Sentado aqui, com a caneta na mão e o papel à minha frente, reflito sobre a essência da humanidade. Em nossa essência, todos somos iguais — perfeitos em nossa imperfeição, moldados não pelas escolhas que fazemos, mas pelas circunstâncias que nos envolvem.
Deus, em sua onipresença, habita cada um de nós. Não há separação, não há distância. Somos parte Dele, e Ele é parte de nós. A vida, em sua essência, é essa conexão divina. E é justamente por isso que deixei de acreditar na ideia de conversão a Deus. Como poderíamos nos converter àquilo que já somos?
Nenhum homem pode alterar a natureza de seu caráter, pois é a eternidade divina que o compõe. Como poderia Deus remodelar um ser sem descaracterizar outro? Muitos afirmam terem sido convertidos, transformados, mas ainda se deleitam nas sombras do passado. A cadeia não conserta delinquente — apenas dá brilho ao seu comportamento. Como bem observou Paolo Mantegazza: "A escola pode aperfeiçoar o artista, criá-lo, nunca; porque não se melhora senão o que já existe."
As consequências, sim, podem nos fazer mudar de rumo, mas acabamos sempre retornando ao ponto de origem — porque levamos nossa essência para onde quer que vamos. O destino está traçado. Seria um bandido menos bandido se os homens fossem mais homens? Não. Ninguém é menos bandido do que pode ser, nem mais homem do que pode ser. E é por isso que digo: a semântica das orações interrogativas não é como subordinadas condicionais, e sim como coordenadas assindéticas.
Condenamos os outros por atos que, em outras circunstâncias, talvez também cometêssemos. Faltam-nos as mesmas condições: espaço, tempo e modo. Faríamos o mesmo, caso estivéssemos exatamente em seu lugar — ou melhor, se tivéssemos vivido exatamente sua história. E ele, se estivesse no nosso lugar, talvez nos condenasse também. Somos diferentes, sim, mas caminhamos todos em direção ao mesmo fim. Como disse Maquiavel: "toda a ação é designada em termos do fim que procura atingir."
Não pertencemos a nós mesmos — pertencemos ao tempo, empurrados pelas circunstâncias. Deus já interveio, silenciosamente, na manipulação programática do espaço que nos moldou. Por isso, sigo sendo: moldado pelas condições já determinadas — "Modal de Deus." Meu lema é simples: sou, funcionalmente ou não. Em espírito, sou da mesma essência de Deus — imutável. Felicidade é adaptação bem ajustada.
Ainda que se defenda a imutabilidade da essência humana, o discurso perde força quando se desvia do eixo filosófico e mergulha em metáforas abruptas. A transição entre a crítica à conversão e a analogia sintática — "a semântica das orações interrogativas..." — soa hermética, quebrando o fio condutor da reflexão. A crítica ao caráter, que até então fluía com densidade existencial, se dispersa em construções de assimilação difícil. Mas é possível manter o impacto filosófico e o tom provocador com mais clareza, sem recorrer a labirintos gramaticais. Afinal, se o destino é traçado e a essência é divina, a poesia e a crítica bastam para encontrar sentido.
Recomendo aos meus leitores, como um mantra para toda a vida, esta simples máxima: todo comportamento é reação a um estímulo. E desejo-lhes dias cheios de bons e fortes estímulos.
Eduardo Scorth
Quem muda o caráter, muda a consciência.
É essencial manter a essência.
Mesmo com arte, o artificial
Não destrói o brilho do que é natural.
Você tem algo que só Deus explica.
Quanto mais simples, mais bonita fica.
Como foi ontem, que seja amanhã.
Eu nasci seu homem e vou morrer seu fã ♫ — Os Nonatos
ALINHAMENTO CONSTRUTIVO
1. Essência Humana e Determinismo:
a) O autor afirma que "todos nós, em nossa essência, somos iguais. Perfeitos em nossa imperfeição, moldados não por nossas escolhas, mas pelas circunstâncias que nos cercam". Discuta como essa visão determinista da natureza humana se relaciona com a ideia de livre arbítrio e responsabilidade individual.
b) De que forma a crença na onipresença de Deus e na conexão divina influenciam a visão de Scorth sobre a essência humana? Como essa visão se diferencia de outras perspectivas religiosas ou filosóficas sobre a natureza humana?
2. Natureza do Caráter e Conversão:
a) Scorth questiona a possibilidade de conversão a Deus, argumentando que "nenhum homem pode mudar a natureza de seu caráter". Discuta os argumentos do autor e apresente sua própria visão sobre a capacidade de mudança e transformação do ser humano.
b) A citação de Paolo Mantegazza ("A escola pode aperfeiçoar o artista, criá-lo, nunca") é utilizada para ilustrar a ideia de que a essência individual é algo imutável. Você concorda com essa visão? Explique seus argumentos.
3. Destino e Influência das Circunstâncias:
a) O autor sugere que "o destino está traçado" e que nossas escolhas são, em grande parte, determinadas pelas circunstâncias que nos cercam. Como essa visão fatalista se relaciona com a busca por significado e propósito na vida?
b) A citação de Maquiavel ("toda ação é designada em termos do fim que procura atingir") é utilizada para ilustrar a ideia de que nossas ações são sempre motivadas por um objetivo. Você concorda com essa visão? Explique seus argumentos.
4. Condenação e Empatia:
a) Scorth afirma que "se condenamos alguém por um ato qualquer, é porque não nos encontramos no lugar dele". Discuta como a empatia e a compreensão das diferentes realidades podem nos ajudar a evitar julgamentos precipitados.
b) Como podemos cultivar a compaixão e a compreensão em nossas relações interpessoais, reconhecendo a complexa essência de cada indivíduo? Que tipo de ações e atitudes podem contribuir para essa postura?
5. Essência, Felicidade e Estímulos:
a) O autor define a felicidade como "adaptação bem ajustada". Discuta como essa definição se relaciona com a ideia de que a essência humana é imutável e que devemos buscar nos adaptar às circunstâncias.
b) Scorth propõe a seguinte composição como mantra para a vida: "Todo comportamento é reação a um estímulo!". Como essa perspectiva pode nos ajudar a compreender nossas próprias ações e as ações dos outros?
Observações:
Estas são apenas sugestões de questões discursivas. Você pode adaptá-las à realidade da sua turma e aos seus objetivos de ensino.
Incentive seus alunos a desenvolverem respostas críticas e reflexivas, utilizando argumentos e exemplos concretos.
Promova um debate em sala de aula sobre os temas abordados no texto, incentivando a participação de todos os alunos.
Espero que estas sugestões sejam úteis!