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MINHAS PÉROLAS

quarta-feira, 21 de maio de 2025

O diploma atrás da tela: O Resgate do Presencial na Formação Essencial. ("Ouvir falar não é o mesmo que ver." — Provérbio Chinês)

 


O diploma atrás da tela: O Resgate do Presencial na Formação Essencial. ("Ouvir falar não é o mesmo que ver." — Provérbio Chinês)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Naquela manhã, acordei com a incômoda sensação de que algo estava fora do lugar — não em casa, mas no país. Abri as janelas, deixei a luz entrar e fui direto à chaleira. Café passado, sentei-me diante da tela do computador, como fazem tantos brasileiros. Antes mesmo de abrir os e-mails, fui fisgado por uma manchete que saltava da página como um grito: “Novas regras para o ensino a distância entram em vigor”.


Sorvi o café como quem engole um amargor que não está apenas na bebida. E, de repente, voltei à época em que estudar era um ato corporal: sentar em carteira, ouvir a inquietação dos colegas, encarar o olhar atento do professor que — mesmo severo — ensinava mais com sua presença do que com palavras.


Na audiência pública transmitida pela TV Câmara, o ministro da Educação, Camilo Santana, surgiu sereno, porém firme. Falava com a convicção de quem não busca agradar, mas proteger o essencial. Afirmou, com todas as letras, que enfermeiros, médicos, psicólogos e advogados não podem ser formados apenas diante da frieza de uma tela. E, naquele instante, senti como se ele estivesse falando comigo.


Lembrei de um sobrinho que cursava enfermagem sem jamais ter pisado num hospital. Pensei num conhecido que estudava direito como quem assiste a uma novela — pulando capítulos. E me perguntei: como exigir ética de quem nunca sentiu o peso de um tribunal real? Como ensinar empatia a quem nunca viu de perto a dor do outro?


Segundo o ministro, os cursos presenciais voltarão a ser obrigatórios nas áreas de medicina, odontologia, enfermagem, direito e psicologia. Para os demais, o ensino híbrido será a norma. E haverá dois anos de transição — tempo para arrumar a casa antes que a visita chegue.


Não se trata de rejeitar a tecnologia — ele mesmo destacou que o governo discute inteligência artificial e inovação. O problema está nos polos fantasmas, nos laboratórios que só existem em PDF, nos professores substituídos por tutores que mal conhecem os alunos.

Concordei em silêncio, como quem reconhece uma verdade antiga: não se ensina cuidado à distância. E cuidado, no fim das contas, é o que toda profissão exige — do corpo, da lei, da mente. Cuidar da palavra, da escuta, do outro.


Ao fechar o notebook, senti que o país, ao menos nesse ponto, dava um passo sensato. A pressa nos empurrou para o digital; a prudência nos chama de volta ao humano.

Talvez a tela ainda tenha seu lugar. Mas o diploma — esse deve carregar mais do que um nome. Precisa trazer a marca do esforço real, do convívio, da prática e do suor.


Porque, no fundo, ninguém quer ser operado por um médico que só conhece órgãos por imagem. Nem julgado por um advogado que só leu resumos. Nem escutado por um psicólogo que nunca escutou ninguém de verdade.


A educação não é só conteúdo — é convivência. E é nela que se aprende a ser gente.


https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2025-05/camilo-novas-regras-para-ead-protegem-populacao-e-garantem-qualidade (Acessado em 21/05/2025)



O texto levanta importantes reflexões sobre a natureza da formação profissional e o papel da interação humana no aprendizado! Como um bom professor de sociologia, preparei 5 questões discursivas simples, baseadas nas ideias principais do texto:


1-O autor contrasta a experiência de estudar presencialmente como um "ato corporal" com a frieza da tela no ensino a distância (EAD) para certas profissões. Como a Sociologia analisa o papel do corpo e da presença física nos processos de socialização e aprendizado, especialmente em profissões que envolvem cuidado e interação direta com outras pessoas?


2-O texto menciona a preocupação com "polos fantasmas" e a substituição de professores por tutores no EAD. Sob a perspectiva sociológica, como a estrutura e a organização das instituições de ensino (tanto presenciais quanto a distância) podem influenciar a qualidade da educação e as relações sociais estabelecidas entre os membros da comunidade acadêmica?


3-O autor argumenta que "não se ensina cuidado à distância", relacionando o cuidado à necessidade de "convivência" e aprendizado de "ser gente". De que maneira a Sociologia das Emoções e a Sociologia da Moral analisam o desenvolvimento da empatia e da ética profissional, e qual o papel da interação social direta nesse processo formativo?


4-O texto descreve a decisão do governo como um passo da "pressa" para o "digital" à "prudência" do "humano". Como a Sociologia analisa a relação entre tecnologia e sociedade, e de que forma as mudanças tecnológicas impactam os processos educativos e as formas de interação social, gerando debates sobre seus limites e potencialidades?


5-Ao final, o autor enfatiza que "a educação não é só conteúdo — é convivência". Como a Sociologia da Educação aborda a importância da socialização e da construção de laços sociais no ambiente educacional, e de que maneira essa dimensão da educação contribui para a formação integral dos indivíduos, para além da mera transmissão de conhecimento?

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