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quinta-feira, 30 de julho de 2009

PROFESSOR - UMA ESPÉCIE EM EXTINÇÃO - Por Veronica Dutenkefer

PROFESSOR – UMAESPÉCIE EM EXTINÇÃO 


 Por Veronica Dutenkefer (20/06/2009)
Esse texto que escrevo precisamente agora é mais um desabafo.
Desabafo de uma profissional que está lecionando há mais de 22 anos e que não sabe se sobreviverá por mais dez anos,  que é o tempo que ainda precisarei trabalhar (por mais que ame muito o que faz).
Trago comigo muitas perguntas que não querem calar. E talvez a mais inquietante é: O que será necessário acontecer para se fazer uma reforma educacional neste país????
Constantemente ouço ou leio reportagens com as autoridades educacionais proclamarem a má formação de seus professores. Culpando as universidades, a falta de cursos de formação e culpando-nos evidentemente.
Se a educação neste país não vai bem só existe um culpado: o professor.
E aí vem meus questionamentos:
Como um professor de escola pública pode fazer o seu trabalho se ele precisa ficar constantemente parando sua aula para separar a briga entre os alunos, socorrer seu aluno que foi ferido por outro aluno, planejar várias aulas para se trabalhar os bons hábitos na tentativa vã de se formar cidadãos mais conscientes e de melhor caráter?
Nos cursos de formação nos é passado constantemente a recusa de um programa tradicional e conteudista, mas nossas avaliações de desempenho das escolas, nossos vestibulares e concursos públicos ainda são tradicionais e  nos cobra o conteúdo de cada disciplina.
Como pode num país.....num estado...num município haver regras tão diferentes entre a rede particular e pública?
Na rede particular as escolas continuam conteudistas, há a seriação com reprovação, a escola pode suspender ou até mesmo expulsar um aluno que não esteja respeitando as regras daquela instituição.
A rede pública vive mudando o enfoque pedagógico (de acordo com o partido que ganhou as eleições), é cobrado cada vez menos do aluno, não se pode fazer absolutamente nada com um aluno indisciplinado que até mesmo coloca em risco a segurança de outros alunos e funcionários daquela instituição.
Dia a dia....minuto a minuto... os professores são alvos de agressões verbais e até mesmo física pelos alunos. A cada dia somos submetidos a níveis de stress insuportáveis para um ser humano.
Temos que dar conta do conteúdo a ser ensinado + sermos responsáveis pela segurança física de nossos alunos + sermos médicos + enfermeiros + psicólogos + assistentes sociais + dentistas + psiquiatras + mãe + pai ......
E quando ameaçados de morte e recorremos a uma delegacia pra fazer um boletim de ocorrência ouvimos: “Isto não vai adiantar nada!”
Meus bons alunos presenciam o mal aluno fazendo tudo o que não pode ser feito e não acontecendo nada com ele. É o exemplo da impunidade desde a infância.
Meus bons alunos presenciam que o aluno que não fez absolutamente nada durante o ano, passou de ano como ele, que se esforçou e foi responsável.
Houve um ano que eu tinha um aluno que era muito bom. E ele começou a faltar muito e ir mal na escola. Os colegas diziam que ele ficava empinando pipa ao invés de ir pra escola. Um dia, tive uma conversa com ele, e perguntei o que estava acontecendo? E ele me disse: “Prá que eu vou vir prá escola se eu vou passar de ano mesmo assim?”
Então eu procurei aconselhar (como faço com meus alunos até hoje) que ele devia freqüentar a escola, não para tirar notas boas nas provas ou passar de ano. Ele deveria vir a escola para aumentar seu conhecimento que é o único bem que ninguém poderá roubar.Que a escola iria ajudá-lo a aprender e trocar conhecimentos com os outros e ajudá-lo a dar uma melhor formação na vida..
Depois dessa conversa ele não faltou mais tanto....mas nunca mais voltou a ser o excelente aluno que era.
Qual a motivação de ser bom aluno hoje em dia?
Seus ídolos são jogadores de futebol que não falam o português corretamente e que não hesitam em agredir seus colegas jogadores e até mesmo os árbitros. Ensinando que não é necessário haver respeito as autoridades e aos outros.
Ou são dançarinas que mostram seu corpo rebolando na televisão e pousando nuas para ganhar dinheiro.
 Para quê eu me matar de estudar se há tantas profissões que não são valorizados e nem respeitadas? ??
Conheci (e ainda conheço e convivo) ao longo de minha carreira na escola pública, inúmeros profissionais maravilhosos. Pessoas que amam a sua profissão, que se preocupam com seus alunos, que fazem trabalhos excepcionais. Que possuem um conhecimento e formação excelentes, mas que estão desgastados e quase arrasados diante da atual situação educacional.
Li a poucos dias num artigo que os cursos de filosofia, matemática, química, biologia e outros todos ligados a área de magistério não estão tendo procura nas universidades.
Lógico!!!!!Quem é que quer ser professor??? ??????
Quem é que quer entrar numa carreira que está sendo extinta, não só pela total desvalorização e respeito, mas também pela falta de segurança que estamos enfrentando nas escolas.
Fiquei indignada com uma reportagem na TV (que aliás adora fazer reportagens sensacionalistas colocando o professor sempre como vilão da história) em que relatava que numa escola um aluno ameaçava os outros com um revólver e num determinado momento o repórter perguntou:”Onde estava oprofessor que não viu isso??!!”
E agora eu pergunto: “O que se espera de umprofessor (ou de qualquer ser humano), que se faça com uma arma apontada pra você ou pra outro ser humano??? Ah...já sei...o professor deveria enfrentar as balas do revólver!!!! Claro!!! As universidades e os cursos de aperfeiçoamento de professores não estão nos ensinando isso..
Vocês tem conhecimento de como os professores de nosso país estão adoecendo??? ?
Vocês sabem o que é enfrentar o stress que a violência moral e física tem nos submetido dia a dia?
Você sabe o que é ouvir de um pai frases assim:
“Meu filho mentiu, mas ele é apenas uma criança!”
“Eu não sei mais o que fazer com o meu filho!”
“Você está passando muita lição para meu filho, e ele é apenas uma criança!”
“Ele agrediu o coleguinha, mas não foi ele quem começou.”
“Meu filho destruiu a escola, mas não fez isso sozinho!”
Classes super lotadas, falta de material pedagógico, espaço físico destruído, violência, desperdício de merenda, desperdício de material escolar que eles recebem e, muitas vezes, não valorizam (afinal eles não precisam fazer absolutamente nada para merecê-los), brigas por causa do “Leve-leite” (o aluno não pode faltar muito, não por que isso prejudica sua aprendizagem, mas porque senão ele não leva o leite.)
Regras educacionais dissonantes de acordo com a classe social dos alunos.
Impunidade.
Mas a educação não vai bem, por causa doprofessor..
Encerro esse desabafo com essa pergunta que li a poucos dias:
Essa pergunta foi a vencedora em um congresso sobre vida sustentável.
"Todo mundo  'pensando' em deixar um planeta melhor para nossos  filhos...  Quando é que 'pensarão' em deixar filhos melhores para o nosso planeta?"
O BOM NESTE PAÍS É SER POLITICO. APOSENTA-SE COM 8 ANOS DE "TRABALHO(?) ".

domingo, 5 de julho de 2009

Sábado Letivo ou Letal? (TCE – “Tecido Com Escórias”)

Crônica

Sábado Letivo ou Letal? (TCE – “Tecido Com Escórias”)

domingo, 5 de julho de 2009
Por Claudeci Ferreira de Andrade

     Legitima-se e justifica-se o sábado como dia letivo apenas porque se discute em grupo qualquer assunto da escola? Qual aluno frequentaria uma reunião dessas, num sábado, para torná-la  legalmente letiva, sem lhe dar muitos pontinhos na nota? Porém, os professores não ganham nada a mais! Chamam-na de parada pedagógica, outros preferem, de TCE (trabalho coletivo escolar). Contudo, chamem-na do que quiserem; não passa de uma confluência para fazer faxina nas dependências da unidade escolar; quando não, para dar atenção às diferenças pessoais e se acrescentam alguns informes locais, que nem precisavam ser transmitidos lá. Muitos preferem chamá-la, por isso, de “lavação de roupa suja”. Eu gostaria que o sábado fosse o dia de descanso, como diz a Bíblia Sagrada: “Lembra-te do dia de sábado para santificá-lo. Trabalharás durante seis dias, e farás todas as tuas obras. O sétimo dia, porém, é o sábado de Iahweh, teu Deus. Não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu animal, nem o estrangeiro que está nas tuas portas. Porque em seis dias Iahweh fez o céu, a terra, o mar e tudo o que eles contêm, mas repousou no sétimo dia: por isso Iahweh abençoou o dia de sábado e o santificou.” (Ex. 20:8-11 BJ). Como se fazia melhor educação com 180 dias letivos no ano e 5 aulas de 45 minutos por período sem profanar o Dia do Senhor!

     Muitos educadores detestam este fardo: ter que ir à escola no dia de sábado, e a choradeira aumenta quando, faltando, o ponto é cortado, tiram do seu mísero salário! Mas, para evitar esse transtorno, quem precisa faltar contrata até substituto para assegurar sua presença mesmo a distância. Que contribuição daria um professor substituto para o enriquecimento dos temas tratados ali, se ele está completamente descontextualizado? Outros vão a fim de ser aceitos e amados. Esforçam-se em dar significativas contribuições para que seus chefes fiquem contentes. Sentem que devem ser engraçados ou de boa aparência a fim de que sejam reconhecidos. Sabem que seu diretor aprecia se tiver bom comportamento na reunião. Mas, e as ferramentas que precisam ser amoladas para o trabalho produtivo e eficiente da sala de aula nos dias "úteis"? O problema se avoluma quando, após um encontro desses, refletimos e nos deparamos com a triste realidade que uma manhã toda de “trabalhos” não nos acrescentou nada profissionalmente, apenas se foi a vitalidade intelectual! É como já disse Luís de Camões: "O fraco rei faz fraca a forte gente".
     De alguns anos para cá, tenho chegado à crua conclusão de que em vez de tentarmos manter só a aparência, que é inútil, quando contemplamos as reais necessidades da educação pública, deveríamos crescer de fato, procurando o conhecimento casado com a experiência que gera qualidade. Esse tal sábado letivo mina o pouco tempo que o professor tem para estudar e se revigorar! Penso que haveria muito menos professores e funcionários da educação desanimados se tivessem essa coerência. É isto que direciona a educação para a vida: importar-se mais com a quantidade  que com  a qualidade?
         Dessas reuniões pedagógicas só o coordenador sai feliz, de alma lavada, ninguém mais! E se não comparecer ao tal TCE, o ofício circular da Secretaria de Educação, nº 012/2010 - Gegeder/Codesal diz o que vai acontecer: "5. O servidor que faltar ao trabalho coletivo sem justa causa, terá perda de vencimentos referente a 5 (cinco) horas-aula para o professor, 5 horas relógio para o técnico administrativo educacional." Que Deus tenha misericórdia de nós!
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 20/08/2009
Código do texto: T1765070


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