"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

Pesquisar neste blog ou na Web

sábado, 27 de setembro de 2014

A PANDEMIA PERGUNTA: POR QUE ELES FREQUENTAM A ESCOLA? ("Entre as diversas formas de mendicância, a mais humilhante é a do amor implorado." — Carlos Drummond de Andrade)



crônica

A PANDEMIA PERGUNTA: POR QUE ELES FREQUENTAM A ESCOLA? ("Entre as diversas formas de mendicância, a mais humilhante é a do amor implorado." — Carlos Drummond de Andrade)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

            Hoje me preocupou mais uma vez a constatação, a qual eu chegara há muito tempo atrás. Desta vez, quando reclamava do barulho desrespeitoso e todo tipo de perturbação à minha aula no matutino, uma aluna, daquelas avessa à filosofia, disse: "é que você não tem autoridade". Bem, minha autoridade vem do Satanás – expliquei ironizando – então os endeusados OPÕEM-SE, e com razão, às minhas ordens, só para se mostrarem diferentes, ACHANDO QUE SÃO GRANDES. Mas... e se o Demônio nunca existiu? Eles estão fazendo revoltas contra o nada novamente, fortalecendo suas ilusões, mais uma evidência de ignorância. E nessa situação desejei ardentemente ir morar o inferno, TALVEZ EXISTA, porque para lá, vou por méritos próprios, pelo menos serei digno, e ao céu só se vai pelos méritos de Jesus, como dizem esses "crentes". Por isso, jamais quero me sentir indigno na "carona" de alguém de outra cultura e rodeado de aproveitadores. Por certo, salvo no paraíso, eu nunca saberia viver em paz juntos a esse tanto de gente sem amor e egoísta ("Escola de Deus em tempo integral").
           À tarde, aconteceu o mesmo neste dia desfavorável, eu tentava impor respeito naquela sala de 8º ano irreverente, aplicando a experiência aprendida no matutino, foi quando uma aluna, daquelas corpulentas e intimidadoras, em distorção série/idade, diz-me com todas as letras: "Você não é de nada, só tem conversa".  Então, só me restou concordar, pois se eu fosse melhor, nem estaria aguentado tanta humilhação de pessoas daquele jeito. Pelo menos, ouvi dela que só tenho conversa, ou seja, sou mentiroso: qualidade dos infernais. Enquadrou-me no lugar certo: filho do satanás. 
          É sempre assim, na entrega dos boletins, final de bimestre, todo aluno é bom, educado e cumpridor de seus deveres, as notas baixas que por ventura pintam seu boletim é porque o professor é ruim, mal educado e não cumpridor de seu dever. Dizem eles aos pais. A desgraça nossa, é eles acreditarem sempre nos filhos e de forma alguma nos professores. Afinal, a culpa da maior parte do fracasso da educação dos jovens de hoje é inteiramente dos pais. Como estão sofrendo para tolerar seus filhos em quarentena por causa da pandemia, FELIZES os que recebem cestas básicas da merenda escolar. 
           No dia anterior, eu assistia a muitos alunos colando no simulado, sendo mais direto, na prova diagnóstica do governo. Isso deveria ser um treino para fixar as matérias na mente, porém, está sendo, sim, um treino para desenvolver técnica de colar. Bons tempos quando eu, no primeiro dia de aula, apresentava-me à classe, dizendo: Sou professor de Língua Portuguesa e quero que façam isso ou aquilo, não permito isso ou aquilo e temos um currículo extensivo a ser  cumprido, imperava o imperativo! Hoje, meu discurso mudou, apenas digo: Sou Claudeci e como vocês querem minhas aulas? O como querem aprender? Vamos conversar, não precisam me denunciar por pouca coisa! O imperativo mesmo é o medo e a frouxidão obrigatória.
           Por esses casos, eu sou obrigado a concordar com Immanuel Kant, considerando minha falta de perspectiva: "É por isso que se mandam as crianças à escola: não tanto para que aprendam alguma coisa, mas para que se habituem a estar calmas e sentadas e a cumprir escrupulosamente o que se lhes ordena, de modo que depois não pensem mesmo que têm de pôr em prática as suas ideias."
           A escola nunca cumpriu nem este e nem aquele objetivo!!!! Frustrações renitentes! E sem mais palavras, fico por aqui.
Claudeko Ferreira

Comentários

Enviado por Claudeko Ferreira em 19/08/2014
Reeditado em 27/09/2014
Código do texto: T4928830
Classificação de conteúdo: seguro

sábado, 20 de setembro de 2014

APRENDERAM COMIGO (Então não confunda "vencer na vida" com "vencer a vida" dos outros.)




crônica

APRENDERAM COMIGO (Então não confunda "vencer na vida" com "vencer a vida" dos outros.)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Alguns de meus alunos me cobram conhecimento, da forma mais cruel possível, num tom de crítica e em público. Quando erro no texto, diz o pior deles, a quem interessar minha humilhação: — "e diz que é professor de português". Fica evidente sobre estes poucos, nem querer aprender de mim, por que pensam já saber muito e focam na minha fraqueza, fortalecendo-se. Mas, eu não tenho culpa deles terem um caráter perverso, ofereço-lhes meus acertos mais frequentes. Porém, mediram-me apenas por uma palavra mal dita, ou uma frase gaguejada, ou um trava-língua mal ensaiado, ou um tê que esqueci de cortar no texto do quadro etc.  entretanto enfatizam tão veemente o meu lado ruim, o qual assumi cegamente para nunca ver sua torpe vontade de crescer. E assim, alimentam seus erros com tanto prazer, tal qual o prazer vivido pela a vingança imediata. Quem me dera ver  perdurar as lições lhes dadas, baseadas em livros, vidas melhores e intelectos privilegiados. Ah! Como dura o desejo de vingança em seu coração! Por isso, fingem desinteresse ao meu planejamento. Se faço correto é mera obrigação, porém só meus erros lhes chamam a atenção.
          Ao que ensina é justo o desfrutar ou o receber os prazeres de ver a aplicação do ensinado, a colheita bendita, a prova da utilidade. Chamo-lhes a atenção confirmando meu desejo de autoridade, repreendo-os, castigo-os e atribuo notas escalonadas conforme a produção. Mentira! Deixo correr frouxo, e todos os dias tenho de explicar a um deles por que lhe dei aquela nota baixa. Se assim não for, o pai vem à escola! Então, em meio pressão, ameaças e desacatos, pais e coordenadores pedagógicos forçam a barra fabricando nota boa, enfeitando as estatísticas. É lógico, se errei em algumas delas para melhor, ninguém vem reclamar! Embora, as boas notas constantes no boletim da maioria, só tem revelado o grau de marginalidade e não mais de intelectualidade, pois colam até nos simulados, de cuja nota também deveria ser simulada! Promovidos gratuitos na unidade escolar. Um professor levou 5 tiros de um aluno por que não lhe deu uma nota desejada. E qual professor os fará felizes? Por isso, estamos sempre em perigo. 
http://g1.globo.com/se/sergipe/noticia/2014/08/professor-baleado-por-aluno-dentro-de-escola-permanece-sedado-na-uti.html (acessado em 13/03/2020).
            A sala dos professores tem de ser blindada para se trancarem na hora dos intervalos, por segurança. Naquele caso, o professor deu a nota que o aluno mereceu, e ele atirou no professor...( é menos mau quando nos atiram só palavras, bravatas e xingamentos) e, sobre isso, continuam intimidando os professores e encorajando outros alunos a forçar a escola aprovar todos os demais desrespeitadores e improdutivos. Certamente nos concursos, eles comprarão ou porão a arma na cabeça do avaliador conquistando a vaga. Vencer na vida é isso? Quem confunde tudo também confunde: "vencer na vida" com "vencer a vida" dos outros.
Claudeko Ferreira

Comentários

Enviado por Claudeko Ferreira em 17/08/2014
Reeditado em 20/09/2014
Código do texto: T4926136
Classificação de conteúdo: seguro

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

sábado, 13 de setembro de 2014

TUDO ME É LÍCITO! (Mas, Será que tudo me convém?)



Crônica

TUDO ME É LÍCITO! (Mas, Será que tudo me convém?)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           O foco majoritário dentro das coisas públicas está na quantidade. Assim primam as escolas pelas estatísticas enfeitadas com números bonitos em detrimento da real qualidade. Lá, jamais podemos parar e "amolar o machado" (o segredo dos lenhadores de sucesso). A escola pode liberar o aluno mais cedo? Nem pensar! Reuniões de professores devem ser no sábado. Você se lembra dos 180 dias letivos? A educação era melhor! Agora passou para 209 e... Não sei a quem se destina essa exibição teatral, visto que alunos e professores matam aula inescrupulosamente dentro da própria unidade escolar, na hora de trabalho; coitados, perdidos no amaranhado do labirinto normativo sem sentido! Contando ainda com as muitas interrupções no horário de trabalho: vendedores e propagandistas fazem festa diante de um público cativo e sedento pelo o novo, todos os dias a sala dos professores está cheia de sacoleiros. Vende-se de tudo.
            Então, dizem: o professor nunca pode subir/descer aula quando faltar o colega, é mais uma norma da Secretaria: sair mais cedo pega mal à imagem da escola. Para comemorar o aniversário de um docente, tem-se que mentir, dizendo ser uma reunião pedagógica, caso alguém não acredite na justificativa, fecham-se as portas da sala dos professores para efetivar a festa.  
        Mas, Nada tem firmeza, estes critérios são subvertidos rápido e prontamente quando, por interesse particular, decidem dispensar uma turma mais cedo, motivo desconhecido, vírgula, é quando conveniente, é claro! Aí, os mestres assíduos são convidados a fazer o proibido em outros contextos: Descer/subir aula. Chamamos isso de ajuste operacional pedagógico, fazendo o professor ministrar duas em uma, no final suas seis aulas do turno foram ministradas aos trancos e barrancos em um quarto do período. Contudo, nem sei que alegria é essa, se os educadores, mesmo depois da tarefa feita, deverão continuar até o cumprimento do horário na sala dos professores. Seria isso simplesmente hora extra não remunerada ou reposição das faltas na qualidade das aulas subidas ou descidas?
           Todo aluno gosta de sair mais cedo, o professor também. Só a família detesta receber suas crianças mais cedo em casa, dão mais trabalho ou os pais ainda estão trabalhando lá fora. A escola de tempo integral ameniza esta situação, empilhando alunos improdutivos. No entanto e por isso, estou pensando que nem sempre criança na escola significa crescimento. Comem mais, brincam mais e estudam bem pouquinho, só fazem o que querem fazer, e existem tantos para apoiá-las nesse comportamento pirracento, batendo de frente com os professores os quais têm obrigação de ensinar matéria da matriz curricular, pois já nem se sabe mais quem são os professores chatos! Então, quem não quer ser agradável e ter aceitação? Será se isso me convém?
Claudeko Ferreira

Comentários

Enviado por Claudeko Ferreira em 07/08/2014
Reeditado em 13/09/2014
Código do texto: T4913370
Classificação de conteúdo: seguro

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

sábado, 6 de setembro de 2014

AS RELAÇÕES EXTRACLASSES (A céu aberto, Deus era testemunha.)



Crônica

AS RELAÇÕES EXTRACLASSES (A céu aberto, Deus era testemunha.)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Eu, lecionando à Sócrates, ainda que na "Praça Criativa", arrodeado de jovens num debate profícuo, girando em torno e permeando vários viés dentro dos temas filosóficos do cotidiano: tipo a existência de Deus etc. Assuntos sérios foram tratados, mesmo num momento descontraído, voltando de minha caminhada da tarde, ainda nos trajes esportivos, foi assim, pude contar com as observações pertinentes dos adolescentes: Rodrigo Carvalho, Nádila Aquino, Lucas Azevedo, karlos Henrique, Josué, Marcos Antonio e Eduardo Nunes; frutífero momento multissérie. Alunos de grande potencial, mas sempre sufocados e nivelados por baixo em respeito aos trinta e tantos outros de suas salas, pois muitos fraquentadores de escola não têm propósitos educacionais. Agora nas férias de julho/2014, nesse encontro informal e desprovido de qualquer autoritarismo, eles me tomaram para intermediar o diálogo de três horas consecutivas, isto é, quando me apercebi do tempo, já tinham passado três horas. O mais considerável neste fato é a certeza da voluntariedade, foram chegando e se entrosando, de forma a compor um círculo falando tão alto e empolgadamente, que nem se observavam os transeuntes diminuindo a passada e virando o pescoço, querendo entender o a reunião.
            Um dos conceitos discutidos, no qual estou pensando até hoje, foi quando Rodrigo se disse ateu, e alguém ali o refutou, dizendo sobre ele nem saber o que estava, na verdade, dizendo, pois é impossível não acreditar na existência de Deus. Então, através do raciocínio rápido,  ele concluiu: "Não sou um ateu total, todos os dias tento encontrar um sinal de Deus, mas infelizmente nunca o encontro." E finalizou sua justificativa democraticamente: "...eu busco o conhecimento para conseguir entender os dois lados". Outra posição ideológica forte, no assunto: "pecado", foi quando disseram de um homem que se relaciona ativamente com outro homem ser gay também, o contra-argumento do grupo foi formulado na pergunta: e quem faz sexo em uma cabra é bode também? Um conceito teve sentido ali sobre isso: o homossexualismo vai além do simples relacionamento sexual, físico, é mental. Nesse caso, todos somos gays por tabela quando fazemos sexo com a mulher do próximo; por extensão, estamos fazendo sexo com o seu marido, dando-lhe uma forte razão para justificar o seu ciúme. E terceiro ponto digno desta crônica foi a veracidade da  Bíblia e seus relatos contraditórios, no tema fé: A arca de Noé de forma alguma tem a benção da ciência por não ter lógica, considerando a diversidade dos animais existente hoje e as condições de preservação deles no dilúvio universal jamais se entende. Então me fez pensar apuradamente o fato do Noé, um senhor de idade, poder descer o monte Ararate, já que aos alpinistas profissionais e jovens é difícil escalá-lo. Sim, os adolescentes têm a mente muito fértil! Disseram-me que para descer todo santo ajuda.
           Com esta feita, provo que quem faz a escola é o aluno, tivemos uma boa aula de filosofia, diria ainda, interdisciplinar, sem nem um recurso didático, daqueles requeridos por professores tecnicamente profissionais, mas quase nunca convencem ninguém da importância de seu trabalho robotizado vencido pela indisciplina do público alvo. Então, queimem-se aqui todos os caderninhos de  plano, e abominem os olhares estranhos de coordenador pedagógico; nem precisei de técnica de domino de classe algum, ou melhor, bastou-me apenas o domínio de minha matéria de estudo, pois  não é complicado ser um bom professor, apenas fui um intermediador do conhecimento e o método era o de Sócrates: os questionamentos. E este é meu relatório de boa nota aos meus alunos referidos, maiores comprovações pergunte a eles! Por isso, fiz questão de citá-los aqui seu nomes verdadeiros, com autorização dos mesmos, diga-se de passagem.
           Se a escola pretende preparar os jovens para a vida tem que trabalhá-los no tempo da vida, no espaço da vida, com conteúdos da vida, e vida gera vida. Ninguém estava ali obrigado! E desta vez, lecionei a quem queria aprender. Então não houve nenhum desrespeito, imperavam-se ali as leis da vida. A céu aberto, Deus era testemunha.
Claudeko Ferreira

Comentários

Enviado por Claudeko Ferreira em 25/07/2014
Reeditado em 04/09/2014
Código do texto: T4895807
Classificação de conteúdo: seguro

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.