"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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MINHAS PÉROLAS

domingo, 9 de fevereiro de 2025

A Queda do Professor De Anatomia Com Conotação Sexual. ("A universidade: um templo do saber que se mancha com a sombra da violência." - CiFA)

 

  • A Queda do Professor De Anatomia Com Conotação Sexual. ("A universidade: um templo do saber que se mancha com a sombra da violência." - CiFA)

    Por Claudeci Ferreira de Andrade

    Havia uma quietude estranha no campus naquela manhã. O vento, que sempre soprava leve entre as colunas da Universidade Federal de Ouro Preto, parecia carregar um peso invisível. As sombras das árvores estendiam-se pelo chão como se sussurrassem segredos antigos, e os corredores, antes cheios de vozes vibrantes, agora ressoavam apenas murmúrios desconfiados.

    A notícia chegou antes que os primeiros raios de sol iluminassem os telhados históricos da instituição. O boletim administrativo, com sua linguagem fria e burocrática, trazia a sentença que abalaria a comunidade acadêmica: um professor de anatomia fora demitido por "condutas de conotação sexual impróprias". Seu nome, antes apenas mais um na hierarquia acadêmica, agora ecoava pelos corredores como um sino rachado.

    No anfiteatro onde ossos e músculos eram expostos como um espetáculo da ciência, pairava agora uma atmosfera pesada. A investigação, iniciada em maio de 2024, havia se arrastado por meses como um fantasma pelos corredores centenários. A Comissão de Processo Administrativo Disciplinar, após minuciosa análise de provas e depoimentos, chegara a uma conclusão inequívoca, levando a reitoria a tomar a decisão mais severa.

    Do outro lado, a defesa se manifestava com suas notas oficiais e promessas de recurso, invocando o devido processo legal e o direito ao contraditório. Mas, no tribunal da opinião pública, as sentenças costumam ser proferidas antes mesmo que qualquer julgamento formal tenha fim. Uma pergunta incômoda pairava no ar: como um espaço dedicado ao conhecimento e ao crescimento poderia ter se tornado palco de algo tão sombrio?

    O caso transcendia a mera punição individual - era um marco, um ponto de ruptura que sinalizava uma mudança institucional. A mensagem era clara: em uma universidade que preza pela excelência, não haveria mais espaço para comportamentos que violassem a dignidade de qualquer membro da comunidade acadêmica.

    E assim, o campus seguia seu ritmo, ainda que diferente. As aulas continuavam, os estudantes circulavam, os professores lecionavam. Mas algo havia mudado fundamentalmente. Entre as sombras e luzes que dançavam pelos corredores históricos, nascia a esperança de que este episódio doloroso pudesse servir como catalisador para um ambiente mais seguro e respeitoso para todos.

    A queda de um professor revelou-se mais que um escândalo institucional - tornou-se um doloroso lembrete de que até as instituições mais sólidas precisam estar vigilantes contra a quebra de confiança. No final, talvez a lição mais valiosa seja que a verdadeira grandeza de uma instituição não está apenas em seu passado glorioso, mas em sua capacidade de enfrentar seus próprios demônios e emergir mais forte e mais justa.


    https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2025/02/08/ufop-demite-professor-por-suspeita-de-praticar-condutas-de-conotacao-sexual-improprias.ghtml (Acessado em 09/02/2025).


    1. Que elementos do texto criam uma atmosfera de mistério e apreensão no campus da universidade, e como essa atmosfera se relaciona com o tema central da notícia?

    2. De que forma a descrição do anfiteatro como um espaço onde "ossos e músculos eram expostos como um espetáculo da ciência" contrasta com a revelação de que o mesmo local foi palco de "condutas de conotação sexual impróprias"?

    3. Qual o papel da Comissão de Processo Administrativo Disciplinar na investigação do caso, e como sua atuação contribui para a reflexão sobre a importância de mecanismos de controle e responsabilização em instituições de ensino?

    4. Além da punição individual do professor, que outras questões o texto levanta sobre a necessidade de mudanças institucionais e sobre o papel da universidade na construção de um ambiente mais seguro e respeitoso para todos?

    5. Como o texto explora a tensão entre a necessidade de justiça e o direito à defesa, e de que forma essa tensão se manifesta na narrativa e nas diferentes perspectivas apresentadas sobre o caso?

    sábado, 8 de fevereiro de 2025

    A Sombra que Ameaça Nossa Infância ("O verdadeiro crime não é apenas a venda de drogas, é permitir que o descaso com nossa juventude continue se perpetuando." - CiFA

    Crônica Jornalística 


    A Sombra que Ameaça Nossa Infância ("O verdadeiro crime não é apenas a venda de drogas, é permitir que o descaso com nossa juventude continue se perpetuando." - CiFA

    Por Claudeci Ferreira de Andrade

    É quase impossível entender como o mundo se perde em detalhes tão pequenos, enquanto o grande drama da vida continua se desenrolando nas sombras. A notícia me atingiu como um tapa na cara: "Casal preso por vender drogas perto de escolas infantis", na Vila Mutirão, em Goiânia. Um bairro aparentemente comum que, como tantos outros, se vê às voltas com o infortúnio da proximidade do crime.

    A sordidez da situação revolta: a casa dos traficantes, a meros 300 metros de três escolas infantis. Uma distância que parece pequena, mas representa um abismo entre a infância protegida e o mundo do crime. Ali, crianças que deveriam estar apenas aprendendo a ler, escrever e sonhar com um futuro brilhante, transitavam diariamente próximas a um ponto de venda de crack, imersas em um ambiente de insegurança e violência.

    O que mais perturba nessa história é o perfil dos criminosos. A mulher, já conhecida da polícia e monitorada por tornozeleira eletrônica, escolheu retornar ao mesmo crime. Sua reincidência escancara a fragilidade do sistema de monitoramento e nos faz questionar: quantos outros, em situação semelhante, continuam em liberdade, prontos para repetir os mesmos erros?

    A polícia, como sempre, cumpriu seu papel com diligência, mas o caso nos força a uma reflexão mais profunda: o que mais precisamos fazer para que essas histórias não se repitam? As medidas atuais - prisão e monitoramento eletrônico - mostram-se insuficientes quando o sistema falha na recuperação das pessoas e na prevenção de novos crimes.

    A voz do povo ecoa nas ruas, nos bares, nas redes sociais. A indignação é unânime, mas para além dela, que ações concretas estamos tomando para mudar essa realidade? As famílias e a sociedade precisam oferecer condições para que as crianças possam estudar, crescer e ter oportunidades longe das garras do tráfico.

    A educação permanece como nossa maior esperança, mas até mesmo as escolas, essas instituições sagradas da formação humana, parecem vulneráveis quando o crime se instala tão próximo. Como garantir que os sonhos e esperanças das crianças não sejam roubados como os de tantas outras?

    Que esse caso sirva não apenas de alerta, mas de combustível para uma mudança real. Precisamos construir um futuro onde a sombra das drogas não paire sobre a infância de nossas crianças, onde cada sala de aula seja verdadeiramente um espaço de transformação e esperança. Porque o verdadeiro crime não é apenas a venda de drogas – é permitir que o descaso com nossa juventude continue se perpetuando.


    https://digital.dm.com.br/#!/view?e=20250208&p=2 (Acessado em 08/02/2025)


    1. Qual a principal contradição apontada no texto entre a aparente normalidade do bairro da Vila Mutirão e a presença do tráfico de drogas nas proximidades de escolas infantis?

    2. De que forma a localização da casa dos traficantes, a apenas 300 metros de distância de três escolas infantis, é utilizada no texto para simbolizar a vulnerabilidade da infância diante do crime?

    3. Qual a crítica central do texto em relação à mulher que, mesmo sendo monitorada por tornozeleira eletrônica, é flagrada novamente cometendo o crime de tráfico de drogas?

    4. Além da atuação policial, que outros tipos de ações e medidas são apontados no texto como necessários para combater o problema do tráfico de drogas e proteger as crianças?

    5. Que tipo de reflexão o autor busca provocar no leitor ao questionar sobre o que estamos fazendo para mudar a realidade do tráfico de drogas e garantir um futuro melhor para as crianças?

    quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

    A Fome de Escola que Roubou a Merenda ("A indiferença é o peso morto da história." - Georges Bernanos)

     

  • A Fome de Escola que Roubou a Merenda ("A indiferença é o peso morto da história." - Georges Bernanos)

    Por Claudeci Ferreira de Andrade

    A notícia chegou cedo, antes mesmo do café esfriar na xícara. Sob a luz pálida da lua minguante, a Escola Municipal Moacir Faria, em Piraju, tornava-se palco de um ato insólito — um crime que revelaria muito mais do que a simples presença de um cadeado rompido.

    Na calada da noite, um homem transformou-se em um vulto faminto, esgueirando-se pelas sombras do pátio escolar. Seus olhos não buscavam computadores, equipamentos ou dinheiro; miravam a cozinha, onde quase vinte quilos de carne da merenda repousavam, alheios ao destino que os aguardava.

    Com a destreza de um felino acuado, ele arrombou a porta, libertando no ar o aroma da própria necessidade. O eco de risadas infantis, ainda impregnado no ambiente vazio, contrastava com o silêncio daquele gesto desesperado. Encheu os braços com os pacotes e desapareceu na escuridão, levando não apenas alimento, mas também o peso de uma dignidade já perdida em alguma outra escola qualquer.

    Na manhã seguinte, a notícia se espalhava como fogo em palha seca. A diretora, com a serenidade de quem já viu de tudo, tratava de resolver a situação. Os 160 alunos, entre quatro e seis anos, permaneceram alheios ao ocorrido, graças à rápida reposição dos alimentos. A rotina escolar seguiu seu curso, como se a madrugada anterior não tivesse sido marcada por aquele crime silencioso.

    Mas a escola, ferida em sua alma, sofria para além da perda material. O que leva alguém a arrombar uma escola em busca de carne? Até onde vai a linha tênue que separa a necessidade do crime? Enquanto giramos como ponteiros de um relógio quebrado, tentando encontrar respostas, restam apenas o vazio na despensa e o desconforto de um país que insiste em desviar o olhar do Sistema Educacional.

    Que este episódio sirva de alerta, iluminando o caminho para uma necessária transformação social. A carne roubada não é apenas um item em um boletim de ocorrência — é o símbolo da nossa omissão diante da precariedade da nossas Escolas, um grito de fome ecoando nos corredores vazios de nossas consciências.

    Em algum canto esquecido da cidade, um homem carrega sua fome e sua culpa, enquanto nós, testemunhas dessa realidade cruel, nos perguntamos: até quando a miséria humana continuará escrevendo histórias como esta, onde a fome rouba não apenas a comida, mas também a dignidade de todos nós?


    https://g1.globo.com/sp/itapetininga-regiao/noticia/2025/02/06/homem-invade-escola-municipal-e-furta-pedacos-de-carne-da-merenda-em-piraju.ghtml (Acessado em 6/01/2025)


    1. Qual a principal contradição apresentada no texto entre a aparente normalidade da rotina escolar e a gravidade do furto ocorrido na escola?

    2. De que forma o texto associa o furto da carne na escola à perda da dignidade, tanto para o homem que furta quanto para a sociedade como um todo?

    3. Além da questão da fome, que outros problemas sociais são apontados no texto como contribuintes para o tipo de crime ocorrido na escola?

    4. Qual o significado da expressão "ponteiros de um relógio quebrado" no contexto do texto e que relação ela tem com a busca por soluções para o problema da fome?

    5. Que tipo de impacto o autor busca provocar no leitor ao comparar a carne roubada a um "grito de fome" e ao destacar a omissão da sociedade diante da precariedade das escolas?

    domingo, 2 de fevereiro de 2025

    Quadro Negro, Coração Colorido ("Um livro, uma caneta, uma criança e um professor podem mudar o mundo." - Malala Yousafzai)

     

  • Quadro Negro, Coração Colorido ("Um livro, uma caneta, uma criança e um professor podem mudar o mundo." - Malala Yousafzai)

    Por Claudeci Ferreira de Andrade

    Ah, a doce ironia do destino! Enquanto o Brasil se debate com a iminente falta de professores, Márcio Santos, negro, gay e periférico, trilha o caminho oposto. Aos 28 anos, finalmente, a pedagogia o chama.

    Na memória, a infância de um garoto que transformava ursinhos e bonecas em alunos de uma escolinha imaginária. O quadro negro era seu presente predileto. No ensino médio, a certeza: lecionar era seu destino. Mas a vida, implacável, o afastou desse sonho.

    Aos 18 anos, a necessidade de trabalhar falou mais alto. Abandonou os estudos, a periferia exigia sustento. Trabalhou como auxiliar administrativo e no call center, mas o fogo da paixão pela educação nunca se apagou.

    Veio a pandemia, o mundo parou, e ele, demitido. O baque o despertou. Era hora de retomar o sonho. Psicologia? Medicina? Não, era a docência que pulsava em suas veias.

    Eis-se aqui, aprovado em primeiro lugar no Sisu para a licenciatura em Pedagogia na Uneb, um oásis de esperança em meio ao deserto do "apagão de professores".

    Ironia, repito. Enquanto o MEC lança programas para atrair alunos para a licenciatura, ele, que sempre quis ser professor, trilha seu caminho de volta para a sala de aula.

    Não se ilude, a jornada será árdua. Ser professor no Brasil de hoje é desafiador. A tecnologia avança, os alunos mudam, a sala de aula se transforma. Mas a paixão o move, a vontade de fazer a diferença o impulsiona.

    Sabe que a carreira docente é desvalorizada, mal remunerada, desrespeitada. Mas seu propósito é maior que os obstáculos. Quer ser a ponte entre o conhecimento e a transformação social.

    Aos seus futuros colegas, aos que ainda resistem ao desencanto, ele diz: não desistam! A educação precisa de nós, de nossa paixão, de nossa coragem.

    Aos seus futuros alunos, promete: serei um professor presente, atento, humano. Serei o guia que os ajudará a trilhar seus próprios caminhos.

    E a você, leitor, ele pede: não deixe que o "apagão de professores" nos apague da história. Valorize a educação, apoie os professores, lute por um futuro mais justo e igualitário.

    Que sua história seja um farol de esperança em tempos de escuridão. Que juntos possamos construir um Brasil onde a educação seja a prioridade número um.

    Fonte de pesquisa: https://www.correio24horas.com.br/asteriscao/quem-ainda-quer-ser-professor-as-historias-de-estudantes-que-decidem-pela-carreira-que-vive-apagao-0225 (acessado em 2/2/2025)


    Questões Discursivas sobre a Crônica


    1. A crônica sobre Márcio Santos aborda a problemática da falta de professores no Brasil, o chamado "apagão de professores". Discuta as possíveis causas desse fenômeno, considerando tanto fatores relacionados à carreira docente (como remuneração e valorização social) quanto questões mais amplas, como a desvalorização da educação no país.

    2. Márcio Santos é um jovem negro, gay e periférico que, apesar dos desafios, decide seguir a carreira de professor. Como a história de vida de Márcio se relaciona com a problemática do "apagão de professores"? Que reflexões podemos fazer sobre a importância da diversidade no corpo docente e sobre o papel da educação na promoção da inclusão social?

    3. A crônica sobre Márcio Santos destaca a paixão e a vocação como elementos importantes para a escolha da carreira docente. No entanto, a paixão é suficiente para suprir as dificuldades enfrentadas pelos professores no Brasil? Discuta a importância de políticas públicas que valorizem a carreira docente, como a melhoria da remuneração, das condições de trabalho e da formação continuada.

    4. A tecnologia avança rapidamente e a sala de aula se transforma. Como os professores podem se adaptar a essas mudanças e utilizar a tecnologia a seu favor? Discuta o papel da formação continuada e da troca de experiências entre os docentes nesse processo de adaptação.

    5. A crônica sobre Márcio Santos termina com um apelo à valorização da educação e ao apoio aos professores. Que ações concretas a sociedade, o governo e as instituições podem realizar para enfrentar o "apagão de professores" e garantir uma educação de qualidade para todos?

    quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

    O Limite da Liberdade ("O futuro da educação está em nossas mãos. Cabe a nós escolher o caminho que queremos seguir." Autor: CiFA)

     Crônica 


    O Limite da Liberdade ("O futuro da educação está em nossas mãos. Cabe a nós escolher o caminho que queremos seguir." Autor: CiFA)

    Por Claudeci Ferreira de Andrade

    Em um dia de inverno, com o sol se esforçando para aquecer o ambiente, uma notícia na televisão capturou minha atenção e me fez refletir profundamente sobre a fragilidade da confiança que depositamos em nossas palavras. Era o caso de uma mãe, que em sua dor e indignação, acusava a escola do filho de negligência, depois que ele retornou com ferimentos aparentes. Decidiu então recorrer às redes sociais, compartilhando sua revolta, e suas palavras logo desencadearam uma onda de acusações contra a instituição.

    Em tempos de redes sociais, onde qualquer um pode ser um formador de opinião, muitas vezes agimos sem pensar nas consequências. Não demorou para que a mãe, em sua angústia, incitasse uma revolta pública, com comentários pedindo investigações e até o fechamento da escola. Paralelamente, acionou o Conselho Tutelar e a Delegacia de Proteção à Criança, alegando maus-tratos e omissão por parte da escola.

    No entanto, como tantas vezes acontece, a verdade não se deixa abalar facilmente. A escola, acusada de negligência, apresentou vídeos e relatos que mostravam um outro cenário, onde as crianças estavam sendo adequadamente supervisionadas durante as brincadeiras. As investigações das autoridades não encontraram indícios de crime ou negligência, o que levou a instituição a tomar uma medida drástica: entrou com um processo por danos à sua reputação.

    A Justiça, então, se fez ouvir. A mãe, que pensou estar agindo em defesa do filho, foi condenada a pagar uma indenização de R$ 8 mil à escola e a fazer uma retratação pública nos mesmos grupos onde fizera as acusações. A decisão gerou discussões nas redes sociais, com alguns defendendo a mãe, alegando que sua reação foi movida pelo amor e preocupação, enquanto outros apoiaram a decisão judicial, observando que, sem provas, ela ultrapassou os limites da razoabilidade e prejudicou injustamente a escola.

    Essa história, que parecia ser apenas mais um caso isolado de desconfiança, me fez questionar: até onde vai nossa liberdade de expressão? Será que as redes sociais nos dão carta branca para acusar sem fundamentos, sem antes verificar os fatos? A verdade, muitas vezes, não é o que queremos que ela seja, mas o que ela realmente é. A dor e a indignação podem nos cegar, mas não podemos deixar que elas se tornem um caminho para destruir o outro.

    A liberdade de expressão é um direito fundamental, mas, como tudo na vida, não é absoluta. Ela termina onde começa o direito do outro. O que me chama a atenção é como a falta de responsabilidade nas palavras pode gerar danos irreparáveis, não apenas à reputação de uma pessoa ou instituição, mas também ao próprio relacionamento de confiança que criamos uns com os outros.

    O que esta história me ensina é que, ao tentarmos proteger aqueles que amamos, podemos, sem querer, prejudicar ainda mais. A confiança, uma vez quebrada, nunca mais volta a ser a mesma. No final, a lição é clara: que possamos usar as redes sociais com responsabilidade, pensando antes de compartilhar acusações e sendo conscientes do impacto real de nossas palavras, que, embora virtuais, podem causar danos muito concretos. Que, ao lutar pelo que é certo, nunca nos esqueçamos da importância de agir com respeito e empatia.

    https://www.migalhas.com.br/quentes/423728/mae-que-acusou-escola-de-negligencia-em-redes-sociais-e-condenada


    5 Questões Discursivas sobre o Texto:


    1. De que forma o caso da mãe que acusou a escola de negligência nas redes sociais evidencia a complexa relação entre liberdade de expressão e responsabilidade?

    2. Quais os perigos de se compartilhar informações não verificadas nas redes sociais, especialmente quando se trata de acusações que podem prejudicar a reputação de terceiros?

    3. Como a emoção e a indignação podem influenciar nossas ações e palavras nas redes sociais? De que forma podemos evitar que esses sentimentos nos levem a cometer injustiças?

    4. Qual o papel da Justiça em casos como o da mãe que acusou a escola de negligência? A decisão judicial de condená-la a indenizar a escola e a se retratar publicamente é justa? Por quê?

    5. Que tipo de aprendizado podemos extrair da história da mãe que acusou a escola de negligência? Como podemos usar as redes sociais de forma mais responsável e ética?

    A Nova Aula: O Silêncio das Telas ("É preciso aprender a usar a tecnologia com sabedoria, para que ela seja uma ferramenta a serviço da educação, e não um obstáculo." Autor: CiFA)

     Crônica 


    A Nova Aula: O Silêncio das Telas ("É preciso aprender a usar a tecnologia com sabedoria, para que ela seja uma ferramenta a serviço da educação, e não um obstáculo." Autor: CiFA)

    Por Claudeci Ferreira de Andrade

    O início de cada ano letivo sempre carrega consigo uma mistura de expectativas e desafios. Mas este 2025, com suas novidades e anúncios de proibições, me trouxe uma reflexão que há tempos vinha se acumulando em minha mente. O celular, essa ferramenta que se tornou inseparável da nossa rotina, agora se vê impedido de cruzar as portas das salas de aula. E foi isso o que me levou a pensar em como, cada vez mais, a educação, em sua busca constante por novos modelos, se vê entre o antigo e o moderno, entre o que já não serve mais e o que ainda precisa ser testado.

    É impossível ignorar o impacto das tecnologias sobre a vida dos estudantes. Há alguns anos, a ideia de retirar o celular das escolas seria vista como uma provocação, quase uma afronta à modernidade. Como assim? Um mundo sem conectividade? Como viver sem as redes sociais, sem a constante comunicação, sem a sensação de pertencimento que os aparelhos proporcionam? E, no entanto, a medida parece estar ganhando terreno, como uma tentativa desesperada de resgatar a atenção e o foco das novas gerações.

    E não se trata apenas de impedir que o aluno fique mexendo no celular durante as aulas, não. A simples proximidade do aparelho já se mostrou suficientemente capaz de desviar a atenção e prejudicar o aprendizado. A pesquisa da Unesco é clara: até mesmo sem uso direto, o celular funciona como uma espécie de "ancora" emocional que interrompe o fluxo do conhecimento. Como se cada vibração, cada notificação fosse uma ameaça àquilo que é fundamental: a concentração.

    A realidade de muitos professores, como Pedro Cavalcante de Miranda, é um reflexo disso. Ele, que, na tentativa de manter a atenção da turma, se vê constantemente repetindo a frase que já virou mantra em tantas escolas: "Tira o celular, presta atenção". E, nesse esforço diário, muitos estudantes confessam que a distração não é intencional, mas sim uma espécie de hábito inconsciente, como se a mente fosse programada para buscar algo novo, algo que distraia.

    E, se é difícil imaginar como seria uma aula sem as interrupções das telas, a experiência de escolas que começaram a aplicar a proibição está mostrando que o retorno à "vida real", ao convívio físico, está sendo, de fato, um respiro. Com a ausência do celular, a comunicação entre os estudantes melhora, as brincadeiras retornam e, até as notas, surpreendentemente, mostram resultados positivos.

    Quando a medida foi implantada em algumas escolas do Rio de Janeiro, muitos estudantes, como Victor Hugo Pereira da Costa, afirmaram que suas notas e seu comportamento melhoraram drasticamente. Para eles, o celular não era só uma distração, mas uma fonte de isolamento. Nas palavras de Aline Pereira de Oliveira, mãe de Victor, a mudança na vida do filho foi evidente: “Antes, ele tinha muita reclamação, porque ele não dormia direito, ficou um pouco mais agressivo. Mas agora ele está ótimo, graças a Deus”.

    Na verdade, é na infância e na adolescência que o impacto do celular tem se mostrado mais devastador. O pediatra Daniel Becker faz uma reflexão profunda sobre o prejuízo causado pelas telas. As horas gastas com conteúdos inadequados, a falta de socialização, o sedentarismo e o atraso no desenvolvimento social são só alguns dos muitos efeitos. E, assim, a proibição do celular nas escolas se apresenta, não como uma luta contra a modernidade, mas como uma tentativa de preservar algo vital: o tempo da infância e da adolescência para a brincadeira, para a experimentação do mundo real.

    E não se engane: a mudança não é simples. Muitos, como a estudante Juliana Almeida Pimentel, dizem não gostar das regras. Mas, em sua essência, elas têm um propósito: devolver ao aluno o direito de ser criança, de brincar, de se desviar da rigidez das telas e se entregar ao que realmente importa.

    A infância sem brincadeira não é infância. O desenvolvimento humano, como bem disse Becker, só acontece no "mundo real", onde a atenção é plena, o pensamento é crítico e as relações acontecem de forma genuína. A tecnologia é uma aliada poderosa, mas precisa ser usada com sabedoria, com equilíbrio.

    Ao longo dos meses, tenho refletido sobre os desafios que enfrentamos em sala de aula, tentando entender o que os alunos realmente precisam. E a resposta, muitas vezes, é simples: eles precisam de um tempo para crescer de maneira orgânica, sem que a tecnologia se coloque como obstáculo. O celular, em sua essência, não é o vilão. Mas a sua presença constante, sem limites, sem uma mediação responsável, tem sido um inimigo invisível.

    Sejamos sinceros: o celular trouxe um novo paradigma à educação, mas também nos fez perder a noção do que é essencial. E talvez, ao desligá-lo por algumas horas, possamos reconectar com o que realmente importa: o aprendizado genuíno, as conversas face a face e a capacidade de se concentrar, de realmente viver o momento presente.


    Vamos elaborar 5 questões discursivas sobre o texto, no formato de perguntas simples, adequadas para alunos do Ensino Médio:


    1. De que forma a proibição do uso de celulares nas escolas impacta a rotina dos estudantes?

    2. Quais são os principais argumentos a favor e contra a proibição do uso de celulares nas escolas?

    3. Como a presença constante de celulares pode prejudicar o desenvolvimento social e emocional de crianças e adolescentes?

    4. Qual o papel da escola na educação para o uso consciente e responsável da tecnologia?

    5. De que maneira a proibição de celulares nas escolas pode contribuir para a construção de um ambiente escolar mais saudável e propício ao aprendizado?

    Observação: Estas perguntas têm como objetivo estimular a reflexão crítica dos alunos sobre o tema do uso de celulares nas escolas, levando em consideração os diferentes pontos de vista e as possíveis consequências dessa medida.