"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico III(14) "Riqueza versus Sabedoria: Uma Análise da Busca pela Satisfação na Sociedade Moderna"

 


CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico III(14) "Riqueza versus Sabedoria: Uma Análise da Busca pela Satisfação na Sociedade Moderna"

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Ao longo da história, diversas correntes filosóficas e intelectuais ressaltaram a importância da busca pelo sucesso financeiro como um objetivo primordial. A filosofia do materialismo, por exemplo, enfatiza que a acumulação de riquezas e bens materiais é o caminho para a satisfação e felicidade. Como disse o filósofo Karl Marx, "A produção de muitas coisas úteis resulta em muitas pessoas inúteis". A sociedade moderna frequentemente promove essa perspectiva, incentivando as pessoas a medir seu valor pelo tamanho de suas carteiras.

Em contrapartida, a busca por sabedoria e entendimento é vista por muitos como algo abstrato, que não fornece os benefícios tangíveis que a riqueza pode proporcionar. No entanto, uma análise mais profunda revela que a sabedoria e o entendimento são ativos igualmente valiosos, se não mais. Como diz Provérbios 16:16: "Quão melhor é adquirir a sabedoria do que o ouro! Adquirir o entendimento é preferível à prata!".

A sabedoria não se limita apenas a tomar decisões corretas, mas também a compreender a natureza do mundo e das relações humanas. Isso pode levar a uma vida mais satisfatória e significativa, melhorando as interações com os outros e promovendo o crescimento pessoal. Como Sócrates disse: "Uma vida sem reflexão não vale a pena viver".

A busca pela sabedoria também é mais acessível e inclusiva, pois não depende da quantidade de recursos financeiros disponíveis. Ela pode ser adquirida por meio da aprendizagem, reflexão e experiência, independentemente da situação econômica de alguém.

É vital reconhecer que a busca pela riqueza, quando priorizada em detrimento da sabedoria, muitas vezes leva a consequências negativas, como o amor ao dinheiro, que é frequentemente apontado como a raiz de diversos males. Como diz 1 Timóteo 6:10: "Pois o amor ao dinheiro é raiz de todos os males". Ao dar mais importância à busca da sabedoria, podemos evitar cair na armadilha do materialismo.

Em conclusão, embora a busca pela riqueza tenha seu lugar na sociedade, é importante lembrar que a busca pela sabedoria e pelo entendimento é igualmente valiosa e pode levar a uma vida mais plena e significativa. Devemos reavaliar nossas prioridades e reconhecer que a sabedoria não deve ser subestimada em nossa jornada para uma vida bem-sucedida e equilibrada.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico III(13) “Equilíbrio na Busca: Sabedoria, Compreensão e a Complexidade da Felicidade”

 


CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico III(13) “Equilíbrio na Busca: Sabedoria, Compreensão e a Complexidade da Felicidade”

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A busca por sabedoria e entendimento, embora valiosa, não é a única chave para a verdadeira felicidade. A vida é complexa e multifacetada, envolvendo relacionamentos, saúde, realização pessoal e propósito. Como Albert Einstein disse: "A vida é como andar de bicicleta. Para manter o equilíbrio, você deve continuar em movimento." Isso sugere que a felicidade é um equilíbrio entre vários elementos em constante movimento.

A Bíblia também nos lembra em Provérbios 3:13-18 que "Feliz é a pessoa que acha a sabedoria e que consegue entender as coisas, pois isso é melhor do que prata e ouro." No entanto, colocar toda a ênfase na busca por sabedoria e compreensão pode ser limitador.

Além disso, a ideia de que a sabedoria e a compreensão são superiores a qualquer busca material pode ser questionada. O conforto financeiro e a segurança também desempenham um papel significativo na qualidade de vida. Como Benjamin Franklin observou: "Na vida, nada é certo, exceto a morte e os impostos." Ignorar a busca de estabilidade financeira pode ser arriscado.

Em resumo, embora a busca por sabedoria e compreensão seja valiosa, a felicidade é um conceito multifacetado que não pode ser reduzido a apenas esses elementos. É importante considerar a complexidade da vida e manter um equilíbrio entre a busca de conhecimento, relacionamentos saudáveis e estabilidade financeira para alcançar uma verdadeira felicidade.

domingo, 24 de dezembro de 2023

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico III(12) O castigo é prova de amor? — Heb, 12:6.

 


CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico III(12) O castigo é prova de amor? — Heb, 12:6.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

O amor de Deus é um tema central na fé cristã, que afirma que Deus é amor (1 João 4:8) e que demonstrou esse amor ao enviar seu Filho Jesus Cristo para morrer pelos pecados da humanidade (João 3:16). No entanto, muitas vezes se prega que o amor de Deus também envolve a adversidade e o castigo, como formas de disciplinar e corrigir os seus filhos (Hebreus 12:6). Neste ensaio, propomos uma análise crítica desse conceito, questionando a sua lógica e a sua ética, e sugerindo uma visão alternativa do amor de Deus.

Em primeiro lugar, é preciso reconhecer que a ideia de que o sofrimento é uma prova de amor é contraditória em si mesma. Como disse o filósofo Friedrich Nietzsche, "há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura" (Nietzsche, 1882). Ora, se o amor é um sentimento que busca o bem do outro, como pode causar-lhe mal? Se o amor é uma virtude que implica cuidado, compreensão e empatia, como pode infligir dor? Em situações humanas, ninguém aceitaria que alguém lhe fizesse sofrer por amor, pois isso seria visto como abuso ou violência. Por que, então, aceitar essa lógica quando se trata de Deus?

Em segundo lugar, é possível argumentar que a ideia de que o castigo de Deus é uma forma de amor pode ser usada para justificar o sofrimento desnecessário. Como disse o teólogo Dietrich Bonhoeffer, "o sofrimento não é um problema a ser resolvido, mas um mistério a ser vivido" (Bonhoeffer, 1953). No entanto, muitas vezes se usa o sofrimento como uma forma de manipular ou controlar as pessoas, fazendo-as acreditar que estão sendo amadas por Deus quando na verdade estão sendo oprimidas ou exploradas. Isso levanta preocupações éticas sobre a legitimação da dor e do sofrimento como meios de demonstrar amor.

Em terceiro lugar, é possível sugerir que o amor de Deus pode ser expresso de maneiras mais positivas e compassivas. Como disse o apóstolo Paulo, "o amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta" (1 Coríntios 13:4-7). Em vez de usar o castigo como prova de amor, Deus pode demonstrar amor por meio de compaixão, orientação e apoio, ajudando os indivíduos a superar desafios de maneira menos dolorosa. Como disse o filósofo Voltaire, "o amor é uma tela fornecida pela natureza e bordada pela imaginação" (Voltaire, 1764).

Em conclusão, a ideia de que o sofrimento e o castigo são provas do amor de Deus pode ser questionável em termos de lógica e ética. É importante considerar alternativas que promovam a compreensão e a compaixão, em vez de justificar o sofrimento como uma demonstração de amor. Como disse o escritor Antoine de Saint-Exupéry, "o amor não consiste em olhar um para o outro, mas sim em olhar juntos na mesma direção" (Saint-Exupéry, 1943).

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

O PALCO IMPLACÁVEL DA COMPETIÇÃO: A FAMÍLIA, A IGREJA E A ESCOLA! ("Elas transmitem valores que são essenciais para o desenvolvimento pessoal e profissional. No entanto, essas instituições também podem ser palco de competição." — Paulo Freire — 1921-1997)

 


O PALCO IMPLACÁVEL DA COMPETIÇÃO: A FAMÍLIA, A IGREJA E A ESCOLA! ("Elas transmitem valores que são essenciais para o desenvolvimento pessoal e profissional. No entanto, essas instituições também podem ser palco de competição." — Paulo Freire — 1921-1997)

Por Claudeci Ferreira de Andrade 

A manhã cinzenta deu lugar ao calor sufocante da tarde, enquanto eu, um mero espectador, me perdia em pensamentos sobre a teia complexa da competição que permeia nossa existência. Permitam-me contar-lhes uma história, não de vitórias retumbantes ou derrotas amargas, mas de uma tumultuada jornada através das vicissitudes da competição, esse palco onde a vida se desenrola como um espetáculo imprevisível.

Nós éramos apenas peões neste tabuleiro, onde a rivalidade se entrelaçava em cada jogada. Os times se formavam, orações ecoavam no vestiário, mas apenas um poderia emergir como o escolhido, abençoado por um Capiroto cuja "justiça" oscilava entre a crueldade e a imparcialidade. Parecia que a competição era uma entidade divina, sedenta por sacrifícios de suor e lágrimas, alimentando-se de nossas esperanças e ambições. "Todo lugar que há e promove a competição é o verdadeiro inferno. Dois times oram e só um ganha, abençoado por um Capiroto que se realiza em partes preferidas." (Cifa).

No palco da competição, me vi imerso em desafios que transcendiam a mera busca pela vitória. Era uma oportunidade de crescimento pessoal, uma jornada que me levava além dos limites preestabelecidos. No faz-de-conta do sistema educacional, as habilidades eram forjadas no calor da batalha, onde a superação de obstáculos se tornava uma epopeia moderna.

As equipes, como peças dispostas no tabuleiro da vida, se formavam com um propósito aparentemente nobre. No entanto, a ilusão de um equilíbrio utópico se desvanecia quando apenas um lado emergia vitorioso. O faz-de-conta se tornava uma miragem, e a busca pela excelência se transformava em uma jornada solitária e implacável.

No tumulto do jogo, percebi que a competição era mais do que um duelo de habilidades. Era um teste de resistência emocional, uma montanha-russa de sentimentos que oscilava entre a euforia da vitória e a amargura da derrota. Cada partida era um capítulo na história de uma jornada imprevisível, onde o destino era moldado pelo suor derramado e pela determinação inabalável.

À medida que o tempo se desdobrava diante de mim, percebi que a competição era, de fato, o reflexo de uma selva urbana, onde as leis do mais forte, do mais esperto, do mais "foda", regiam o destino de cada participante. Era como se o universo estivesse sussurrando em nossos ouvidos: "Quem não aguenta a pressão, que vá para a igreja rezar, porque no mundo real é cada um por si."

Hoje, enquanto olho para trás nessa narrativa de lances e desafios, compreendo que a competição é uma jornada repleta de nuances. Ela nos força a nos confrontarmos, a desafiarmos nossos próprios limites e a descobrirmos a verdadeira medida de nossa resiliência. No entanto, não posso negar que a mensagem do povo ecoa em meu ser: a competição é a selva da vida, onde o vencedor leva tudo e o resto, bem, o resto é história de quem não estava pronto para o jogo.

Assim, enquanto a tarde avança, abraço as lições aprendidas nesse palco implacável. Que cada competição seja uma oportunidade de crescimento, mas que nunca esqueçamos que, por trás da glória efêmera, há uma trama mais profunda, onde o verdadeiro desafio reside em manter a humanidade intacta enquanto dançamos no limiar entre o triunfo e a derrota. Afinal, no teatro da competição, somos todos protagonistas de nossas próprias histórias, esperando ansiosos para descobrir o desfecho de cada ato. E assim, a dança continua... Quando não há páreo: "Deus é o eterno desafio a si mesmo". — Rubem Alves:1933-2014).

domingo, 17 de dezembro de 2023

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico III(11) As adversidades da vida e a ação de Deus: uma reflexão teológica

 


CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico III(11) As adversidades da vida e a ação de Deus: uma reflexão teológica

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A vida é cheia de desafios e obstáculos que muitas vezes nos colocam em situações de sofrimento, angústia e dúvida. Como cristãos, como devemos entender e enfrentar essas adversidades? Seriam elas enviadas por Deus para nos corrigir, nos provar ou nos castigar? Ou seriam elas oportunidades de crescimento e aprendizado, que nos permitem desenvolver a nossa fé, a nossa esperança e o nosso amor?

Neste ensaio, propomos uma reflexão teológica sobre as adversidades da vida, baseada na Bíblia, na tradição cristã e na filosofia. Nosso objetivo é oferecer uma visão mais positiva e construtiva das dificuldades que enfrentamos, sem negar a realidade do sofrimento, nem a soberania de Deus.

Em primeiro lugar, é preciso reconhecer que as adversidades fazem parte da experiência humana, desde a queda do homem no pecado (Gn 3). O pecado trouxe consigo a morte, a dor, o trabalho árduo, a inimizade, a violência e toda sorte de males que afetam a humanidade e a criação (Rm 8:19-22). Portanto, não podemos esperar uma vida sem problemas neste mundo, mas sim confiar na promessa de Deus de que um dia Ele restaurará todas as coisas (Ap 21:1-5).

Em segundo lugar, é preciso compreender que Deus é o autor do mal, sim, (Is. 45:7), mas, não com propósitos ruins, pois ele não se agrada do sofrimento dos seus filhos (Tg 1:13; Lm 3:33). Deus é amor (1 Jo 4:8) e deseja o nosso bem (Jr 29:11). Ele não nos aflige por capricho ou por crueldade, mas por amor e por justiça. Ele permite que passemos por provações para nos disciplinar (Hb 12:5-11), para nos purificar (Ml 3:2-4), para nos fortalecer (2 Co 12:9-10) e para nos glorificar (Rm 8:17-18). Ele também usa as adversidades para nos ensinar (Sl 119:71), para nos moldar (Is 64:8), para nos revelar (Gn 22:1-14) e para nos aproximar dele (Tg 4:8).

Em terceiro lugar, é preciso adotar uma atitude de fé, de esperança e de gratidão diante das adversidades. A fé nos faz confiar em Deus, mesmo quando não entendemos os seus propósitos (Hb 11:1). A esperança nos faz olhar para o futuro, sabendo que Deus tem preparado coisas melhores para nós (Hb 11:16). A gratidão nos faz reconhecer os benefícios que Deus nos concede em meio às dificuldades (1 Ts 5:18).

Como disse o filósofo Sêneca: "O fogo é a prova do ouro; a adversidade, dos homens fortes". Como disse o apóstolo Paulo: "Tudo posso naquele que me fortalece". Como disse o salmista: "O Senhor é refúgio para os oprimidos, uma torre segura na hora da adversidade".

Que possamos, então, enfrentar as adversidades da vida com coragem, com sabedoria e com fé. Que possamos ver nelas oportunidades de crescimento e aprendizado. Que possamos experimentar o amor de Deus em todas as circunstâncias. E que possamos glorificar a Deus em tudo o que fizermos.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico III(10) "Desmistificando a Prosperidade Financeira"

 


CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico III(10) Desmistificando a Prosperidade Financeira

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A ideia de que a prosperidade financeira é garantida pela doação e generosidade é uma crença comum em muitas religiões. No entanto, ao analisar essa ideia sob uma perspectiva mais lógica e crítica, podemos ver que ela é simplista e não leva em conta a complexidade do mundo financeiro.

Primeiramente, a prosperidade financeira não é garantida apenas pela doação. A realidade econômica é complexa e depende de vários fatores, como "educação, oportunidades de trabalho, economia global e política fiscal" (Autor Desconhecido, 2023). Portanto, acreditar que a doação financeira resultará automaticamente em prosperidade é uma simplificação excessiva.

Além disso, a comparação da lei da recompensa financeira com a lei da gravidade é falha. A gravidade é uma lei física comprovada e previsível. Por outro lado, a prosperidade financeira envolve uma série de variáveis imprevisíveis e subjetivas. Portanto, essa comparação não se sustenta.

Outro ponto importante é a ideia de que Deus aplica diferentes leis na vida das pessoas. Essa ideia é vaga e subjetiva. Não há evidências objetivas de que Deus recompensa financeiramente aqueles que doam de maneira específica. Portanto, essa afirmação parece ser uma justificativa para explicar por que nem todos experimentam a prosperidade financeira.

Em resumo, a ideia de que a prosperidade financeira está garantida pela doação é simplista e não leva em consideração a complexidade do mundo financeiro. É importante abordar a questão da prosperidade financeira de maneira mais realista e baseada em princípios econômicos sólidos. Acreditar cegamente nessa ideia pode levar a falsas expectativas e decepções.

domingo, 10 de dezembro de 2023

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico III(9) ***Dar a Deus: uma questão de lógica ou de fé?***

 


CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico III(9) ***Dar a Deus: uma questão de lógica ou de fé?***

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Dar a Deus e honrá-lo com nossos recursos é um princípio financeiro fundamental que tem sido debatido e discutido ao longo dos tempos. Muitos cristãos seguem esse princípio como uma forma de expressar sua gratidão, sua obediência e sua confiança em Deus. Eles acreditam que, ao dar a Deus, eles estão investindo no seu reino e recebendo bênçãos em troca. No entanto, essa visão pode ser questionada por uma perspectiva mais centrada na lógica e na racionalidade. Neste ensaio, vamos analisar os argumentos a favor e contra essa prática, bem como as implicações éticas e sociais que ela envolve.

Um dos argumentos a favor de dar a Deus é que ele é o dono de tudo e que nós somos apenas administradores dos seus bens. Segundo essa visão, tudo o que temos vem de Deus e pertence a ele. Portanto, devemos devolver uma parte do que recebemos como um reconhecimento da sua soberania e da sua bondade. Esse argumento se baseia em várias passagens bíblicas, como: "Do Senhor é a terra e tudo o que nela existe, o mundo e os que nele vivem" (Salmos 24:1) e "Lembrem-se: aquele que semeia pouco também colherá pouco, e aquele que semeia com fartura também colherá fartamente. Cada um dê conforme determinou em seu coração, não com pesar ou por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria" (2 Coríntios 9:6-7).

Outro argumento a favor de dar a Deus é que ele nos promete recompensas materiais e espirituais quando o fazemos. Segundo essa visão, dar a Deus é uma forma de semear para colher no futuro. Deus se agrada dos que dão com generosidade e os abençoa com prosperidade, saúde, paz e salvação. Esse argumento também se baseia em várias passagens bíblicas, como: "Tragam o dízimo todo ao depósito do templo, para que haja alimento em minha casa. Ponham-me à prova", diz o Senhor dos Exércitos, "e vejam se não vou abrir as comportas dos céus e derramar sobre vocês tantas bênçãos que nem terão onde guardá-las" (Malaquias 3:10) e "Honre o Senhor com todos os seus recursos e com os primeiros frutos de todas as suas plantações; os seus celeiros ficarão plenamente cheios, e os seus barris transbordarão de vinho" (Provérbios 3:9-10).

No entanto, esses argumentos podem ser contestados por uma perspectiva mais lógica e racional. Um dos argumentos contra dar a Deus é que ele não precisa do nosso dinheiro ou dos nossos bens. Segundo essa visão, Deus é auto-suficiente e não depende das nossas ofertas para sustentar o seu reino ou para realizar a sua vontade. Ele não é um comerciante que troca favores por pagamentos. Ele é um pai que nos ama incondicionalmente e nos provê gratuitamente. Esse argumento se baseia em algumas passagens bíblicas, como: "Pois quem sou eu, e quem é o meu povo para que pudéssemos contribuir tão generosamente como fizemos? Tudo vem de ti, e nós apenas te demos o que vem das tuas mãos" (1 Crônicas 29:14) e "Pois se vocês derem aos outros, Deus dará a vocês. Ele lhes dará uma medida boa, socada, sacudida e transbordante na concha de vocês. A mesma medida que vocês usarem para medir os outros Deus usará para medir vocês" (Lucas 6:38).

Outro argumento contra dar a Deus é que ele não nos garante recompensas materiais ou espirituais quando o fazemos. Segundo essa visão, dar a Deus é uma questão de fé e de obediência, não de barganha ou de interesse. Deus não é um caça-níqueis que nos devolve mais do que colocamos. Ele é um juiz que nos avalia pela nossa sinceridade e pelo nosso amor. Ele pode nos abençoar ou nos provar, conforme a sua vontade e o seu propósito. Esse argumento se baseia em algumas passagens bíblicas, como: "Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e furtam. Mas acumulem para vocês tesouros no céu, onde a traça e a ferrugem não destroem, e onde os ladrões não arrombam nem furtam. Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração" (Mateus 6:19-21) e "Não se deixem enganar: de Deus não se zomba. Pois o que o homem semear, isso também colherá" (Gálatas 6:7).

Além desses argumentos, há também implicações éticas e sociais envolvidas na questão de dar a Deus. Uma delas é a responsabilidade social dos cristãos em relação aos pobres e aos necessitados. Dar a Deus não significa apenas dar à igreja ou aos ministérios religiosos, mas também dar aos que sofrem e aos que clamam por justiça. Como disse Jesus: "Pois tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram; necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, e vocês me visitaram" (Mateus 25:35-36). Dar a Deus é também dar ao próximo, pois eles são imagem e semelhança dele.

Outra implicação é a liberdade individual dos cristãos em relação à sua consciência e à sua situação financeira. Dar a Deus não significa seguir regras rígidas ou obrigações impostas por líderes ou tradições religiosas, mas seguir o Espírito Santo e o seu próprio coração. Como disse Paulo: "Cada um faça como já resolveu em seu coração, sem pesar nem constrangimento; pois Deus ama quem dá com alegria" (2 Coríntios 9:7). Dar a Deus é também dar a si mesmo, pois ele nos fez livres e responsáveis.

Em conclusão, dar a Deus é um princípio financeiro fundamental que pode ser analisado de diferentes perspectivas. Há argumentos bíblicos, lógicos e racionais a favor e contra essa prática. Há também implicações éticas e sociais que devem ser consideradas. O importante é que cada cristão tenha uma visão equilibrada e coerente sobre esse assunto, respeitando a sua ideologia e a dos outros. Como disse Agostinho: "Ama a Deus e faz o que quiseres".