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domingo, 26 de abril de 2009

NAS TETAS DA VAQUINHA (É vergonhoso querer aparecer com o chapéu dos outros!)







                             
Crônica

NAS TETAS DA VAQUINHA (É vergonhoso querer aparecer com o chapéu dos outros!)

Claudeci Ferreira de Andrade
          Os aduladores de plantão estão sempre se utilizando de um grande acervo disponível de métodos a serem usados para atrair a atenção para si. E o mais usado na escola é a tal “vaquinha”, ali fazem vaquinha para tudo: comemorar o aniversário da diretora, do colega, do administrativo; comprar café e até papel sulfite. É muito fácil fazer caridade com o chapéu dos outros! Difícil mesmo é encarar as expressões de desapontamento do promotor do evento quando, por uma razão qualquer, não se colabora com o que ele pede.
          Comprar em parceria e rachar o adquirido em partes iguais não é vaquinha. Refiro-me àquela coisa com a qual dez pessoas colaboram, e juntam vinte, para comer o bolo e beber os refrigerantes. Posso lembrar-me da última vez em que fui solicitado a participar com cinco reais para despedida da coordenadora substituta, na sexta-feira, e no início da outra semana de novo, para a recepção da coordenadora titular que voltava da licença. Safei-me usando o chavão: — não tenho dinheiro agora. Também, na hora do evento, decidi não comer nada, estava constrangido com a consciência pesada. Fiquei ainda mais desapontado quando vi, no final, as organizadoras encherem suas sacolinhas de bolo para levarem para casa, pensei no íntimo de minha alma: benefício em dobro, por esse e/ou outros motivos nunca faltará quem promova uma vaquinha! E assim, também, não faltará os "lambe-esporas" com suas troças para humilhar os avessos.
           Aliviei-me depois com muito esforço mental e reflexão, então concluí que ninguém pode me forçar a demonstrar gratidão, por motivos que fui beneficiado e nem me usar para demonstrar a sua, em razão de seus benefícios. A vaquinha chorada me diz que ser grato é para quem pode, não é para quem quer. E a espontaneidade? Além do mais, quem merece as manifestações de gratidão não as exige, e continua sendo amável, mesmo para com os ingratos, porque a bondade não pode depender de condição.
          Li que os funcionários da Escola Estadual Reverendo Jacques Orlando Caminha D'Ávila, no Jardim São Luís, na zona sul, SP, estão fazendo vaquinha para garantir grana extra aos servidores da escola que estão sem o bônus da Educação. http://profcoordenadorpira.blogspot.com/search?q=vaquinha+na+escola) (acessado em 15/01/2013).
          As vaquinhas de lá só parecem ser diferentes, mas... uma espécie de "dízimo". Outros preferem chamá-la de "boizinho", "bodezinho" ou um apelido qualquer, disfarçam a roupagem, mas o princípio é o mesmo: beneficiar os organizadores; forçar, pelas circunstâncias, os colaboradores e fazer graça aos superiores.
          O que ainda não entendi é se quando contribuo para a vaquinha, estou pagando para uma diversão forçada ou se estou pagando para trabalhar em nome da boa convivência! Que a tal vaquinha vá para o brejo e nos deixe em paz.

            Sempre aparece um espertalhão para fazer graça com o chapéu dos outros! Vaquinha é isso dividir a dor da consequência dos que transgrediram com quem não tem nada a ver. E se não contribuir é tachado dos mais horríveis termos de bullying. Lembrando que Deus perdoa, mas não elimina a consequência. Que cada um pague o preço de seu pecado ou pague pela sua projeção! Eu odeio vaquinha, não quero ser trampolim para ninguém. Quando quero ajudar alguém necessitado dou o que posso sem precisar de intermediário.
          Os alunos sempre sabem por que foram dispensados mais cedo das aulas. Já pensaram se o mundo aprendesse o que a escola EXEMPLIFICA!
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 20/06/2009
Código do texto: T1657969

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Comentários

2 comentários:

Escrevendo na Pele disse...

É pra rir ou pra chorar? Eita, eita, eita, que você tá cada vez mais perigoso! Tô invejando você pela coragem de expor essas vaquinhas dessa forma (rsrs) e mais uma vez digo, mestre querido, continue e continue, pois sabemos bem que ninguém tem a força que você demonstra e coloca pra fora. (E num tremendo megafone!!) Você merece mil beijos, sabia?

Anônimo disse...

Seria muito bom se o mundo aprendesse o que a escola ensina assim princípios como gratidão,solidariedade, confiança, confraternização e respeito ao próximo poderiam fazer parte da famosa "cultura brasileira". Além disso, a escola também poderia ensinar que deboche, cinismo e desprezo pelo trabalho da escola e de seus responsáveis, seria falta de ética, e o bom senso ocuparia o lugar do mau caratismo nos veiculos de informação, mesmo naqueles de segunda linha. Infelizmente o veiculo que fomos obrigados a usar pode parecer desprezível aos olhos daqueles que não enxergam coisas positivas em nosso trabalho. Que pena! Não podemos tornar público nossa indignação, mas pelo menos podemos ser solidárias as colegas coordenadoras e organizadoras de eventos escolares e parabenizá-las pelo belo gesto de confraternização e por não desperdiçar as sobras da festa, afinal o lixo é feito para o que não é útil.

Sônia Regina/Vilma Paula