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segunda-feira, 2 de outubro de 2023

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico I(31) Entre o Bem, o Mau e a Verdade.

 


CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico I(31) Entre o Bem, o Mau e a Verdade.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A ideia de que as mazelas da humanidade decorrem da rejeição aos ensinamentos bíblicos é, no mínimo, simplista e pouco fundamentada. Como afirmou o filósofo Bertrand Russell, "muitas pessoas aceitariam a moral cristã se não incluísse a doutrina cristã". Ou seja, os preceitos éticos do cristianismo não dependem necessariamente da crença em sua origem divina e infalível.

De fato, a busca por compreensão, justiça e compaixão faz parte da própria condição humana, independente de religião. Como disse o escritor Stefan Zweig, "é próprio do ser humano procurar a luz". Os avanços na ciência, direitos humanos e valores democráticos ocorreram mais apesar do que por causa dos dogmas religiosos.

Além disso, atribuir os problemas sociais à rejeição da fé é desconsiderar fatores políticos, econômicos e culturais que constituem a complexa teia da vida em sociedade. Nas palavras do sociólogo Émile Durkheim, "a moral não pode derivar nem da natureza humana nem da vontade divina, mas da própria sociedade".

Portanto, embora os ensinamentos religiosos possam trazer contribuições relevantes, a ética e o progresso dependem sobretudo do diálogo aberto, do senso de justiça e da disposição humana para o bem. Combater injustiças e construir uma sociedade melhor são tarefas que requerem olhar crítico, empatia e razão.

No entanto, isso não significa que devemos ignorar ou desprezar a dimensão espiritual da existência humana. Pelo contrário, devemos reconhecer que há uma fonte de sabedoria e amor que transcende as nossas limitações humanas. Como disse o apóstolo Paulo, "examinai tudo. Retende o bem". Ou seja, devemos ser capazes de discernir entre o que é verdadeiro e o que é falso, entre o que é bom e o que é mau, entre o que é de Deus e o que é do mundo.

Nesse sentido, a Bíblia pode ser um guia valioso para a nossa conduta moral, desde que seja interpretada com inteligência e sensibilidade. Como disse o teólogo Agostinho de Hipona, "a Bíblia foi escrita para que creiamos nela; mas não se pode crer nela se não se compreende seu sentido". Ou seja, devemos buscar entender o contexto histórico, cultural e literário dos textos bíblicos, bem como aplicar os seus princípios à nossa realidade atual.

Assim, podemos conciliar a fé e a razão, a religião e a ciência, a moral e a ética. Podemos viver como cidadãos responsáveis e como filhos amados de Deus. Podemos ser sal da terra e luz do mundo.

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