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segunda-feira, 8 de maio de 2023

O QUE APRENDI NOS CONSELHOS DE CLASSE ("O segredo do demagogo é de se fazer passar por tão estúpido quanto a sua plateia, para que esta imagine ser tão esperta quanto ele". — Karl Kraus)

 



O QUE APRENDI NOS CONSELHOS DE CLASSE ("O segredo do demagogo é de se fazer passar por tão estúpido quanto a sua plateia, para que esta imagine ser tão esperta quanto ele". — Karl Kraus)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

NO VELHO NORMAL, os conselhos de classe eram diferentes do que hoje. As reuniões eram comandadas por coordenadores pedagógicos que, muitas vezes, agiam com uma falsa neutralidade. Eles tinham a tarefa de registrar tudo o que era dito na reunião, desde as notas dos alunos até os desvios de personalidade. Durante esses encontros, os representantes de classe tinham a oportunidade de falar sobre seus colegas e professores, e muitas vezes diziam o que a coordenadora gostaria de ter dito, mas não tinha coragem.

             Porém, a falta de bom senso estava ali presente na pessoa dos representantes de turma, escolhidos pelo critério errado. Eles eram  escolhidos por eles mesmos. Dar voz para quem não sabe usá-la sabiamente, sempre foi um problema para Deus! Ainda mais para nós. Bem sei que é importante que os alunos tenham a oportunidade de se expressar, mas também é essencial que essa voz seja bem utilizada, com respeito e sensatez. Além disso, é preciso oferecer orientação e capacitação aos representantes para que possam desempenhar seu papel com mais eficiência e responsabilidade.

            Então, os canibais da reputação, no conselho de classe de antigamente, se voltavam tanto  para os coordenadores, que, No Novo Normal,  baniram a participação dos alunos daquele  momento antropofágico! Pois, o representante de classe existia para falar mal de professor, colegas de classe e instalações da escola. Nunca vi nada diferente nesses muitos anos de sacrifício ritualístico. Banir a participação dos alunos completamente pode não ser a solução, mas é importante estabelecer limites e diretrizes claras para que as discussões sejam produtivas e não prejudiquem a reputação de professores e colegas.

             Eu que estou vivendo a transição, já percebi uma certa simplificação no conselho de classe, agora nos reunimos para ler nota de aluno em público e muitos professores usam para mostrar o quanto são generosos para com seus alunos. Talvez essa simplificação no conselho de classe possa ser benéfica, já que agora o foco está mais na apresentação das notas dos alunos e na valorização do trabalho dos professores em vez de fofocas desnecessárias.

            Vou morrer em breve, já conto com a terceira idade. Para mim, já está bom demais, esse sistema falido também irá comigo, não que eu seja o causador, mas o aprendiz dele. Eu vejo, falo e escrevo o que me acontece por aqui. E me parece que tudo de ruim só acontece comigo. Até minhas conquistas e direitos se demoram a me beneficiar. Não é que estou me entregando à desesperança, sei que é importante manter a esperança e a luta pela vida, independentemente da idade. Estou tentando buscar apoio e companhia de amigos e familiares, isso pode ajudar a aliviar a solidão e a sensação de desamparo; mas quem ler esta crônica não me simpatizará, porque vou lhe dizer que aprendi: Que há falta de orientação e direcionamento dos professores; Ausência de formação pedagógica dos alunos participantes; desconexão entre a realidade dos alunos e as necessidades pedagógicas; falta de participação ativa dos professores; comunicação ineficiente entre alunos, professores e coordenadores; Hierarquia desequilibrada; limitações na estrutura dos conselhos de classe; falta de diversidade de perspectivas; desvalorização da experiência e conhecimento dos professores; falta de feedback e acompanhamento.

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