"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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MINHAS PÉROLAS

sábado, 6 de fevereiro de 2021

Coleção 30 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

 




Pensamentos

Coleção 30 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

1 “Nos tempos de ajustes, quando a história exige transição, os extremos se tocam: a maturidade dos mais velhos pode inclinar-se ao liberalismo, enquanto a juventude, paradoxalmente, busca refúgio no conservadorismo. numa inversão geracional que, embora contraditória, revela-se necessária ao equilíbrio social.”

2 “A hipocrisia oferece frutos doces no início, mas amarga no ventre: aquilo que parece vantagem social imediata torna-se veneno interno, corroendo a integridade, envenenando a alma e destruindo qualquer possibilidade de satisfação autêntica.”

3 “No discurso paternalista, a autoridade transita da ordem para o testemunho: primeiro impõe obediência como sinal de gratidão e maturidade, depois usa a experiência pessoal como advertência, criando o paradoxo em que discordar não é escolha legítima, mas ato de ingratidão que aprisiona o outro no peso do fracasso anunciado.”

4 “Melhor a hostilidade franca de um inimigo inteligente do que a falsidade ambígua de um amigo pela metade, pois só o conflito declarado preserva a clareza, enquanto a amizade superficial disfarça a indiferença que é o verdadeiro desprezo.”

5 “Ao rejeitar o ‘decoreba’, a pedagogia moderna acabou decorando dogmas e produzindo gerações de memória curta, incapazes de guardar a história, repetir a cultura e resistir à manipulação política.”

6 “Elogiar o merecedor fortalece o bem, mas adular o medíocre é como dar esmola ao bêbado: gesto que parece bondade, mas apenas alimenta vícios e perpetua a decadência.”

7 “A vida ressuscita a cada instante, e a morte mata para que exista o novo; forças complementares que transformam fim em recomeço e perda em renascimento.”

8 “Se quisermos que nossos alunos sejam ‘nada na vida’, basta deixá-los como estão: a falsa liberalidade que omite exigência é, na verdade, abandono disfarçado de respeito.”

9 “No sistema opressor, o professor silencia para sobreviver e, ao calar-se, sua própria reflexão morre; criando um ciclo onde ensinar pensamento crítico se torna um gesto decorativo e vazio.”

10 “Quando líderes transformam Deus em ferramenta de controle, a fé vira medo, a devoção se reduz à obediência, e o sagrado se submete à burocracia humana.”

11 “Ensina quem sabe, mas também quem ignora; o tolo defende sua tolice, e quem não admite aprender permanece prisioneiro da própria ignorância.”

12 “No palco dos sonhos, todos escapam juntos; ao final, cada um retorna à sua realidade, lembrando que a transcendência é sempre passageira.”

13 “Quem controla os outros escraviza-se; quem liberta, renuncia ao poder, mas preserva sua própria liberdade e dignidade.”

14 “No Velho Oeste, delator era herói; hoje, sem recompensa, a colaboração se torna risco sem prestígio, transformando justiça em fardo e coragem em estigma.”

15 “Ser jovem é destino de muitos; ser idoso é privilégio de poucos, carregando missão, sabedoria e responsabilidade transcendentes.”

16 “O passado nos revela o futuro, mas só se for bem compreendido e aplicado no presente; caso contrário, a conexão se quebra e a sabedoria se perde.”

17 “Quem cava armadilhas pode escapar delas se se sentir grande, mas sempre haverá alguém menor para preenchê-las; a malícia calcula e se projeta sobre os vulneráveis.”

18 “Na vida faltou-me ousadia; na morte, exijo que tolerem a coragem que então me foi negada, reconhecendo-me como sempre certo.”

19 “Na escola, advertir virou crime, ensinar virou provocação, e o professor, antes guia, tornou-se alvo; revelando a tragédia de um ambiente onde a autoridade e os limites se esvaziaram.”

20 “Na adultização sexual, proteger crianças é imperativo; o culpado deve ser responsabilizado, e o bem-estar das vítimas preservado acima de tudo.”

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segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Coleção 29 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

 



Pensamentos

Coleção 29 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

Por Claudeci Andrade

1 “Minha cruz é apenas dois palitos: leve e irônica, enquanto o quarenta e dois me veste e calça; o onze, mostrando que até a justiça se faz sob medida, ajustada às conveniências de quem a usa.”

2 Quando o coração endurece, o princípio masculino encurta o pavio e precipita a ânsia; o princípio feminino alonga-o e instala uma paz tardia; serenidade fria, não virtude.

3 Chefe é o tirano altivo que, sem saber que não sabe, abusa do poder; líder é o humilde que orienta e serve.

4 Se na infância eu tivesse a sabedoria de hoje, não teria gasto meus dias entre tolos, mas escolhido amizades que o tempo não desmentisse.

5 Minto, creio no que digo e repito até que pareça verdade; mas é uma verdade sem lastro, apenas ilusão sustentada pelo eco da mentira.

6 Não me prometa nada: você é como eu, prisioneiro do limite humano, incapaz de ser mais do que a própria fragilidade permite.

7 A vida já se move por si mesma; o que importa não é forçar a mudança, mas aprender com o sofrimento a fazer os ajustes que nos mantêm em pé.

8 Se ignoras os benefícios do beijo, desconheces também seus perigos; o que antes unia, em tempos de pandemia, só se salva no distanciamento curativo.

9 Alunos que ameaçam o professor, após a reprovação, não rejeitam o castigo: eles o assumem, abraçam o próprio carrasco e, paradoxalmente, desenvolvem afeição pelo opressor.

10 A nota final do aluno em recuperação não pode superar a do melhor da sala; e o histórico escolar, que deveria medir esforço, pesa diferente no mundo real; a justiça é cega, porque não quer ver.

11 Prefiro errar pela compaixão, pois esta, rara no mundo, vale mais que todos os acertos da razão.

12 O inferno é navegar sozinho em minha piroga, sem você, levando minha solidão exclusiva a perder o céu que ficou para trás.

13 Mulher bonita não pode confiar no “dono”: o ciúmento que a prende, prefere vê-la isolada ou doente, e quem se diz pai de família não é confiável. Até a polícia já se cansou desse bordão. porque escuta de todo suspeito abordado.

14 Tenho medo das mulheres bonitas: destemidas e sem nada a perder; as feias, sem escolha, rebelam-se sem causa. Nelas também me nego acreditar.

15 Não sei se peço que a morte venha ou que a vida se leve consigo; só sei que ninguém escapará do sofrimento.

16 Nem todo gesto de limpeza é cuidado; cuidar vai além do visível, exige atenção e afeto.

17 Elogiar os bons fortalece-os; recompensar quem não merece é como dar esmola ao bêbado: destrói caráter.

18 O amor compra-se com lucros; o ódio, com prejuízos; em negócios, os sentimentos seguem a conta.

19 Todo filósofo é pessimista; faça da sua dor o poema que revela a verdade interior e transforme o sofrimento em estilo próprio.

20 Na escola, a igualdade de gênero é perfeita: meninos e meninas xingam, ameaçam e agridem com igual força: igualmente mal-educados.

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sábado, 12 de dezembro de 2020

Coleção 28 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

 



Texto

Coleção 28 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

Por Claudeci Andrade

1 “O amor não é eterno por natureza, mas pelo esforço de quem o sustenta; sua eternidade não nasce da fantasia, e sim da memória cultivada e da dedicação contínua que o transforma em permanência.”

2 “Assim como cada um sofre à sua maneira, também ama de forma singular; o meu amor se revela na crítica, paradoxal gesto de cuidado.”

3 “O viço que atrai também é o jugo que enfraquece: na paixão, o homem cede ao fascínio e perde o tino que sustenta sua razão.”

4 “Quando o homem se submete aos sentimentos, perde a razão que o fortalece e se torna frágil; sua verdadeira força reside em dominar as emoções, não em servi-las.”

5 “No horário de verão multicultural, o tempo se fragmenta: há fogos sem hora certa e natais em duplicidade, como se a celebração comum se dissolvesse na desordem alegre da diversidade.”

6 “A hipocrisia disfarça vício em virtude, e se a invencibilidade dos virtuosos não passa de fachada, então sua força está menos na moral que exibem do que na arte de dissimular.”

7 “A morte não se cansa de ninguém, e quem nasce para matar só encontra limite no próprio fim.”

8 “O chifre do boi protege e afirma; o ‘corno’ humano apenas carrega desonra, pois o mesmo sinal de força no animal se torna humilhação no homem.”

9 “Criminosos não merecem compaixão: a justiça exige refletir sobre eles a frieza que aplicam às suas vítimas.”

10 “Não saber como fazer perfeitamente não é desculpa para a inação; faça o melhor possível com o que tem e a excelência virá com o esforço.”

11 “A fofoca não denuncia o outro, mas revela a inveja do próprio fofoqueiro: condena-se publicamente aquilo que secretamente se deseja.”

12 “Quando não há motivo real para sorrir, coloca-se aparelho nos dentes e se finge emoção: a felicidade vira apenas aparência que comove pela artificialidade.”

13 “Muito se decora, pouco se usa; o esquecimento não é falha, mas fruto de não aplicar o que se aprende.”

14 “Até o cão grunhe piedoso e espera o céu; se ir ao inferno já parece difícil, quem garante que a salvação não é um sonho impossível?”

15 “Se o negócio é cavalo, deve estar na tropa; o meu é a solidão, e por isso habito perdido nos sonhos.”

16 “Na academia, como veado no safári de leões, só resta sobreviver: morrer de fome ou ser devorado na competição pelo diploma.”

17 “Joalheiro ou poeta, ambos sucumbem à mesma fraqueza: a busca incessante por uma perfeição que nunca se alcança.”

18 “O sucesso não se mede apenas pela chegada, mas pelo ponto de partida: vencer partindo de privilégios é menos mérito, mais circunstância.”

19 “Se o homem pudesse ir a outro planeta, poderia também ir ao seu próprio coração; mas ninguém foi à lua, e ninguém se conhece por inteiro.”

20 “Toda vítima carrega um quê de culpa e não pode se denunciar; a verdade surge pelo delator cruel, movido não pela justiça, mas pela maldade alheia.”

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sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Coleção 27 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

 




Provérbios de minha vida

Coleção 27 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

Por Claudeci Andrade

1 “A humanidade é como uma célula cancerosa: multiplica-se sem limites, consome o planeta que a sustenta e caminha, por sua própria natureza predatória, para a morte inevitável — uma metástase universal da autodestruição.”

2 “Quem prega a preservação dos animais enquanto se perde em prazeres autodestrutivos esquece de si mesmo, e nessa hipocrisia não cura nada — apenas aprofunda o próprio vazio e agrava o mal que deseja combater.”

3 “É minha primeira vez; pode segurar minha mão enquanto avanço para o desconhecido?”

4 “No mundo fabricante de ração, matam-se cães para que a carne os alimente, e o ciclo se sustenta sozinho.”

5 “O amor verdadeiro resiste às adversidades; por mais que fuja, o destino sempre o trará de volta.”

6 “Sem nada para oferecer, entreguei-te meu amor como último presente, forçado pela ausência de alternativas.”

7 “Perdoei por não ter coragem de me vingar, e assim o perdão tornou-se minha própria prisão silenciosa.”

8 “Falar é machismo, calar é culpa; nesse jogo, qualquer reação do homem se torna desumana.”

9 “O erudito diz amar o povo, mas ama apenas a si mesmo por meio dele.”

10 “Errar já aprisiona, mas confiar a outro imperfeito torna-se escravo em dobro de si mesmo.”

11 “O verdadeiro inimigo não é quem discorda, mas quem reage com revolta à palavra que busca apenas ser ouvida.”

12 “Sou árvore que sente o verde da vida em grama e mato, mas não sei como a ‘árvore de Natal’ brilha sem companhia.”

13 “Pais de suicidas sofrem e se humanizam; os de filhos que vivem, complacentes, talvez nunca enfrentem suas falhas.”

14 “Quem busca atalhos ignora as leis da terra e a paciência que a tragetória exige.”

15 “Fazer o bem a quem se despreza não é bondade, mas artifício para criar sujeição.”

16 “A beleza nas redes não é natural; surge quando a disputa social a consagra.”

17 “A mexida que exalta uma é insulto para outra; a insegurança transforma elogio em humilhação.”

18 “Deus criou o Diabo, e a igreja o mantém para que sua fé nunca fique vazia.”

19 “O homem, catador de lixo com livre-arbítrio, dá ao Diabo o abismo que ele mesmo criou.”

20 “A religião reprime o espírito e nega o prazer, enquanto o homem segue buscando o que é proibido nos detalhes que o Diabo habita.”

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domingo, 27 de setembro de 2020

O CORONAVÍRUS VEIO DE DEUS ("Existe apenas um bem, o saber, e apenas um mal, a ignorância." — Sócrates)

 


Crônica Filosófica

O CORONAVÍRUS VEIO DE DEUS ("Existe apenas um bem, o saber, e apenas um mal, a ignorância." — Sócrates)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Ontem, folheando meu diário de professor — aquele com anotações das aulas que ministrei por mais de uma década — deparei-me com uma reflexão antiga que, agora, em tempos de pandemia, ganhou contornos quase proféticos. Sorri com ironia. As páginas amareladas traziam os embates silenciosos que vivi no quadro negro da existência, muito antes de máscaras e álcool em gel se tornarem companheiros diários.



Era uma terça-feira de março quando entrei na sala do 2º ano para discutir Nietzsche e sua provocativa declaração sobre a morte de Deus. Mal posicionei meus livros sobre a mesa e lá estava Mateus, com sua Bíblia sublinhada e o semblante fechado, como quem aguardava o momento exato para o contra-ataque.



— "Professor, o senhor acredita em Deus?"



A pergunta, carregada como um fuzil, surgia sempre nas primeiras aulas. Era um ritual de demarcação de território, como animais que se preparam para o confronto.



"Estamos aqui para discutir filosofia, não minhas crenças pessoais", respondi diplomaticamente, como recomendava o manual invisível da laicidade escolar.



Era curioso: eu, bacharel em teologia e professor de filosofia, precisava navegar naquele mar minado com a cautela de quem transporta nitroglicerina. A ironia não me escapava. Conhecia mais sobre religião do que muitos daqueles jovens fervorosos, mas não podia expressar-me livremente, enquanto eles bradavam suas convicções como estandartes.



— "Mas a Bíblia diz que..." E assim começava o desfile de versículos memorados, recitados com a convicção de quem lança a última palavra sobre qualquer tema. O estudo crítico dava lugar ao dogma; a reflexão cedia espaço à repetição.



Observava, com certa melancolia, como aqueles mesmos alunos, tão veementes na defesa da fé, eram frequentemente os que menos se dedicavam aos estudos. Suas redações claudicavam em argumentação, seus trabalhos de pesquisa eram superficiais e suas notas refletiam mais fervor do que disciplina intelectual. Uma contradição curiosa: tão zelosos das palavras sagradas, tão negligentes com as palavras do conhecimento secular.



E o mais intrigante: aqueles que se autodenominavam "guardiões da moral" eram muitas vezes os primeiros a humilhar colegas, espalhar boatos e criar ambientes tóxicos nos corredores da escola. A compaixão, virtude central de qualquer religião digna desse nome, parecia ausente em seus atos, embora abundante em seus discursos.



Quantas vezes fui chamado à diretoria após uma aula sobre existencialismo ou teoria da evolução? Perdi a conta. "Professor, os pais do Mateus estão preocupados com o conteúdo das suas aulas", dizia o diretor, sem nunca ter assistido a uma delas. E assim minha reputação ganhava arranhões, não pelo que eu dizia, mas pelo que presumiam que eu pudesse dizer.



E então veio o silêncio. Aquele março de 2020, que se estendeu por meses, por anos. As salas vazias, os corredores silenciosos, a escola hibernando enquanto um vírus invisível reescrevia nossa história coletiva.



Foi nesse silêncio que comecei a refletir sobre os versos de Raul Seixas que tanto gostava de citar nas aulas: "Buliram muito com o planeta / E o planeta como um cachorro eu vejo / Se ele já não aguenta mais as pulgas / Se livra delas num sacolejo". A metáfora ganhou cores vívidas e assustadoras.



O mundo agora discutia se o vírus era castigo divino ou fenômeno natural, se representava purificação ou calamidade. Enquanto isso, na solidão do meu apartamento, eu observava como aquele microscópico pedaço de proteína havia conseguido o que anos de filosofia não conseguiram: silenciar as certezas absolutas.



Nas aulas online que se seguiram, notei uma mudança sutil. Os mesmos alunos que outrora ostentavam certezas agora faziam perguntas. O vírus, que tirava o fôlego dos corpos, parecia ter, paradoxalmente, devolvido o fôlego ao pensamento.



— "Professor, por que Deus permitiria isso?" — perguntou Mateus em uma videochamada, a Bíblia ainda ao seu lado, mas o tom já não era de desafio, e sim de genuína inquietação.



— "Talvez essa seja a pergunta mais honesta que podemos fazer" — respondi. — "E talvez a filosofia não exista para dar respostas, mas para nos ensinar a viver com as perguntas."



Não sei se foi o isolamento, a proximidade da morte ou simplesmente o tempo amadurecendo consciências, mas nossas discussões ganharam profundidade. A dúvida, antes vista como inimiga da fé, tornava-se sua companheira necessária. O questionamento deixava de ser ameaça para ser caminho.



Hoje, olhando para trás, para aqueles embates em sala de aula e para a transformação silenciosa que a pandemia operou, compreendo que talvez o "novo normal" não seja apenas sobre máscaras e distanciamento, mas sobre uma forma mais humilde de habitar nossas certezas.



Talvez Isaías 45:7 esteja certo ao dizer que Deus faz tanto a paz quanto o mal — não porque seja caprichoso, mas porque a vida é tecida de contrastes, e é no escuro que aprendemos a valorizar a luz.



O vírus, esse professor implacável, nos ensinou que nossas convicções mais sólidas podem ser dissolvidas pelo invisível. E que talvez a verdadeira sabedoria não esteja em ter todas as respostas, mas em aprender a viver com dignidade na presença das perguntas que nunca serão plenamente respondidas.



Fecho meu diário de professor, agora com novas anotações. A escola já não é a mesma. Eu não sou o mesmo. E, curiosamente, agradeço por isso.



Aqui estão 5 questões discursivas baseadas no texto, explorando as ideias principais e provocando reflexões sociológicas:


1. Laicidade e liberdade de expressão no ambiente escolar: O texto aborda a tensão entre a laicidade escolar e a liberdade de expressão dos alunos, especialmente em relação a questões religiosas. Como a sociologia pode analisar essa tensão e os desafios de conciliar diferentes visões de mundo no ambiente escolar?

2. O papel da religião na construção de identidades e conflitos: O texto mostra como a religião pode ser usada como instrumento de demarcação de território e conflito entre alunos e professores. Como a sociologia pode analisar o papel da religião na construção de identidades e na geração de conflitos no ambiente escolar e na sociedade em geral?

3. A relação entre fé, conhecimento e comportamento: O texto critica a contradição entre a veemência na defesa da fé e a negligência com o conhecimento secular, além da ausência de compaixão nos atos dos "guardiões da moral". Como a sociologia pode analisar a relação entre fé, conhecimento e comportamento, e como essa relação se manifesta no ambiente escolar?

4. O impacto da pandemia na relação entre fé e razão: O texto descreve como a pandemia transformou as certezas absolutas em perguntas, e como a dúvida se tornou companheira da fé. Como a sociologia pode analisar o impacto de eventos traumáticos, como a pandemia, na relação entre fé e razão e na busca por sentido?

5. O "novo normal" e a busca por humildade nas certezas: O texto conclui que o "novo normal" não é apenas sobre máscaras, mas sobre uma forma mais humilde de habitar as certezas. Como a sociologia pode analisar a construção social das certezas e a importância da humildade e do diálogo na construção de uma sociedade mais tolerante e plural?

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sábado, 19 de setembro de 2020

Coleção 26 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

 


Pensamemtos

Coleção 26 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

Por Claudeci Andrade

1 “A vida nasce como problema e morre como ponto final; a morte não soluciona, apenas interrompe o fardo que começou no nascimento.”

2 “Prefiro a ditadura dos justos, onde a palavra é respeitada, à democracia dos egoístas, onde a liberdade de expressão não vale nada sem o reconhecimento do outro.”

3 “Se Deus só ajuda quem se ajuda, então o homem não socorre os que precisam de Deus, mas apenas os que já O querem, transformando a caridade em conveniência e a fé em recompensa para os fortes.”

4 “A vida é nada, breve estrada que se encerra ao fim do dia; a morte é tudo, o verdadeiro caminho que começa quando a noite começa.”

5 “Na lógica cruel do assalto, sobreviver não está em resistir, mas em apagar-se como ameaça, mostrando ao agressor que não haverá lembrança capaz de condená-lo.”

6 “Dizem que a linguagem corporal exige leitura e interpretação; mas como, se no fundo não passa de garatujos sem sentido?”

7 “O dinheiro vale pelo que corrompe; se os homens fossem inabaláveis, perderia todo o seu poder.”

8 “Falam em como o professor ensina, mas esquecem de ensinar o aluno a aprender; o engajamento do educando é a verdadeira chave do saber.”

9 “Na guerra, matar um leão por dia não é justiça, é sobrevivência; a moral fica de lado quando a vida está em jogo.”

10 “Os inimigos são leitores atentos, mas quando não encontram falhas, fingem não ter lido nada.”

11 “Depois da bagunça econômica herdada, a meta é enlinheirar a vida: alinhar gastos, domar despesas e retomar o controle que o governo anterior despedaçou.”

12 “Quem cultiva o fanatismo cria seu próprio demônio, e cedo ou tarde sofre com a destruição que ele mesmo alimentou.”

13 “As pessoas temem a morte não pelo desconhecido, mas porque já sabem que o inferno é aqui.”

14 “Quem se julga defensor de Deus revela, na verdade, seu próprio ego, como se fosse um outro deus acima do divino.”

15 “A vingança é veneno: só faz efeito quando consumida fria, com cálculo e precisão, não com impulso ou excesso de ódio.”

16 “O erro humano não impede o amor; ao contrário, a imperfeição nos torna capazes de compreender e perdoar o outro.”

17 “A sinceridade é luxo dos fortes; os fracos se escondem atrás da mentira para sobreviver.”

18 “O Diabo ensina humanidade através da adversidade; Deus, via religião, às vezes só vende bênçãos enquanto afasta as pessoas umas das outras.”

19 “O homem, como árvore invertida, consome o oxigênio que cria e destrói o próprio sustento.”

20 “A ira transforma; o amor não muda nada. Ódio e amor são vaidade disfarçada, um busca poder, o outro aprovação.”

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