"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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MINHAS PÉROLAS

⁠O INSEGURO MORRE MAIS CEDO ("O segredo do sucesso é ser frio, calculista, e confiante." — George Sheykson)
           O coronavírus também é "Lobovírus": O lobo tem um comportamento peculiar para purificar o rebanho. Estando o lobo na espreita de um grupo de ovelhas, quando a sua presença é percebida, se as ovelhas permanecerem calmas em seu lugar, ignorando-os, nada lhes acontecerá, pois lobo algum gosta desse comportamento confiante. Mas, se uma delas, a velha, fraca, doente, medrosa, fizer finca-pé para correr certamente será morta, pois os lobos preferem atacar suas presas correndo. As confiantes estão saudáveis demais para morrer. Em tempo de pandemia a saúde de dentro para fora vale mais. O micro inspirando o macro! Já que só o maior compreende o menor, mas, também, se deixa perturbar por ele! Daí vem a opressão do mais poderoso como forma de manter a relação conturbada por um cabresto. Além do mais, fantasmas tatuados nas cicatrizes de minha pele perseguem-me, dizendo que nem fui bom o suficiente para ser perverso, pois não morri cedo e ainda estou aqui perturbando a paz dos que irão mais cedo. CiFA

Claudeci Ferreira de Andrade

sábado, 29 de janeiro de 2022

Coleção 64 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

 


Coleção 64 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

64—1 Quase sempre o suspeito não é o culpado, é, o que mais cuidou de sua aparência, até desviar toda a atenção para o descuidado. Mas, vence no final o inocente, porque tudo acaba no marco zero, onde a verdade se vinga.

Claudeci Ferreira de Andrade

64—2 Os sábios dignificam a morte temendo a vida, mas os tolos estragam a vida temendo a morte. Os sábios temem a luz por esta lhes negar as trevas, e os tolos temem as trevas por lhes negarem a luz.

Claudeci Ferreira de Andrade

64—3 — "Se fosse as 23h, eu não colocaria nem a minha cabeça aqui fora!" Que tipo de segurança nos ensina um agente escolar amedrontado?

Claudeci Ferreira de Andrade

64—4 Que efeito terão as manifestações públicas, apelando à consciência dos bandidos em prol da paz? Vale de alguma coisa pedir ao estuprador para não estuprar? Ou o que gritam as vítimas que ainda continuam vítimas?

Claudeci Ferreira de Andrade

64—5 Em se tratando de pecado e dor na consciência, a voz do Diabo, aquela do lado esquerdo, sempre foi, também, a voz de Deus, testando seus desejos.

Claudeci Ferreira de Andrade

64—6 Um filho retribui o investimento de um pai, livrando-o das privações futuras. Mas, o pai precisa tê-lo ensinado como salvar-se a si mesmo no presente.

Claudeci Ferreira de Andrade

64—7 A falta da beleza sempre foi inimiga da ignorância. E a feiura do líder torna feia a beleza da gente. 'Em que espelho ficou perdida a minha face?'

Claudeci Ferreira de Andrade

64—8 Talvez seja esse o motivo dos alunos não se dedicarem aos estudos! A beleza de quem os ensina não é inspiradora! Não sei o que será, se o sistema é feio e burocrático, aberto a abusos e aberrações, está cheio de professores velhos e feios que não morrem nunca e com a aposentadoria dificultada; porque os outros velhos da administração precisam cumprir o tempo de serviço e idade.

Claudeci Ferreira de Andrade

64—9 Alunos solicitam mais aulas de espanhol, porque a professora é bonita. A falta da beleza será uma barreira à inteligência? Se os professores forem concursados pela aparência como modelos fotográficos, poucos alunos prosperariam para o magistério. Sou feio, mas não como você!

Claudeci Ferreira de Andrade

64—10 Todo mundo tem receita para o professor, como se ele fosse o culpado de todos os desarranjos da educação pública, mas ninguém tem, para o aluno. Se eles (alunos) soubessem ser aluno, não teria professor ruim! O que falta é o tal de aprender aprender. Como um professor pode ser profissional, se é refém de pais analfabetos funcionais e coordenadores pedagógicos que defendem o aluno das garras do professor?

Claudeci Ferreira de Andrade

64—11 Uma mulher bonita que se aproxima de você do nada e está muito interessada na sua vida, ela distribuirá mentiras fáceis, deve-se olhar sim os dentes do cavalo dado, embora não goste do que irá ver. Uma mulher bonita é quase sempre posta como isca!

Claudeci Ferreira de Andrade

64—12 Os cursos facilitados vêm como terremoto, abrindo as sepulturas dos poupadores de esforços. Porém, os mágicos da educação não dizem qual será o próximo passo. Talvez você olhe para o horizonte a distância, com o diploma na mão, para ver se ainda está no páreo.

Claudeci Ferreira de Andrade

64—13 "Educação de Jovens e Adultos" 100% a distância e, tão distante que só se vê o alvoroço! É a notícia alvissareira, agora podemos ser úteis sem qualidade, praticando a lei do menor esforço em detrimento da modalidade regular. "Dois pesos e duas medidas", isso pode!

Claudeci Ferreira de Andrade

64—14 Que matemática é essa: a da média? Os bons alunos são diluídos entre os ruins! Enquanto os índices estiverem baixo, empregos são garantidos, verbas mordidas e um sem fim de reuniões mascarando a "embromatologia".

Claudeci Ferreira de Andrade

64—15 E viva esta gradação maligna: A não reprovação gera indisciplina; esta, a não aprendizagem; esta, o incompetente; este, por sua vez, tornando-se professor na mesma escola que o plantou, faz-se a colheita malfazeja da semeadura ruinosa que comprova a lei da causa e efeito infalível.

Claudeci Ferreira de Andrade

64—16 Se a família não serve para educar suas crianças, obrigada a matriculá-las na escola, que se eduquem as famílias, ainda objeto de confiança dos menores. Falsa equivalência!

Claudeci Ferreira de Andrade

64—17 Quem insiste em dizer que a Bíblia é a palavra de Deus com tantas versões e traduções? Talvez um dia, chegue a sê-lo, quando as palavras tiverem significados iguais: 'Bíblia da mulher; Bíblia dos gays; Bíblia do pastor, Bíblia da criança; Bíblia de estudo'. E os crentes fanáticos são politeístas e não sabem.

Claudeci Ferreira de Andrade

64—18 Eu sou racista, machista e homofóbico, detesto a igualdade dos comuns! Até quando a maioria continuará sempre vendendo? Porém, o ideal é ser respeitoso. Toda igualdade é o mesmo que generalização: é burra.

Claudeci Ferreira de Andrade

64—19 Qualquer planejamento feito por um grupo de pessoas é gorado. Não há segredo na boca de muitos, em cada doze, um assumirá o Judas para vender uma cópia do projeto. Quem chega do nada com mãos cheias de estratégias, sairá para o nada de mãos vazias! Antes de estragar o plano de Deus.

Claudeci Ferreira de Andrade

64—20 Quando o outro professor tira um aluno da sala, porque está atrapalhando sua aula, ele finge ser meu amigo; invade minha sala para se refugiar. Como um intruso, puxando conversas frívolas, tira novamente a primazia do tempo dos que querem estudar. Até eu descobrir que não foi a coordenadora que o remanejou de sala.

Claudeci Ferreira de Andrade

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

O DOUTRINAMENTO DA VACINAÇÃO. ("A política é a doutrina do possível". — Otto von Bismarck)

 


            

O DOUTRINAMENTO DA VACINAÇÃO ("A política é a doutrina do possível". — Otto von Bismarck)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Ainda me lembro com nitidez do som abafado dos primeiros noticiários sobre aquele vírus longínquo, algo que parecia confinado ao noticiário internacional, tão distante da nossa realidade quanto um eclipse em outro hemisfério. Mas, como uma onda silenciosa, o Coronavírus atravessou oceanos e certezas, invadindo nossas rotinas, redesenhando o cotidiano que julgávamos imutável. Suas variantes continuam a surgir, como se nos lembrassem — dia após dia — que o antigo normal talvez não passe de uma miragem no retrovisor.

Ontem, da janela da sala, vi duas pessoas se encontrando na calçada. Um mascarado se aproximou, e o outro deu um passo atrás, quase por instinto. Um balé estranho, que há pouco tempo seria incompreensível, hoje é gesto automático. Confesso que fiz o mesmo no mercado pela manhã — aquele recuo quase coreografado, quando alguém cruza o nosso novo e silencioso perímetro de segurança. Já me convenceram de que deve ser assim. Mas, às vezes, me pergunto: será que essa distância também se instalou entre as almas? Talvez precisemos de proteção não apenas contra vírus, mas contra a presença do outro — contra sua humanidade tão próxima, tão ameaçadora.

Enquanto isso, ouve-se um clamor pelas escolas públicas: querem reabrir, reviver o chamado "velho normal", como se fosse possível ressuscitar um tempo idealizado — tempo esse que, para muitos, era sustento, era rotina, era chão firme. Pressionam pelo retorno das aulas presenciais, com a justificativa de que são mais eficazes do que as remotas. Talvez isso seja verdade em alguns casos — sobretudo no delicado processo da alfabetização. Mas não consigo evitar uma pergunta incômoda: não estaríamos delegando demais à escola aquilo que deveria começar em casa?

Educar é, antes de tudo, ato de presença, e não apenas física. Quando terceirizamos completamente a formação inicial de nossas crianças, não transferimos apenas letras e números, mas abrimos as portas para que suas personalidades sejam moldadas por outros — por olhares que carregam ideologias, convicções, intenções. Ninguém ensina de forma absolutamente neutra. Assim como um repórter não consegue narrar os fatos sem deixar escapar algum traço pessoal, o educador também imprime sua marca, ainda que involuntariamente.

E é nesse espaço sutil — quase invisível — que ideologias ganham corpo, ocupando as lacunas deixadas por uma sociedade que, muitas vezes, se ausenta da formação de seus próprios filhos. A escola reflete o mundo, sim, mas também o influencia. E, então, nos perguntamos: até que ponto o Estado é verdadeiramente laico, se seus agentes carregam convicções que transbordam nas salas de aula?

Hoje à tarde, caminhando pelo bairro, ouvi um grupo debatendo a possibilidade de demissão por justa causa para funcionários que se recusarem a tomar a vacina. E lembrei dos nossos paradoxos nacionais — não somos obrigados a votar, mas precisamos do comprovante de votação para obter um passaporte. Um curioso jogo de liberdades condicionadas, de obrigações disfarçadas.

E se um aluno ou professor contrair o vírus dentro da escola? A quem caberia a responsabilidade? Poderia o Estado ser responsabilizado por isso? A verdade é que máscaras, por mais indispensáveis que sejam, não são invulneráveis. E as vacinas, ainda que representem nossa maior esperança, não são garantias absolutas.

As contradições desse tempo me fazem lembrar as palavras de Luiz Roberto Bodstein:

"O pior em sociedade é o doutrinamento, já que confundido com 'chamada à verdade'. Mas no ensino real se entrega a chave para que o aprendiz busque a resposta por si mesmo, pois se o desejar ele o fará. Já no doutrinamento se busca transferir a crença do 'correto presumido', ilegítimo pela pretensão de que se detém a verdade, da suposta prevalência de uma crença sobre outra, e de uma imposição onde só a nossa versão é válida."

Que linha tênue é essa entre ensinar e doutrinar! Enquanto o verdadeiro ensino liberta, o doutrinamento aprisiona — e o pior cárcere é aquele em que se entra acreditando ser liberdade.

Vejo igrejas de portas fechadas, protocolos que se contradizem, e uma sociedade tensionada entre o medo e a necessidade de continuar. O chamado “novo normal” se assemelha a um labirinto onde tateamos às cegas, esperando por soluções que, às vezes, ganham contornos quase messiânicos.

Talvez essa seja a lição mais dura que herdamos deste tempo: precisamos aprender a questionar, a discernir, a buscar — por nós mesmos — o equilíbrio possível entre proteção e liberdade. A pandemia um dia vai passar, mas suas marcas continuarão visíveis em nossos gestos, em nossos olhares, na forma como nos aproximamos — ou nos afastamos — uns dos outros.

Enquanto isso, sigo aqui, observando da janela o mundo mascarado. E cada recuo diante do outro se transforma em lembrete sutil: algo mudou. E talvez nós — lá no fundo — também tenhamos mudado para sempre.



Esta crônica é um mergulho nas complexidades sociais e existenciais que a pandemia acentuou, abordando temas que vão da micro-interação à estrutura do Estado. Com um olhar sociológico, podemos extrair questões importantes para análise.

Com base nas ideias principais do texto e com um foco na perspectiva sociológica, preparei 5 questões discursivas simples:



1. As Mudanças nas Interações Sociais Pós-Pandemia: A crônica observa como gestos como manter distância e o uso de máscaras se tornaram um "balé estranho" e "gesto automático". Sociologicamente, como a pandemia do Coronavírus e as medidas de saúde pública alteraram as normas de interação social e a nossa percepção sobre o espaço pessoal e a proximidade física nas relações do dia a dia?

2. A Escola como Agente de Socialização e Transmissora de Valores: O texto levanta a questão de que o professor transfere mais do que apenas conhecimento formal ("letras e números"), imprimindo também "ideologias, convicções, intenções". Sociologicamente, como a escola atua como um agente de socialização, transmitindo valores e visões de mundo (muitas vezes de forma não intencional), além do currículo oficial?

3. Ensino vs. Doutrinamento no Contexto Social: A crônica cita Luiz Roberto Bodstein sobre a diferença entre "ensino real" (dar a chave para buscar respostas) e "doutrinamento" (transferir crenças). Sociologicamente, por que é importante essa distinção para a formação de cidadãos críticos, para a autonomia de pensamento e para a dinâmica das instituições educacionais em uma sociedade democrática e plural?

4. Controle Social e Poder do Estado: O texto aborda exemplos como a possível demissão de funcionários por justa causa por recusa de vacina e a exigência de comprovante de votação para o passaporte, chamando-os de "paradoxos nacionais" e "liberdades condicionadas". Sociologicamente, como podemos analisar essas situações como mecanismos de controle social exercidos pelo Estado, que utilizam regras e exigências para influenciar comportamentos e condicionar o acesso a determinados bens ou serviços?

5. Incerteza Social e Busca por Sentido no "Novo Normal": A crônica descreve a vivência do "novo normal" como um "labirinto onde tateamos às cegas" em busca de respostas e sentido. Sociologicamente, como períodos de grande incerteza, crise e desorientação social (como uma pandemia) afetam a confiança dos indivíduos e dos grupos sociais nas instituições, nas informações e na capacidade de encontrar um sentido ou direção clara para o futuro em meio ao caos e às contradições?

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domingo, 9 de janeiro de 2022

Coleção 63 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

 


Coleção 63 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

63—1 OS ALUNOS FICAM MAIS FORA QUE DENTRO DA SALA DELES, VINGANDO-SE DOS PROFESSORES CHATOS, POIS A COORDENADORA PEDAGÓGICA CULPA O MESTRE. O professor "ruim", sem imposição, deixa o aluno fora da sala na hora de sua aula. O coordenador "bom" é aquele que inspeciona, o tempo todo, nos corredores da escola, tangendo alunos para dentro das salas. E o aluno "esperto" é aquele driblador do sistema, usando o comportamento mais bizarro possível, ainda se justificando com desculpas bem elaboradas. Entre as quais: o professor não está passando nada no quadro.

Claudeci Ferreira de Andrade

63—2 Falando sobre escola real, a falsa é aquela que promove mais o uniforme e o luxo dos seus alunos, do que o saber para um viver de reais valores.

Claudeci Ferreira de Andrade

63—3 O pecado da escola é o aluno desmotivado. Quem quer aprender, aprende até sem ter quem o ensine (a internet é suficiente). O que os pedagogos ainda não aprenderam, é não querer ensinar o que não devem; mas, devem tornar-se exemplos raros de qualidade para serem valorizados. A quantidade é o pecado da internet.

Claudeci Ferreira de Andrade

63—4 O Critério para se ter um Deus verdadeiro é não conhecê-Lo. O meu não tem sentimentos, mas é totalitário! E se há alguma coisa fora dele são seus atributos.

Claudeci Ferreira de Andrade

63—5 A rebeldia dos fracos leva à divulgação maldosa (fake news), aos gritos, fermentando os supostos erros dos outros! Por não terem cacife, ao atribuir-lhes o mais severo castigo, fazendo tempestade em copo d'água, objetivando a simpatia dos terceiros de mau gênio, sedentos por diversões extravagantes.

Claudeci Ferreira de Andrade

63—6 Os alunos de antigamente nos tratavam com um "sim senhor", hoje é "querido" e a relação professor/aluno cada vez pior. Eles entendem por elogio, "cantada". Deus me livre de colocar parabéns em suas redações. Serei apedrejado pelos invejosos e ciumentos.

Claudeci Ferreira de Andrade

63—7 A reação natural de quem é ameaçado é pedir a ajuda de alguém mais forte, fechando a guarda, mas, eles não são capazes de racionalizar que quem quer tirar mel não deve espantar a colmeia.

Claudeci Ferreira de Andrade

63—8 Os boatos, tomo de alerta, fugindo dos grandes abismos! Por isso, gosto de meus inimigos, suas demências justificam as minhas e promovem minhas espertezas.

Claudeci Ferreira de Andrade

63—9 Vivemos em um mundo onde o oprimido também é opressor, tal qual, o violentado é violentador. Os humilhados alunos são os achadores de erros nos seus professores para humilhá-los da mesma forma que são humilhados pelo Sistema.

Claudeci Ferreira de Andrade

63—10 Na guerra, o homem perde a consciência e, tendo de matar um leão todo dia, perde o respeito de si e da natureza. Então, sem consciência e respeito próprio, viram canibais da carne e da reputação uns dos outros. Nisso são reflexivos mutuais ou zumbis apocalíptico.

Claudeci Ferreira de Andrade

63— 11 As regras inúteis da escola quebram a resistência dos alunos para os embates com o futuro. Colocam-nos em fila para aprenderem o quê, se os livros são poucos? Será se os coordenadores desconhecem a realidade! Ou só defendem seu "ganha pão"?

Claudeci Ferreira de Andrade

63—12 Gostaria de um presente dos deuses que me equipasse novamente com o vigor, a saúde e a energia vital. Todavia, o tempo não tem volta, assim como meus inimigos vencidos se foram, vou eu também como inimigos dos outros. O Céu não existe.

Claudeci Ferreira de Andrade

63—13 Como vê, é profundo dentro de mim o senso de infelicidade sem o prazer de lutar e vencer, mesmo tendo uma coisa desejada por muitos: uma aposentadoria à vista e segurança: aliás, aposentadoria mata de sedentarismo, e a mercê do tempo não há segurança!

Claudeci Ferreira de Andrade

63—14 Não, não me faltam inimigos, falta-me, na verdade, o vigor da juventude, e não compreendo a coerência Divina, se a mercê do tempo não há segurança! Agora, eu não poderia administrar os ataques deles com as impossibilidades naturais de uma homem de terceira idade. Como pode um homem velho ter inimigos jovens? É inadmissível e um desafio desleal.

Claudeci Ferreira de Andrade

63— 15 Os desejos carnais ainda moram dentro de mim, sinto-me insatisfeito com esta ausência de guerra; parece-me razoável crer que não sou feliz, embora tenho a tranquilidade do silêncio, preciso de desafiantes. Falta-me inimigos idôneos e inteligentes! Mas, quem quer ser inimigo de um velho de olhar triste?

Claudeci Ferreira de Andrade

63—16 Quantos "otários" apertaram minha mão com bastante força para me mostrar poder vital, quando na verdade, estavam atraindo sobre si a revolta de quem cuida bem de mim: Deus!

Claudeci Ferreira de Andrade

63—17 Ó, tempo, meu aliado! Fez-me velho depois de fazer tombar meus inimigos, e os ainda vivos estão inválidos, pois já não lhes sou páreo justo. Do que me adianta esta paz se já não posso desfrutá-la, apenas posso dormir tranquilo o sono de velho com sonhos tão vazios, vendo cachorro pegando fogo.

Claudeci Ferreira de Andrade

63—18 Roguei a Deus que matasse os meus inimigos, praga desnecessária, e então rapidamente o tempo os levou, nem percebi minha velhice chegando. O Feitiço contra o feiticeiro. Eu era inimigo deles.

Claudeci Ferreira de Andrade

63—19 Aluno brigando por maior nota em sua redação: quem não sabe fazer uma boa redação, vai saber avaliar os critérios de correção? Aí, um da letra "garrancheira", ilegível encheu as trinta linhas, eu dei 10, vai que é um ser evoluído demais com cultura interestelar e a culpa está em mim por não saber entendê-lo.

Claudeci Ferreira de Andrade

Coleção 62 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)


 

Coleção 62 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

62—1 Quão sofrido é levar a vida toda, espantando urubus, sem querer largar a carniça! Assim procede o homem "corno manso" ! Muda de lugar, levando-a para reconstituir; mas, eles estão lá. E em todos lugares. E ela nem reclama, pois corno apaixonado é benéfico e não merece o inferno.

Claudeci Ferreira de Andrade

62—2 O POSTO BAIXO NA GANGORRA social É QUANDO ENCONTRO UM EX-ALUNO MEU, FALIDO: É exemplo de MINHA MAIOR DESGRAÇA PROFISSIONAL. O MEU POSTO ALTO NA GANGORRA EDUCACIONAL É QUANDO ENCONTRO UM EX-ALUNO MEU QUE PROSPEROU.

Claudeci Ferreira de Andrade

62—3 Pais sem educação não educam seus filhos, mas educam os professores de seus filhos, com uma denúncia atrás da outra! É assim, a escola "prostituta" da sociedade, heroína sem caráter, aproveitando-se da situação atual!

Claudeci Ferreira de Andrade

62—4 Em toda ocorrência, fica um relatório nocivo a meu caráter nas pastas da escola, então deixei de denunciar alunos indisciplinados à coordenação pedagógica, para que tudo que eu disser não seja usado contra mim. Se pensam que estou exagerando, verifiquem os Livros Atas das escolas em que trabalhei.

Claudeci Ferreira de Andrade

62—5 Sinto-me apoiado, quando orientado pela direção escolar, pressionada por mães sem brio, reclamando de mim para ganhar o direito de deixar seu filho fazer o que bem entender na escola. Então, assino o relatório para a escola se resguardar de mim.

Claudeci Ferreira de Andrade

62—6 Vocação escolar: Há quem nasceu para ser escravo, realiza-se oferecendo a tarefa pronta para o colega copiar e perder para este nos concursos da vida!

Claudeci Ferreira de Andrade

62—7 Não Peca contra Deus, quem aceita a Sua Graça! Um Ser imensurável não pode ser ofendido, então não existe pecado, só ideologia de crente.

Claudeci Ferreira de Andrade

62—8 A escola está sempre em demanda com a família dos alunos, nesses pontos sociorreligiosos, que ensinam a transgressão dos bons costumes sociais, crendo na misericórdia da corrupção, matando o profissionalismo, faz-se a educação da boa vizinhança! Não se pode perder cliente. Perder como, se é obrigado à criança está matriculada em uma escola?

Claudeci Ferreira de Andrade

62—9 A escola que proíbe o celular tem professores que se proíbem às tecnologias. E os alunos estragam os equipamentos pedagógicos, solicitados para ligar a TV. Pois o analfabeto digital não se dar ao luxo de aprende.

Claudeci Ferreira de Andrade

62—10 Ao Pobre, o que lhe falta é dinheiro e não tempo, mas em todo feriado, quer viajar. Visto que, tempo não é dinheiro; mesmo assim, gasta as economias, então posta foto da beira de córrego, atendendo a demanda pela ostentação: é confortante o elogio dos falsos amigos, mesmo que lhe falte o essencial...

Claudeci Ferreira de Andrade

62—11 Adquirir paz com guerra é falso, quando um homem mata seu inimigo, a vítima deixa de ser inimigo e passa ser o Carrasco interior do criminoso. Nunca mais, ambos aspirarão a paz. Só a paz gera a paz.

Claudeci Ferreira de Andrade

62—12 Quando a escola tem um dono, não tem espaço para a sociedade! Sobre os alunos que participam da hora cívica, esses são civilizados. Logo, cuidamos do que nos pertence. Por isso, inscreva-me no mutirão de limpeza do bem público.

Claudeci Ferreira de Andrade

62—13 É difícil ter um olhar microscópico e tentar caminhar sobre seres vivos sem pisá-los. Mas, como não matar os pequenos e não ser suscetível à morte na mesma proporção? Há pisadas maiores acima!

Claudeci Ferreira de Andrade

62—14 Aqui, na terra, já não tenho dignidade alguma, e quem vai para o céu vai sem mérito próprio, então não quero ir para lá, vou continuar sem dignidade do mesmo jeito com a consciência de que não merecia; por isso, quero ir para o inferno, pois pelo menos irei para lá por mérito próprio, e estarei eternamente com a consciência limpa de que fiz por merecer algo: justiça confortadora. Viver de Graça e por Graça é abusar dos méritos dos outros.

Claudeci Ferreira de Andrade

62—15 Se você tem livre-arbítrio, então você é Deus, e o Lúcifer venceu mais uma vez! Não há profeta verdadeiro, se o futuro é você que constrói.

Claudeci Ferreira de Andrade

62—16 Por onde passamos, deixamos restos de nós. E no fechar do círculo, catamos nossos cacos, se não demorarmos muito a voltar. Mas, as separações continuam como ficaram, com um agravante, algumas peças se perderam. Quase me recomponho, quando volto para casa. Cada retorno é tarde demais! O melhor é não ir. Por isso, detesto viajar.

Claudeci Ferreira de Andrade

62—17 O destino é certo e marcado com talento claramente perceptível. Faze o que tens facilidade, é tudo o que a natureza espera de ti. Um curso não faz o bom profissional.

Claudeci Ferreira de Andrade

62—18 Minha identidade são minhas lembranças. Então, sou para você o que se lembra de mim; mas, se eu for me esquecendo de mim e de você, não me obrigue a retornar, para sermos os mesmos. Quero ser outro, quando você melhorar.

Claudeci Ferreira de Andrade

62—19 O ser humano não está nele, a predestinação é válida a partir de uma central conectada no universo. Pode-se até fazer um implante de um cérebro em outro corpo, mas sem antes de perder a conexão essencial. Sendo o cérebro o ponto irradiador, já é possível mantê-lo vivo por 36 horas sem seu corpo original. Qualquer corpo sem um cérebro conectado é só um amontoado de bactérias também conectadas! Obrigado Dr. Nenad Sestan.

Claudeci Ferreira de Andrade

domingo, 2 de janeiro de 2022

O DESRESPEITO TEM PREÇO ALTO ("Se a igualdade entre os homens - que busco e desejo - for o desrespeito ao ser humano, fugirei dela". — Graciliano Ramos)

 


O DESRESPEITO TEM PREÇO ALTO ("Se a igualdade entre os homens - que busco e desejo - for o desrespeito ao ser humano, fugirei dela". — Graciliano Ramos)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Acordei com a chuva batendo forte na janela, como se o céu quisesse lavar não apenas as ruas, mas também os restos mal varridos do ano anterior. Era o primeiro dia de 2025 e, sinceramente, o futuro não me parecia novo — apenas mais molhado. Do lado de fora, a enxurrada arrastava folhas, garrafas, sacolas e memórias velhas. Tudo o que não presta sempre resiste mais do que deveria.

Senti um aperto no peito. Não era apenas o clima. Era o tempo. Como se os ponteiros do relógio me empurrassem para dentro de um ano que eu não pedi, um calendário que me foi imposto como sentença. Havia algo de sombrio naquele dia — algo que, em silêncio, me dizia que o mundo não seria gentil desta vez. Nem com seus filhos, nem com seus fantasmas.

Vi, no meio da água turva, três patinhos pretos deslizando pela calçada alagada. Três. “Dois patinhos na lagoa”, diz o ditado popular para se referir ao número 22. Mas agora eram três. Sinal de que o tempo havia avançado, ainda que o país parecesse girar em círculos. Eles estavam ali, serenos, indiferentes à tempestade. Diferente de mim, que buscava abrigo até dentro de mim mesmo.

Talvez fossem urubus disfarçados, pensei. Ou talvez eu estivesse vendo tudo de forma simbólica demais. Mas, depois de sobreviver a pragas, pandemias, políticos e promessas não cumpridas, a gente se acostuma a decifrar o mundo por metáforas. A natureza — essa velha senhora de humores imprevisíveis — já não aceita mais nossas desculpas. Desmatamos, queimamos, fingimos não ver. E agora ela responde — não com fúria, mas com justiça.

Lá fora, o novo governo prometia mudança. Mudança. Palavra que já me soa como slogan de campanha. O povo queria reforma, mas esqueceu de se reformar primeiro. Atiraram pedras na corrupção, mas mantiveram a janela da própria casa aberta. E, no fundo, é sempre assim: enquanto uns rezam por redenção, outros negociam com o caos.

A humanidade brinca de herói armado, como se a violência fosse encenação. Mas quem aponta uma arma sem intenção de atirar esquece que há sempre alguém do outro lado disposto a revidar. Já nos roubaram o ouro, o voto e a esperança. E a história nos sussurra: ferido, o povo volta. Volta para cobrar.

No fim da tarde, a chuva cessou, mas o céu permaneceu cinza. Os patinhos haviam sumido — como tudo que é passageiro. Restava apenas o silêncio: espesso, denso, necessário.

Enquanto eu fechava a janela, entendi que o medo de recomeçar é só o eco daquilo que ficou mal resolvido. E recomeçar exige mais do que força: exige coragem para olhar o mundo como ele é — e, ainda assim, escolher continuar.

Talvez o verdadeiro milagre seja seguir em frente, mesmo quando tudo diz para parar. Porque viver, neste planeta ferido, é um ato de resistência. E crer na mudança, mesmo que ela venha devagar, é um ato de fé.


Com base na crônica apresentada, elaborei cinco questões discursivas que exploram seus temas principais sob uma perspectiva sociológica:


O narrador afirma que "o povo queria reforma, mas esqueceu de se reformar primeiro". Discuta como essa ideia se relaciona com o conceito de transformação social, considerando a relação entre mudanças institucionais e mudanças de consciência individual.


A crônica utiliza a metáfora da chuva e da enxurrada que "arrasta o que não presta". Explique como fenômenos naturais podem ser interpretados sociologicamente como expressões simbólicas de processos de purificação ou renovação social.


O texto menciona que "Já nos roubaram o ouro, o voto e a esperança". Analise como essa afirmação reflete a percepção de traumas históricos coletivos e sua influência na formação da identidade social brasileira.


"A humanidade brinca de herói armado, como se a violência fosse encenação." A partir dessa frase, reflita sobre como a banalização da violência e sua representação na sociedade contemporânea afetam as relações sociais.


Na conclusão, o narrador afirma que "viver, neste planeta ferido, é um ato de resistência." Discuta como o conceito sociológico de resistência pode ser aplicado às formas de enfrentamento das crises ambientais e sociais mencionadas no texto.

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