"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

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terça-feira, 24 de dezembro de 2024

Monólogos com a Lua ("A verdade é como o Sol. Ela permite-nos ver tudo, mas não deixa que a olhemos." — Victor Hugo)

 Crônica  


Monólogos com a Lua ("A verdade é como o Sol. Ela permite-nos ver tudo, mas não deixa que a olhemos." — Victor Hugo)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Sou um observador incorrigível do céu noturno. Dias atrás, enquanto a superlua banhava a cidade com seu brilho extraordinário, senti-me mais lunar do que nunca. Hoje, um mês depois, mesmo com a lua em sua forma comum, ela ainda me chama, me convida para uma dança silenciosa de contemplação.

Em minhas divagações noturnas, transformo a lua em confidente. Faço dela um cofre celestial onde guardo meus segredos mais íntimos, minhas saudades mais profundas. É lá, em seu vasto território prateado, que busco rostos familiares e vozes amigas que o tempo levou consigo.

Como um arqueólogo de memórias, vasculho suas crateras em busca de sinais daqueles que partiram. Procuro, em seus reflexos, um aceno; nas suas sombras, um sussurro que me diga que eles encontraram paz em algum lugar além das estrelas. Mas o silêncio lunar apenas ecoa minhas próprias inquietações.

Lembro-me dos versos de Manuel Bandeira sobre aquela estrela distante e fria, brilhando solitária no crepúsculo. Como ele, também me pergunto: por que os astros que mais desejamos sempre parecem inalcançáveis? A lua, antes suficiente, agora me parece apenas um degrau para algo maior.

Entre ser lunar e lunático, escolho a primeira opção. Prefiro ser o sol dos meus dias particulares, transformando a realidade com a mesma magia que o luar transforma a noite. Afinal, como descobri em minhas contemplações, só consegue verdadeiramente dialogar com a lua quem carrega o sol no coração.

E foi assim, numa dessas noites de devaneio, que ouvi a voz do próprio sol ecoando das profundezas do meu ser, ciumento de minha admiração lunar. Compreendi então que cada astro tem seu momento de brilhar, sua hora de iluminar nossos caminhos.

Agora, enquanto escrevo sob o testemunho silencioso da lua, percebo que minha verdadeira busca não é por estrelas distantes ou luas superlativas. É pela luz interior que nos permite enxergar beleza mesmo nas noites mais escuras.

Se um dia eu for coroado rei dos meus próprios sonhos, não precisarei de estrelas em minha coroa. Bastará ter mantido acesa a chama da esperança que aprendemos a cultivar nas conversas noturnas com a lua.

Como professor de sociologia do Ensino Médio, proponho as seguintes questões discursivas sobre o texto apresentado:

1. O autor descreve a Lua como um "cofre celestial" onde guarda seus segredos e saudades. De que forma essa metáfora revela a relação entre o indivíduo e o espaço, e como essa relação pode ser interpretada sob uma perspectiva sociológica?

2. O texto menciona a busca por "rostos familiares e vozes amigas" na Lua, associando-a à memória e à perda. Como a sociologia compreende a importância da memória social e dos laços afetivos na construção da identidade individual e coletiva?

3. A referência ao poema de Manuel Bandeira e a pergunta sobre a inacessibilidade dos astros desejados estabelecem uma reflexão sobre a distância entre o ideal e o real. De que maneira essa temática se relaciona com os conceitos sociológicos de utopia, alienação e frustração social?

4. O autor afirma escolher ser o "sol dos seus dias particulares", em contraposição à ideia de ser "lunático". Analise essa escolha à luz da sociologia, considerando as noções de individualismo, protagonismo social e a busca por sentido na vida contemporânea.

5. A conclusão do texto destaca a importância da "luz interior" e da esperança cultivada nas "conversas noturnas com a lua". Como essa ideia se conecta com a dimensão simbólica da cultura e a capacidade humana de ressignificar a realidade social?

segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

O Futuro em Duas Vias: Telas ou Olhares? ("A tecnologia é só uma ferramenta. No que se refere a motivar as crianças e conseguir que trabalhem juntas, um professor é um recurso mais importante." — Bill Gates)

 

  • O Futuro em Duas Vias: Telas ou Olhares? ("A tecnologia é só uma ferramenta. No que se refere a motivar as crianças e conseguir que trabalhem juntas, um professor é um recurso mais importante." — Bill Gates)

    A manhã se abriu diante de mim com o jornal digital repleto de duas notícias que pareciam sussurrar sobre o futuro da educação, um futuro ainda em construção, dividido entre o brilho frio das telas e o calor dos olhares. De um lado, o Arizona, com sua ousadia tecnológica, inaugurava uma escola onde a inteligência artificial assumiria o papel de mestre, guiando alunos do quarto ao oitavo ano em jornadas de aprendizado personalizadas. Do outro, Leopoldina, uma cidade mineira que imagino pacata e aconchegante, decretava a proibição de celulares nas salas de aula, um retorno deliberado ao analógico, ao encontro face a face.

    A notícia da Unbound Academy, com seus softwares e algoritmos prometendo uma evolução 2,6 vezes mais rápida e um desempenho 6,5 vezes superior, me remeteu a um episódio singelo, mas profundamente significativo. Lembrei-me de Maria, uma aluna do quinto ano, com seus cabelos cacheados e um sorriso que iluminava a sala. Certa vez, após acertar uma sequência complexa de exercícios de matemática no tablet, ela me olhou com uma expressão melancólica e disse: "Professor, o tablet não me abraça quando acerto a conta". A frase, simples e direta, ecoa em minha mente até hoje, como um lembrete constante da importância do toque humano, do afeto, na educação.

    Enquanto a IA no Arizona analisava respostas e oferecia "dicas emocionais" – uma expressão que me soa quase como um oxímoro –, imaginei Maria buscando o meu olhar, um sorriso de aprovação, um gesto de carinho. Pensei nos momentos em que, juntos, superamos dificuldades, nas dúvidas compartilhadas, nas conquistas celebradas com entusiasmo. Será que um algoritmo, por mais sofisticado que seja, seria capaz de proporcionar o mesmo?

    Em Leopoldina, a decisão do prefeito soava como um contraponto necessário a essa onda tecnológica. A proibição dos celulares em sala de aula não me pareceu uma atitude retrógrada, mas sim um gesto de resistência em defesa de um aprendizado mais humano, mais conectado com o presente. Acredito que a tecnologia, quando utilizada sem critério, pode se tornar uma distração constante, um obstáculo à concentração e à interação entre alunos e professores.

    Entre a promessa de um futuro automatizado e a busca por um retorno às origens, me encontro refletindo sobre o papel da educação em nossa sociedade. Acredito que a tecnologia pode ser uma aliada valiosa, oferecendo recursos inovadores e personalizados. No entanto, ela jamais poderá substituir o professor, o mediador do conhecimento, o guia que acompanha os alunos em sua jornada de aprendizado. A educação é, antes de tudo, um encontro humano, um ato de amor e de partilha. E esse encontro, essa troca, esse afeto, não podem ser traduzidos em linhas de código.

    Que possamos encontrar um equilíbrio entre o brilho das telas e o brilho dos olhares, para que a educação continue sendo um farol a iluminar o futuro da humanidade.

    Como um professor de sociologia do Ensino Médio, elaborei 5 questões discursivas sobre o texto apresentado:

    1. O texto contrapõe duas realidades educacionais distintas: uma escola no Arizona que utiliza inteligência artificial e uma cidade em Minas Gerais que proíbe o uso de celulares em sala de aula. Explique como essas duas abordagens representam diferentes concepções sobre o papel da tecnologia na educação.

    2. A narrativa menciona a frase de uma aluna: "Professor, o tablet não me abraça quando acerto a conta". Analise o significado dessa frase no contexto da discussão sobre a humanização do ensino e a presença do afeto na relação entre professor e aluno.

    3. O autor questiona se um algoritmo, por mais sofisticado que seja, seria capaz de proporcionar as mesmas experiências de aprendizado que um professor. Discuta os limites da tecnologia na substituição do papel do professor como mediador do conhecimento e facilitador da interação humana.

    4. A decisão da cidade de Leopoldina de proibir celulares em sala de aula é apresentada como um "retorno ao analógico". Avalie os possíveis impactos dessa medida no processo de ensino-aprendizagem, considerando tanto os aspectos positivos quanto os negativos.

    5. O texto conclui com a ideia de que a educação é, antes de tudo, um "encontro humano, um ato de amor e de partilha". De que maneira essa concepção se relaciona com os desafios e as possibilidades da educação na era digital?

    domingo, 22 de dezembro de 2024

    O Analfabetismo que Não Me Cala ("A verdadeira sabedoria está em reconhecer a própria ignorância." — Sócrates)

     

  • O Analfabetismo que Não Me Cala ("A verdadeira sabedoria está em reconhecer a própria ignorância." — Sócrates)

    Por Claudeci Ferreira de Andrade

    Hoje, folheando as redes sociais, deparei-me com uma discussão que me fez refletir profundamente sobre nossa realidade brasileira. Entre comentários inflamados e opiniões diversas, encontrei uma voz que me tocou de maneira especial.

    Era uma senhora que, com simplicidade desconcertante, admitia suas limitações educacionais, mas demonstrava uma sabedoria que muitos doutores invejariam. "Posso não ter diploma", escreveu ela, "mas sei reconhecer o certo do errado". Suas palavras, embora simples, carregavam o peso da experiência vivida.

    Fiquei ali, contemplando aquela manifestação de lucidez em meio ao caos digital. Como professor de filosofia e sociologia, já presenciei inúmeras discussões sobre educação e política, mas raramente vi tanta clareza em tão poucas palavras. A ironia da situação não me escapou: enquanto alguns brandem seus títulos acadêmicos como escudos, outros, com menos instrução formal, conseguem enxergar com nitidez as questões que realmente importam.

    O Brasil é um país de contrastes gritantes. Em nossas escolas públicas, crianças ainda lutam pelo básico, enquanto nas altas esferas do poder, decisões que afetam milhões são tomadas com a casualidade de quem escolhe o sabor do café da manhã. É como se vivêssemos em dois países diferentes, sobrepostos no mesmo território.

    Lembrei-me de uma antiga história sobre um militar que foi "convidado" a se retirar de sua instituição. A narrativa popular, sempre criativa, logo estabeleceu um paralelo com a expulsão do paraíso. Ri sozinho dessa comparação, mas logo o riso deu lugar à reflexão: quantas vezes nossa história não se repetiu como farsa?

    A verdadeira educação vai além da capacidade de ler e escrever. Ela se manifesta na habilidade de pensar criticamente, de questionar com propriedade, de se posicionar com dignidade. Aquela senhora das redes sociais, com sua "limitada" educação formal, havia entendido isso melhor que muitos.

    Ao final daquele dia, guardei comigo uma lição valiosa: não é o título que nos faz sábios, mas nossa capacidade de compreender o mundo ao redor e de nos posicionarmos diante dele com honestidade e coragem. O verdadeiro analfabetismo não está na falta de diplomas, mas na ausência de humanidade e sensatez.

    E você, caro leitor, já parou para pensar sobre qual tipo de educação realmente importa?


    1. Como a senhora mencionada no texto demonstra sabedoria apesar de suas limitações educacionais?


    2. Qual é a ironia destacada pelo autor em relação aos títulos acadêmicos e a sabedoria prática?


    3. De que maneira o texto aborda os contrastes sociais e educacionais no Brasil?


    4. O que o autor sugere sobre a verdadeira natureza da educação e sua importância?


    5. Como a reflexão sobre a história do militar expulso se relaciona com a repetição de eventos na história brasileira?

    sábado, 21 de dezembro de 2024

    Os Ipês Roxos da Vergonha: Uma Crônica do Sertão ("O silêncio dos justos não pode ser a vitória dos covardes." — Cora Coralina)

     

  • Os Ipês Roxos da Vergonha: Uma Crônica do Sertão ("O silêncio dos justos não pode ser a vitória dos covardes." — Cora Coralina)

    Por Claudeci Ferreira de Andrade

    Agosto no sertão baiano. Sob o sol implacável, os ipês roxos tingiam o céu de Riacho de Santana com uma beleza contrastante. A aridez da paisagem parecia guardar um segredo que, como uma nuvem densa, prenunciava a ruptura de uma calmaria enganosa. A vida seguia seu curso lento, pontuada por conversas sussurradas à sombra das mangueiras. Mas o que antes era apatia, transformava-se em apreensão: um horror se desenrolava sob o silêncio cúmplice da cidade.

    Tudo começou com um telefonema. Maria, professora da escola estadual, relatava com a voz embargada os rumores que atravessavam os corredores. Havia algo terrível acontecendo. Ao chegar, o calor seco e o vento carregavam não apenas folhas, mas também sussurros que cresciam em intensidade. As acusações contra o vice-diretor, um homem que antes simbolizava autoridade e respeito, transformaram a escola em palco de um pesadelo. Bebidas alcoólicas oferecidas a adolescentes, manipulação psicológica e abuso de poder revelavam um modus operandi cruel. As vítimas, meninas entre 14 e 17 anos, tiveram a coragem de romper o silêncio.

    A prisão do homem, em uma quarta-feira ensolarada, marcou um ponto de inflexão. Enquanto ele atravessava a praça algemado, o rosto que outrora inspirava respeito carregava agora o peso da vergonha. Contudo, a sua prisão não apagava os traumas das vítimas, cujas vidas seriam marcadas para sempre por aquela experiência. Os depoimentos revelavam um padrão de abuso que ultrapassava as fronteiras da pequena cidade. Casos similares, como o do diretor de uma escola em Camaçari, condenaram a sociedade a confrontar uma verdade sombria: a fragilidade de crianças e adolescentes dentro do próprio ambiente escolar.

    A dor coletiva transformou-se em um ponto de partida para mudanças. Hoje, as escolas da região exibem cartazes sobre canais de denúncia e discutem protocolos de segurança. As vozes, antes abafadas pelo medo, erguem-se em defesa dos mais vulneráveis. Em Riacho de Santana, os ipês continuam a florescer, mas seu silêncio parece carregado de uma nova mensagem. Aprendi que, como as flores que surgem no auge da seca, a coragem e a solidariedade podem florescer nos momentos mais áridos.

    A história de Riacho de Santana é um retrato das feridas sociais que precisamos curar. Mais do que punir os culpados, é necessário educar e prevenir, construindo uma sociedade onde a confiança e o respeito sejam os alicerces das relações humanas. Que o silêncio dos ipês, portanto, seja não o da cumplicidade, mas o da reflexão, impulsionando-nos a ser verdadeiros guardiões da infância e da juventude. Porque proteger é um ato de amor e coragem, e cabe a cada um de nós assegurar que os santuários de aprendizado jamais sejam maculados por aqueles que deveriam ser exemplos. [ https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2024/12/19/vice-diretor-de-escola-e-preso-suspeito-de-estuprar-alunas-no-interior-da-bahia.ghtml ]


    Como professor de sociologia do Ensino Médio, proponho as seguintes cinco questões discursivas sobre o texto apresentado:


    1. O texto inicia descrevendo a paisagem de Riacho de Santana e a atmosfera que pairava sobre a cidade antes da revelação dos crimes. De que forma essa descrição inicial contribui para a compreensão do impacto dos eventos na comunidade?


    2. O texto destaca a figura do vice-diretor, um homem que antes inspirava respeito, como o autor dos abusos. Qual a importância desse contraste para a reflexão sobre as relações de poder e confiança no ambiente escolar?


    3. O texto menciona a coragem das vítimas em romper o silêncio e denunciar os crimes. Como esse ato é apresentado na narrativa e qual o seu significado social, considerando a dificuldade em denunciar casos de abuso?


    4. Além do caso em Riacho de Santana, o texto cita um caso similar em Camaçari. Qual a importância de apresentar esse outro caso e como ele amplia a discussão sobre a problemática abordada?


    5. O texto conclui com uma reflexão sobre a necessidade de mudanças e ações para proteger crianças e adolescentes. Quais as principais medidas apontadas pelo texto e como elas se relacionam com a ideia de transformar o "silêncio dos ipês" em um símbolo de reflexão e ação?

    O Aroma Amargo do Chocolate: Uma Receita Fatal ("A confiança é como porcelana fina: uma vez quebrada, mesmo que colada, nunca mais será a mesma." — Machado de Assis)

     

  • O Aroma Amargo do Chocolate: Uma Receita Fatal ("A confiança é como porcelana fina: uma vez quebrada, mesmo que colada, nunca mais será a mesma." — Machado de Assis)

    Por Claudeci Ferreira de Andrade

    No inverno gaúcho, com o Vale do Sinos coberto pela bruma fria, Estância Velha parecia ser mais uma cidade onde o tempo caminhava devagar, entre os sons dos carros antigos e as conversas nas praças. Mas aquele julho trouxe consigo algo que transformaria a paz da cidade: um boato que parecia uma piada de mau gosto, mas que logo se revelou uma triste realidade. Nos corredores de uma escola municipal, começava a se espalhar a história de “bolinhos de chocolate com recheio especial”. A princípio, ninguém acreditou. Mas, como a fumaça sempre antecipa o fogo, os detalhes começaram a surgir.

    A professora, jovem, 34 anos, figura conhecida na comunidade, era o centro de tudo. Ela, cuja missão era ensinar e formar, estava agora sendo acusada de vender brownies recheados com maconha. A ideia de uma educadora, que deveria ser o modelo de responsabilidade, envolvida com tráfico de drogas, parecia impossível de acreditar. E no entanto, era o que estava acontecendo.

    O tempo passou e, à medida que a investigação avançava, a tensão tomou conta de Estância Velha. As conversas nas praças e cafés sempre rondavam o mesmo assunto. Em outubro, a confirmação: a professora foi indiciada por tráfico de drogas. A realidade bateu com um peso que se espalhou por toda a cidade. A comunidade, perplexa, não sabia como reagir. Uma mulher que deveria ser exemplo de virtude estava, na verdade, corrompendo o próprio papel de educadora.

    A história ganhou contornos ainda mais dramáticos em dezembro, quando a prefeitura anunciou sua demissão. O prefeito, Diego Willian Francisco, usou as redes sociais para dar a notícia de forma inusitada: em um vídeo, aparecia comendo um pedaço de bolo, ao som de Bob Marley, dizendo que “este não era batizado, apenas um bolo de chocolate com cobertura”. O tom irônico do gesto gerou controvérsias, mas, para mim, soou como uma tentativa desajeitada de fechar um capítulo triste com um toque de humor que, na verdade, só aprofundava o desconforto da situação.

    Hoje, ao refletir sobre tudo isso, mais de um ano depois dos primeiros rumores, é impossível não perceber o impacto profundo dessa história. Ela não é apenas sobre um crime cometido por uma professora, mas sobre a fragilidade das relações humanas e o risco que corre a confiança depositada nas instituições que deveriam proteger os mais vulneráveis. A escola, o porto seguro de tantas famílias, foi manchada por um ato que contradiz tudo o que ela deveria representar.

    Este caso nos ensina algo doloroso: não importa o quão doces sejam as palavras de um educador, o que realmente importa é a integridade de seus atos. E a lição vai além disso. Ela nos alerta para a necessidade de vigilância constante sobre os jovens, de um diálogo sempre aberto e de uma atenção genuína para que histórias como esta não se repitam. O aroma amargo do chocolate “batizado” nos lembra que devemos proteger nossas crianças e adolescentes, garantindo que eles tenham um futuro construído sobre confiança e respeito. Que possamos aprender com os erros do passado, para não cometer os mesmos enganos no futuro. [ https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/sul/rs/professora-suspeita-de-vender-brownies-com-maconha-em-escola-e-demitida-no-rs/ ]


    Como professor de sociologia do Ensino Médio, proponho as seguintes cinco questões discursivas sobre o texto apresentado:


    1. O texto descreve como um boato sobre "bolinhos de chocolate com recheio especial" evoluiu para a confirmação de um crime. De que forma essa progressão impactou a comunidade de Estância Velha, segundo o texto?


    2. A narrativa destaca o contraste entre o papel esperado de um educador e a ação da professora envolvida no caso. Como esse contraste é apresentado no texto e qual o seu significado sociológico?


    3. O texto menciona a reação do prefeito à demissão da professora, utilizando um tom irônico em suas redes sociais. Como essa atitude é interpretada pelo narrador e quais as possíveis implicações sociais dessa postura?


    4. O narrador afirma que o caso não se trata apenas de um crime, mas também da "fragilidade das relações humanas" e do risco à confiança nas instituições. Explique essa afirmação, relacionando-a com o contexto apresentado no texto.


    5. O texto conclui com uma reflexão sobre a necessidade de vigilância, diálogo e atenção aos jovens. De que forma essa conclusão se conecta com os eventos narrados e qual a mensagem principal que o texto busca transmitir?