"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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sábado, 22 de fevereiro de 2014

MEU AMARELO TABLET (A)DOTADO ("'Presente de Grego você ganha sempre de um aproveitador, Hoje você ganha e depois você paga por ele!!!" (Marcos Dantas)

           

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Nunca gostei de emprestar nada de ninguém, parece-me que não consigo devolver o que é dos outros intactamente. Por força do destino, as coisas dos outros se sentem roubadas e choram por seus donos, sempre se desmantelam em mãos alheias! Ainda, maior tolice é locar algo que não se está precisando ou só porque alguém acha que você precisa. Agora, ridículo mesmo é a situação de depositário de uma tralha desatualizada que você vai usar para fingir que é tecnologicamente inserido no contexto atual. Refiro-me à alegria dos professores estatutários do estado ao assinar um contrato de uso de um tablet CCE de fabricação 2011, com um sistema operacional Android 4.0, visto que qualquer telemóvel de hoje opera com o Android 8.0 e outros até com Windows phone 10. Já me vejo num tremendo paradoxo, na frente de meus alunos, fazendo a chamada com meu tablet amarelo e brigando com eles para guardarem os seus celulares, porque o regimento os proíbe.
           Dos professores de contrato temporário é requerido o mesmo desempenho e eficiência dos efetivos, mas não lhes foi permitido o empréstimo do equipamento didático, terão que acompanhar a "evolução" com seus próprios recursos. Qual não foi a decepção do professor Bruno, Contratado para algumas aulas que sobraram, então comentou comigo que se sentiu acachapado pelo assédio moral e diminuído entre os colegas de mesmo nível de formação. Mas, querendo ou não, tem que agradar a diretora para manter-se no contrato!
          Bem, depois de ler vários comentários de professores que já receberam o tal benefício do governo ("presente de grego para gerar voto"), nas redes sociais, cansaram-me as insatisfações com aquele equipamento didático, que duvido ser realmente útil para o crescimento da educação púbica. 
           E o diário de classe eletrônico tem que ser viabilizado. Eu queria saber como as coordenadoras pedagógicas controlarão o trabalho dos professores através do novo diário. Será que devo deixar de nomeá-lo de "o Mentirário"? Certamente o vivenciarei não isento das muitas lacunas que a verdade não preenche!!! Não seria o tablet que deveria fazer um cursinho, para aprender driblar os bons princípios e realizar as atividades falseadas da escola sem travar?! Será um grande desafio ensinar essas coisas para ele. [meu tablet: filho (a)dotado]!
           Se pagam bem os professores, eles compram uma boa ferramenta de trabalho. É como disse Aldo Fernandes:  "Professores bem remunerados têm acesso a bens culturais amplos, cinemas, teatros, tecnologias, etc." E o governador foi reeleito!


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sábado, 15 de fevereiro de 2014

O TRANSTORNO DOS ÍNDICES EDUCADOS ("Os mais falsos argumentos podem mostrar um ódio correto. Karl Kraus)


         
Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Para a pré-modulação do ano vindouro, tiraram-me das aulas de Língua Portuguesa nos terceiros anos do Ensino Médio matutino! Nesse momento de reajuste, disse-me a diretora sobre a Secretaria de Educação ter decretado critérios rígidos contra os professores relapsos: faltosos, sem boas recomendações de coordenadores e de alunos (Nada adianta não ser faltoso se sou relapso e sem recomendações!). Agora, apenas me conforto na certeza que ela jamais me conhece verdadeiramente em sala de aula! Qual não foi a surpresa de todos do colégio ao receber os índices, do aproveitamento do alunado em Língua Portuguesa, do ano letivo findo. Foi o melhor já alcançado, pelo colégio, desde sua fundação!  
           Meu signo diz que tenho um valor inestimável e mereço todos os aplausos. E devo deixar as pessoas fazerem isso no momento certo e sem exigir delas reconhecimento quando eu quiser. E me diz mais: antes de receber elogios e atenções é importante meus merecimentos, mediante minhas considerações. Então, quero confessar, limpando sua consciência: foi certo o que fizeram comigo! As notas do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) deverão subir sim, garantido nosso emprego à vista de todos, fazendo nosso humilde e penoso trabalho! Nossa sorte é esta: a nova professora de Português, minha possível substituta nem aceitou as aulas, suspeitou não fazer melhor, então continuei, colhendo as honrarias pela boa plantação ao longo do ano sem a conspiração perceber. Inculpáveis são os alunos; eles nunca trazem os livros ganhados à sala; não participam atenciosamente nas aulas; devolvem a folha de redação das provas diagnósticas do governo em branco, coitados! De jeito nenhum foram motivados para levarem a sério os seus estudos. Com certeza, a culpa dos baixos índices é mesmo do professor!!! Aliás, toda culpa é do professor mesmo quando também acerta!
           A Jerusalém abençoada que matava seus profetas ficou sem nenhum!  Será por que os cursos de licenciaturas estão vazios? {https://webnoticias.fic.ufg.br/n/80933-salas-vazias-o-drama-dos-cursos-de-licenciatura} (acessado em 28/05/2019).
           Segundo uma pesquisa quantitativa com mil entrevistados por país analisado, o Brasil só fica atrás de Israel na pior valorização do professor. No Brasil, menos 20% dos entrevistados responderam que encorajariam seus filhos a serem professores. Já na Coreia do Sul, a porcentagem é superior a 40%. {http://g1.globo.com/educacao/noticia/2013/10/brasil-e-um-dos-paises-que-menos-respeita-professor-diz-estudo.html}, (acessado em 28/05/2019).            Portanto, vou levar comigo, para o resto de minha vida, a culpa do fracasso da educação pública nas escolas aonde passei, medida por essas provas vindas da Secretaria do Estado de Educação, que os professores da própria unidade escolar aplicam e as corrigem, porém chamam-nas ainda de externas. E condenado juntamente com muitos outros ultrapassados e culpados igualmente, mas, também levarei a certeza da desvalorização dos poucos compromissados!!!!
          Às vezes, ser amigo de todo mundo, pode evitar esse tipo de frustração técnica,  pois ninguém mais pratica os antigos critérios de distribuição das aulas para a modulação do novo ano letivo: era primeiramente por efetividade; depois, formação na área e; se empatassem, a prioridade ficava com quem tinha maior tempo de casa. Porém, não sei por que estou lembrando isso se também quero o progresso do sistema educacional, ainda que o meu querer ultrapassado trilhe por veredas velhas! Vivemos em tempos novos, e por agora é proibido praticar o passado funcionalizável. Na pecuária é assim mesmo, melhor ração aos produtivos, mas também não há quem seja produtivo sem uma boa ração!


O TRANSTORNO DOS ÍNDICES EDUCADOS  https://www.recantodasletras.com.br/cronicas/4560946

sábado, 8 de fevereiro de 2014

PROFESSOR(,) BOM PIA! ("Recuperação é uma masturbação pedagógica." — Reginaldo Ferron)


Crônica

PROFESSOR(,) BOM PIA! ("Recuperação é uma masturbação pedagógica." — Reginaldo Ferron)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

          Atrás de médias altas e boas estatísticas, o sistema criou o tal (PIA) — Período de Intensificação da Aprendizagem! Só lamento pelo fato dele ter nascido morto. Bons eram os tempos idos, quando não se precisava ilusionismo, para disfarçar que ainda se tinha fôlego! Seria bem melhor nomear esta tentativa de: Período de Intensificação do Ensino Retroativo, isto é, uma revisão do que não foi dado e chamaríamos de PIER, podendo ler-se também coerentemente como — Estrutura construída sobre o mar para atracação de embarcações! A última cartada da unidade escolar para ressuscitar os ânimos em direção aos objetivos comuns.
           Tendo em conta as sugestões oferecidas pela secretaria de estado da educação, ficou difícil para a coordenação do colégio viabilizar os critérios de efetivação desse tal PIA, também tendo em conta a heterogeneidade circunstancial da irracionalidade. Ainda mais, quando se expos, em reunião de professores, esse fiasco pedagógico, tentando, em nome da democracia, responsabilizar todo mundo. Horas e horas de debate, no Trabalho Coletivo Escolar (TCE), simplesmente para se perder no meio do caminho, onde começam as mil e uma arenosas bifurcações. Na verdade, ninguém sabia lidar com essa tapeação toda sem ferir os bons princípios: Acrescentava-se a nota do PIA no resultado preliminar do quarto bimestre? Substituía-se a nota do terceiro bimestre? Ou enxertavam-na à nota do semestre? (Como se o professor tivesse poderes para ressuscitar defunto). Qual seria o ponto de corte para intimar o aluno a participar do PIA? O que seria desenvolvido pelos professores durante este período? E já é de se esperar que termine sempre do mesmo jeito, como as outras recuperações! Então "se o sonido da trombeta for incerto os soldados não se levantarão para a guerra".
           Cada unidade escolar tomou um rumo diferente, uma forma diferente de gerir o PIA. E o aluno já reprovado por nota, teria nova chance de obter seu status restaurado e, no final, até portar uma nota melhor que os bons dispensados do PIA!!!
           Tudo isso demanda mais trabalho dos professores para facilitar a vida dos que brincam de estudar o ano todo e que consomem infrutiferamente o dinheiro do governo, investido neles. Enfim, todo movimento desta última pedagogia é no sentido de forçar o professor passar o aluno. Porém, tudo resulta em: mais planos de aula, mais relatórios, mais isso e aquilo, para resultar também em mais números para os índices do governo. Até porque, eu duvido que seja mais crescimento intelectual para o alunado dependente e domesticado da educação pública. E no caso aqui, "aulões" com todo mundo misturado! Que conteúdos serão ministrados nesse curto período de tempo: REMÉDIOS GENÉRICOS? Por fim, é mais simples do que se pensa, o professor que aprovou todos os seus alunos nunca precisou de PIA(r). O PIA acabou, mas deixou seus moldes.
Claudeko Ferreira
Enviado por Claudeko Ferreira em 24/10/2013
Reeditado em 08/02/2014
Código do texto: T4540186
Classificação de conteúdo: seguro

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sábado, 1 de fevereiro de 2014

NESTE CASO, DESCE-SE AULA ("Quem não tem uma mente criativa não é digno de gambiarra." — Adriano S. Rodrigues)



Crônica

NESTE CASO, DESCE-SE AULA ("Quem não tem uma mente criativa não é digno de gambiarra." — Adriano S. Rodrigues)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

          Os alunos normalmente ficam torcendo para que falte um dos professores, e se faltarem uns três é melhor ainda para eles, assim começam a perturbar a coordenadora, pedindo para subir aula. Em um desses momentos corriqueiros, tiveram que ouvir da coordenadora que o professor de Língua Portuguesa não dar conta nem de uma sala, quanto mais vai conseguir dar aula nas duas, ao mesmo tempo! Só não descobri ainda qual foi o intuito deles em me contarem esse infortúnio laboral. Porém, para mim foi ótimo, senão não estava meditando nesta crônica sobre minha incompetência disciplinadora.
           Eu já adotei o que repetidamente falam de mim, assim eles veem o que querem ver, as vozes que clamam devem ser atendidas para que os ecos continuem falando aos seus emissores, num desgaste conscientizador, enchendo o coração de cada um com o prazer do ébrio, talvez! Já pensaram se eu fosse um bom professor nesses aspectos que demanda a atual conjuntura, ou seja, como pede o caos?! Então, eu não poderia escrever, criticando este "moderno" sistema educacional, pois estaria satisfeito, mas escrevo para denunciar a quem quer que seja ou não de direito, eu quero é, de qualquer forma límpida, dizer o que acontece comigo. Vocês querem assim? Assim seja! Contudo, ser diferente não significa necessariamente está errado, lembrando que o novo é sempre um espanto, porém, espanto este que é a razão do despontar filosófico, então, logo virá o desejo da comprovação científica.
           Lidar com a liberdade é sempre complicado, assim como o é para Deus. Ensinar para quem quer aprender é o maior exercício do respeito, mas tentar forçar quem não quer para agradar os "idiotas úteis" é doar-se inutilmente ao atrofiamento. Aqui, um pensamento do filósofo Platão é bem apropriado: "O cansaço físico mesmo que suportado forçosamente, não prejudica o corpo, enquanto o conhecimento imposto à força não pode permanecer na alma por muito tempo."
Claudeko Ferreira
Enviado por Claudeko Ferreira em 11/10/2013
Reeditado em 01/02/2014
Código do texto: T4521493
Classificação de conteúdo: seguro

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