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quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

EDUCAÇÃO EM CRISE (A ausência dos pais faz aumentar consideravelmente os casos de indisciplina no ambiente escolar.)

EDUCAÇÃO EM CRISE
Por Gedeon Campos

                Os gráficos até podem dizer o contrário, mas a realidade da educação, na prática, não é nada boa. Não é de agora que a formação educacional por aqui vive a cargo exclusivamente das escolas que funcionam com parcos recursos. A família gradativamente vai saindo de cena, afinal, a maioria dos pais vem se limitando à singular responsabilidade de matricular as crianças menores, ainda assim por temer repressão do estado e por causa das ajudas assistenciais do tipo Bolsa Escola, PETI e outras tantas, por sua vez, atreladas à matrícula e à freqüência do aluno. Isso terá agravantes, porque a ausência dos pais faz aumentar consideravelmente os casos de indisciplina no ambiente escolar.
                Mas, se por um lado a formação educacional esbarra na indisposição dos pais em colaborar para a educação dos filhos, por outro, não dispomos de um projeto de educação que seja programa exclusivo do Estado. Por essa razão, o sistema sofre mutações constantes. A falta de propostas consistentes faz o sistema curvar-se diante da (má) vontade política e das organizações que ditam como deve ser a educação brasileira, introduzindo programas absurdos que tendem a desonerar o Estado, dando respostas quantitativas por meio da eliminação de etapas e da aceleração indiscriminada de alunos. O resultado da banalização desses programas é uma coisa insossa, já que o professor normalmente se Vê obrigado a ensinar o que ele não acredita que deve ensinar, limitando-se a disseminar crenças que possam ser consideradas úteis pelo sistema e a jogar para fora do ambiente escolar um sem tanto de homens que, embora “formados”, mal conseguem ler e desenhar o próprio nome. E o pior de tudo é que o professor converte-se, cédula por célula, num servidor cortês passando a executar as ordens de homens que não têm a sua cultura, aliás, de gente que não dispõe da menor experiência com o ofício e que leva o assunto “Educação” na base da propaganda. Talvez seja por isso que os profissionais vivam em constante depressão, já que o princípio geral da educação, como o qual muitos sonharam ao sair da academia, que era o de levar a criança a ler e a escrever contribuindo para sua experiência de mundo, mostra-se completamente distorcido. E o professor, agora um desconhecido a si mesmo, surpreende-se, inculcando a insensatez e o entusiasmo coletivo.
                E, por fim, como se não bastasse, resta um outro agravante relacionado à produção midiática. A indústria cultural brasileira vem se limitando à produção de bordões que são reproduzidos em cadeia de rádio e TV. Essa talvez seja a razão da gente não mais se assustar ao ouvir ou ver um professor no meio de alunos, na hora do recreio, dançando ao som de ritmos do tipo “só as cachorras, as preparadas” e assim por diante, já que a onda do memento parece ser contemporizar, ser light. Mesmo que, para isso, a gente venda nossa disposição de divulgar opiniões e prefira trazer essas besteiras para o contexto escolar. Afinal, está muito dissipada da nossa memória a imagem daquele professor que, em outros tempos, incomodava - ninguém se lembra que Sócrates foi condenado à morte e Platão, trancafiado, em decorrência daquilo que ensinavam – uma vez que o professor de agora não consegue ir além do burocrata que é, envolvido com diários e programas que se apóiam em números e controle das informações contidas nos conteúdos programáticos.
                (FARO, Circulação de idéias, ano I, edição nº 4, maio de 2006).

3 comentários:

Gedeon Campos disse...

Eu passei por aqui por acaso e curiosidade e gostei bastante da seleção de textos postados no vosso blog... E não é por causa do meu texto não, meu caro. É porque a reflexão sobre a escola pública é algo interessante que precisa tornar-se mais recorrente na vida de nossos professores. Afinal, chega de discursos vazios e de psicologismos baratos! Diga NÃO! às exigências dos gráficos. Ele de qualquer forma irá pegar no nosso pé mesmo. Ele, o gráfico, se apresenta "lá em cima" durante o ano letivo, mas sempre que os organismos, dotados de alguma seriedade, realizam alguma pesquisa, ele despenca assustadoramente chegando a fazer até mesmo um sulco no chão. Eu acredito aliás que o fim da banalização da aprovação é capaz de, como diriam meus avós, "sungar" esses "beneditos" indicadores de níveis e desníveis educacionais.

Um abraço.

Anônimo disse...

O problema da educação começa na formação docente. Que é rídicula. Qualquer um é professor. Dentro de alguns anos qualquer gari (não desmerecendo os mesmos) vão ser pedagogos e as futuras crianças, aliás não só as futuras, vítimas de um sistema completamente "em concordata"; Homens fazem educação Fisica para "dar uma bolinha pra garotada divertir-se" e o meu sonho de uma educação de qualidade de um futuro melhor, a cada dia se destrói. Lamentavel, pois um dia pensei poder ajudar na construção de um mundo melhor. Falta-me coragem, pra desistir. Adoro meus alunos, fazem-me mais feliz. Mas não dá mais, com estes colegas, sistema... Salve-se quem puder!
Me exonerei ontem de um concurso de 20 horas.
Nada contra seu trabalho. Foi um desabafo apenas. Cansei!

Claudeci Andrade disse...

Obrigado profeta anônimo, sua profecia se cumpre em nossos dias. Você foi é verdadeiro.