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MINHAS PÉROLAS

quarta-feira, 27 de maio de 2020

Coleção 18 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)


Pensamentos

Coleção 18 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

1 Se o sofrimento fosse, por si só, benéfico, não deixaria traumas; marcas patológicas que a própria medicina reconhece como doença. A existência dessas feridas psicológicas desmente a crença de que a dor sempre enobrece, revelando que nem todo sofrimento conduz ao crescimento.

2 Sob o rótulo de “pátria educadora”, esconde-se um sistema em ruínas, onde professores se tornam cúmplices de aprovações fáceis e alunos se habituam a favores em vez de mérito; uma inversão de valores que, sob aparência de progresso, dissolve o propósito da educação.

3 A pipa com linha cortante, capaz de ferir um motoqueiro trabalhador, simboliza a malícia infantil que reflete a ausência de valores e a negligência dos pais. A maldade dos filhos é, em essência, a herança moral dos que os criaram.

4 Se a morte triunfa sempre sobre a vida, é porque não é mera ausência, mas força ativa que a combate e vence. Não é apenas o fim, mas a adversária permanente da existência.

5 “O Diabo é adotador da morte?”; a provocação sugere que o mal se apropria do fim da vida como força ativa. Os vivos julgam os mortos com os critérios da existência; os mortos, por sua vez, julgam os vivos à luz de um mistério que só a morte conhece. Cada julgamento é prisioneiro da experiência de quem o emite.

6 O bem é ato singular, nascido da escolha consciente; o mal, possibilidade difusa, presente em todos os lugares. Por isso, o acerto exige um único e árduo caminho, enquanto o erro se abre em inúmeras vias fáceis de trilhar.

7 A beleza é uma percepção subjetiva, moldada pela condição do observador. “Olhos desbotados” simbolizam uma visão marcada pela experiência, que reconhece beleza fora dos padrões convencionais. Assim, o belo não é universal, mas espelho da singular perspectiva de cada um.

8 Vida e morte se definem em dependência mútua, cada uma limitada pela outra. Enquanto vivemos, nossa compreensão da vida é marcada pela sombra da morte; na morte, o entendimento é restrito ao que a vida permitiu. Essa indistinção cria um bloqueio ao pleno conhecimento de ambos os estados.

9 Deus, sendo infinito, não pode caber em nenhum “recipiente”, pois o infinito transcende toda limitação espacial ou conceitual. Tentar aprisioná-lo em uma “coisa dentro de outra” é a falha inevitável da compreensão humana diante do divino.

10 Vida e morte são faces da mesma moeda, interligadas e inseparáveis. Se a vida jamais se completa, a morte também é incompleta; um ciclo contínuo onde ambos coexistem na mesma insuficiência existencial.

11 Vida e morte não são opostos absolutos, mas estados interdependentes. A ressurreição depende de uma “mente predita”, mostrando que nunca se está totalmente morto ou vivo. A morte habita a vida como finitude, e a vida persiste na morte como promessa ou essência que transcende.

12 Assim como um paciente não pode prescrever seu próprio remédio, o aluno não deve escolher o que aprender, pois lhe falta o conhecimento técnico para tal decisão. Essa falsa autonomia nasce do prazer egoísta e imediato, que despreza o bem maior e ameaça a integridade da educação.

13 Quando as notas estão definidas, professores e alunos perdem o interesse, e as aulas finais tornam-se vazias. O esforço dos poucos assíduos é uma “não aula”; um benefício que, multiplicado pela ausência geral, resulta em zero.

14 O movimento é a única constante, sustentado pela alternância de forças opostas que se alimentam mutuamente. Deus, então, é o artífice que equilibra essas forças na medida exata, mantendo a eterna dinâmica da existência.

15 Livre-arbítrio e predestinação, embora opostos teológicos, convergem na essência única de cada indivíduo; suas “digitais invariáveis”. É essa identidade interior que reafirma o que cada um quer crer, tornando a escolha uma expressão pessoal e imutável.

16 A educação escolar não é obra divina nem demoníaca, mas um sistema movido pela cobiça humana. Seus participantes defendem suas causas não por ideais, mas por autopreservação; o emprego na escola é um ofício mercenário, onde prevalece o interesse pessoal sobre qualquer propósito maior.

17 O fracasso financeiro, antes visto como maldição pessoal, revela-se uma consequência da ineficácia em atender à clientela. A rejeição; até da gratidão, expõe a amarga realidade: a verdadeira maldição é realizar um trabalho que o mercado rejeita, pois o valor do ofício é, no fim, definido pelos que o consomem.

18 Vida e morte são páreos idôneos, ambos limitados e transitórios. Se a vida não é eterna, a morte também não o é; sonhos vêm e vão, e a morte, longe de ser fim absoluto, integra um ciclo que também se encerra.

19 A loucura não é concessão divina, pois quem recebe uma bênção não carrega sequelas ruins. Todos são responsáveis por si mesmos; as leis naturais impõem consequências inflexíveis, sem exceção para a saúde mental.

20 Os mortos não louvam porque estão separados do mundo dos vivos; uma desconexão que se reflete na ordem para que os vivos cuidem dos seus e na ideia de que “vivos comem os vivos”. A morte é isolamento absoluto, onde os rituais e preocupações da vida perdem sentido.

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sexta-feira, 8 de maio de 2020

Coleção 17 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)



Pensamentos

Coleção 17 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

Por Claudeci Andrade

1 Entre a estima e a rivalidade, a verdade se turva. Um aluno visto por dois professores revela percepções opostas, não por fatos incontestáveis, mas por afetos ou disputas veladas. O juízo, nesse jogo, deixa de ser medida objetiva e torna-se reflexo das inclinações humanas; ora suavizado pela simpatia, ora distorcido pela competição. Afinal, o que chamamos de avaliação justa talvez não passe de um espelho inclinado pela mão de quem observa.

2 Há elogios que, ao nascerem tortos, ferem quem pretendiam exaltar. Ao admirar a habilidade de Claudeci para lidar com a “bagunça”, a diretora parecia reconhecer mérito; mas o acréscimo de um “não consigo!” deslocou o louvor para a própria limitação, insinuando crítica velada ao ambiente. Assim, o elogio se converteu em espelho: refletiu menos a grandeza de Claudeci e mais a fragilidade de quem o proferiu.

3 No final do semestre, os professores são compelidos a assumir o papel de atores ou milagreiros, realizando uma “pseudocura” para que os alunos permaneçam na escola. Essa estratégia superficial visa apenas manter o número de matrículas ou garantir a conclusão das etapas, sem realmente atender às necessidades profundas da aprendizagem. Assim, o sistema educacional privilegia a quantidade em detrimento da qualidade e do verdadeiro desenvolvimento do aluno.

4 A indisciplina estudantil, ao manter alunos fora da sala, gera uma reprimenda ao professor, que é responsabilizado pela direção. Em seguida, a coordenadora impõe aulas extras para compensar o conteúdo perdido. Assim, a desordem dos alunos desencadeia uma cadeia de pressões administrativas que recai sobre o docente, exigindo dele a reparação do aprendizado ausente.

5 Embora ninguém seja verdadeiramente insubstituível em função, há perdas que transcendem a mera substituição. O vazio gerado pela ausência de algo estimado; seja objeto ou experiência; revela a singularidade do valor emocional que lhes conferimos, tornando-os, para o indivíduo, irremediavelmente únicos.

6 O Brasil vive um tempo de motins e instabilidade, um desvio abrupto do passado que já não encontra seu lugar. A população nas ruas, clamando por comida e justiça, revela uma crise que desnuda a felicidade antes despercebida; “era feliz nem sabia”, expressando a amarga nostalgia de um equilíbrio perdido.

7 O futuro só se antecipa pela sabedoria do passado, pois a história repete seus padrões. Assim, o conhecimento das experiências vividas é a colheita infalível que nos orienta, revelando que erros e acertos tendem a se renovar, moldando o que há de vir.

8 Ser “globalizado”, disperso em muitos saberes superficiais; tende a tornar o indivíduo menos valorizado. A verdadeira relevância nasce da especialização profunda, do ponto forte que o distingue, pois é essa singularidade que gera reconhecimento e demanda no mundo.

9 Se os “loucos” podem amar profundamente, a loucura é a força vital do afeto. O que a sociedade vê como desvio é, na verdade, o motor da conexão emocional, unindo os “tantãs” na singularidade compartilhada, onde a excentricidade gera prazer e cumplicidade em suas ações insólitas.

10 A verdadeira parceria se funda na colaboração, jamais na inimizade. “Só doença gera doença” revela que hostilidade e conflito são autodestrutivos, perpetuando um ciclo vicioso que destrói a relação. Em uma parceria genuína, ferir o outro é ferir a si mesmo.

11 Submeter-se a líderes orgulhosos e autoritários contraria os princípios do desenvolvimento. O orgulho sufoca liberdade, inovação e colaboração, essenciais ao crescimento. Assim, a obediência cega gera estagnação, onde “ninguém sai do chão” e o avanço se torna impossível.

12 A geração atual, a “raça de lente”; é a mais titulada, porém também a mais criticada. Rotulada cegamente de “rebelde sem causa”, ela carrega um vasto potencial tecnológico, mas falha em alcançar a excelência ou a sabedoria, revelando a desilusão de um progresso que não gera harmonia nem benefício social.

13 Minha formação não visou dominar a classe, mas o conteúdo. A evasão estudantil não é falha do aluno, dizem, mas consequência da atuação docente. É o professor quem, pela didática ou postura, pode afastar o aluno, alguns assumem a responsabilidade pelo engajamento.

14 Reprovar um aluno não é ato simples; transforma o professor em inimigo tanto do estudante quanto da direção, que vê na reprovação um problema institucional. Essa decisão, longe de ser mera avaliação, carrega tensões sociais e administrativas, revelando o conflito oculto na educação.

15 É injusto que o professor dedique um terço da aula a controlar a desordem, enquanto os alunos dispostos a aprender perdem tempo precioso. O conflito causado por poucos rouba a oportunidade de aprendizado dos muitos, revelando uma desigualdade silenciosa no espaço escolar.

16 Bandidos deveriam receber a mesma crueldade que impõem às vítimas, pois negar essa retribuição equivale a conivência com o crime. A justiça, para ser justa, exige resposta proporcional; sem ela, a sociedade torna-se cúmplice dos agressores.

17 Comover um bandido é esforço vão, pois o crime se assemelha a um vício compulsivo, como o fumante que não abandona o hábito apesar dos alertas. Sua motivação transcende apelos morais, enraizando-se numa compulsão que ignora a razão e a consciência.

18 Se as “aves velhas de gaiola”, dóceis, frágeis e boas; cessam de voar e buscar seu alimento, o mundo perde sua vitalidade e equilíbrio moral. A passividade e a dependência desses que representam a bondade ameaçam a proatividade e a força necessária para sustentar a transformação social.

19 A “paz manipulada”, tranquilidade superficial que oculta problemas reais; é nociva por permitir que falhas graves persistam. Alunos aprovados, porém analfabetos, são a prova dessa falsa calmaria que sacrifica o desenvolvimento individual e compromete a sociedade.

20 O aluno que oprime e intimida, sem entender as causas do próprio fracasso, repete um ciclo autodestrutivo bimestre após bimestre. Sem autorreflexão, o desespero crônico se torna inevitável. “Quem ajuda o tolo terá de ajudá-lo novamente” revela a futilidade de esforços diante da estagnação e dependência.

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