"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

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terça-feira, 7 de novembro de 2023

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico II(13) Compaixão e Redenção: Uma Perspectiva Teológica sobre o Desvio

 


CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico II(13) Compaixão e Redenção: Uma Perspectiva Teológica sobre o Desvio

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Os religiosos da atualidade enfocam a ameaça representada por indivíduos corruptos e ressaltam a importância da sabedoria e conhecimento para evitar desvios morais. No entanto, sob uma perspectiva teológica, é crucial analisar essa questão de modo mais amplo, considerando a necessidade de compaixão e redenção em nossa abordagem em relação aos desviados. Esta análise se baseia em princípios bíblicos e no pensamento de importantes filósofos religiosos.

A compreensão fundamental que devemos abraçar é que todos os seres humanos são passíveis de cometer erros e se desviar do caminho correto. Conforme as Escrituras nos ensinam, "pois todos pecaram e carecem da glória de Deus" (Romanos 3:23). Portanto, em vez de julgar de forma rígida aqueles que se desviam, devemos lembrar das palavras de Jesus: "Aquele que estiver sem pecado atire a primeira pedra" (João 8:7). Em nossa jornada espiritual, todos nós precisamos da graça e da misericórdia divina.

A ênfase na exclusão e no julgamento pode criar uma cultura religiosa que aliena os desviados em vez de conduzi-los de volta ao caminho da redenção. Em vez de rejeitar, devemos seguir o exemplo de Jesus, que acolheu pecadores e ateou a chama da redenção em seus corações. O apóstolo Paulo nos lembra: "O fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio" (Gálatas 5:22-23). Esses atributos devem guiar nossa abordagem em relação aos que se desviam.

O cerne do evangelho é a mensagem de esperança e salvação para todos, independentemente de seus erros passados. Jesus afirmou: "Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes" (Mateus 9:12). Devemos buscar ativamente maneiras de auxiliar aqueles que se desviaram a encontrar o caminho de volta para Deus. Esta atitude não apenas reflete o amor e a graça divina, mas também fortalece a comunidade religiosa, tornando-a um farol de esperança em um mundo necessitado.

Em nossa jornada teológica, é imperativo que reconheçamos nossa própria humanidade e vulnerabilidade ao erro. Ao adotarmos uma abordagem compassiva e redentora em relação aos desviados, refletimos os ensinamentos de Jesus e abrimos as portas da esperança e da salvação para todos os que buscam a redenção. Assim, consolidamos uma comunidade religiosa fundamentada na graça divina e na compaixão pelo próximo, seguindo o exemplo de Jesus Cristo.

domingo, 5 de novembro de 2023

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico II(12) A visão polarizada da humanidade: uma crítica teológica

 


CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico II(12) A visão polarizada da humanidade: uma crítica teológica

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Os cristãos apresentam uma visão bastante polarizada da humanidade, dividindo-a em categorias de homens bons e maus, sábios e tolos, eleitos e réprobos. Essa abordagem, embora possa parecer simplista, levanta questões importantes sobre o discernimento e a discriminação pessoal. Neste ensaio, pretendo criticar essa visão sob uma perspectiva teológica, recorrendo a citações bíblicas e de grandes pensadores que apontam para uma compreensão mais complexa e dialógica da condição humana.

Em primeiro lugar, a ideia de que há uma divisão clara entre os filhos de Deus e os filhos do diabo, os eleitos e os réprobos, os nascidos de novo e os duas vezes mortos, é uma simplificação que ignora a diversidade de crenças, culturas e experiências humanas. Não há uma única religião ou moral que possa definir quem é bom ou mau, pois cada uma delas tem seus próprios critérios, dogmas e interpretações. Além disso, as religiões e as morais não são estáticas, mas mudam ao longo do tempo e do espaço, conforme as circunstâncias históricas e sociais. Como afirmou o filósofo francês Michel Foucault, "não há nada de absoluto no que diz respeito à moral" (Foucault, 1984, p. 287). A Bíblia também reconhece a complexidade da condição humana, ao afirmar que "todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus" (Romanos 3:23) e que "não há nenhum justo, nem um sequer" (Romanos 3:10). Portanto, não cabe ao homem julgar quem é bom ou mau, mas somente a Deus, que sonda os corações e conhece as intenções (1 Samuel 16:7).

Em segundo lugar, a ideia de que o homem mau se entrega pela sua boca perversa, que se contradiz, desdenha as coisas sagradas, critica a autoridade, menospreza os outros, elogia a si mesmo, presume que está certo, promove a vaidade e zomba das convenções, é uma generalização que desconsidera o contexto e o sentido das palavras. O que é perverso para uns pode ser justo para outros; o que é sagrado para uns pode ser profano para outros; o que é autoridade para uns pode ser opressão para outros; o que é menosprezo para uns pode ser crítica para outros; o que é elogio para uns pode ser reconhecimento para outros; o que é presunção para uns pode ser confiança para outros; o que é vaidade para uns pode ser autoestima para outros; o que é zombaria para uns pode ser humor para outros. Como disse o linguista brasileiro Marcos Bagno, "a língua não é um sistema fechado em si mesmo, mas um fenômeno social dinâmico" (Bagno, 2007, p. 17). A Bíblia também alerta para o perigo de julgar pelas aparências ou pelo falar dos homens, ao dizer que "o homem vê a face, mas o Senhor vê o coração" (1 Samuel 16:7) e que "nem tudo o que reluz é ouro" (Provérbios 27:21).

Em terceiro lugar, a ideia de que um homem sábio pode discernir e identificar homens maus, rejeitando-os e evitando-os, é uma atitude que impede o diálogo e a convivência entre as diferenças. Ao invés de marcar e isolar os homens maus, um homem sábio deveria buscar compreender as razões e as motivações por trás de suas ações, tentando estabelecer pontes de comunicação e cooperação. Ao invés de escolher o caminho da compreensão para sua vida solitária, um homem sábio deveria escolher o caminho da complexidade para sua vida compartilhada. Como propôs o sociólogo francês Edgar Morin, "a complexidade humana exige uma abordagem multidimensional e transdisciplinar" (Morin, 2005, p. 15). A Bíblia também incentiva a interação com os diferentes, ao ensinar que "o ferro afia o ferro, e o homem afia o seu companheiro" (Provérbios 27:17) e que "como o óleo e o perfume alegram o coração, assim o amigo encontra doçura no conselho cordial" (Provérbios 27:9).

Portanto, concluo que a visão polarizada da humanidade apresentada pelos evangélicos é insustentável sob uma perspectiva teológica, que leva em conta a complexidade humana e a relatividade dos valores. Não há uma dicotomia entre homens bons e maus, mas uma multiplicidade de nuances e contradições que caracterizam a condição humana. Não há uma única fonte de sabedoria ou conhecimento, mas uma diversidade de perspectivas e interpretações que enriquecem o pensamento humano. Não há um único caminho da verdade ou da salvação, mas uma variedade de trajetórias e experiências que desafiam o homem a se reinventar constantemente.

sábado, 4 de novembro de 2023

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico II(11) Sabedoria e ação na preservação espiritual




CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico II(11) Sabedoria e ação na preservação espiritual

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Os cristãos de modo geral ensinam a importância da discrição e compreensão na preservação da alma e da vida, destacando a visão bíblica desse conceito. Porém, é necessário examinar essa perspectiva teológica à luz de diferentes abordagens filosóficas e religiosas.

Em primeiro lugar, é inegável que a busca pela preservação da alma e do bem-estar espiritual é uma preocupação central em muitas tradições religiosas, incluindo o cristianismo. A Bíblia nos lembra que "a sabedoria é a coisa principal" (Provérbios 4:7) e que "o temor do Senhor é o princípio da sabedoria" (Salmo 111:10). Esses versículos enfatizam a importância do conhecimento espiritual e da sabedoria divina na jornada da alma.

Entretanto, a visão teológica não deve ser isolada das dimensões físicas e materiais da vida. Como observado pelo filósofo Sêneca, "Não é porque as coisas são difíceis que não ousamos; é porque não ousamos que elas são difíceis." Isso nos lembra que a busca pelo conhecimento espiritual e pela sabedoria também requer ações práticas e esforços físicos para enfrentar os desafios da vida.

Além disso, é importante reconhecer que diferentes culturas e tradições têm suas próprias interpretações sobre a alma e a busca pela preservação espiritual. Como disse Mahatma Gandhi: "A alma não se alimenta de fora para dentro, mas de dentro para fora." Essa perspectiva enfatiza a importância da auto-reflexão e da transformação interior na busca da alma.

Em suma, a preservação da alma é uma jornada complexa que não se limita à visão bíblica, mas que envolve aspectos espirituais, filosóficos e práticos. É fundamental reconhecer a diversidade de perspectivas e valorizar a busca individual por significado e propósito na vida, integrando a sabedoria espiritual com ações práticas e um entendimento mais amplo da existência humana.

sexta-feira, 3 de novembro de 2023

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico II(10) Os Múltiplos Caminhos para o Sucesso: Além da Religião

 


CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico II(10) Os Múltiplos Caminhos para o Sucesso: Além da Religião

Por Claudeci Ferreira de Andrade

O autoconhecimento é uma das virtudes mais importantes para o ser humano, pois permite que ele se conheça, se aperfeiçoe e se realize. Muitas vezes, as pessoas buscam na religião uma forma de encontrar sentido e segurança para a sua vida, mas isso pode ser insuficiente ou até mesmo prejudicial, se não houver um trabalho interior de autoconhecimento. Neste ensaio, pretendo argumentar que o autoconhecimento eleva mais que rituais religiosos, usando como base algumas citações bíblicas e de grandes pensadores.

A Bíblia, que é a fonte sagrada de muitas religiões, já nos ensina sobre a importância do autoconhecimento. No livro de Provérbios, lemos: "Como águas profundas é o conselho no coração do homem; mas o homem de inteligência o trará para fora" (Provérbios 20:5). Isso significa que cada um de nós tem uma sabedoria interior que precisa ser acessada e manifestada. Também no livro de Salmos, encontramos: "Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos. E vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno" (Salmos 139:23-24). Aqui, o salmista reconhece que só Deus pode ajudá-lo a se conhecer verdadeiramente e a se purificar de seus defeitos.

No entanto, a religião não é suficiente para garantir o autoconhecimento, se não houver um esforço pessoal de reflexão e transformação. Como disse o filósofo chinês Lao Tsé, “conhecer os outros é inteligência; conhecer a si mesmo é verdadeira sabedoria”. O autoconhecimento eleva mais que rituais religiosos, pois nos faz compreender quem somos, quais são nossos valores, nossos propósitos e nossos potenciais. Além disso, nos faz perceber nossas limitações, nossas fraquezas e nossas necessidades de mudança.

Seguir dogmas religiosos pode limitar nossa verdadeira realização, que vem de dentro. Como disse o psiquiatra Carl Jung, “seu dever é ser você mesmo, não uma imitação de alguém”. Cada um de nós tem uma vocação única e uma missão específica no mundo. Não podemos nos conformar com modelos impostos pela sociedade ou pela religião. Devemos buscar nossa autenticidade e nossa originalidade.

Os ensinamentos religiosos podem inspirar nossa busca pelo autoconhecimento, mas não devem ser o único critério para avaliar nossa vida. Como disse o poeta Fernando Pessoa, “o místico perfeito é o homem que se encanta com a vida”. Devemos valorizar a existência em si, não promessas além dela. Devemos aproveitar as oportunidades de crescimento que a vida nos oferece, sem nos prendermos a dogmas ou rituais que nos alienam da realidade.

Em conclusão, o autoconhecimento é uma virtude que nos eleva mais que rituais religiosos. Ele nos permite conhecer a nós mesmos e a Deus de forma mais profunda e verdadeira. Ele nos permite ser mais sábios, mais autênticos e mais realizados. Ele nos permite viver com mais sentido e segurança. Por isso, devemos cultivar o autoconhecimento como um caminho para a felicidade. Ninguém engana a si mesmo.

quinta-feira, 2 de novembro de 2023

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico II(9) Além da Sabedoria: Outras Trilhas para a Justiça e Equidade

 



CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico II(9) Além da Sabedoria: Outras Trilhas para a Justiça e Equidade

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A sabedoria é uma qualidade que muitas pessoas almejam, especialmente no contexto religioso. A Bíblia, por exemplo, afirma que "o temor do Senhor é o princípio da sabedoria" (Provérbios 9:10) e que "a sabedoria é melhor do que as armas de guerra" (Eclesiastes 9:18). Mas, será que a busca pela sabedoria é suficiente para garantir a justiça, o julgamento correto e a equidade na vida? Neste ensaio, argumentarei que a sabedoria não é o único caminho para alcançar essas virtudes, e que outras abordagens também devem ser consideradas.

Em primeiro lugar, é importante reconhecer que a sabedoria é uma ferramenta poderosa para orientar nossas ações e decisões. Como disse Sócrates, "o sábio sabe que nada sabe" (Platão, Apologia de Sócrates), ou seja, o sábio reconhece os limites do seu conhecimento e busca aprender mais. A sabedoria também nos ajuda a discernir entre o bem e o mal, entre o certo e o errado, entre o justo e o injusto. Como disse Salomão, "a sabedoria dá força ao sábio mais do que dez governantes que haja na cidade" (Eclesiastes 7:19).

No entanto, a busca pela sabedoria não garante automaticamente a justiça, o julgamento correto ou a equidade em todas as situações. As pessoas podem possuir conhecimento e sabedoria, mas ainda assim fazer escolhas injustas e parciais. Por exemplo, os fariseus eram considerados sábios na lei de Deus, mas Jesus os criticou por serem hipócritas e negligenciarem "os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fé" (Mateus 23:23). Portanto, a sabedoria não é suficiente para garantir a justiça, o julgamento correto ou a equidade.

Além disso, existem outras abordagens que também podem ser eficazes na promoção dessas virtudes. Por exemplo, a educação é uma forma importante de desenvolver uma compreensão mais profunda da justiça e do julgamento correto. Como disse Paulo Freire, "a educação é um ato político" (Pedagogia do Oprimido), ou seja, a educação pode ser usada para transformar a realidade social e combater as opressões. A empatia é outra forma de promover a justiça e a equidade. Como disse Dalai Lama, "se você quer que os outros sejam felizes, pratique a compaixão. Se você quer ser feliz, pratique a compaixão" (A Arte da Felicidade). A empatia nos ajuda a nos colocarmos no lugar dos outros e a respeitar suas diferenças. A reflexão crítica é mais uma forma de promover essas virtudes. Como disse René Descartes, "penso, logo existo" (Discurso do Método), ou seja, a reflexão crítica nos ajuda a questionar nossas crenças e valores e a buscar a verdade.

Em suma, embora a busca pela sabedoria seja uma jornada nobre e valiosa, ela não é o único caminho para alcançar a justiça, o julgamento correto e a equidade na vida. Outras abordagens também devem ser consideradas, envolvendo também a educação, a empatia e a reflexão crítica. Não devemos limitar nossa busca por essas virtudes a um único caminho, mas sim reconhecer a diversidade de abordagens que podem contribuir para um mundo mais justo e equitativo.

terça-feira, 31 de outubro de 2023

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico II(8) A Ética como Caminho para a Verdade e a Virtude

 


CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico II(8) A Ética como Caminho para a Verdade e a Virtude

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A ética vai além de recompensas externas ou pertencimento grupal. A Bíblia nos ensina: "Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus" (Mateus 5:9). E como Martin Luther King Jr. afirmou: "Não podemos nos tornar o que precisamos ser, permanecendo o que somos". Devemos buscar o bem de forma incondicional. Segundo Jean-Paul Sartre, "Somos condenados a ser livres".

A ética kantiana se baseia no imperativo categórico, que nos orienta a agir de acordo com a máxima que poderíamos desejar que se tornasse uma lei universal, não com interesses particulares.

Além disso, a existência não se resume a recompensas futuras. Viktor Frankl observou: "Quando não podemos mais mudar uma situação, somos desafiados a mudar a nós mesmos". O propósito se encontra no presente, na busca pela felicidade. Aristóteles afirmou: "A felicidade é a atividade da alma em conformidade com a excelência".

A bondade não é privilégio de um grupo. Bertrand Russell nos lembra: "O bom pensamento é uma coisa difícil, mas vale a pena porque dá a você a capacidade de lidar com o mundo em que está vivendo". Precisamos exercitar o pensamento crítico e não aceitar dogmas sem reflexão.

Portanto, mais valioso do que a validação externa é a conexão interior com a ética. Essa busca sincera pela sabedoria engrandece o espírito. Devemos fazer o bem por dever moral, não por recompensas. A ética centrada em princípios, não em regras, eleva a existência.

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico II(7) Como Ser Sábio e Seguro sem Depender de Deus

 


CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico II(7) Como Ser Sábio e Seguro sem Depender de Deus

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A sabedoria e a proteção são valores fundamentais para a vida humana. Muitas pessoas buscam esses valores na religião, acreditando que Deus é a fonte de toda sabedoria e proteção. No entanto, será que essa é a única forma de alcançar esses objetivos? Neste ensaio, argumentarei que a sabedoria e a proteção advêm de diversas fontes, não somente da obediência divina, mas também do exercício do pensamento crítico, da compaixão e da abertura mental.

A Bíblia afirma que "o temor do Senhor é o princípio da sabedoria" (Salmos 111:10), porém também diz que devemos "examinar tudo cuidadosamente" (1 Tessalonicenses 5:21). Isso significa que não devemos aceitar tudo o que nos é dito sem questionar, mas sim buscar o conhecimento por meio da razão e da experiência. Como disse o filósofo Platão, "a vida sem exame não vale a pena ser vivida" (Apol. 38a). O pensamento crítico amplia a sabedoria, pois nos permite analisar as evidências, os argumentos e as consequências das nossas crenças e ações.

Além disso, a proteção depende mais de valores humanistas do que religiosos. Segundo Mahatma Gandhi, "não existe um caminho para a paz, a paz é o caminho". A compaixão e o respeito ao próximo geram segurança, pois promovem a harmonia e a cooperação entre as pessoas. A Bíblia também ensina que devemos "amar o nosso próximo como a nós mesmos" (Mateus 22:39). A violência e o ódio, por outro lado, geram conflitos e sofrimento, que ameaçam a nossa proteção.

A mente fechada limita a sabedoria. Disse Einstein que "a mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original". A abertura mental expande nossa compreensão, pois nos permite aprender com outras perspectivas e culturas. A Bíblia também incentiva a busca pela sabedoria em outras fontes além da própria: "Mas o Conselheiro, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinará a vocês todas as coisas e fará vocês lembrarem tudo o que eu disse".

(João 14:26). A diversidade enriquece a sabedoria.

Portanto, embora a religião inspire alguns, o cultivo da razão, da alteridade e da introspecção igualmente nos tornam sábios e seguros. A sabedoria e a proteção vêm de diversas fontes, que se complementam e se iluminam mutuamente. Como disse o filósofo Sócrates, "só sei que nada sei". A humildade é o primeiro passo para a sabedoria.