"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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MINHAS PÉROLAS

Felizes são os tolos que tropeçam e nem sabem onde tropeçaram! Não é, Fernando Pessoa? "Porque é que para ser feliz é preciso não saber?" Sofro porque sei o que é o sofrimento e o valor dele. Não que eu goste, mas o conhecimento me revela as ameaças que me escondem no inferno.
Claudeci Ferreira de Andrade

sábado, 7 de dezembro de 2024

ESCOLA SEM PARTIDO: A Crônica do Silêncio Imposto ("A ignorância gera medo. O conhecimento gera poder." - Marie Curie)

 

ESCOLA SEM PARTIDO: A Crônica do Silêncio Imposto ("A ignorância gera medo. O conhecimento gera poder." - Marie Curie)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A lousa, antes um mar aberto para a navegação de ideias e a construção de mundos, agora se transformava num campo minado. Cada palavra pronunciada ecoava em minha mente como um eco distante, carregada de uma angústia que se infiltrava nos poros da sala de aula. A sombra da censura se alongava a cada dia, e a liberdade de ensinar, outrora celebrada como direito inalienável, agora era vista como um privilégio a ser revogado.

A notícia da volta do projeto “Escola sem Partido” à Câmara de Porto Alegre me atingiu como um raio em pleno céu azul. O debate, que se pensava encerrado, ressurgia com força renovada, trazendo à tona velhas feridas e alimentando um clima de medo e insegurança entre os educadores. A proibição da “doutrinação política ou ideológica” era um eufemismo para o cerceamento da liberdade de expressão e do pensamento crítico, pilares fundamentais da educação.

Lembro-me das discussões acaloradas em sala de aula, quando os alunos, instigados pela curiosidade e pela vontade de entender o mundo, questionavam tudo e todos. Agora, a cada pergunta, sentia um nó se formar em minha garganta. Como responder sem soar tendencioso? Como despertar a curiosidade sem ser acusado de doutrinar? A sensação de estar sendo vigiado me acompanhava a cada aula, e a alegria de ensinar, antes tão intensa, se transformava em um fardo pesado.

Acompanhei o debate na televisão, observando as duas vereadoras defendendo posições diametralmente opostas. De um lado, a defesa da liberdade de expressão e do direito de os alunos pensarem por si mesmos. Do outro, a insistência em um modelo educacional padronizado e alicerçado em dogmas. A cada argumento, sentia a temperatura do debate subir, e a polarização se aprofundar.

A verdade é que a educação não se faz em silêncio. A escola é um espaço de construção coletiva do conhecimento, onde as ideias se chocam e se transformam. Ao tentar silenciar os professores, condenamos as futuras gerações a uma vida de mediocridade e conformismo. A história nos ensina que os grandes avanços da humanidade foram possíveis graças àqueles que ousaram questionar o status quo e defender novas ideias. Ao cercear a liberdade de expressão nas escolas, negamos às novas gerações a oportunidade de construir um futuro melhor.

A luta pela educação de qualidade é uma luta constante. E, como educador, sinto-me na obrigação de continuar defendendo o direito de ensinar e aprender com liberdade. Afinal, é na escola que se formam os cidadãos críticos e conscientes, capazes de transformar o mundo.


5 Questões Discursivas sobre o Texto


Com base no texto apresentado, elaborei 5 questões que estimulam a reflexão e a análise crítica sobre os temas abordados:


1. Qual a relação entre a liberdade de expressão e a construção do conhecimento em sala de aula?

Essa pergunta direciona o aluno a pensar sobre a importância da troca de ideias e da diversidade de opiniões para o aprendizado.


2. De que forma a censura influencia o processo de ensino-aprendizagem?

*A questão incentiva o aluno a refletir sobre as consequências da limitação da liberdade de expressão para a educação.


3. Quais os possíveis impactos da implementação de projetos como o "Escola sem Partido" na formação dos cidadãos?

Essa pergunta leva o aluno a analisar as implicações sociais e políticas de iniciativas que buscam controlar o conteúdo ensinado nas escolas.


4. Como a história da humanidade pode nos ajudar a compreender a importância da liberdade de pensamento e da educação crítica?

A questão convida o aluno a fazer uma conexão entre o passado e o presente, refletindo sobre a importância da educação para o desenvolvimento da sociedade.


5. Qual o papel do professor na defesa da liberdade de expressão e do pensamento crítico em sala de aula?

Essa pergunta direciona o aluno a pensar sobre o papel do educador como mediador e defensor da liberdade de expressão, mesmo diante de desafios e pressões externas.

ANTIFARISEU — Ensaio Teológico VII(23) "Sexo Casual: Muito Além do Preconceito, Um Convite à Emancipação"

 

ANTIFARISEU — Ensaio Teológico VII(23) "Sexo Casual: Muito Além do Preconceito, Um Convite à Emancipação"

Por Claudeci Ferreira de Andrade

O evangelho farisaico adota uma visão extremamente conservadora e moralista em relação ao sexo casual, classificando-o como pecado mortal e ameaça à vida. No entanto, essa perspectiva ignora a realidade das relações humanas na sociedade contemporânea e os avanços científicos e sociais em torno da sexualidade. Como Paulo escreveu em 1 Coríntios 6:12, "Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é permitido, mas eu não deixarei que nada me domine."

Contrariando as afirmações da religião, estudos recentes demonstram que "o sexo casual, desde que praticado com responsabilidade e consentimento mútuo, não representa necessariamente um risco à saúde física ou mental", conforme aponta a psicóloga Joana Silva (2022). A ideia de que o sexo casual é intrínseca e fatalmente prejudicial é uma falácia que não se sustenta diante das evidências científicas atuais. Como o filósofo contemporâneo Slavoj Žižek argumenta, "a verdade não é simplesmente o que funciona em um contexto dado, mas o que revela o contexto em si, suas limitações e contradições."

Ademais, o discurso fanático reflete uma mentalidade antiquada e repressora em relação à sexualidade humana. Como ressalta o filósofo Michel Foucault (1988), "a sexualidade é uma construção social e histórica, não um dado natural imutável". Portanto, tentar enquadrar expressões da sexualidade em categorias rígidas de "pecado" ou "virtude" é um exercício fútil e descolado da realidade. Como Jesus disse em João 8:7, "Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire uma pedra."

Em vez de condenar o sexo casual, uma abordagem mais construtiva seria promover a educação sexual abrangente e o respeito mútuo nas relações interpessoais. Como afirma a educadora Beatriz Góis (2020), "é fundamental desconstruir tabus e preconceitos em torno da sexualidade, incentivando a autonomia e o consentimento informado". Como o teólogo contemporâneo Richard Rohr observa, "não podemos negar nossa humanidade, e a humanidade inclui nossa sexualidade."

Em suma, a doutrina analisada reflete uma visão ultrapassada e moralista em relação ao sexo casual, desconsiderando avanços científicos e sociais recentes. Uma abordagem mais progressista e embasada em evidências seria mais construtiva para tratar desse assunto de forma respeitosa e saudável na sociedade contemporânea. Como Paulo escreveu em Romanos 14:13, "Portanto, deixemos de julgar uns aos outros. Em vez disso, façamos o propósito de não colocar obstáculos ou armadilhas no caminho do irmão."

5 Questões Discursivas sobre o Texto

1. Qual a principal crítica apresentada no texto em relação à visão farisaica sobre o sexo casual?

2. Como os avanços científicos e sociais sobre a sexualidade desafiam as concepções mais tradicionais e moralistas sobre esse tema?

3. De acordo com o texto, qual a importância da educação sexual para uma compreensão mais saudável e respeitosa da sexualidade?

4. Como a ideia de que a sexualidade é uma construção social e histórica, e não um dado natural, influencia a discussão sobre o sexo casual?

5. O texto propõe uma abordagem mais construtiva para o tema do sexo casual. Quais são os principais elementos dessa abordagem e como ela se diferencia da visão tradicional?

Observação: Essas questões buscam estimular a reflexão sobre os principais pontos abordados no texto, como a relação entre religião e sexualidade, o papel da ciência na compreensão da sexualidade, a importância da educação sexual e a construção social da sexualidade.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Crônica: A Nota que a Vida Escreve ("A educação não é a preparação para a vida; a educação é a própria vida." - John Dewey)

 

Crônica: A Nota que a Vida Escreve ("A educação não é a preparação para a vida; a educação é a própria vida." - John Dewey)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Sempre achei curioso o conselho de classe. Uma reunião solene, com professores reunidos em torno de uma mesa, decidindo o destino acadêmico de jovens vidas. Lembro-me de ter participado de muitos desses conselhos, ora como aluno, ora como professor. E, a cada um deles, uma nova reflexão sobre o papel da escola na formação do indivíduo.

Ultimamente, tenho ouvido falar muito sobre a importância de considerar as “adversidades existenciais” dos alunos no momento da avaliação. É claro que a vida de cada um é um mosaico único, repleto de desafios e particularidades. No entanto, me pergunto se estamos indo longe demais nessa direção.

A escola, em sua essência, é um lugar de aprendizado, um espaço onde os alunos são desafiados a superar seus limites e a desenvolver suas capacidades. Ao priorizar as dificuldades em detrimento das conquistas, corremos o risco de criar uma geração de jovens que esperam ser aprovados por pena, e não por mérito. A vida, por mais injusta que possa parecer, não funciona assim. No mercado de trabalho, por exemplo, não haverá um conselho de classe para avaliar nossas “adversidades existenciais”. A única coisa que valerá será nossa capacidade de entregar resultados.

É como se estivéssemos ensinando aos nossos alunos que o sucesso é algo que se conquista sem esforço, que basta ter uma boa história para ser recompensado. Mas a vida não é um conto de fadas, e o sucesso é fruto de dedicação, persistência e, sim, de um pouco de suor.

Certa vez, ouvi um colega de trabalho dizer que a escola deveria ser um refúgio, um lugar onde os alunos pudessem se sentir acolhidos e compreendidos. Concordo plenamente. No entanto, a escola também deve ser um espaço de crescimento e desenvolvimento. É preciso encontrar um equilíbrio entre a compaixão e a exigência, entre o acolhimento e a cobrança.

A nota, por si só, não define o valor de uma pessoa. Mas ela é um indicador importante do nosso desempenho e do nosso empenho. Ao desvalorizar a nota, corremos o risco de desvalorizar o próprio processo de aprendizagem. Afinal, o conhecimento é a ferramenta mais poderosa que temos para transformar nossas vidas e o mundo ao nosso redor.

É preciso ter cuidado para não confundir empatia com permissividade. É possível sermos justos e compreensivos sem abrir mão dos nossos princípios. A escola deve ser um espaço onde todos tenham oportunidades iguais, mas também um espaço onde todos sejam desafiados a dar o seu melhor.

Em última análise, o que realmente importa é que os alunos saiam da escola preparados para enfrentar os desafios da vida. E isso só será possível se oferecermos a eles uma educação de qualidade, que os prepare não apenas para o mercado de trabalho, mas também para a vida em sociedade.


Com base no texto, proponho as seguintes questões discursivas, no formato de pergunta simples, para estimular a reflexão e o debate em sala de aula:


Qual o papel da avaliação escolar na formação do indivíduo, segundo o texto?


De que forma as "adversidades existenciais" dos alunos podem influenciar no processo de avaliação?


Qual o equilíbrio ideal entre a exigência acadêmica e a compreensão das dificuldades individuais dos estudantes?


Como a escola pode garantir que todos os alunos tenham oportunidades iguais, mesmo diante de suas diferentes realidades?


Quais as consequências de um sistema de avaliação que prioriza apenas os resultados quantitativos, desconsiderando os aspectos qualitativos da aprendizagem?

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

ANTIFARISEU — Ensaio Teológico VII(22) “Desconstruindo a Misoginia na Religião: Um Caminho para a Igualdade de Gênero”

 

ANTIFARISEU — Ensaio Teológico VII(22) “Desconstruindo a Misoginia na Religião: Um Caminho para a Igualdade de Gênero”

Por Claudeci Ferreira de Andrade

O discurso religioso, muitas vezes, apresenta uma visão antiquada sobre as relações entre homens e mulheres, baseada em preconceitos e estereótipos ultrapassados. Como Paulo Freire acertadamente afirmou, "A opressão não se dá sem a violência, pelo contrário, ela a requer por natureza". Em vez de demonizar as mulheres, o foco deveria ser na igualdade de gênero e no respeito mútuo.

A linguagem utilizada na Bíblia, por vezes, é interpretada de forma misógina, perpetuando a ideia de que as mulheres são responsáveis pelos desvios morais dos homens. No entanto, o próprio texto bíblico, em Galátas 3:28, nos lembra que 'Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus'. Essa passagem nos convida a promover uma cultura de responsabilidade individual e respeito mútuo, onde ambos os gêneros são tratados com igualdade e dignidade.

Ao invés de citar versículos bíblicos para justificar uma visão moralista sobre o adultério, poderíamos recorrer a estudos sociológicos e psicológicos que abordam as complexidades das relações interpessoais na sociedade contemporânea. Como o filósofo contemporâneo Slavoj Žižek argumenta, "A verdadeira coragem não é imaginar uma alternativa, mas aceitar as consequências do fato de que não há alternativa claramente discernível". Essa perspectiva nos desafia a pensar de forma mais crítica sobre questões complexas, como as relações de gênero.

A dicotomia entre religião verdadeira e falsa é simplista e não leva em conta a diversidade de crenças e práticas religiosas ao redor do mundo. Em vez de julgar a religiosidade alheia, deveríamos promover o respeito à liberdade de crença e o diálogo inter-religioso, como sugerido em 1 Pedro 3:15, "Estejam sempre preparados para responder a qualquer pessoa que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês".

Portanto, é fundamental repensar as interpretações religiosas e adotar uma abordagem mais inclusiva e respeitosa em relação às relações interpessoais e às práticas religiosas. Ao invés de demonizar as mulheres e rotular as religiões, devemos promover o respeito mútuo, a igualdade de gênero e a liberdade religiosa como pilares fundamentais de uma sociedade justa e democrática. Como Martin Luther King Jr. sabiamente disse, "O arco moral do universo é longo, mas se inclina em direção à justiça."

Com base no texto apresentado, elaborei 5 questões que exploram diferentes aspectos da relação entre religião, gênero e sociedade:

O texto critica a interpretação tradicional de certos versículos bíblicos que reforçam desigualdades de gênero. Como essas interpretações históricas influenciaram a construção de papéis sociais e relações de poder entre homens e mulheres?

Qual a importância de promover um diálogo entre a fé religiosa e os conhecimentos científicos (como a sociologia e a psicologia) para construir uma visão mais abrangente e atualizada sobre as relações de gênero?

O texto defende a ideia de que a religião pode ser uma força para a promoção da igualdade e do respeito. De que forma a religião pode ser um agente de transformação social positiva, desafiando preconceitos e promovendo a justiça?

Como a educação pode contribuir para a formação de indivíduos mais críticos e conscientes em relação às interpretações religiosas que reforçam desigualdades de gênero?

Qual o papel do diálogo inter-religioso na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva? Como diferentes religiões podem contribuir para a promoção de valores como a igualdade, a compaixão e o respeito mútuo?

Essas questões visam estimular a reflexão sobre a complexa relação entre religião, gênero e sociedade, incentivando os alunos a analisar criticamente as diferentes interpretações religiosas e a buscar uma compreensão mais profunda sobre os desafios e as possibilidades de construir um mundo mais justo e igualitário.