"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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MINHAS PÉROLAS

sábado, 30 de abril de 2022

Coleção 75 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

 


Coleção 75 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

Por Claudeci Andrade

1 O professor, frustrado com a perda de autoridade diante de alunos que confundem igualdade com arrogância, ironiza a máxima de Paulo Freire e vê na indisciplina deles o reflexo de um sistema educacional corrompido pela burocracia e pela inveja; afinal, “o osso é doce”; e poucos aceitam largar o conforto da ignorância para saborear o amargo do verdadeiro saber.

2 Entre o “ENEM” do esforço e o “ah, nem” da distração digital, denuncia-se a superficialidade das leituras inúteis que sufocam a reflexão e empobrecem a alma, lembrando que vale mais ler pouco, mas com profundidade, do que consumir muito sem aprender nada.

3 Em meio a uma juventude que confunde ouro com valor e fertilidade com virtude, denuncia-se a ostentação vazia que esconde a pobreza moral, lembrando que a verdadeira grandeza nasce da sabedoria herdada e da obediência a um pai piedoso; pois só o caráter, e não a aparência, resiste ao tempo e às tentações humanas.

4 Critica-se a rejeição à internet como sintoma de ignorância disfarçada de prudência, afirmando que, em tempos de saber compartilhado, evitar o mundo digital revela não virtude, mas incapacidade; pois quem teme a rede demonstra não dominar nem a tecnologia nem o pensamento que dela emerge.

5 Lamenta-se a domesticação do poder político, defendendo que um verdadeiro líder; como o leão de Maquiavel, deveria ser temido e respeitado, não submisso às formalidades democráticas; pois, onde a autoridade se fragiliza em gestos e justificativas, o mal encontra espaço para reinar sob o disfarce do “jeitinho” nacional.

6 Denuncia-se a arrogância dos que falam mais do que ouvem, vendo na pressa de responder sem compreender a prova maior da ignorância moderna; pois quem escreve sem escutar transforma a palavra em ruído e a comunicação em espelho de sua própria confusão interior.

7 Contrapõe-se o falso professor, movido pelo lucro e pela vaidade, ao verdadeiro mestre, guiado pela justiça e pelo amor ao saber, afirmando que apenas este, fiel à vocação e à elevação do aluno, transforma o amargo do ofício em doçura; enquanto aquele, escravo do aplauso e do salário, cava a própria ruína.

8 Denuncia-se a hipocrisia de uma sociedade que se diz moral e religiosa, mas lucra com o vício e fecha os olhos ao crime, mostrando que a fé, quando serva do interesse, não purifica; pois nem a religião mais fervorosa impediu que o mal florescesse onde o amor deveria reinar.

9 Reflete-se sobre a relatividade da beleza e da pureza, mostrando que a obsessão por limpeza e perfeição revela mais egoísmo que virtude, pois, ao tentar padronizar o belo, a sociedade apaga as diferenças; e, nessa ânsia de parecer limpa e ideal, torna-se paradoxalmente a mais impura das criações.

10 Questionando o culto à limpeza e à aparência, o pensamento usa o porco; nem intrinsecamente feio nem doente, para afirmar que a obsessão higiênica, quando patológica ou prejudicial, vira egoísmo, e que a humanidade, embora possua a mesma "química" do belo, se torna feia ao transformar a estética em medição e padronização, onde a ditadura social do gosto dissolve as diferenças.

11 Reconhece-se que todo caos externo reflete a desordem interior, afirmando que ninguém é vítima do acaso, a solidão, o fracasso e a pobreza são espelhos do próprio caráter, e negar isso com frases de autoajuda é apenas perpetuar a ilusão que impede a verdadeira mudança.

12 Transforma-se o câncer em metáfora de revelação e purificação, vendo na doença o impulso para romper com tudo o que é estagnado ou indiferente; pois, diante da urgência de viver, a neutralidade torna-se cumplicidade, e afastar-se dos passivos é um ato de defesa da própria energia e da saúde do espírito.

13 Denuncia-se a hipocrisia que silencia o debate sobre sexualidade nas escolas, mostrando que, enquanto a mídia educa sem pudor, o professor é censurado por medo e moralismo; e que, sob o domínio do mercado e da fé disfarçada de virtude, o medo substituiu a ética tornando o silêncio a maior forma de conivência.

14 Afirma-se que o inferno, ao punir, humaniza, enquanto a igreja, ao simplificar Deus, O profana; tornando-se o céu dos condenados e o inferno do divino; pois bem e mal se confundem no uso que a razão lhes dá, e apenas o tolo, preso à ignorância, continua com a cabeça no buraco, incapaz de ver a verdade.

15 Sustenta-se que toda imposição moral revela carência e frustração, pois quem dita regras tenta compensar o que lhe falta; por isso, ninguém deve ser modelo para ninguém; afinal, até o conselho gratuito, como o afeto sem desejo, carece de valor quando não nasce da troca justa e consciente.

16 Denuncia-se a moralidade fingida dos fanáticos, que pregam virtude enquanto ocultam o vício, lembrando que a verdadeira imoralidade não está em quem vive com transparência, mas na inveja dos que disfarçam seus desejos sob o manto da fé e da correção.

17 Afirma-se que o saber habita até o inconsciente e se revela na fala, mas que a existência é finita e sem herança: a árvore morre em si mesma, enquanto a semente, autônoma, carrega outro destino; pois nenhum ser gera continuidade, apenas variações efêmeras de uma vida que nunca se repete.

18 Denuncia-se a falsidade profissional disfarçada de atendimento, mostrando que quem não domina o próprio ofício nem assume seu papel trai a função que representa; pois servir sem preparo ou comprometimento é a forma mais comum de não “vestir a camisa” e de fraudar o valor do trabalho.

19 Propõe-se que o excesso de proteção às mulheres, ao invés de equilibrar os gêneros, acabou invertendo seus papéis, enfraquecendo o modelo heteronormativo e revelando a ironia de uma moral que, ao tentar conter o desejo, acabou por reinventá-lo fora dos limites que ela mesma impôs.

20 Ironiza-se a fé hipócrita ao afirmar que um Deus moldado por sentimentos humanos só age conforme a pureza de quem O invoca; e que toda oração nascida do ódio nada cria, pois revela mais o limite do orador do que o poder do divino.

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quinta-feira, 21 de abril de 2022

Coleção 74 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

 

Coleção 74 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

Por Claudeci Andrade

1 Amam uns e devoram outros; assim revelam que a ternura exibida aos cães é apenas o disfarce de uma humanidade seletiva, onde a compaixão virou modinha e o caráter se corrompe no mesmo prato em que se serve a hipocrisia.

2 Se a fé realmente movesse montanhas, não haveria pobres nem doentes; mas como o acaso continua premiando os mesmos bilhetes, resta crer que o milagre é loteria, não devoção.

3 Passar a mão na cabeça do aluno pode ferir tanto quanto o abuso físico; pois ao poupá-lo do rigor, corrompe-se não o corpo, mas o caráter, tornando-o incapaz de crescer com responsabilidade e verdade.

4 Num sistema onde cumprir o dever não basta, o trabalhador descobre que só conquista seus direitos lutando por eles; como quem saqueia o que lhe pertence, pagando com desgaste e incerteza o preço da justiça que lhe foi negada.

5 Não sou eu quem morre, mas o outro que se apaga de minha percepção; eu persisto nas lembranças que deixo, enquanto só Deus, que domina o nada, existe sem precisar ser lembrado.

6 O “Efeito Ema” é o autoengano de quem, ao pintar o mundo com as cores dos próprios óculos, acredita que todos enxergam o mesmo tom; e, iludido por essa miragem, fala com a segurança de quem confunde fantasia com realidade.

7 A rebeldia juvenil nasce da infância roubada; é o protesto tardio de quem foi tratado como brinquedo e nunca pôde brincar; talvez por isso ensino com rigor, pois aprendi cedo a construir meus próprios jogos sem precisar de infância alheia.

8 O amor romântico é um mito elegante que disfarça acordos de conveniência; casam-se por interesse, traem por encanto, e chamam de sentimento o que não passa de egoísmo bem enfeitado.

9 A escola, cercada de proibições, ensinou apenas o “não”; não pode isso, não pode aquilo, até que já não se pode aprender; e, ironicamente, os piores sentam na frente, enquanto os melhores ficam esquecidos no fundo, como se o mérito também tivesse sido reprovado.

10 Na escola-caverna, os alunos, acorrentados pela uniformidade, temem a luz do saber; e, em vez de se libertarem, preferem matar o filósofo que ousa mostrar-lhes a saída.

11 O fraco vence quando aprende a vestir a pele do inimigo; imita, finge pertencer e, sob o feitiço da hipocrisia, transforma a dissimulação em sua mais eficaz forma de sobrevivência.

12 O aluno trai o professor que o tratou como amigo, denunciando-o por permitir o jogo que ele próprio não terminou; ironia amarga de uma escola onde se pune a tolerância e se absolve a irresponsabilidade.

13 A falsa moral nasce da frustração: quem não pode viver o prazer faz dele um crime e, ao proibir nos outros o que lhe falta, torna-se carrasco da própria carência.

14 Na escola pública, já não há estudantes, apenas iguais no desinteresse; e os piores, ao humilhar o professor, fazem da insolência uma aula de poder, buscando na violência a fama que o saber não lhes dá.

15 Na escola, reina a lei do talião; quem bate apanha, e no trabalho, o desemprego virou sinônimo de incompetência; assim, a sociedade chama de justiça natural o que, na verdade, é apenas a barbárie travestida de mérito.

16 A escola virou espelho da rua; ali, quem bate apanha, e o saber cede lugar à vingança; do mesmo modo, no trabalho, o desemprego é tratado como castigo justo, como se a miséria fosse sempre culpa de quem a sofre.

17 Na escola pública, qualquer crápula matriculado sente-se no direito de humilhar quem o ensina; ali, títulos não valem nada, e a dor do mestre ou do doutor é a mesma, pois basta ser chamado de professor para ser desrespeitado por igual.

18 Ao promover o bagunceiro só para se livrar dele, o professor dá um tiro no próprio pé; alimenta o fracasso que o sufoca, obedece à secretaria que manda e se acomoda na facilidade viciosa de empurrar o problema adiante.

19 Quando o professor precisa comprar a atenção ou ameaçar para ensinar, já perdeu a lição; pois o fruto do saber não nasce de suborno nem de medo, mas morre onde o mérito é trocado por conveniência.

20 Meus colegas não se envergonham de mim, mas da verdade que minhas palavras revelam; vivemos o mesmo caos, apenas eu o confesso, enquanto eles o escondem sob o silêncio que os preserva da própria consciência.

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domingo, 10 de abril de 2022

Coleção 73 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

 


 


  • Coleção 73 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

    Por Claudeci Andrade

    1 "Entre corpos despertos e consciências adormecidas, o professor caminha exausto entre vivos que sonham estar acordados; zumbis de um cotidiano que confunde movimento com vida."

    2 "Entre a leveza da distração e o peso da confiança, o professor descobre que, às vezes, a verdadeira lição vem da honestidade silenciosa dos alunos que sustentam o que ele deixou cair; e o que quase deixou de perceber."

    3 "Ver o sucesso de um igual não inspira esperança, mas reflete, como espelho incômodo, a própria carência e a dor de permanecer na mesma condição."

    4 "Enluarados, carregamos no pescoço um destino inevitável, isentos de culpa, enquanto forças externas moldam a vida além de nosso alcance."

    5 "O PIA, mais ilusionismo do que aprendizado, nasce morto em um sistema que troca educação por votos, priorizando estatísticas e favores em vez de investir na verdadeira qualidade do ensino."

    6 "Quem tenta ser Deus atrai a ira divina, e o castigo se revela em igrejas esvaziadas, onde os poucos fiéis sobreviventes buscam mais riqueza do que espiritualidade."

    7 "Adotei o que repetem sobre mim e digo o que querem ouvir, transformando a confirmação alheia em um deleite fugaz, como o prazer irresponsável de um ébrio, numa conscientização exaustiva e forçada."

    8 "Na escola pública, a motivação se limita a lanches e aprovações sem mérito, e o aprendizado, como alimento digerido, é rapidamente esquecido, vazio de valor duradouro."

    9 "A filosofia mergulha no sombrio, e o poeta, fruto de sua dor, transforma a própria vida em verso; não copia o mundo, mas revela o que nele arde, usando a licença poética como espelho da sua verdade e dos limites que só ele pode habitar."

    10 "Na pedagogia da caneta azul, quem não faz nada vale o mesmo que quem faz pouco, e o aluno que se esforça acima da média vê seu mérito diluído pela 'recomposição', prova flagrante da injustiça do sistema."

    11 "A mesquinhez distorce a visão do mundo, fazendo com que o indivíduo enxergue apenas o que lhe convém e pratique a discriminação guiado pelo próprio interesse."

    12 "O denuncismo, longe de buscar justiça, serve à vingança pessoal, revelando que por trás da denúncia há mais retaliação e interesse próprio do que reparação ou bem comum."

    13 "Toda aliança formada para o mal se destrói por si mesma, pois a desconfiança e a natureza destrutiva corroem o grupo antes que qualquer ato seja consumado."

    14 "Quando a autoridade é deslegitimada, nasce a igualdade radical: os alunos vigiam cada privilégio do professor, tornando até um lanche especial motivo de crítica e exposição."

    15 "Ler é um ato que multiplica o bem: quem escreve revela inteligência, quem lê conquista sabedoria, e um bom livro une ambos no mesmo ponto de entendimento e convivência."

    16 "Na escola viva e imprevisível, o plano do professor é inútil diante da improvisação necessária; e, ignorado por uma gestão alheia à realidade, ele descobre, com ironia amarga, que seu baixo salário é a paga justa por um esforço que o sistema não reconhece."

    17 A perdição do homem nasce do desejo desmedido pela mulher, e o número da Besta, 666, seria o enigma dessa atração fatal que confunde a razão e revela a medida de sua própria ruína."

    18 "A escola sustenta-se no analfabetismo que finge combater, enquanto os poucos que aprendem e se destacam partem sem retornar, deixando o sistema preso à própria falha que o mantém vivo."

    19 "Ao aprovar sem mérito, o professor cede à pressão dos pais ausentes, sacrificando a escola para suprir a culpa alheia e perpetuando o eco do 'sim' que disfarça a negligência sob o nome de cuidado."

    20 "Na sala de aula tomada por militâncias, o professor vê sua autoridade diluída e a Filosofia reduzida a debates estéreis, onde o engajamento suplanta o pensamento e a palavra perde sua razão."

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