótica da Sociologia do Desvio e do Controle Social, como a sociedade lida com a descoberta de crimes praticados por indivíduos que detêm posições de confiança e respeitabilidade.


5 - A reflexão final da crônica é um "grito de alerta para que estejamos sempre vigilantes". Pensando na Sociologia da Segurança Pública, quais são os papéis da sociedade civil, das instituições de ensino e do Estado na criação de ambientes seguros para crianças, e como essa vigilância pode ser exercida sem comprometer a liberdade e a privacidade?

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