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quinta-feira, 26 de julho de 2018

MEU CARNAVAL RECLUSO ("Eu poderia viver recluso numa casca de noz e me considerar rei do espaço infinito..." — William Shakespeare)


MEU CARNAVAL RECLUSO ("Eu poderia viver recluso numa casca de noz e me considerar rei do espaço infinito..." — William Shakespeare)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Não sou daqueles que se jogam na folia sem pensar nas consequências. Prefiro ficar em casa, assistindo aos desfiles pela televisão, enquanto me distraio com os meus próprios devaneios.

Lá fora, o carnaval está a todo vapor, ao vivo. As pessoas se divertem, se arriscam, se envolvem. Parece que tudo é permitido nesses dias de festa. Mas, eu não me sinto tentado a participar dessa loucura coletiva. Não vejo graça em me fantasiar, beber, dançar e depois me arrepender. Prefiro ficar na minha, reclamando da vida, esperando que o tempo passe suavemente. Talvez eu esteja perdendo algo que a vida tem a me oferecer, mas não consigo me animar com o Rei Momo.

Quando tudo isso acabar, sei que muitos vão se deparar com problemas reais, causados pela imprudência e pela irresponsabilidade. Vão ter que lidar com as consequências do carnaval, que podem ser graves. Espero que tenham maturidade e juízo para enfrentar essas situações. Eu, por outro lado, vou sair do meu casulo, sem culpa nem remorso. Apenas enganei as minhas carências emocionais, sem gastar mais do que podia, sem me expor mais do que devia. Talvez isso me renove o espírito para a semana normal que se inicia.

Quero me envolver com as pessoas que me cercam, colaborar com elas, compartilhar com elas. Mesmo que não tenha vivido nada de emocionante, não tenho peso na consciência. Fiz o que achei melhor para mim. Não sou nem sábio nem louco, sou apenas diferente. Por isso, aceito as suas críticas, mas não me deixo influenciar por elas.

Acho que cada um tem o direito de escolher como quer viver o carnaval. Respeito quem gosta de se divertir à sua maneira, mas também peço respeito pela minha escolha. Não sou contra o carnaval, reconheço o seu valor cultural e social. Admiro a criatividade dos enredos, o esforço dos sambistas, o benefício do turismo. Mas não é a minha praia.

Prefiro a tranquilidade do meu lar, a liberdade do meu pensamento, a sabedoria do meu silêncio. Não me sinto isolado nem rebelde, apenas diferente. E isso me faz feliz.


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