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sábado, 20 de dezembro de 2008

SOU MAIS UMA 'PEDRA NO CAMINHO'! Ainda que fôssemos surdos e mudos como uma pedra, a nossa própria passividade seria uma forma de ação." — Jean-Paul Sartre)



CRÔNICA

SOU MAIS UMA 'PEDRA NO CAMINHO'! ("Ainda que fôssemos surdos e mudos como uma pedra, a nossa própria passividade seria uma forma de ação." — Jean-Paul Sartre)

Por Claudeci Ferreira de Andrade



            “O poema, publicado no livro ‘Alguma Poesia’ (1930), causou um verdadeiro escândalo na imprensa da época, provocando ataques ferrenhos ao autor por críticos que se negavam sequer a considerar poesia aquele texto ousadamente estruturado na repetição e numa construção lingüística simples, coloquial, que afirma a fala popular: ‘tinha uma pedra’ em detrimento da forma culta ‘havia uma pedra’”.(http://soslportuguesa.blogspot.com/2015/09/modernismo-2-fase-carlos-drummond-de_22.html) — acessado em 15/07/2019.


"No meio do caminho tinha uma pedra


tinha uma pedra no meio do caminho


tinha uma pedra

no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra."
(Carlos Drummond de Andrade)

           É certo que na maioria dos caminhos é bom evitar os extremos e permanecer “no meio do caminho”, como nos é dito por pensadores que defendem o equilíbrio. Normalmente, eu estou do lado desses bons conselheiros. Mas, há ocasiões em que o professor não pode ficar no centro do caminho parado, impunemente. Ocasiões há em que o homem no centro do caminho, no meio da estrada, está totalmente errado. No caso da educação, isso acontece quando os princípios pedagógicos estão mal aplicados, mal resolvidos e indefiníveis. É como dizer de alguém estar em cima do muro.
           Fui advertido por está conduzindo minha moto no meio da estrada, em cima da faixa central. Foi-me recordado o que eu sabia havia anos — que através do DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem), o governo gasta milhares de Reais cada ano, pintando a linha divisória para mostrar aos motoristas o centro da estrada, de modo que eles possam permanecer em sua mão, e não no centro, como aconteceu comigo.
           Assim também, os professores dedicados e disciplinados sentirão que a linha de demarcação entre a má e a boa educação devia ser mantida perfeitamente distinta. Esses se recusam a se familiarizar com o modismo do mundo educacional, mas não querem ser tradicionalistas, e assim, viram-se pedras no meio do caminho. Quem ainda não se sentiu obrigado a parar no meio do caminho por não saber que direção tomar exatamente. São tantas injustiças, tantos favorecimentos! E os alunos diante daquela "pedra" no meio do caminho sem expressar seu posicionamento com relação às mudanças pré-moldadas pelos homens dos escritórios, estes que se dizem não tradicionais, transformam-se em pedras também. Ou os mestres se comportarão entusiasticamente favoráveis do lado certo, ou a pedra drummondiana permanece representada por mestres que usam metodologias que não apontam caminho algum.
           E mais: a LDBEN (Lei de diretrizes e bases da Educação Nacional) e os Parâmetros Curriculares não deixam lugar para compromisso com a “lambança”. Entende-se que os grandes professores não podem aceitar transigências. Em nossas opiniões não deve haver a menor aparência de incerteza. A comunidade tem o direito de saber o que deve esperar de nós.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 01/06/2009
Código do texto: T1625938

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