"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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sábado, 25 de agosto de 2018

PERDOAR NUNCA, ESQUECER JAMAIS ("Se um pedido de desculpas tivesse o poder de absolver todos os transgressores jamais em minha vida perdoaria a quem perdoa." — David Saleeby)



Crônica

PERDOAR NUNCA, ESQUECER JAMAIS ("Se um pedido de desculpas tivesse o poder de absolver todos os transgressores jamais em minha vida perdoaria a quem perdoa." — David Saleeby)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Caminhando pela estrada sinuosa da vida, carrego comigo as palavras de Ana Carolina: “E quando eu finjo que esqueço, eu não esqueci nada.” Como professor, sinto uma raiva crônica daqueles que me prejudicaram, me perseguiram e me maltrataram. Nunca planejei vingança, pois acredito que não vingar é uma forma de matá-los de desprezo, sou confiante na lei do retorno. Porque, perdoar é se permitir ser enganado e ofendido novamente, até setenta vezes sete é muita ingenuidade. 

           Lembro-me de uma mãe que foi me denunciar à diretora, porque me viu tomando uma cerveja zero álcool a caminho da escola. Não sei se ela gosta muito de mim querendo me purificar ou me sujar mais ainda dificultando meu trabalho. Ela não sabia que esse tipo de bebida não faz mal, estudou pouco; é alimento, ou ela queria apenas se mostrar superior, prejudicando também minha reputação. Então, potencializada com o apoio da diretora e coordenadora, fui punido, e isso consta na escola em uma ata assinada por mim, sobre essa repressão.

           Neste parágrafo meu foco é essa mãe denunciante visto que foi minha aluna na EJA e trabalhava no mercadinho em que comprei a latinha. Colhi essa malquerença por não ensiná-la bem, ela não queria aprender, apenas dizer que tinha amigas formadas. Agora, mesmo querendo perdoá-la, é mais forte minha promessa de jamais esquecer suas ofensas. Estou tentando lhe compreender. Estou até disposto a protelar o máximo possível meu julgamento, fingirei meus lamentos por não ter lhe ensinado nada significativo para a sua vida, pois a maioria dos alunos da EJA só quer diploma. E semana após semana torno a pensar nela com uma maldição pronta nos lábios.

           Mas, neste final de semana natalino, quero por um momento, esquecer-lhe como representante de todos os meus problemas, ser um pouco mais otimista e me inspirar no nascimento do Messias. Sei que todos esperam atitudes firmes, independentes e assertivas de mim como professor, mas prefiro parecer fraco. “O contrário do amor não é o ódio, e sim a indiferença. Quem “odeia” está mais envolvido do que supõe…” (Martha Medeiros). Sim, muito envolvido por não querer lhe esquecer pelo que sofri.

           Termino esta crônica com as benditas palavras de Simone de Beauvoir: “Não se pode escrever nada com indiferença.” E assim, caminho pela estrada da vida, carregando as lições aprendidas com ódio, as feridas abertas e pouca esperança de um amanhã melhor. Porque no final, somos todos professores e alunos na escola da vida.

Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 11/03/2017
Reeditado em 25/08/2018
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Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

sábado, 18 de agosto de 2018

A Jornada de um Professor em Busca de Sentido ("Quando se percebe que tudo é uma piada, ser O Comediante é a única coisa que faz sentido." — Eduard Blake, o Comediante em Watchmen)



Texto

A Jornada de um Professor em Busca de Sentido ("Quando se percebe que tudo é uma piada, ser O Comediante é a única coisa que faz sentido." — Eduard Blake, o Comediante em Watchmen)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Era uma vez, um professor que, cansado de ser desrespeitado, aprendeu a desrespeitar. Ele se tornou politicamente correto, valorizando nos outros o que não fazia sentido. Ele seguia todas as inovações ditadas por técnicos da secretaria da Educação em busca do bônus. Sua consciência já não doía mais. Ele se sentia comprado por preço de banana. Os alunos também se venderam pelo lanche e notas boas: nisso eram iguais.

Os que o mantinham o obrigavam a fazer coisas sem sentido, então agora ele era sem sentido. Talvez fosse sem sentido, ele desejar que você o amasse, sabendo que ninguém é sempre digno de amor verdadeiro. O que fazia sentido não dignificava tanto. Por que ele haveria de confiar em alguém que queria tirar vantagem sobre ele? Ele sabia que não existia justiça na guerra, todavia ela era o celeiro da paz. Isso também não fazia sentido. Greve de professor também não fazia sentido, ninguém tinha prejuízo, depois repunha. O imbecil sempre foi ele perseguindo a coerência. “A coerência é a virtude dos imbecis.”(Oscar Wilde)

Não fazia sentido prova de recuperação a alunos que desperdiçaram as oportunidades normais de seu curso! O aluno com média mínima para passar era dispensado da tal recuperação, podendo ostentar um histórico medíocre, enquanto o aluno aproveitador das chances exageradas do sistema educacional apresentaria notas mais altas no final de Ensino médio. Essas e outras injustiças aos bons alunos não passariam impunes, e o sistema teria de mentir duas vezes para sustentar a primeira mentira. Ainda havia quem chamasse essa improdutividade de critérios! E não passava de uma explosão em cadeia, enfeitando os retestes sobre o que só se parecia inovação. Sobretudo o amassar barro não levava a nenhum lugar.

Aí, ensinou-lhe Harvey Specter: “Ajuste sua estratégia com base na observação das reações emocionais das pessoas.” Agora parecia que tudo já fazia sentido, ver os clientes felizes era o que importava, mesmo que fossem os viciados em atenção, fazendo uma gracinha para lhe arrancar o último fio de esperança sem que ele percebesse. Se eles estavam felizes, ele continuava preenchendo diários de classe eletrônicos, planilhas e relatórios justificando-os como quem costura um remendo novo em uma roupa velha. Voltar ao passado também não fazia sentido. O que se abandonava não servia mais. Que se fizesse no sistema educacional somente o que fazia sentido.

Ele queria fazer sentido para a comunidade, pois procurava ver que sua atividade não era somente uma fonte de renda, mas que também contribuía para a sociedade em que vivia. Ele podia até ser um professor, mas estava disseminando um conjunto de coisas que faziam o mundo ser o que era. Ele sabia que tinha importância sim. E digam o que quisessem, ele não se deixaria levar por superficialidade.

Este dia, foi-lhe favorável aos estudos e nas relações com superiores, então ele estava aproveitando bem. Ser metamorfoseado lhe interessava muito. “O mundo está aos meus pés e as coisas fora do meu alcance.” (Wesley DAmico). Se eliminarem a coerência, os eventos passam a fazer sentido! Isso valia para as entidades tradicionais: família, igreja e escola.

E assim, ele continuou sua jornada, um professor em busca de sentido, navegando pelas águas turbulentas da educação, lutando contra a corrente, mas sempre com a esperança de que, no final, tudo faria sentido. Porque, no final das contas, o que realmente importa não é o destino, mas a jornada. E a jornada de um professor é sempre cheia de desafios, mas também de recompensas inestimáveis. Porque, no final das contas, o que realmente importa é a diferença que fazemos na vida dos outros. E isso, meus amigos, faz todo o sentido do mundo.

Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 10/03/2017
Reeditado em 18/08/2018
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sábado, 11 de agosto de 2018

ESTADO DE APOSENTADORIA ("Quero conhecer o mundo expansivo que há dentro de mim." — Lorrana Guimarães)



Crônica

ESTADO DE APOSENTADORIA ("Quero conhecer o mundo expansivo que há dentro de mim." — Lorrana Guimarães)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Hoje, acordei com uma energia diferente. Como diria Arthur Schopenhauer, “O extrovertido é o ser que não suporta o tédio de ficar consigo mesmo”. Decidi, então, alimentar meu blog e atualizar minha conta do Facebook. Afinal, quem não arrisca, não petisca, certo?

            No entanto, uma inquietação me assaltou. Será que estava me expondo demais? A internet é um palco aberto e todos têm direito à fala. Mas, como Valter Marinho bem colocou, “Se você for comunicativo e educado você pode até não ter nada, porém você tem tudo!”.

           A cada semana, tento seguir o conselho de Rosângela Aparecida Ribeiro: “Seja afável com aqueles que precisam de seu afago, você vai ver que a recíproca será dobrada”. Mas, como equilibrar isso com a sabedoria de Benjamin Franklin, que diz: “Seja cortês com todos, sociável com muitos, íntimo de poucos, amigo de um e inimigo de nenhum”?

           Nesse momento de reflexão, percebi que estava me tornando mais flexível para os prazeres da vida e atividades sociais. Estava pronto para enfrentar o novo começo… Não queria receber fluidos ruins; nesta fase, queria ter apenas coisas boas, planejadas e grandes.

            Decidi, então, abrir-me para as pessoas que se aproximavam, afinal, como disse Mestre Arievlis: “Ser carismático é influenciar pessoas e ambientes onde estão de uma forma natural e agradável. Carisma não é uma conquista, é um talento, você nasce ou não assim”. Queria novos amigos, minha vida andava meio monótona. A união de novos esforços sempre traz prosperidade e alegria…

            E assim, encerro essa crônica, lembrando as palavras de Janes Fidélis Tomelin: “Na Luta, na Labuta, na Tributa; Ligeiro, lépido e fagueiro.” Que venha a próxima temporada!

Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 08/03/2017
Reeditado em 11/08/2018
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sábado, 4 de agosto de 2018

ATOR SOCIAL ("A 'Aparência' costuma bailar entre a verossimilhança e a fidedignidade. Certifique-se!" — Marcelo Mainardi Martinuzzi)



Crônica

ATOR SOCIAL ("A 'Aparência' costuma bailar entre a verossimilhança e a fidedignidade. Certifique-se!" — Marcelo Mainardi Martinuzzi)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

            Eu sempre achei que a verdade é uma questão de perspectiva. Cada um tem a sua, moldada pelo seu egoísmo, seus medos, seus desejos. Por isso, quando vejo alguém pintando a cara, sei que ele está se revelando, sem máscaras, sem filtros. E quando vejo alguém se escondendo na escuridão, sei que ele está se protegendo, sem coragem, sem confiança.

            Eu não sou diferente. Eu também tenho a minha verdade, a minha versão dos fatos, a minha forma de ver o mundo. E eu também tenho medo de me expor, de me mostrar, de me arriscar. Mas, eu também tenho vontade de viver, de falar, de ser salvo. De ser louco, como dizia Kerouac, de queimar como uma vela amarela, de explodir como uma aranha.

            Por isso, às vezes, eu tomo decisões importantes, que mudam a minha vida, que me fazem crescer, que me fazem sofrer. Decisões que me obrigam a olhar para os fatos, para a realidade, para a razão. Decisões que me fazem deixar de lado o sentimentalismo, o drama, o vulgar. Decisões que me fazem buscar a dignidade, a competência, a leitura.

            Mas, eu não sei se essas decisões são as certas, se elas me levam para onde eu quero ir, se elas me fazem feliz. Eu só sei que elas são as minhas, e que elas refletem a minha verdade. E eu só posso compartilhar essa verdade com você, sem esperar que você concorde, sem esperar que você me entenda, sem esperar que você me aconselhe. Eu só posso oferecer a minha verdade, em troca da sua. E quem sabe, assim, nós possamos nos aproximar, nos conhecer, nos respeitar. Quem sabe, assim, nós possamos ser mais humanos.

Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 04/03/2017

Reeditado em 04/08/2018
Código do texto: T5930131 
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