"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

O PALCO IMPLACÁVEL DA COMPETIÇÃO: A FAMÍLIA, A IGREJA E A ESCOLA! ("Elas transmitem valores que são essenciais para o desenvolvimento pessoal e profissional. No entanto, essas instituições também podem ser palco de competição." — Paulo Freire — 1921-1997)

 


O PALCO IMPLACÁVEL DA COMPETIÇÃO: A FAMÍLIA, A IGREJA E A ESCOLA! ("Elas transmitem valores que são essenciais para o desenvolvimento pessoal e profissional. No entanto, essas instituições também podem ser palco de competição." — Paulo Freire — 1921-1997)

Por Claudeci Ferreira de Andrade 

A manhã cinzenta deu lugar ao calor sufocante da tarde, enquanto eu, um mero espectador, me perdia em pensamentos sobre a teia complexa da competição que permeia nossa existência. Permitam-me contar-lhes uma história, não de vitórias retumbantes ou derrotas amargas, mas de uma tumultuada jornada através das vicissitudes da competição, esse palco onde a vida se desenrola como um espetáculo imprevisível.

Nós éramos apenas peões neste tabuleiro, onde a rivalidade se entrelaçava em cada jogada. Os times se formavam, orações ecoavam no vestiário, mas apenas um poderia emergir como o escolhido, abençoado por um Capiroto cuja "justiça" oscilava entre a crueldade e a imparcialidade. Parecia que a competição era uma entidade divina, sedenta por sacrifícios de suor e lágrimas, alimentando-se de nossas esperanças e ambições. "Todo lugar que há e promove a competição é o verdadeiro inferno. Dois times oram e só um ganha, abençoado por um Capiroto que se realiza em partes preferidas." (Cifa).

No palco da competição, me vi imerso em desafios que transcendiam a mera busca pela vitória. Era uma oportunidade de crescimento pessoal, uma jornada que me levava além dos limites preestabelecidos. No faz-de-conta do sistema educacional, as habilidades eram forjadas no calor da batalha, onde a superação de obstáculos se tornava uma epopeia moderna.

As equipes, como peças dispostas no tabuleiro da vida, se formavam com um propósito aparentemente nobre. No entanto, a ilusão de um equilíbrio utópico se desvanecia quando apenas um lado emergia vitorioso. O faz-de-conta se tornava uma miragem, e a busca pela excelência se transformava em uma jornada solitária e implacável.

No tumulto do jogo, percebi que a competição era mais do que um duelo de habilidades. Era um teste de resistência emocional, uma montanha-russa de sentimentos que oscilava entre a euforia da vitória e a amargura da derrota. Cada partida era um capítulo na história de uma jornada imprevisível, onde o destino era moldado pelo suor derramado e pela determinação inabalável.

À medida que o tempo se desdobrava diante de mim, percebi que a competição era, de fato, o reflexo de uma selva urbana, onde as leis do mais forte, do mais esperto, do mais "foda", regiam o destino de cada participante. Era como se o universo estivesse sussurrando em nossos ouvidos: "Quem não aguenta a pressão, que vá para a igreja rezar, porque no mundo real é cada um por si."

Hoje, enquanto olho para trás nessa narrativa de lances e desafios, compreendo que a competição é uma jornada repleta de nuances. Ela nos força a nos confrontarmos, a desafiarmos nossos próprios limites e a descobrirmos a verdadeira medida de nossa resiliência. No entanto, não posso negar que a mensagem do povo ecoa em meu ser: a competição é a selva da vida, onde o vencedor leva tudo e o resto, bem, o resto é história de quem não estava pronto para o jogo.

Assim, enquanto a tarde avança, abraço as lições aprendidas nesse palco implacável. Que cada competição seja uma oportunidade de crescimento, mas que nunca esqueçamos que, por trás da glória efêmera, há uma trama mais profunda, onde o verdadeiro desafio reside em manter a humanidade intacta enquanto dançamos no limiar entre o triunfo e a derrota. Afinal, no teatro da competição, somos todos protagonistas de nossas próprias histórias, esperando ansiosos para descobrir o desfecho de cada ato. E assim, a dança continua... Quando não há páreo: "Deus é o eterno desafio a si mesmo". — Rubem Alves:1933-2014).

domingo, 17 de dezembro de 2023

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico III(11) As adversidades da vida e a ação de Deus: uma reflexão teológica

 


CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico III(11) As adversidades da vida e a ação de Deus: uma reflexão teológica

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A vida é cheia de desafios e obstáculos que muitas vezes nos colocam em situações de sofrimento, angústia e dúvida. Como cristãos, como devemos entender e enfrentar essas adversidades? Seriam elas enviadas por Deus para nos corrigir, nos provar ou nos castigar? Ou seriam elas oportunidades de crescimento e aprendizado, que nos permitem desenvolver a nossa fé, a nossa esperança e o nosso amor?

Neste ensaio, propomos uma reflexão teológica sobre as adversidades da vida, baseada na Bíblia, na tradição cristã e na filosofia. Nosso objetivo é oferecer uma visão mais positiva e construtiva das dificuldades que enfrentamos, sem negar a realidade do sofrimento, nem a soberania de Deus.

Em primeiro lugar, é preciso reconhecer que as adversidades fazem parte da experiência humana, desde a queda do homem no pecado (Gn 3). O pecado trouxe consigo a morte, a dor, o trabalho árduo, a inimizade, a violência e toda sorte de males que afetam a humanidade e a criação (Rm 8:19-22). Portanto, não podemos esperar uma vida sem problemas neste mundo, mas sim confiar na promessa de Deus de que um dia Ele restaurará todas as coisas (Ap 21:1-5).

Em segundo lugar, é preciso compreender que Deus é o autor do mal, sim, (Is. 45:7), mas, não com propósitos ruins, pois ele não se agrada do sofrimento dos seus filhos (Tg 1:13; Lm 3:33). Deus é amor (1 Jo 4:8) e deseja o nosso bem (Jr 29:11). Ele não nos aflige por capricho ou por crueldade, mas por amor e por justiça. Ele permite que passemos por provações para nos disciplinar (Hb 12:5-11), para nos purificar (Ml 3:2-4), para nos fortalecer (2 Co 12:9-10) e para nos glorificar (Rm 8:17-18). Ele também usa as adversidades para nos ensinar (Sl 119:71), para nos moldar (Is 64:8), para nos revelar (Gn 22:1-14) e para nos aproximar dele (Tg 4:8).

Em terceiro lugar, é preciso adotar uma atitude de fé, de esperança e de gratidão diante das adversidades. A fé nos faz confiar em Deus, mesmo quando não entendemos os seus propósitos (Hb 11:1). A esperança nos faz olhar para o futuro, sabendo que Deus tem preparado coisas melhores para nós (Hb 11:16). A gratidão nos faz reconhecer os benefícios que Deus nos concede em meio às dificuldades (1 Ts 5:18).

Como disse o filósofo Sêneca: "O fogo é a prova do ouro; a adversidade, dos homens fortes". Como disse o apóstolo Paulo: "Tudo posso naquele que me fortalece". Como disse o salmista: "O Senhor é refúgio para os oprimidos, uma torre segura na hora da adversidade".

Que possamos, então, enfrentar as adversidades da vida com coragem, com sabedoria e com fé. Que possamos ver nelas oportunidades de crescimento e aprendizado. Que possamos experimentar o amor de Deus em todas as circunstâncias. E que possamos glorificar a Deus em tudo o que fizermos.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico III(10) "Desmistificando a Prosperidade Financeira"

 


CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico III(10) Desmistificando a Prosperidade Financeira

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A ideia de que a prosperidade financeira é garantida pela doação e generosidade é uma crença comum em muitas religiões. No entanto, ao analisar essa ideia sob uma perspectiva mais lógica e crítica, podemos ver que ela é simplista e não leva em conta a complexidade do mundo financeiro.

Primeiramente, a prosperidade financeira não é garantida apenas pela doação. A realidade econômica é complexa e depende de vários fatores, como "educação, oportunidades de trabalho, economia global e política fiscal" (Autor Desconhecido, 2023). Portanto, acreditar que a doação financeira resultará automaticamente em prosperidade é uma simplificação excessiva.

Além disso, a comparação da lei da recompensa financeira com a lei da gravidade é falha. A gravidade é uma lei física comprovada e previsível. Por outro lado, a prosperidade financeira envolve uma série de variáveis imprevisíveis e subjetivas. Portanto, essa comparação não se sustenta.

Outro ponto importante é a ideia de que Deus aplica diferentes leis na vida das pessoas. Essa ideia é vaga e subjetiva. Não há evidências objetivas de que Deus recompensa financeiramente aqueles que doam de maneira específica. Portanto, essa afirmação parece ser uma justificativa para explicar por que nem todos experimentam a prosperidade financeira.

Em resumo, a ideia de que a prosperidade financeira está garantida pela doação é simplista e não leva em consideração a complexidade do mundo financeiro. É importante abordar a questão da prosperidade financeira de maneira mais realista e baseada em princípios econômicos sólidos. Acreditar cegamente nessa ideia pode levar a falsas expectativas e decepções.

domingo, 10 de dezembro de 2023

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico III(9) ***Dar a Deus: uma questão de lógica ou de fé?***

 


CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico III(9) ***Dar a Deus: uma questão de lógica ou de fé?***

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Dar a Deus e honrá-lo com nossos recursos é um princípio financeiro fundamental que tem sido debatido e discutido ao longo dos tempos. Muitos cristãos seguem esse princípio como uma forma de expressar sua gratidão, sua obediência e sua confiança em Deus. Eles acreditam que, ao dar a Deus, eles estão investindo no seu reino e recebendo bênçãos em troca. No entanto, essa visão pode ser questionada por uma perspectiva mais centrada na lógica e na racionalidade. Neste ensaio, vamos analisar os argumentos a favor e contra essa prática, bem como as implicações éticas e sociais que ela envolve.

Um dos argumentos a favor de dar a Deus é que ele é o dono de tudo e que nós somos apenas administradores dos seus bens. Segundo essa visão, tudo o que temos vem de Deus e pertence a ele. Portanto, devemos devolver uma parte do que recebemos como um reconhecimento da sua soberania e da sua bondade. Esse argumento se baseia em várias passagens bíblicas, como: "Do Senhor é a terra e tudo o que nela existe, o mundo e os que nele vivem" (Salmos 24:1) e "Lembrem-se: aquele que semeia pouco também colherá pouco, e aquele que semeia com fartura também colherá fartamente. Cada um dê conforme determinou em seu coração, não com pesar ou por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria" (2 Coríntios 9:6-7).

Outro argumento a favor de dar a Deus é que ele nos promete recompensas materiais e espirituais quando o fazemos. Segundo essa visão, dar a Deus é uma forma de semear para colher no futuro. Deus se agrada dos que dão com generosidade e os abençoa com prosperidade, saúde, paz e salvação. Esse argumento também se baseia em várias passagens bíblicas, como: "Tragam o dízimo todo ao depósito do templo, para que haja alimento em minha casa. Ponham-me à prova", diz o Senhor dos Exércitos, "e vejam se não vou abrir as comportas dos céus e derramar sobre vocês tantas bênçãos que nem terão onde guardá-las" (Malaquias 3:10) e "Honre o Senhor com todos os seus recursos e com os primeiros frutos de todas as suas plantações; os seus celeiros ficarão plenamente cheios, e os seus barris transbordarão de vinho" (Provérbios 3:9-10).

No entanto, esses argumentos podem ser contestados por uma perspectiva mais lógica e racional. Um dos argumentos contra dar a Deus é que ele não precisa do nosso dinheiro ou dos nossos bens. Segundo essa visão, Deus é auto-suficiente e não depende das nossas ofertas para sustentar o seu reino ou para realizar a sua vontade. Ele não é um comerciante que troca favores por pagamentos. Ele é um pai que nos ama incondicionalmente e nos provê gratuitamente. Esse argumento se baseia em algumas passagens bíblicas, como: "Pois quem sou eu, e quem é o meu povo para que pudéssemos contribuir tão generosamente como fizemos? Tudo vem de ti, e nós apenas te demos o que vem das tuas mãos" (1 Crônicas 29:14) e "Pois se vocês derem aos outros, Deus dará a vocês. Ele lhes dará uma medida boa, socada, sacudida e transbordante na concha de vocês. A mesma medida que vocês usarem para medir os outros Deus usará para medir vocês" (Lucas 6:38).

Outro argumento contra dar a Deus é que ele não nos garante recompensas materiais ou espirituais quando o fazemos. Segundo essa visão, dar a Deus é uma questão de fé e de obediência, não de barganha ou de interesse. Deus não é um caça-níqueis que nos devolve mais do que colocamos. Ele é um juiz que nos avalia pela nossa sinceridade e pelo nosso amor. Ele pode nos abençoar ou nos provar, conforme a sua vontade e o seu propósito. Esse argumento se baseia em algumas passagens bíblicas, como: "Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e furtam. Mas acumulem para vocês tesouros no céu, onde a traça e a ferrugem não destroem, e onde os ladrões não arrombam nem furtam. Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração" (Mateus 6:19-21) e "Não se deixem enganar: de Deus não se zomba. Pois o que o homem semear, isso também colherá" (Gálatas 6:7).

Além desses argumentos, há também implicações éticas e sociais envolvidas na questão de dar a Deus. Uma delas é a responsabilidade social dos cristãos em relação aos pobres e aos necessitados. Dar a Deus não significa apenas dar à igreja ou aos ministérios religiosos, mas também dar aos que sofrem e aos que clamam por justiça. Como disse Jesus: "Pois tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram; necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, e vocês me visitaram" (Mateus 25:35-36). Dar a Deus é também dar ao próximo, pois eles são imagem e semelhança dele.

Outra implicação é a liberdade individual dos cristãos em relação à sua consciência e à sua situação financeira. Dar a Deus não significa seguir regras rígidas ou obrigações impostas por líderes ou tradições religiosas, mas seguir o Espírito Santo e o seu próprio coração. Como disse Paulo: "Cada um faça como já resolveu em seu coração, sem pesar nem constrangimento; pois Deus ama quem dá com alegria" (2 Coríntios 9:7). Dar a Deus é também dar a si mesmo, pois ele nos fez livres e responsáveis.

Em conclusão, dar a Deus é um princípio financeiro fundamental que pode ser analisado de diferentes perspectivas. Há argumentos bíblicos, lógicos e racionais a favor e contra essa prática. Há também implicações éticas e sociais que devem ser consideradas. O importante é que cada cristão tenha uma visão equilibrada e coerente sobre esse assunto, respeitando a sua ideologia e a dos outros. Como disse Agostinho: "Ama a Deus e faz o que quiseres".

sábado, 9 de dezembro de 2023

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico III(8) “Fé e Vitalidade: Uma Análise Crítica da Visão Religiosa”

 


CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico III(8) “Fé e Vitalidade: Uma Análise Crítica da Visão Religiosa”

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A relação entre religião, saúde e vitalidade é um tema controverso que envolve diferentes perspectivas e argumentos. Neste ensaio, pretendo analisar criticamente a visão religiosa que afirma que a saúde espiritual e física depende exclusivamente de escolhas específicas baseadas na fé e na obediência a Deus. Para isso, vou apresentar alguns contra-argumentos que mostram que a vitalidade da vida não pode ser reduzida à fé religiosa, mas envolve diversos fatores biológicos, socioeconômicos, culturais e éticos.

A visão religiosa que defende que a saúde e a vitalidade são frutos da fé e da obediência a Deus se baseia em provérbios bíblicos como: "O temor do Senhor é fonte de vida, para desviar dos laços da morte" (Provérbios 14:27) e "O meu filho, atenta para as minhas palavras; às minhas razões inclina o teu ouvido. Não as deixes apartar-se dos teus olhos; guarda-as no íntimo do teu coração. Porque são vida para os que as acham, e saúde para todo o seu corpo" (Provérbios 4:20-22). Esses versículos sugerem que a obediência aos mandamentos divinos é a única forma de garantir uma vida plena e saudável, tanto espiritual quanto física.

No entanto, essa visão desconsidera a influência de fatores biológicos e genéticos na saúde e vitalidade física de um indivíduo. A genética desempenha um papel fundamental na predisposição a doenças e na longevidade, independentemente da religião ou crença. Como afirmou o filósofo francês Voltaire: "A natureza sempre prevalece; nós somos totalmente determinados por ela" (Voltaire, 1756). Assim, não se pode negar que há uma variabilidade natural entre os seres humanos que afeta sua saúde e vitalidade de forma independente da sua fé.

Além disso, a visão religiosa sugere que a obediência a Deus é a única fonte de bênçãos e prosperidade. No entanto, a prosperidade e o bem-estar estão frequentemente ligados a fatores socioeconômicos, acesso a cuidados de saúde e educação, entre outros. Não se pode ignorar que muitas pessoas que não compartilham da mesma fé experimentam saúde e vitalidade em suas vidas. Como disse o filósofo grego Epicuro: "Não é nada mais do que opinião vazia que leva os homens à adoração dos deuses" (Epicuro, 300 a.C.). Assim, não se pode atribuir toda a prosperidade e felicidade à obediência religiosa, mas sim ao uso racional dos recursos disponíveis.

A visão religiosa também pressupõe que a obediência a Deus é a única maneira de evitar as consequências naturais do pecado. No entanto, essa afirmação desconsidera a diversidade de crenças e sistemas éticos que existem no mundo, cada um com suas próprias noções de moralidade e consequências do pecado. Como disse o filósofo dinamarquês Søren Kierkegaard: "O pecado não é algo objetivo; é uma relação entre o indivíduo e Deus" (Kierkegaard, 1849). Assim, não se pode impor uma única visão religiosa sobre o que é certo ou errado, mas sim respeitar as diferentes formas de compreender e viver a vida.

Em resumo, embora a fé e a obediência religiosa possam ser fontes de conforto e significado na vida de muitas pessoas, a saúde e a vitalidade são resultados de uma interação complexa de fatores, incluindo genética, fatores socioeconômicos, acesso a cuidados de saúde e educação, bem como crenças religiosas. Portanto, atribuir toda a vitalidade e bênçãos à obediência religiosa é uma visão simplista que não reflete a realidade da experiência humana. Como disse o filósofo alemão Friedrich Nietzsche: "Não há fatos, apenas interpretações" (Nietzsche, 1887). Assim, devemos estar abertos a questionar e dialogar com outras perspectivas, sem impor ou negar a nossa própria.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico III(7) "Um Estudo sobre Humildade, Orgulho e Verdade”

 


CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico III(7) "Um Estudo sobre Humildade, Orgulho e Verdade”

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A prosperidade e o sucesso, desejos universais, são frequentemente apresentados como estando a apenas três passos de distância: temor a Deus, desprezo pelo orgulho e rejeição do pecado. No entanto, essa visão requer um olhar crítico. Como Sócrates, que questionou incessantemente, devemos lembrar que a reflexão e o questionamento não são necessariamente sinais de orgulho, mas sim ferramentas poderosas para o autoconhecimento e a busca por verdades mais profundas.

O mundo moderno é complexo e repleto de nuances. Rejeitar o orgulho e desprezar o mundo requer cuidado para não cair em visões extremamente simplistas ou maniqueístas. Como Albert Einstein disse: "As coisas devem ser feitas o mais simples possível, mas não mais simples do que isso." A riqueza do mundo, sua diversidade e complexidade, não devem ser reduzidas a uma condenação cega.

É inegável que a humildade, o temor a Deus e a rejeição do pecado têm seus méritos. No entanto, é essencial abraçar a complexidade da vida, questionar nossas próprias crenças e ser capazes de discernir o bem do mal com sabedoria e prudência. Seguir um caminho de reflexão crítica e busca pela verdade é tão importante quanto qualquer outro ensinamento. Como Sêneca nos lembra: "A verdade é áspera. Você não pode tocá-la sem preparação."

Portanto, ao invés de rejeitar o orgulho de maneira absoluta, devemos buscar um equilíbrio saudável entre a humildade e o pensamento crítico, reconhecendo a complexidade da vida e a importância de questionar nossas próprias crenças, sempre na busca constante da verdade.

domingo, 3 de dezembro de 2023

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico III(6) "Explorando a Sabedoria: Uma Jornada Além da Bíblia"

 


CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico III(6) "Explorando a Sabedoria: Uma Jornada Além da Bíblia"

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A Bíblia, embora seja uma fonte de orientação para muitos, não deve ser vista como a única fonte de sabedoria. Como Sócrates disse: "Só sei que nada sei". Isso nos lembra que a busca pelo conhecimento é infinita e não deve ser limitada a uma única fonte.

A diversidade de crenças e culturas enriquece nossa compreensão do mundo. Como está escrito em Provérbios 27:17, "Assim como o ferro afia o ferro, o homem afia o seu companheiro". Isso sugere que devemos aprender uns com os outros através do diálogo intercultural e inter-religioso.

A razão e o pensamento crítico desempenham um papel crucial na tomada de decisões éticas e morais. Como Immanuel Kant afirmou: "O esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado". Isso implica que devemos usar nossa razão para avaliar cuidadosamente situações complexas, em vez de nos apegarmos cegamente a uma única fonte de autoridade.

Em conclusão, a busca pela sabedoria e orientação na vida deve ser uma jornada aberta que valorize a diversidade de conhecimentos e perspectivas. Como está escrito em Provérbios 1:5: "O sábio ouvirá e aumentará o aprendizado, e o entendido adquirirá sábios conselhos". Isso sugere que devemos estar dispostos a aprender com várias fontes para enriquecer nossa compreensão do mundo.