Coleção 18 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)
Por Claudeci Ferreira de Andrade
1 Se o sofrimento fosse, por si só, benéfico, não deixaria traumas; marcas patológicas que a própria medicina reconhece como doença. A existência dessas feridas psicológicas desmente a crença de que a dor sempre enobrece, revelando que nem todo sofrimento conduz ao crescimento.
2 Sob o rótulo de “pátria educadora”, esconde-se um sistema em ruínas, onde professores se tornam cúmplices de aprovações fáceis e alunos se habituam a favores em vez de mérito; uma inversão de valores que, sob aparência de progresso, dissolve o propósito da educação.
3 A pipa com linha cortante, capaz de ferir um motoqueiro trabalhador, simboliza a malícia infantil que reflete a ausência de valores e a negligência dos pais. A maldade dos filhos é, em essência, a herança moral dos que os criaram.
4 Se a morte triunfa sempre sobre a vida, é porque não é mera ausência, mas força ativa que a combate e vence. Não é apenas o fim, mas a adversária permanente da existência.
5 “O Diabo é adotador da morte?”; a provocação sugere que o mal se apropria do fim da vida como força ativa. Os vivos julgam os mortos com os critérios da existência; os mortos, por sua vez, julgam os vivos à luz de um mistério que só a morte conhece. Cada julgamento é prisioneiro da experiência de quem o emite.
6 O bem é ato singular, nascido da escolha consciente; o mal, possibilidade difusa, presente em todos os lugares. Por isso, o acerto exige um único e árduo caminho, enquanto o erro se abre em inúmeras vias fáceis de trilhar.
7 A beleza é uma percepção subjetiva, moldada pela condição do observador. “Olhos desbotados” simbolizam uma visão marcada pela experiência, que reconhece beleza fora dos padrões convencionais. Assim, o belo não é universal, mas espelho da singular perspectiva de cada um.
8 Vida e morte se definem em dependência mútua, cada uma limitada pela outra. Enquanto vivemos, nossa compreensão da vida é marcada pela sombra da morte; na morte, o entendimento é restrito ao que a vida permitiu. Essa indistinção cria um bloqueio ao pleno conhecimento de ambos os estados.
9 Deus, sendo infinito, não pode caber em nenhum “recipiente”, pois o infinito transcende toda limitação espacial ou conceitual. Tentar aprisioná-lo em uma “coisa dentro de outra” é a falha inevitável da compreensão humana diante do divino.
10 Vida e morte são faces da mesma moeda, interligadas e inseparáveis. Se a vida jamais se completa, a morte também é incompleta; um ciclo contínuo onde ambos coexistem na mesma insuficiência existencial.
11 Vida e morte não são opostos absolutos, mas estados interdependentes. A ressurreição depende de uma “mente predita”, mostrando que nunca se está totalmente morto ou vivo. A morte habita a vida como finitude, e a vida persiste na morte como promessa ou essência que transcende.
12 Assim como um paciente não pode prescrever seu próprio remédio, o aluno não deve escolher o que aprender, pois lhe falta o conhecimento técnico para tal decisão. Essa falsa autonomia nasce do prazer egoísta e imediato, que despreza o bem maior e ameaça a integridade da educação.
13 Quando as notas estão definidas, professores e alunos perdem o interesse, e as aulas finais tornam-se vazias. O esforço dos poucos assíduos é uma “não aula”; um benefício que, multiplicado pela ausência geral, resulta em zero.
14 O movimento é a única constante, sustentado pela alternância de forças opostas que se alimentam mutuamente. Deus, então, é o artífice que equilibra essas forças na medida exata, mantendo a eterna dinâmica da existência.
15 Livre-arbítrio e predestinação, embora opostos teológicos, convergem na essência única de cada indivíduo; suas “digitais invariáveis”. É essa identidade interior que reafirma o que cada um quer crer, tornando a escolha uma expressão pessoal e imutável.
16 A educação escolar não é obra divina nem demoníaca, mas um sistema movido pela cobiça humana. Seus participantes defendem suas causas não por ideais, mas por autopreservação; o emprego na escola é um ofício mercenário, onde prevalece o interesse pessoal sobre qualquer propósito maior.
17 O fracasso financeiro, antes visto como maldição pessoal, revela-se uma consequência da ineficácia em atender à clientela. A rejeição; até da gratidão, expõe a amarga realidade: a verdadeira maldição é realizar um trabalho que o mercado rejeita, pois o valor do ofício é, no fim, definido pelos que o consomem.
18 Vida e morte são páreos idôneos, ambos limitados e transitórios. Se a vida não é eterna, a morte também não o é; sonhos vêm e vão, e a morte, longe de ser fim absoluto, integra um ciclo que também se encerra.
19 A loucura não é concessão divina, pois quem recebe uma bênção não carrega sequelas ruins. Todos são responsáveis por si mesmos; as leis naturais impõem consequências inflexíveis, sem exceção para a saúde mental.
20 Os mortos não louvam porque estão separados do mundo dos vivos; uma desconexão que se reflete na ordem para que os vivos cuidem dos seus e na ideia de que “vivos comem os vivos”. A morte é isolamento absoluto, onde os rituais e preocupações da vida perdem sentido.
Por Claudeci Ferreira de Andrade
1 Se o sofrimento fosse, por si só, benéfico, não deixaria traumas; marcas patológicas que a própria medicina reconhece como doença. A existência dessas feridas psicológicas desmente a crença de que a dor sempre enobrece, revelando que nem todo sofrimento conduz ao crescimento.
2 Sob o rótulo de “pátria educadora”, esconde-se um sistema em ruínas, onde professores se tornam cúmplices de aprovações fáceis e alunos se habituam a favores em vez de mérito; uma inversão de valores que, sob aparência de progresso, dissolve o propósito da educação.
3 A pipa com linha cortante, capaz de ferir um motoqueiro trabalhador, simboliza a malícia infantil que reflete a ausência de valores e a negligência dos pais. A maldade dos filhos é, em essência, a herança moral dos que os criaram.
4 Se a morte triunfa sempre sobre a vida, é porque não é mera ausência, mas força ativa que a combate e vence. Não é apenas o fim, mas a adversária permanente da existência.
5 “O Diabo é adotador da morte?”; a provocação sugere que o mal se apropria do fim da vida como força ativa. Os vivos julgam os mortos com os critérios da existência; os mortos, por sua vez, julgam os vivos à luz de um mistério que só a morte conhece. Cada julgamento é prisioneiro da experiência de quem o emite.
6 O bem é ato singular, nascido da escolha consciente; o mal, possibilidade difusa, presente em todos os lugares. Por isso, o acerto exige um único e árduo caminho, enquanto o erro se abre em inúmeras vias fáceis de trilhar.
7 A beleza é uma percepção subjetiva, moldada pela condição do observador. “Olhos desbotados” simbolizam uma visão marcada pela experiência, que reconhece beleza fora dos padrões convencionais. Assim, o belo não é universal, mas espelho da singular perspectiva de cada um.
8 Vida e morte se definem em dependência mútua, cada uma limitada pela outra. Enquanto vivemos, nossa compreensão da vida é marcada pela sombra da morte; na morte, o entendimento é restrito ao que a vida permitiu. Essa indistinção cria um bloqueio ao pleno conhecimento de ambos os estados.
9 Deus, sendo infinito, não pode caber em nenhum “recipiente”, pois o infinito transcende toda limitação espacial ou conceitual. Tentar aprisioná-lo em uma “coisa dentro de outra” é a falha inevitável da compreensão humana diante do divino.
10 Vida e morte são faces da mesma moeda, interligadas e inseparáveis. Se a vida jamais se completa, a morte também é incompleta; um ciclo contínuo onde ambos coexistem na mesma insuficiência existencial.
11 Vida e morte não são opostos absolutos, mas estados interdependentes. A ressurreição depende de uma “mente predita”, mostrando que nunca se está totalmente morto ou vivo. A morte habita a vida como finitude, e a vida persiste na morte como promessa ou essência que transcende.
12 Assim como um paciente não pode prescrever seu próprio remédio, o aluno não deve escolher o que aprender, pois lhe falta o conhecimento técnico para tal decisão. Essa falsa autonomia nasce do prazer egoísta e imediato, que despreza o bem maior e ameaça a integridade da educação.
13 Quando as notas estão definidas, professores e alunos perdem o interesse, e as aulas finais tornam-se vazias. O esforço dos poucos assíduos é uma “não aula”; um benefício que, multiplicado pela ausência geral, resulta em zero.
14 O movimento é a única constante, sustentado pela alternância de forças opostas que se alimentam mutuamente. Deus, então, é o artífice que equilibra essas forças na medida exata, mantendo a eterna dinâmica da existência.
15 Livre-arbítrio e predestinação, embora opostos teológicos, convergem na essência única de cada indivíduo; suas “digitais invariáveis”. É essa identidade interior que reafirma o que cada um quer crer, tornando a escolha uma expressão pessoal e imutável.
16 A educação escolar não é obra divina nem demoníaca, mas um sistema movido pela cobiça humana. Seus participantes defendem suas causas não por ideais, mas por autopreservação; o emprego na escola é um ofício mercenário, onde prevalece o interesse pessoal sobre qualquer propósito maior.
17 O fracasso financeiro, antes visto como maldição pessoal, revela-se uma consequência da ineficácia em atender à clientela. A rejeição; até da gratidão, expõe a amarga realidade: a verdadeira maldição é realizar um trabalho que o mercado rejeita, pois o valor do ofício é, no fim, definido pelos que o consomem.
18 Vida e morte são páreos idôneos, ambos limitados e transitórios. Se a vida não é eterna, a morte também não o é; sonhos vêm e vão, e a morte, longe de ser fim absoluto, integra um ciclo que também se encerra.
19 A loucura não é concessão divina, pois quem recebe uma bênção não carrega sequelas ruins. Todos são responsáveis por si mesmos; as leis naturais impõem consequências inflexíveis, sem exceção para a saúde mental.
20 Os mortos não louvam porque estão separados do mundo dos vivos; uma desconexão que se reflete na ordem para que os vivos cuidem dos seus e na ideia de que “vivos comem os vivos”. A morte é isolamento absoluto, onde os rituais e preocupações da vida perdem sentido.