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sábado, 28 de fevereiro de 2015

ALUNO PAGA AO PROFESSOR OU PROFESSOR PAGA AO ALUNO? (Não é o empregador quem paga os salários, mas o cliente." — Henry Ford)


Crônica

ALUNO PAGA AO PROFESSOR OU PROFESSOR PAGA AO ALUNO? (Não é o empregador quem paga os salários, mas o cliente." — Henry Ford)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Em  uma aula expositiva para o Ensino Médio, não daquelas normais, mas nesta, pediram-me desaforadamente; por isto, recusei-me a repetir a explicação a umas alunas, estando elas conversando paralelamente e, com o fone auricular em uso audível a distância, nem me ouviam. Foi aí, quando uma delas, ousadamente, a mim, levantou a voz, como quem quisesse me obrigar, alegando pagadora de meu salário por ser servidor público. Pedi maiores explicações, e ela repetiu o velho discurso irreflexivo de quem nunca tem um justo juízo: — "uma balinha que compro me é cobrado impostos que formam seu salário, professor." Por isso, veio-me a pergunta: É o aluno pagador do salário do professor ou é o professor bancador do aluno matriculado na escola pública?

           Pois bem, pesquisando alguns sites, esbarrei em um, dizendo que cada aluno da rede pública, em 2020, custa R$ 3.643,16. (https://convivaeducacao.org.br/fique_atento/2060#:~:text=O%20texto%20foi%20publicado%20no,de%20R%24%203.643%2C16.) — acessado em 08/07/2020. O que achei pouco, mas...

           Agora, também em 2020, foi melhorado o valor do Bolsa Família, que se faz merecedor somente quem é frequente à escola, o que elevou consideravelmente o investimento por aluno. (https://noticiasconcursos.com.br/direitos-trabalhador/renda-brasil-vai-substituir-bolsa-familia-com-valor-de-ate-r-300-veja-quem-pode/#:~:text=o%20Seguro%20Defeso.-,O%20novo%20programa%20do%20Governo%2C%20a%20ser%20lan%C3%A7ado%20pelo%20presidente,e%20R%24%20205%2C00.) — acessado em 08/07/2020.

           Analisando assim e comparando com a produção do aluno, então ele sai devendo ao estado. Eu sim, pago-o com meus impostos! Os professores pagam, sim, para tolerar as afrontas deles, também. Sem falar de outras coisinhas compradas, em função do trabalho,  que não se pode abater no Imposto de Renda.

          Porém, quem paga, de fato, aos professores da rede pública? E se são os alunos pagadores do salário dos professores, então são também péssimos patrões, pois jamais querem produção necessária. Se não sei, de fato, quem nos paga, muito menos sei quem paga aos que cortam nosso ponto, quando faltamos ao trabalho, por uma dor de cabeça que nem precisou ir ao médico pegar atestado contendo CID, desconforto que, temos certeza, com um simples repouso, resolve. Só sei que quem quer que seja, este patrão de forma alguma está interessado em qualidade. vivem denunciando as mudanças vindas das instância superiores. Há quanto tempo não faço um curso de aperfeiçoamento que não custou do meu bolso! Isso é se quero fazer frente à concorrência. Querer motivar o professor ao aperfeiçoamento oferecendo um suborno de duzentos reais mensais (sismédio) realmente fica mais barato do que pagar um bom curso, dirigido por doutores, para cada um devolver significativamente com esforço qualificado no trabalho de educador, fazendo jus à dignidade. 

           Se os alunos soubessem o valor objetivo e subjetivo de uma aula, talvez seriam mais respeitosos e compromissados. Os coordenadores estão muitíssimos preocupados em fazer leis e normas rígidas para manter os alunos em sala de aula, mas esse esforço em elaborar estratégias é só uma evidência da desvalorização real do produto vendido pelo professor. Comprar aula é a solução! Privatizar a educação, também! E tanto faz, se a escola não se valorizar. Por que ela estaria mais interessada que os alunos estudem do eles mesmos deveriam estar?
             
Klawdessy Ferreira

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Enviado por Klawdessy Ferreira em 21/02/2015
Reeditado em 27/02/2015
Código do texto: T5144910
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domingo, 15 de fevereiro de 2015

SEQUÊNCIA DIDÁTICA ("O PROFESSOR QUE NÃO COMPREENDE A DIDÁTICA E NÃO SABE FILOSOFAR, SOFRE." — J.A. SINTRA)


SEQUÊNCIA DIDÁTICA (Aula moldada, a panaceia da educação)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Era uma vez, num lugar não tão distante, uma sala de aula. A palavra "aula", de origem latina, significava originalmente "sala onde ficam os estudantes durante as lições". Mas, como todas as coisas neste mundo em constante mudança, o significado da palavra "aula" também evoluiu. Hoje, ela representa o ato de ensinar, o momento em que a lição é transmitida ao aluno, seja pessoalmente ou, mais recentemente, através da internet.

Lembro-me claramente de uma aula em particular. O professor, um homem de vasto conhecimento, dominava o tema proposto como ninguém. Ele tinha a habilidade de abordar o conteúdo de todos os lados, em todas as direções, tornando-o líquido para preencher os recipientes de nossas mentes. E, ao contrário do que alguns podem pensar, dominar o conteúdo não significa dominar o aluno. A verdadeira maestria está em permitir que o conteúdo flua livremente, adaptando-se à forma única de cada recipiente.

Friedrich Nietzsche, um filósofo alemão, uma vez disse: "Aquele que quer aprender a voar um dia precisa primeiro aprender a ficar de pé, caminhar, correr, escalar e dançar; ninguém consegue voar só aprendendo voo." Essas palavras ressoam em minha mente sempre que penso na arte de ensinar e aprender. A sequência didática, como é chamada, não está na postura do professor, mas sim na postura do aluno. O aluno deve dizer, ou o professor deve perceber, como ele quer aprender, ou consegue aprender.

A escola propõe o conteúdo, e o aluno molda a metodologia, como quem tem resistência ao azedo e põe açúcar para facilitar a beberagem. Não será o professor quem irá tomar a bebida amarga, é o aluno, portanto deve ser à seu gosto. Digo amarga metaforicamente, porque estudar é uma forma de trabalho árduo.

Nenhuma metodologia milagrosa imposta vai salvar um ministrador de aula, o qual não pode esmiuçar e debulhar o conteúdo a ser ensinado. O educar para a vida é seguir a metodologia da vida: "A vida é uma sequência de encontros inéditos com o mundo, e portanto ela não se deixa traduzir em fórmulas de nenhuma espécie" — Clóvis de Barros Filho.

Todavia, nas escolas em que trabalho, os murais estão cheios de anúncios de professor substituto para qualquer disciplina, como se qualquer graduado com uma Sequência Didática em mãos fosse o suficiente. Pois é, eu exclamo como já exclamou o competentíssimo professor Bruno Rodrigo: "Que pena, a sala-de-aula já não é mais um santuário." É isso aí, amigo, mas não me pergunte quem sujou o santuário. Nenhum vestibular ou concurso vai requerer dos concorrentes o "como" eles aprenderam, porém o "quê" eles aprenderam. Quanto dura a felicidade de quem recebeu, por presente, um tijolo embrulhado com papel colorido?

E assim, encerro minha crônica, refletindo sobre os acontecimentos que vivi e transmitindo uma mensagem impactante aos leitores. Afinal, a vida é uma constante aprendizagem e, por vezes, somos todos um pouco "miseráveis".