"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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domingo, 13 de dezembro de 2009

AS PRESTAÇÕES DA VIDA (Recebe-se como salário a morte pelo mal que se faz, e paga-se com a vida o bem que se faz)




CRÔNICA

AS PRESTAÇÕES DA VIDA ("Recebe-se como salário a morte pelo mal que se faz, e paga-se com a vida o bem que se faz")

Por Claudeci Ferreira de Andrade

       Do que adiantou tantas capacitações, cursos e mais cursos, dedicação integral ao trabalho(60 horas aula), todos os seus salários e bons propósitos para o futuro? Se assim pensava conquistar mais vida, foi a morte que a conquistou repentinamente! Por que aquele não fartar-se de tanta estresse e correrias?
       O mundo estava se deteriorando ao seu derredor, mas ela ainda assistia os "pobres" e estava sempre ocupada demais com os necessitados. Também não perdia oportunidade para ganhar mais dinheiro, mas nem movimentava sua própria conta bancária, era sua irmã, chamando assim a atenção de todos para o essencial da vida. E as obras de caridade ajudaram-na em quê? Ah, os caridosos também morrem e deixam sua boa imagem para apenas refletirmos e nada mais! Mas tudo bem, se todos pensassem assim, quem iria ajudar o próximo? Quis garantir o seu futuro sem saber o que significava o presente. Sua despretensão de si mesma revelou verdadeira falta de consagração à vida, quem sabe a vida agradecia! Então, só nos deixou saudades, sendo que o prolongamento e a intensidade da vida eram possíveis. Pois, foi muito cedo!
       Quando enfeitiçada pelo “romantismo” de ser cada dia melhor, estava em desarmonia com a realidade em que vivia. Mas, contudo, não podia colher a morte como resultado por ser sonhadora. Estou pensando na Professora "Lourdinha". E me desculpem por está com meu lado emocional abalado. Qual aluno não a desrespeitou, e agora a homenageamos! Só não sabemos se celebramos a morte ou a vida dela. Será mesmo que existe a lei da causa e efeito infalível? Será que a colega de trabalho que chamou de salafrária, lamenta agora por ter tido parte em sua despedida?
       O livro de Ageu na Bíblia diz que devemos considerar o passado e não sermos irracionais em nossa análise do que realmente está acontecendo. Pelo menos, quando fazemos do nosso presente o centro de nossa vida, temos acesso ao futuro automaticamente coroado com uma morte madura. Ela, minha doce professora, que muito me ensinou, e agora é mais fácil administrar meus dias com esta sua última lição: "recebe-se como salário a morte pelo mal que se faz, e paga-se com a vida o bem que se faz". Não creio em ressurreição, mas vivo como se houvesse, pois o que vier será lucro. Que bom seria, se houvesse a ressurreição para eu rever minha "Lourdinha"!


Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 22/12/2009
Código do texto: T1991511

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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

UM CORDEL DE LOURDINHA (Para a perpétua memória)




POEMA

UM CORDEL DE LOURDINHA (Para a perpétua memória)


Adalgisa Maria Viana

Maria de Lourdes Viana
24 de setembro nasceu,
Só nos deu alegria
Até que faleceu.

Ela era muito bela
De um coração exemplar,
Ajudava todo mundo
Sem nada em troca cobrar.

Os anos foram se passando
Para Verdelândia mudou,
Foi naquele lugar
Que nosso pai nos deixou.

Ela ainda bem novinha
Dos irmãos ajudou cuidar,
Sempre de cabeça erguida
Não gostava de reclamar.

Logo em seguida
Ela começou a trabalhar,
Com o pouco dinheiro que tinha
O seu lote quis comprar.

Dizem todos que a conheceram
Que por aonde ela passava,
Era amor e alegria
Que Maria de Lourdes deixava.

Quando alguém a maltratava
E eu ia lhe falar,
Ela com um sorriso lindo
Colocava-me a pensar

Ela sorrindo dizia
Vamos aprender perdoar,
Às vezes, para esta pessoa
Não teve ninguém para ajudar.

Gleides e ela diziam nossos pais
Juntos de Deus eles estão,
Por isso estamos bem
Pois eles seguram em nossas mãos.

Quando alguém tinha pena dela
Também não gostava,
Pois o que era para ser
Ela mesma suportava.

Dizia que Deus
Dá o sofrimento para passar,
Somente aquele tanto
Que podemos suportar

Um dia ela me falou
Com um sorriso lindinho,
Se não souber perdoar
De que vale esse mundinho.

Também ela me falava
Que tudo tem solução,
Que o amor dela era eterno
Para familiares, amigos e irmãos.


Quando mudei para Goiânia
Na minha casa sempre vinha passear,
Só que ela estava triste
E eu não conseguia ajudar.

Depois de algum tempo
Irmã Mires ela conheceu,
Foi quem ajudou imensamente
E o problema desapareceu.

Com a  ajuda da Mires
Para Barro Alto se mudou,
Na casa de boa gente
No convento a colocou.

Um dia lá em Curvelo
Ela de ser freira se cansou,
Bateu em retira
E para Goiânia voltou.

Depois se mudou para Senador Canedo
Para de dois sobrinhos cuidar,
Pois eles estavam crescidos
E precisavam trabalhar.

Ela não media esforço
Para família ajudar,
Mesmo se fosse impossível
Ajudava sem cessar

Ela gostava muito
De andar e trabalhar,
Sempre arrumava um tempinho
Para da saúde cuidar.

Comida era saudável
Tinha medo de adoecer,
Por isso ela classificava
O que devia comer.

Era tão responsável
Que nem namorado arrumou,
Só começou namorar
Quando o Claudeci encontrou.

Que Claudeci era um amor
Para mim ela dizia,
Qual era o destino deles
Somente a Deus pertencia.

Quando ela estava com ele
Sentia-se protegida,
Dizia que ele era o anjo
Que Deus colocou em sua vida.

Um dia com uma dorzinha
Lá no Canedo internou,
Só não sabia que aquele hospital
O seu triste fim traçou.

Ela ficou internada
Até naquele dia,
E sentiu que se não fugisse
No matadouro morria.

Ela ligou para Gleides
E disse que tinha fugido,
Porque se ficasse lá
Em breve teria morrido.

Então ela fugiu
E uma ambulância a procurou,
Só que ela escondeu
E para lá não mais voltou.

Correu para o São Salvador
Onde ela foi bem tratada,
Só que do hospital matador
Ela saiu infectada.

Ela pagou com a vida
Para outras vidas salvar,
Vamos ver que providência
A justiça vai tomar.

Eu deixo aqui meu recado
Não sei se vão entender,
Se eu maltratasse a Maria de Lourdes
No velório eu não ia aparecer.

Aqui deixo meu abraço
Para minha irmãzinha querida,
Que partiu desse mundo
Despedindo desta vida.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 10/12/2009
Código do texto: T1971507


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domingo, 6 de dezembro de 2009

ABORDAGEM




FRASE

ABORDAGEM

O fraco tem força na multidão, o dissimulado na solidão
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 06/12/2009
Código do texto: T1963085

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domingo, 29 de novembro de 2009

O DIREITO DE NÃO ESTUDAR ( Quem não Respeita não Merece Respeito)







CRÔNICA

O DIREITO DE NÃO ESTUDAR ( Quem não Respeita não Merece Respeito)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

         
Como seria se todos os brasileiros fossem formados academicamente da forma que quer a escola? À primeira vista, sabemos que têm muitos seduzidos pelos os incentivos educacionais dos governos e que vão ali apenas porque estão sequestrados mentalmente. É certo que os muitos diplomas ainda não acabariam com a pobreza e a miséria de nossa gente. Conheci uma pessoa formada em Direito que trabalhava vendendo churros nas esquinas da cidade; não deixa de ser honroso, o que questiono é a submissão aos apelos do academicismo. Qual era o grau de escolaridade do grande realista brasileiro, Machado de Assis? Os que querem exercer seu direito de não estudar, quando forçados a permanecer em uma sala de aula, atrapalham o que quer se formar para ser outra coisa na vida. Mas, o que se exige de um vendedor de churros? Apenas que saiba passar trocos e fabricar seus deliciosos petiscos, e para isso não se precisa de escola! Se alguém insiste em dizer que quem não estudou é menos feliz, esse é senão os simples pedagogos que são considerados leigos, pelo próprio sistema educacional, para ensinar no Ensino Médio.
            Por outro lado, se um semianalfabeto se tornou o presidente do país, um outro pode se tornar o apresentador de um programa de TV famoso, ou ainda o dono de uma grande empresa. Então, por esses não terem diplomas de formação acadêmica, estariam ilegais? "Machado de Assis pouco frequentou a escola, era autodidata. Aos 16 anos, na revista 'Marmota Fluminense', publica o seu primeiro poema: 'Ela'. Foi aprendiz de tipógrafo, revisor, colaborador com artigos em vários jornais, servidor público, Diretor-Geral do Ministério da Viação e presidente da Academia Brasileira de Letras ou a 'Casa de Machado de Assis'". http://valiteratura.blogspot.com.br/2010/11/joaquim-maria-machado-de-assis.html (acessado em 04/07/2015).
            Jesus também não tinha diploma algum e foi ele que disse: — “os pobres sempre tereis convosco”(Mt 26:11). Isso só reforça o veredicto do fracasso dos intolerantes que simplesmente colam a etiqueta de menos humanos sobre os não letrados da sociedade, para se autopromoverem, e assim humilhar os que dedicaram seu tempo em outros conhecimentos da vida e outras funções. A escola deveria ensinar, também, a respeitar a liberdade dos talentosos (autodidatas) que decidiram não precisar dela, para serem úteis e felizes nos aspectos práticos da vida. Aquilo que uma pessoa exclui de sua vida é o que em si mesmo lhe seria exatamente prejudicial.
            Na minha prática docente, gostaria de chorar, lamentando muito, por aqueles que sofrem em sala de aula, tentando por vezes a fio, frustradamente, acertar as questões das provas de Língua Portuguesa e entender as regras da gramática cheias de exceções. Mas não conseguem, não têm o dom, e então recorrem à indisciplina para chamar a atenção a si mesmos, por outros meios, tentando igualar-se aos colegas, por atalhos, portanto perturbando os demais. Agora resolvi não me importar com os que querem chamar minha atenção desse jeito, todavia decepcionados por não conseguir, nem uma coisa, nem outra; talvez “cairão na real”. E a escola os tacha de "evadidos"; eu tachado de sem "domínio de classe"!!!
            A dor do não letrado, aos olhos da escola, não se compara com a sua própria dor, ou melhor, com a dor da consciência por fazê-lo sofrer, perder tempo, alisando a cadeira que não queria. Um vendedor de churros "formado" é mais gente que um outro de igual eficiência não academizado?
            Minha mãe semianalfabeta  ensinou-me a ler e escrever sem os moldes da escola! Por que hoje, qualquer capacitação tem que ser no desenho do atual sistema educacional falido: presencial, semipresencial, EJA ou a distância; faltas reprovam; media mínima aceitável; provas e fraudes mil; controle de qualidade; não dispensar antes do lanche; arrecadação?! (a desordem na gradação aqui é intencional).
          Como se não bastasse: uma vez alfabetizado pode perder o direito de não ler. Porém, isso é muito diferente do não estudar! Ainda tem-se o direito de não estudar!? Escolaridade e inteligência não são a mesma coisa. 

Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 29/11/2009
Código do texto: T1950298

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sábado, 28 de novembro de 2009

Uma escola - Poema de Francisco Marques

Uma escola

Uma escola
entre o desamparo e o colapso
lá despejam-se alunos


faltar ou assaltar
são normais
agredir ou ser agredido
o fado diário

Nessa escola
espelho da sociedade
em que caímos
a vida em escola
é como
estar num ghetto
só com a diferença
que o ghetto
são os professores

Será
esta a solução
para despejar
e colocar nos professores
aquilo que os pais
e os politicos
deveriam fazer

Nessa escola
espelho da vida social de hoje
as aulas são campos de batalha
e a escola uma guerra social
colapso
deste país
chamado Portugal

FM
Francisco Marques

domingo, 22 de novembro de 2009

CONSIDERANDO A BREVIDADE DA VIDA (Não temos tempo para divagarmos!)




Crônica

CONSIDERANDO A BREVIDADE DA VIDA (Não temos tempo para divagarmos!)

Por Claudeci Ferreira de Andrade
          Um homem globalizado é inútil por ser diluído em muitas vertentes, apenas tocando superficialmente nisto ou naquilo, não realiza nada com profundidade. E quando morre, deixa apenas uma pedra tumular atrás de si, com pobre escrições, nada mais. Pois a "cobra é venenosa, mas não pode dar pernada". Ninguém é bom em tudo. Assim, cada pessoa deve descobrir sua vocação e se especializar em algo. Ter um ponto forte para ser procurado por ele. Isso é prova que os homens precisam de especialistas em suas específicas necessidades, completando-se uns aos outros, mesmo falando outra língua, porque existem os especialistas em traduções, também.
            Quem se prontificaria a ser um doutor em latim? Uma língua morta há muito anos! Quem vai precisar do serviço de um profissional assim? Todos procuram lidar com trabalhos que dão muito dinheiro e por sinal estão na moda. Quanto ganha um professor de latim? Pela raridade, o preço aumenta!
            Descubra sua inclinações naturais e se entregue à perfeição! A Bíblia diz: 1 Pedro 4:10 (Edição Revista e Atualizada - 1993)
"Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus." Não temos tempo para divagarmos! 
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 22/11/2009
Código do texto: T1938425


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TINHA UMA "CABEÇA DE BODE" EM MEU CAMINHO (Eu me transformei em seu Demônio porque você sempre foi o meu Demônio)







CRÔNICA

TINHA UMA "CABEÇA DE BODE" EM MEU CAMINHO (Eu me transformei em seu Demônio porque você sempre foi o meu Demônio)

Por Claudeci Ferreira de Andrade


         Entrei no professorado sem saber de fato o que estava acontecendo comigo. Fui expulso do pastorado da igreja adventista. Parece-me que estavam me conduzindo ao caos. Muitos deles sorriam de mim, os que me empurram no precipício, com uma mão direita. Queriam ver a queda do inimigo! Pois não tive outra saída, ou melhor, era como se eu tivesse em queda livre, caindo sem para-quedas! Por sorte, caí no sistema educacional público. Só depois de vinte anos de aprovado no concurso da educação estadual, descobri que alguém me queria aqui, foi um milagre!  Tudo aconteceu de uma forma que eu não esperava e nem planejei. Sabia mais ou menos sobre o que estava acontecendo, plano de Deus ou do Diabo com permissão de Deus. Mas, o que me tornei afinal? Ainda não sei. Ainda estou esperando as consequências de ter estudado sempre em escolas paroquiais e aprendido a depositar a fé em Deus.
            Houve um tempo em que eu esperava mais de mim mesmo, mas naquele tempo, com visão de universitário, via outras coisas. Agora, com minha compreensão de graduado, dirigida pelas leituras, as tantas experiências, ministrando em sala de aula, relações diversificadas com os vários modos de gestão, espero menos de mim. Perdi a fé! Contudo, estou preparado para dizer ao mundo quem sou, enfrento as zombarias e ameaças de todos os quantos se julgam no seu direito. Embora eu não saiba exatamente qual será meu fim. Mas tenho certeza que quero contribuir para melhorar o sistema educacional público brasileiro, bem como tinha no ministério evangélico, esse sempre foi meu propósito, e agora é o propósito último de tudo que escrevo, enlouquecendo o Capeta.
       Mas, que acontecerá se eu estiver enganado? Se eu estiver lido mal e interpretado mal minhas vivências? Ou o que será se as bocas malditas estiverem certas? Não seria desconfortável ficar aqui parado me perguntando onde estão as respostas? Já não tenho mais tanto tempo!
       Quão conveniente, portanto, que chefes de departamentos superiores do sistema apareçam em cena nesse momento e me proponha outro milagre que não somente satisfaça a mim, bem como a milhares de outros professores e alunos que estão famintos de oportunidade para enfrentar o progresso social através da educação de qualidade! O drama é mais intenso quando alguns, pretensos revolucionários, são pegos por Cristo, ou seja, os “bodes expiatórios”, para nada.
       Sobretudo, nunca vi questão tão profunda! Eu me transformei em seu Demônio porque você sempre foi o meu Demônio. Mas, se eu fosse seu Deus, você seria meu Deus. Porém, como posso chegar a ser seu Deus se você não deixa de ser meu Demônio, apenas posso ser seu Demônio para fazer jus que você seja meu Demônio. Entendi que o único problema da educação é que cada ator, desse meio, tenta libertar-se do grupo e procura solucionar o seu próprio problema. Por que eu tenho que procurar satisfazer apenas minhas próprias necessidades se o meu problema, no sistema educacional, é o seu problema? Como ficou tudo fora do comum no paraíso quando Adão e Eva tomaram o fruto a fim de favorecer sua própria causa. E o resto deixa estar para ver como é que fica.


Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 22/11/2009
Código do texto: T1938354

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.
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sábado, 14 de novembro de 2009

ISTO É INCLUSÃO ESCOLAR? ( “O direito de todos estarem juntos não é maior que o direito individual ao desenvolvimento”, apontou o MEC, em 2020)



CRÔNICA


ISTO É INCLUSÃO ESCOLAR? ( “O direito de todos estarem juntos não é maior que o direito individual ao desenvolvimento”, apontou o MEC, em 2020)

Por Claudeci Ferreira de Andrade
         Tive um aluno declarado incluso por ser portador de baixa audição, porém era o pior aluno que já tive no aspecto disciplinar. Já ameaçado à expulsão da escola, por vezes, e a mesma nunca se concretizou, devendo-se a proteção dos que viviam do projeto. Também quebrou vidros da escola, derrubava mesas e carteiras, maltratava os outros, gritava, entrava e saia o tempo todo na sala de aula, portanto não fazia as atividades propostas; o engraçado de tudo isso é que tinha seguidor, havia outros ditos normais, que inspirados no comportamento dele, faziam o mesmo. Trocaram-no de sala; não adiantou, houve quem dissera que quando ele ia buscar a bandeja de lanche para os outros, cuspia dentro. O interessante, em tudo isso, é que seu boletim ostentava nota seis em todas as matérias, em todos os bimestres, “estava sempre na média”, na verdade, estávamos refém dele, ou melhor, nivelados por ele, pois não podíamos reprová-lo, nem ao menos, dessa forma. O nível da classe era puxado para baixo. Aquela suposta professora de apoio, alegando que o professor dele sou eu, convoca-me para explicar de outra forma para ele, pois não entende. Então me pergunto o que ela faz ali! Há muita gente mamando na causa dos deficientes. 
         A tal socialização, defendida por muito psicopedagogos, é refúgio da gestão, aliás deve ser a única desculpa para manter este tipo de gente na comunidade escolar, pois essa gente não aprende no ritmo dos regulares, que seja dito de passagem, "ensina". Certa feita, estimulei o tal aluno a escolher um grupo de trabalho para adquirir a nota do quarto bimestre, infelizmente escolheu o grupo "errado": os seus "discípulos"! Como só assinou o trabalho pronto, não percebeu que seu grupo não fez um bom trabalho, a propósito, não saberia avaliá-lo mesmo, e, portanto, tirou nota quatro. Que explicação daria eu aos componentes do grupo, se o declarado aluno ia ficar com o seis? Ou seria justo dar o seis para todos do grupo por extensão da misericórdia atribuída ao aluno "especial"? Que critério diferenciado aplicaria eu para incluí-lo notoriamente na baixa qualidade a que apresentava, comparando com os demais sem que eu sofresse qualquer penalidade, discriminação ou escárnio de colegas e superiores de trabalho; ou defensores dos direitos dos adolescentes, por cima, "especial"?
         O que tem de mais comediante nisso tudo é que quando ele descobriu a sua nota quatro, foi imediatamente à sala dos professores e me dirigiu, entre gritos e baixarias, os piores palavrões e ameaças! Entre muitas expressões censuradas, cito a mais leve, das quais tive de ouvir, sentindo seu dedo em riste no meu nariz: — "Eu não posso tirar menos que a média, eu sou doente, podem consertar minha nota, senão vou te denunciar, seu professor de merda!"
         Ele não tinha a capacidade dos outros, mas não era "deficiente", era "especial"! Só para se beneficiar, admitia-se doente! Portanto ainda digo que o ganho da autoestima do incluso pela socialização não vale o prejuízo semântico da palavra "especial"; uma discriminação não vale a outra, o que vale mesmo é a socialização que deixa a desejar. Sem um professor de apoio não consigo. E os colegas de classe, como se sentem? Ninguém os perguntou?
          Realmente, eu não sei o que é inclusão escolar ou social, cheguei a compará-la com uma competição entre funcionários de uma empresa que ao invés de um produzir mais para superar o outro, não; um "puxa o tapete" do outro para não vê-lo à frente, derrubando assim as boas estatísticas e nivelando por baixo todo mundo. Lendo o site abaixo ainda me condenei por está contando minha derrocada experiência, mas por um instante sublimei-me, jogando a culpa em quem também quer que todos nós sejamos iguais. Nesse caso, ele mesmo se autorrotulou, medindo-se com a maioria dos colegas de traços e comportamento "normais" e tentando ganhar por atalhos.
         Até que alguém me explique convincentemente que tipo de inclusão é essa, vou continuar afirmando: "De tanto passarem a mão na cabeça do deficiente, esquecem-se de formar o seu caráter social". E na escola tenho de suportar outros "pseudoinclusos". Assim, deficiente fica sendo o meu trabalho, diluído e sem qualidade, Já não sei mais quem precisa de inclusão. Pois carrego a deficiência que mutila a aprendizagem da maioria, por não fazer bem nem uma coisa e nem outra, ou melhor, inclua-me fora disso! Quero ser um ser social e não imposto; pelo o amor de Deus, tire-me dessa inclusão! Inclusas são as palavras de Valdeci Santos: "Todas as deficiências são aceitáveis e passíveis de inclusão social, menos a do caráter". Por isso digo: Salvo exceções. Na escola é assim, os especiais são matriculados para socializar: desregradamente conversam, andam, enxergam, escutam, atrapalham a aula dos outros. Errado é quem apoia.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 14/11/2009
Código do texto: T1922975

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.
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