Meritocracia na Educação: Por que o foco na equidade atrasa o desenvolvimento? (A obsessão pela igualdade de resultados frequentemente sacrifica a excelência e impede o progresso coletivo." — Thomas Sowell)
O debate sobre equidade na educação brasileira tem ocupado um lugar de destaque nas políticas públicas, mas frequentemente desvia atenção e recursos do verdadeiro objetivo: elevar a qualidade do ensino para todos. Em um país onde metade das crianças não é alfabetizada na idade adequada e onde figuramos entre os últimos colocados em rankings internacionais de desempenho educacional, o foco excessivo na compensação de desigualdades sociais acaba comprometendo o avanço global do sistema.
A lógica predominante tem sido tratar desiguais de forma igual, numa tentativa de correção histórica que, embora bem-intencionada, gera efeitos colaterais significativos. Como adverte o economista Thomas Sowell (2020, p. 45), "a obsessão pela igualdade de resultados frequentemente sacrifica a excelência e impede o progresso coletivo". Ao priorizar identidades e contextos específicos antes de consolidar um padrão mínimo de qualidade para todos, corremos o risco de perpetuar uma estrutura educacional, marcada por intervenções paliativas e simbólicas, em vez de soluções verdadeiramente estruturantes.
Nesse cenário, a velha metáfora de "fazer o bolo crescer para depois dividi-lo" ressurge como uma proposta válida — não por saudosismo de um pensamento ultrapassado, mas por representar um imperativo lógico na política educacional. Investir, primeiramente, em infraestrutura universal, na formação docente de excelência e em materiais pedagógicos de alta qualidade cria uma base sólida para o sistema. Só então será possível promover ações de equidade que não pareçam favores compensatórios, mas parte de um sistema coeso, eficiente e justo.
Como demonstram estudos recentes, sistemas educacionais bem-sucedidos, como os da Finlândia e da Coreia do Sul, priorizaram a qualidade universal antes de atender às demandas específicas de grupos sociais. Essa abordagem não ignora as desigualdades, mas reconhece que a consolidação de um ensino forte e homogêneo é o primeiro passo realista para superá-las. O psicólogo Steven Pinker (2023, p. 87) afirma: "Em ambientes educacionais onde o mérito é valorizado, observa-se uma elevação do desempenho médio e, consequentemente, uma melhoria nas condições de todos os estudantes".
Em contraste, políticas excessivamente focalizadas tendem a gerar um sistema inchado por programas de inclusão simbólica, que pouco resolvem os problemas centrais da educação. A insistência em currículos fragmentados por identidade, por exemplo, ignora um princípio elementar: a aprendizagem exige esforço, disciplina e metas claras — não apenas adequação ao perfil social do aluno. Como alerta a neurocientista Maryanne Wolf, "privar os alunos de desafios cognitivos em nome da inclusão reduz sua capacidade de pensamento crítico".
O risco de transformar a escola em palco de uma engenharia social é concreto. A vitimização institucionalizada, como observa o sociólogo Olivier Galland, pode comprometer o desenvolvimento da autonomia dos jovens ao induzi-los a uma posição de dependência crônica do Estado. Nas palavras do filósofo Pascal Bruckner, "a cultura da desculpa substituirá a cultura da superação".
Nesse contexto, a equidade não deve ser o ponto de partida, mas sim uma consequência natural de um sistema educacional que valoriza a qualidade, o mérito e a excelência. Antes de oferecer políticas específicas a determinados grupos, é preciso garantir que todas as crianças — independentemente de sua origem — tenham acesso a um ensino verdadeiramente eficiente. A verdadeira injustiça reside na manutenção de um sistema que não entrega sequer o básico a ninguém, e não na ausência de privilégios compensatórios para alguns.
Em suma, a escola precisa ser um espaço de exigência, mérito e desenvolvimento integral. O caminho mais eficiente para combater as desigualdades talvez não esteja na segmentação precoce, mas na universalização da excelência. A equidade só fará sentido se for consequência da qualidade — e nunca sua substituta.
Minha crônica sobre a equidade na educação brasileira é uma análise provocadora que nos convida a questionar abordagens predominantes e a pensar sobre as bases da melhoria educacional. Sua defesa da qualidade e do mérito como elementos centrais para um sistema justo e eficaz oferece ótimos pontos para debate sociológico. Com base nas nessas minhas ideias, preparei 5 questões discursivas simples:
1. O texto argumenta que a priorização da equidade pode desviar o foco da qualidade universal na educação. Como a Sociologia analisa a tensão entre a busca por igualdade de oportunidades e a busca por excelência ou qualidade em sistemas educacionais de sociedades com profundas desigualdades sociais?
2. A crônica defende a valorização do mérito e argumenta que ambientes educacionais onde o mérito é valorizado levam à melhoria para todos. Como a Sociologia aborda o conceito de meritocracia no campo da educação, considerando tanto seu potencial para promover mobilidade social quanto as críticas sobre como pode perpetuar desvantagens em contextos de desigualdade estrutural?
3. O texto sugere que focar na equidade antes de consolidar a qualidade gera "intervenções paliativas e simbólicas" e "programas de inclusão simbólica". Como a Sociologia da Educação analisa a eficácia de políticas educacionais focalizadas em grupos específicos em comparação com políticas universais, e os possíveis efeitos simbólicos e práticos dessas diferentes abordagens?
4. A crônica alerta para o risco de "vitimização institucionalizada" e a substituição da "cultura da superação" pela "cultura da desculpa" em abordagens excessivamente focadas na equidade. Como a Sociologia estuda os efeitos sociais e psicológicos (como autonomia, dependência, estigma) de programas sociais e educacionais nas populações a que se destinam?
5. O texto contrapõe a ideia de currículos "fragmentados por identidade" à defesa da "universalização da excelência". Como a Sociologia aborda o debate sobre a construção dos currículos escolares, considerando as pressões para incluir diferentes perspectivas e identidades versus a necessidade de garantir uma base comum de conhecimento e o desenvolvimento do pensamento crítico para todos os estudantes?