"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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sábado, 28 de março de 2009

A linha tênue entre quantidade e qualidade ("A educação exige os maiores cuidados, porque influi sobre toda a vida." — Sêneca)



A linha tênue entre quantidade e qualidade ("A educação exige os maiores cuidados, porque influi sobre toda a vida." — Sêneca)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Há dias em que ser professor é como comandar um barco à deriva, cercado por uma tempestade que não vem de fora, mas de dentro. Olhares inquietos, conversas incessantes e cadeiras que rangem em uma melodia descontrolada tornam o ambiente caótico. Trabalho com uma turma de 8º ano em uma escola municipal, onde a frequência quase perfeita — algo raro — deveria ser motivo de orgulho. São 50 alunos devidamente matriculados e, na maioria das vezes, 45 ou mais comparecem. Talvez seja o lanche que os atrai, ou quem sabe uma esperança silenciosa que só eles conseguem explicar.

Esta semana, no entanto, algo que já era desafiador tornou-se ainda mais complexo. Em meio ao caos habitual, um garoto novo foi apresentado à turma. Magro, carregava um caderno vazio e um sorriso que parecia implorar por acolhimento. "Mais um?", pensei, enquanto ouvia o breve discurso da secretaria sobre inclusão e oportunidades. Agora éramos 51. "Uma boa ideia", disseram. A inclusão, tão bela no papel, parecia, mais uma vez, apenas uma estratégia para inflar números — uma retórica vazia que esconde intenções menos nobres.

A lógica por trás dessa decisão é cruelmente simples: mais alunos significam mais verbas. Mas onde fica a qualidade? Com 51 adolescentes em uma sala, atender às necessidades individuais se torna uma missão impossível. Eles se perdem não apenas no barulho, mas também no abandono silencioso de suas potencialidades. Cada "Felipe" e cada "Larissa" que passa despercebido representa uma oportunidade perdida, uma história que poderia ter um final diferente.

Essa obsessão pela quantidade não é apenas fruto de má gestão; é reflexo de uma visão míope que permeia o sistema educacional. Medidas como progressão continuada e matrículas a qualquer tempo são propagandeadas como soluções para a evasão escolar, mas frequentemente resvalam na má-fé. É uma "mentira astuciosa", que tenta disfarçar o fracasso estrutural com números maquiados. Os burocratas da educação, cegos por interesses políticos ou pessoais, ignoram o essencial: educação é um investimento de longo prazo, não um jogo de estatísticas.

No final do dia, enquanto corrigia provas, refleti sobre o preço que os professores pagam. Somos rotulados de incompetentes, muitas vezes por coordenadores que nunca enfrentaram uma sala de aula, acusados de "sem domínio de classe" ou "sem conteúdo". Contudo, a verdade é que somos apenas peões em um jogo desigual. As resoluções e normas que prometem garantir a qualidade não chegam até nós, e os discursos vazios dos gestores se dissolvem diante da dura realidade cotidiana.

Desejamos turmas menores, com cerca de 20 alunos, para oferecer uma atenção mais equilibrada. Não é capricho; é porque compreendemos que a educação de qualidade exige tempo, dedicação e esforço. Em vez disso, enfrentamos uma realidade em que os alunos são tratados como cifras para as escolas, e não como indivíduos com sonhos e desafios únicos.

Enquanto guardava os papéis do dia, meus olhos pousaram no caderno vazio do aluno recém-chegado. A página em branco era mais que um objeto; parecia um espelho da nossa realidade. Entre a quantidade e a qualidade, a balança pende sempre para o lado do que pode ser contado, enquanto o que realmente importa é deixado para trás.

Ainda assim, algo em mim insiste em acreditar que podemos fazer diferente. A educação tem potencial para ser mais do que números e discursos vazios. Mas, para isso, é preciso coragem para olhar além das métricas e enfrentar os desafios reais. Talvez, então, a "boa ideia" de hoje não seja apenas mais uma mentira astuciosa, mas uma oportunidade genuína de mudança.

Com base no texto apresentado, elaborei 5 questões que exploram diferentes aspectos da experiência do professor e da dinâmica escolar:


O texto compara a sala de aula a um barco à deriva. Quais os elementos que contribuem para essa sensação de descontrole e como eles impactam o processo de ensino-aprendizagem?

Essa questão leva os alunos a refletir sobre os desafios enfrentados pelos professores e como as condições de trabalho podem afetar a qualidade do ensino.


A inclusão de novos alunos é apresentada como uma estratégia para aumentar o número de alunos matriculados. Quais as consequências dessa prática para a qualidade do ensino e para os alunos?

A questão busca que os alunos compreendam as implicações da busca por números em detrimento da qualidade do ensino e como isso pode afetar a aprendizagem dos estudantes.


O texto critica a visão utilitarista da educação, que prioriza a quantidade de alunos em vez da qualidade do ensino. Quais as consequências dessa visão para a sociedade como um todo?

Essa questão incentiva os alunos a refletirem sobre o papel da educação na sociedade e como a busca por resultados quantitativos pode prejudicar o desenvolvimento dos indivíduos.


O autor menciona que os professores são frequentemente responsabilizados pelos problemas do sistema educacional. De que forma os professores podem se organizar para reivindicar melhores condições de trabalho e uma educação de qualidade?

A questão leva os alunos a analisar o papel dos professores na luta por uma educação mais justa e igualitária e como eles podem se unir para defender seus direitos.


O texto conclui com uma nota de esperança, sugerindo que é possível transformar a educação. Quais as ações que podem ser tomadas para que a educação se torne mais humanizada e focada na qualidade do ensino?

Essa questão estimula os alunos a refletirem sobre as possíveis soluções para os problemas da educação e como cada um pode contribuir para a construção de uma escola melhor.


sábado, 21 de março de 2009

ALUNO e FILHO DE PROFESSORA ("Não importa o que você seja, professor, trabalhador braçal ou intelectual. O que importa é ser humano." — De Cora Coralina)





Crônica

ALUNO e FILHO DE PROFESSORA ("Não importa o que você seja, professor, trabalhador braçal ou intelectual. O que importa é ser humano." — De Cora Coralina)

A sineta ecoa pelos corredores, anunciando o prelúdio do espetáculo diário da sala de aula. Diante de mim, rostos variados se apresentam, cada um carregando seu universo próprio. Entre eles, destaca-se um em especial: sentado na terceira fileira, ele me lança um olhar inquieto. Não é desafiador, mas carrega algo mais sutil, quase enigmático, que exige decifração. Filho de professora, ele não traz apenas cadernos e livros, mas também o peso de expectativas sobrepostas e um espírito de rebeldia que resiste às molduras convencionais da escola.

A docência tem a peculiaridade de nos colocar diante de dilemas inesperados. Lembro-me do dia em que a mãe dele — colega de profissão — veio, pela terceira vez, expressar seu temor. A coordenadora me advertiu de que ela acreditava que eu estava "marcando" o garoto, conduzindo-o à reprovação. Não era a primeira vez que eu enfrentava essa angústia, mas havia algo singular na maneira como essa mãe-professora manifestava sua preocupação. Enquanto tentava proteger o filho, parecia também questionar a complexa relação entre casa e escola.

Falei-lhe a verdade. Descrevi o comportamento errático do filho, suas interrupções constantes e a dificuldade de se concentrar. Não como crítica, mas como um convite à reflexão. Contudo, logo percebi que o cenário era mais intrincado do que parecia. Ele não era apenas um aluno desatento ou provocador: suas ações revelavam um pedido silencioso por atenção, uma tentativa de navegar pelos papéis que os adultos ao seu redor desempenhavam.

Ter filhos de professores como alunos é, por si só, um paradoxo. Sempre os imaginei como exemplos naturais. Na prática, porém, esses jovens frequentemente projetam em nós os conflitos que vivem em casa. Confundem papéis de autoridade, testam limites e, não raro, nos desafiam com um descaso que dói mais do que qualquer ato explícito de indisciplina. Esse aluno, em particular, parecia não confiar em professores — e, talvez, nem mesmo em si próprio.

Agora, sinto-me coagido a ceder. Permito que ele se levante quando quiser, vá ao banheiro sem pedir e converse livremente, mesmo que perturbe a aula. Facilito suas notas, não por convicção, mas por medo de que qualquer atitude minha seja interpretada como perseguição. A última coisa que desejo é mais uma conversa com a diretora, enquanto sua mãe reitera os temores e questiona minhas intenções.

No entanto, à medida que cedo, sinto perder algo inestimável: o respeito e a confiança desse aluno. Ele já não me enxerga como alguém que o desafia a crescer, mas como alguém que recua diante de suas provocações. É um equilíbrio delicado — quase impossível — entre fazer o que é justo e evitar o que é conflituoso.

Educar vai além de transmitir conhecimento ou impor disciplina. É, antes de tudo, um exercício de enxergar o outro, compreender silêncios e decifrar gestos. Esse jovem, com suas dificuldades e comportamentos imprevisíveis, me obriga a repensar minha prática pedagógica. Não posso simplesmente condená-lo ou desistir dele. Entendi que meu papel não é apenas apontar falhas, mas construir pontes e abrir caminhos para que ele descubra seu próprio potencial.

A sala de aula é um microcosmo da vida, repleta de contradições e desafios. Nem sempre alcançamos o equilíbrio perfeito, mas seguimos tentando, plantando sementes que talvez germinem apenas no futuro. O filho de professora é um lembrete vivo de que educar é, acima de tudo, um ato de resistência e esperança.

A sineta toca novamente. Mais um dia termina, mas as reflexões persistem. Porque a educação é isso: um processo contínuo de encontros e desencontros, onde cada aluno representa uma oportunidade de reescrever nossa própria história como educadores. E, ao final, não se trata apenas de notas ou comportamentos, mas do impacto que deixamos — mesmo que silenciosamente — na vida daqueles que passam por nós.


Com base no texto apresentado, elaborei 5 questões que exploram diferentes aspectos da experiência do professor e da dinâmica escolar:


O texto apresenta um conflito entre a expectativa de que o filho de um professor seja um aluno exemplar e a realidade de um aluno com dificuldades. Como essa contradição impacta a relação entre professor e aluno?

Essa questão leva os alunos a refletir sobre as expectativas sociais e como elas podem influenciar as relações interpessoais na escola.


O professor descreve a sensação de ser "coagido a ceder" às demandas do aluno. Quais os desafios e dilemas éticos que um professor enfrenta ao lidar com situações como essa?

A questão busca que os alunos compreendam as complexidades da profissão docente e os dilemas éticos que os professores precisam enfrentar.


O texto destaca a importância de compreender as motivações por trás do comportamento dos alunos. Como a compreensão das dificuldades e dos contextos de vida dos alunos pode influenciar a prática pedagógica?

Essa questão incentiva os alunos a refletir sobre a importância da empatia e da individualização no processo de ensino-aprendizagem.


O autor menciona que a educação é um processo contínuo de encontros e desencontros. Como os professores podem lidar com as inevitáveis frustrações e desafios da profissão?

A questão leva os alunos a refletir sobre a importância da resiliência e da busca por significado na prática docente.


O texto sugere que a educação vai além da transmissão de conhecimento. Quais outras dimensões da educação são exploradas no texto e como elas se relacionam com a formação integral do aluno?

Essa questão amplia a visão dos alunos sobre a educação, incentivando-os a pensar sobre a importância das relações interpessoais, da construção da identidade e do desenvolvimento socioemocional.

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domingo, 15 de março de 2009

BAGUNÇA INCOMPETENTE ( É preciso aprender aprender)




CRÔNICA

BAGUNÇA INCOMPETENTE ( É preciso aprender aprender)

Por Claudeci Ferreira de Andrade
          A irreverência e a incompetência são dois conceitos bem compatíveis! Refiro-me ao tipo de comportamento que muitos alunos da rede pública adotam. O pior é que os professores, quando no papel de aluno, fazem o mesmo. Mas, o que isso poderia significar para nós professores? A falta do saber aprender dos alunos tornou repentinamente o seu caráter impróprio para ser contemplado em sala de aula. Ou há um significado mais profundo nesses comportamentos perturbadores que eu não consigo ver?

          Você sabe o que é sentir-se desprovido do conhecimento que lhe é exigido na presença de terceiros? Já desejou poder esconder todos os medos e decepções, todos os malogros e louquice do passado e também as incompetências do presente, que certamente o perturbariam se outros os descobrissem? Nenhum de nós gosta de ter a vida revelada e fragilizada à vista e à apreciação dos outros. É como diz apropriadamente minha professora de produção textual James Deam Amaral Freitas, do curso Pró-funcionário, que as pessoas não gostam de escrever porque se expõem. Talvez seja por isso que meus alunos me pedem para não ler seus textos, apenas dar a nota.
          E assim, eles adotam um comportamento que possa desviar a atenção das pessoas para outro ponto que não sejam as suas debilidades. Tenho um aluno surdo e que usa aparelho para melhorar a sua audição, é o que mais faz barulho na sala, os mais esdrúxulos, para ser notado como normal, assim como se tivesse pedindo para comunicarmos a ele, pois está nos escutando um pouco agora. Assim, também, aquela jovem que não tira o aparelho celular, recém comprado, dos ouvidos. Almeja a atenção dos rapazes porque intimamente está medrosa de que não seja notada, não amada, não solicitada. A exibição do aparelho novo torna sua tentativa para esconder a dor, para cobrir a solidão. E ai de quem tentar impedi-la, leva porrada, como aconteceu com a professora de ciências Caroline Kalinca Rabelo, da Escola Estadual Maria Ilidya Resende de Andrade, no bairro Furtado de Menezes, Juiz de Fora, zona da mata, MG. Apanhou na cara!
http://www.otempo.com.br/supernoticia/noticias/?IdNoticia=28374 (19/12/2012).
          Existe o menino que exagera no uso das gírias, esperando deste modo tornar suas palavras mais poderosas, e mais atordoantes o seu impacto sobre outros. Contudo, ele não vê que está disfarçando miseravelmente seu desnudo medo de ser considerado como de baixo valor!
          Na vida, temos mil formas de esconder nossas fraquezas, e o modo do professor se esbaldar em fichas e relatórios inúteis. Cada um prometendo cobrir suas vergonhas, alguns expostos traços negativos que estão arraigados em nossa separação dos nossos ideais; como disse a professora Lourdinha, especialista em filosofia da arte:
         — As máscaras existem e de máscara, todo mundo fica igual!
         Todas as dramatizações bem ensaiada prometem restaurar a autoconfiança imediata dos atores. Mas, nesse caso, todas são impróprias e deselegantes para a vida real. E nos empenhamos com unhas e dentes, tentando impedi-las de dar às escondidas.
          Eu compreendo a posição daqueles meus muitos alunos irreverentes, egoístas, orgulhosos, zombadores, desobedientes, ingratos, mentirosos, desordeiros, rudes, cruéis, escarnecedores, traidores, irascíveis, fanfarrões, estas são as qualidades do Satanás, para preencher as lacunas da falta de ideais na vida. Recentemente surpreendi meu aluno D..., representante de sala, com o gravador de voz do aparelho celular ligado para me denunciar, sobre sei lá o que, no conselho de classe, parecendo minha vizinha, a qual bastado ouvir o chiado dos meu passos nas folhas secas do quintal, ela sobe imediatamente no muro empunhando um celular para me filmar. Talvez porque eu já fui professor dela! Esse também é um subterfúgio para intimidar. Eles estão escandalizados com a sua própria pobreza, mas não confiam em seus educadores, então não há mais saída. O que na verdade eles precisam é aprender aprender.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 13/06/2009
Código do texto: T1646487


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domingo, 8 de março de 2009

MIL CRÔNICAS PARA ILUMINAR A EDUCAÇÃO (Uma resposta às más intensões)





MIL CRÔNICAS PARA ILUMINAR A EDUCAÇÃO (Uma resposta às más intensões)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

O papel amarelado de meus cadernos guarda mais do que simples palavras; ele testemunha histórias de persistência em meio às adversidades. Como professor e cronista, decidi transformar os erros e desafios da educação pública em lições que merecem ser contadas. Mil crônicas, uma para cada erro observado, um para cada momento de reflexão que os muros da escola me proporcionaram.

Escrever, para mim, é um ato de coragem. Não a coragem espetacular dos filmes, mas aquela silenciosa e constante, que insiste em habitar o olhar dos educadores que lutam por mudanças, mesmo quando a realidade conspira contra. Não é fácil enfrentar críticas e incompreensões. Lembro-me de colegas que, ao invés de apoiar, lançaram palavras como lanças, tentando desqualificar meu trabalho com rótulos como "louco" ou "aético". Mas cada ataque só reforçou minha convicção: educar é iluminar.

Minha jornada começou com textos que incomodaram. "Cabeça Fraca" e "Nas Tetas da Vaquinha" provocaram reações de alguns colegas, especialmente de uma professora de Língua Portuguesa que, durante uma reunião, tentou me desmoralizar. Ela criticou meu primeiro livro, "Confissão de Um Anjo I", por seus erros gráficos. De fato, havia falhas, mas sua fala soava mais como um ataque pessoal do que uma crítica construtiva. Respondi com uma crônica que dizia tudo sem ofender: "Professor, Cadê o Seu Texto?". Porque, ao criticar, é preciso mostrar que se é capaz de fazer melhor.

Mas as críticas não vieram apenas de dentro da escola. Um professor, Jânio Donizete, publicou no jornal local uma análise severa de um dos meus textos, "Lentes de Aluno", acusando-me de impor visões religiosas. A resposta veio de forma inesperada, através de uma aluna, Michelly Martins, que o desafiou publicamente em uma carta no mesmo jornal, chamando-o de incompetente para interpretar meu texto. Essa defesa espontânea foi um lembrete de que meu trabalho não é em vão; ele inspira.

A verdade é que nunca escrevi para agradar, mas para provocar. Meus textos são tijolos na construção de uma educação mais humana e crítica. Sempre acreditei que os desafios devem ser enfrentados com sensatez, essa luz que Deus nos deu para guiar nossos passos em tempos de escuridão. Desistir nunca foi uma opção.

Recordo-me de uma frase irônica de um homem entrevistado no hospital: "Qualquer covarde pode parar de fumar, mas é preciso ser um verdadeiro herói para morrer de câncer do pulmão." Embora jocosa, a frase revela um paradoxo: muitas vezes, é mais fácil persistir no erro do que mudar. Para mim, o oposto se aplica. Continuo escrevendo não por teimosia, mas por convicção. Cada crítica que recebo é uma oportunidade para reafirmar minha crença de que a educação pode — e deve — ser transformadora.

Hoje, olhando para trás, vejo que as pedras que me lançaram pavimentaram o caminho para mil histórias. Não busco aplausos, nem heroísmo. Busco ressignificar, provocar, iluminar. E, se algo aprendi ao longo dessa jornada, é que a educação não é um destino, mas uma viagem. Uma travessia onde persistir é mais que uma escolha: é um compromisso.

Aos leitores que me acompanham, deixo um convite: não desistam. Mesmo quando as críticas forem duras e as dificuldades parecerem intransponíveis, continuem. Porque cada passo na educação é um passo na direção de um mundo melhor.


Com base no texto apresentado, elaborei 5 questões que exploram diferentes aspectos da sociologia da educação:


O autor menciona que "educar é iluminar". A partir dessa afirmação e do contexto do texto, como você entende a relação entre educação e poder?

Essa questão convida os alunos a refletirem sobre o papel da educação na construção de uma sociedade mais justa e igualitária, explorando a relação entre conhecimento e poder.


O texto relata diversas críticas recebidas pelo autor. Como as reações dos colegas e da comunidade escolar podem ser interpretadas à luz das teorias sociológicas sobre o conservadorismo e a resistência à mudança?

Essa questão permite aos alunos aplicarem conceitos sociológicos para analisar as reações das pessoas às ideias inovadoras e desafiadoras.


O autor afirma que "meus textos são tijolos na construção de uma educação mais humana e crítica". Qual a importância da crítica e da reflexão na construção de uma educação transformadora?

Essa questão incentiva os alunos a refletir sobre o papel da crítica na construção do conhecimento e na transformação social.


O texto menciona a importância da persistência na busca por mudanças na educação. Quais os desafios enfrentados por aqueles que buscam transformar a educação e como a sociologia pode contribuir para a compreensão desses desafios?

Essa questão permite aos alunos analisar os obstáculos que os educadores enfrentam ao buscar mudanças e como a sociologia pode oferecer ferramentas para superar esses desafios.


O autor utiliza a metáfora da viagem para descrever a educação. Qual o significado dessa metáfora e como ela se relaciona com a ideia de construção de um futuro melhor?

Essa questão convida os alunos a refletirem sobre o processo educativo como uma jornada contínua de aprendizado e crescimento, e a importância da educação para a construção de um futuro mais justo e igualitário.


domingo, 1 de março de 2009

POR QUE LAMENTAR O PONTO? ( Dói a Carimbação mais que a falta do salário)


Crônica

POR QUE LAMENTAR NO PONTO? ( Dói a Carimbação mais que a falta do salário)

Claudeci Ferreira de Andrade


          Na escola em que trabalho, o Livro de Ponto é um caderno simples sem nenhum carimbo de reconhecimento de firma, mas tem, sim, o carimbo de “não compareceu”. Está sempre bem visível à mesa, “gordo” como é, entulhado de anexos grampeados, são muitos atestados médicos e declarações infindáveis até relatórios íntimos!

          Você se sente mal quando seu ponto é contado? E quando não é seu dia de trabalho naquela unidade escolar, mas no lugar da sua assinatura está carimbado um "Não Compareceu"? Quando não, está escrito: "Folga". Estaria certo se você realmente fosse “Folgado”! Até que isso é suportável, porém quando você trabalhou duro e recebe um "Não Compareceu", aí o “bicho pega”! Entretanto, tenho colegas imunes, faltam o quanto queiram e não receberam nenhum carimbadinha ainda! Que situação, se o professor tem duas aulas no período e não compareceu, cortam-lhe o ponto, normal, mas se trabalhou a primeira, assinou o ponto e foi embora sem ministrar a outra, qual o procedimento? Se a escola está sem água, todos foram embora sem trabalhar, quem justifica o ponto de quem? Se um advogado precisar verificar a frequência de um funcionário da escola de seis anos atrás, a escola terá esse “documento” guardado?
           Estas perguntas são muito mais do que simples minúncias da educação; tocam nas mais profundas motivações do coração. Se o seu incentivo para evitar faltas no trabalho é tal que você não se prestigia diante da profissão, sua motivação básica é egoísta. Se, por outro lado, sua razão para evitar faltas no trabalho origina-se de uma consideração intensamente alta pela educação dos seus alunos, sua motivação básica é altruísta.
          Quando chegamos diretamente ao ponto, a motivação faz toda a diferença. Teremos uma boa frequência quando o fogo que arde por trás dos nossos olhos é a dedicação altruísta. Só podemos ser verdadeiramente assíduos quando amamos o que fazemos. Mas, o egoísmo não pode produzir altruísmo. Quando temos um motivo egoísta para desejarmos ser altruísta, isto simplesmente não funciona.
          Um bom funcionário sabe o porquê, por este motivo alimenta razões totalmente altruístas para querer ser melhor ainda. Digo aos nossos coordenadores que mais do que quaisquer preocupações com nós mesmos, tornemo-nos zelosos da boa reputação do nosso colega. Sabemos que outros estarão fazendo decisões eternas em relação a si mesmos, muitas vezes, baseados no que contemplam em nossa prática. Um bom líder não usa a influência da rejeição emocional a fim de ordenar a vida de alguém de seu grupo, porque isto somente aprofundaria a “lambança” que principalmente o leva ao gazeamento.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 11/06/2009
Código do texto: T1643045

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