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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

LIBERDADE DE EXPRESSÃO QUE OFENDE ( Não me calarei irresponsavelmente)

Crônica

LIBERDADE DE EXPRESSÃO QUE OFENDE ( Não me calarei irresponsavelmente)

Por Claudeci Ferreira de Andrade
             Desta vez, foi convocada uma reunião extraordinária, arregimentando todos da escola, desde a porteira servente até a diretoria, as aulas terminaram, às 16h45, trinta minutos: tempo suficiente para a pauta, que seria a crônica do professor Claudeci - “Vaquinha, comportamento da plebe”. Então, tomaram conhecimento da mesma, por que ela foi lida no recreio, em segredo, na sala dos professores, e apenas cinco cópias impressas no computador da escola e ali distribuídas. Todavia, o assunto vazou!
           Ninguém nunca conseguirá entender as razões da minha reprimenda, sem deixar subestimar a sua própria inteligência. E muito mais, depois de lerem o texto em análise, surgiram os contrários, não sei o porquê, se era apenas um recorte real do nosso cotidiano. Os fracos e fortes questionaram a atitude da gestora! Sou suspeito ao dizer isto, pois sou o autor do tal texto, mas é um texto jornalístico de alto nível literário, totalmente ético, gramatical e semanticamente correto, completamente verossímil e de bons propósitos, preferi não escrever nenhum nome para dissimular os reais culpados. A dita crônica foi colada na folha da ata, assinada por todos os ouvintes e está ali como prova, visto que ela tem como foco principal a valorização do respeito ao outro. Por que os encarapuçados sentiriam-se ofendidos?  Não é a escola um ambiente cultural e de construção de cidadania? Ou a educada liberdade de expressão, princípio da democracia, não é validada entre os educadores? Se tacham minhas crônicas de ofensivas, todavia são mais suaves do que os relatórios oficiais dos incidentes escolares, desmaiariam se olhassem o Livro Ata, nomeando indiscriminadamente advertidos, culpados e castigados!
          Na tal reunião, fui interrogado o porquê de não ocupar minha coluna no jornal só com os feitos positivos da escola, logo respondi: “Para fazer melhorar não me interessa o que está certo, parabéns, mas me interessa o errado, isso sim precisa de conserto”. Aproveitando o ensejo, disse-lhes ainda que não inventei nada, apenas descrevi os fatos numa perspectiva didática e poética. Agora me refugio nas palavras do George Bernard Shaw: “Liberdade significa responsabilidade. E assim, tanta gente tem medo dela.”
          Muitas vezes, se confunde liberdade com libertinagem, só pela semelhança fonológica dos vocábulos. A libertinagem é violenta, viola o direito de outros, desdenha esses direitos, recusando a outros sua própria dignidade e valor com menosprezo, ela afasta-nos da verdade libertadora. Por outro lado, a liberdade é dignificante, santificadora, sagrada, desde que liberte-nos do egoísmo e dos erros aviltantes, a liberdade produz brilho gerador de um justo caráter, enaltece merecidamente; essa é minha proposta. Lamento por está fazendo uso dela e dizendo-lhes o que muitos não querem ouvir, como disse George Orwell: “Se a liberdade significa alguma coisa, será sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir.” E se Deus me deu o dom da fala a fim de eu defender minha vida, por que sempre tenho de permanecer calado para sobreviver? Por isso, não me calarei irresponsavelmente. Assim, como não param de "dizer mentiras sobre  mim, não pararei de falar verdades sobre eles".
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 20/11/2010
Código do texto: T2626413

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