"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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sábado, 2 de fevereiro de 2019

SE A MÁSCARA CAÍSSE! ("Eu quero festa eu quero farra dia e noite, noite e dia aqui a tristeza pula de alegria!" —Tarcísio Araújo)



Crônica

SE A MÁSCARA CAÍSSE! ("Eu quero festa eu quero farra dia e noite, noite e dia aqui a tristeza pula de alegria!" —Tarcísio Araújo)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Era uma sexta-feira como tantas outras, mas havia algo diferente no ar. A escola, que habitualmente transbordava de rotinas cansadas e desgastadas, parecia mais viva, pulsando com uma energia renovada. Os eventos festivos eram a sua tábua de salvação, a maneira de se revitalizar e se mostrar relevante em meio a tantas adversidades. As fotos das quadrilhas juninas inundavam as redes sociais, cada uma delas acompanhada de legendas orgulhosas: "Um bom trabalho!". As festividades eram inúmeras: Dia das Mães, Pais, Crianças, Indígenas e tantas outras datas que lembravam a todos da possibilidade da felicidade. As celebrações dos eventos históricos, como a Descoberta do Brasil, Proclamação da República, Independência e Dia da Bandeira, também estavam lá, sem contar as festividades regionais, com cucas e sacis.

Naquele dia, antecipamos as celebrações do Dia do Professor. A escola estava em festa, e eu estava lá, imerso naquele turbilhão de cores, sabores e emoções. São nesses momentos que percebo como os prazeres da vida estão presentes, muitas vezes mais do que imaginamos. Até as responsabilidades ganham um toque de leveza, funcionando como pilares de estabilidade e bem-estar. Os lanches deliciosos e a companhia de colegas agradáveis serviram de estímulo à minha criatividade. Eu sentia que estava passando por uma revolução emocional. A certeza de que minha privacidade estava prestes a sofrer uma nova configuração era inevitável, mas tudo bem, pois a alegria compartilhada vale qualquer incômodo.

A empolgação era contagiante. No entanto, "muitas vezes a escola usa o precioso tempo das aulas para organizar comemorações dessas efemérides", como destacou um artigo acessado recentemente. "O aluno é levado a executar tarefas que raramente têm relação com o currículo. Muitos professores acreditam que estão ensinando algo sobre a questão indígena no Brasil só porque pedem que a turma venha de cocar no dia 19 de abril - o que, obviamente, não funciona do ponto de vista pedagógico." Refleti sobre isso enquanto observava a movimentação à minha volta. As roupas típicas, os cocares, as calças xadrez em sala de aula. Onde estava a verdadeira aprendizagem nisso tudo?

Recordo-me das palavras de Cello Vieira: "Um dos maiores impérios do mundo acabou porque acreditavam numa palhaçada." Foi então que compreendi por que meus ensaios de peças literárias foram proibidos. Estavam sem efeito geral. O sarau de poesia era visto como muito culto. Porém, quando a farra beneficiava a todos, professores e comunidade agradeciam. A cegueira branca, como uma nuvem densa, impedia-me de ver a saída.

Em meio a toda essa reflexão, lá estava eu, tomando café sem açúcar, celebrando a vida, como bem disse Kléber Novartes. Cada gole era um brinde ao simples, ao essencial, ao que realmente importa. No final das contas, talvez a verdadeira sabedoria esteja em equilibrar a festa e a seriedade, a tradição e a inovação, o coletivo e o individual. E assim seguimos, navegando entre quadrilhas e poemas, buscando, sempre, um pouco de sentido no caos cotidiano.

Questões Discursivas: Mergulhando na Complexa Realidade da Escola em Festa

Questão 1:

Celebrações e Aprendizagem: Uma Relação Equilibrada ou Uma Dicotômica Necessária?

a) Discuta criticamente a afirmação de que os eventos festivos na escola, como quadrilhas juninas e datas comemorativas, servem como "tábua de salvação" para a instituição se revitalizar e se mostrar relevante. Como essas atividades podem contribuir para o bem-estar da comunidade escolar, mas também podem apresentar desvantagens em relação ao aprendizado formal?

b) Analise a crítica de que a escola, muitas vezes, utiliza um tempo precioso de aula para organizar festividades que nem sempre estão relacionadas ao currículo. Como essa prática pode afetar a qualidade do ensino e o desenvolvimento dos alunos?

Questão 2:

Tradição e Inovação: Celebrando a Diversidade ou Perpetuando Estereótipos?

a) Reflete sobre a utilização de trajes típicos, como cocares no dia 19 de abril, em eventos escolares. De que forma essa prática pode contribuir para a valorização da cultura indígena, mas também pode reforçar estereótipos e simplificações sobre essa importante temática?

b) Explore a tensão entre a valorização da tradição e a necessidade de inovação na escola. Como conciliar a celebração da cultura e da história com a busca por métodos de ensino mais dinâmicos e engajadores?

Resposta das Questões Discursivas:

Questão 1:

Celebrações e Aprendizagem: Uma Relação Equilibrada ou Uma Dicotômica Necessária?

a) Os eventos festivos na escola podem ser vistos como momentos de confraternização, união da comunidade escolar e promoção do bem-estar. Eles proporcionam aos alunos a oportunidade de se divertirem, expressarem sua criatividade e desenvolverem habilidades interpessoais. Além disso, as festividades podem servir como ferramenta pedagógica para abordar temas relevantes da cultura e da história, desde que bem planejadas e executadas.

No entanto, é importante reconhecer que o uso excessivo de festividades em detrimento do tempo dedicado ao aprendizado formal pode prejudicar o desenvolvimento dos alunos. A priorização da diversão em detrimento do conteúdo curricular pode levar à superficialidade no aprendizado e à desvalorização da importância da educação formal.

b) A crítica de que a escola dedica um tempo precioso de aula para organizar festividades que nem sempre estão relacionadas ao currículo é válida. É fundamental que as escolas utilizem essas atividades de forma estratégica, integrando-as ao currículo e garantindo que elas contribuam para o processo de ensino e aprendizagem.

Festividades mal planejadas podem se tornar meros eventos superficiais e desconectados da realidade dos alunos, não agregando valor ao processo educativo. É necessário que as escolas busquem formas de utilizar as festividades como ferramentas pedagógicas que promovam o aprendizado significativo e a formação integral dos alunos.

Questão 2:

Tradição e Inovação: Celebrando a Diversidade ou Perpetuando Estereótipos?

a) A utilização de trajes típicos, como cocares no dia 19 de abril, em eventos escolares pode ser uma oportunidade para apresentar aos alunos a cultura indígena e promover o respeito à diversidade. No entanto, é crucial que essa prática seja realizada de forma crítica e reflexiva, evitando a perpetuação de estereótipos e simplificações sobre a cultura indígena.

É fundamental que os alunos compreendam o contexto histórico e social dos povos indígenas, reconhecendo sua rica cultura e seus desafios na luta por seus direitos. A utilização de trajes típicos deve ser apenas um ponto de partida para um diálogo mais profundo sobre a temática indígena, evitando que se torne uma mera encenação folclórica sem significado real.

b) A conciliação da valorização da tradição com a necessidade de inovação na escola exige um olhar crítico e atento às necessidades dos alunos e do contexto social. É importante preservar e celebrar as tradições que enriquecem a cultura da comunidade escolar,

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sábado, 26 de janeiro de 2019

DISPERSÃO ("Dispersão. Ela ainda me engole e faz digestão. Permito-me um gole." — Camila Custodio)



Crônica

DISPERSÃO ("Dispersão. Ela ainda me engole e faz digestão. Permito-me um gole." — Camila Custodio)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Em meio à agitação da vida, me encontro refletindo sobre a simplicidade e a complexidade da existência. "Eu vim para os meus, e eles Me rejeitaram", disse Jesus. Essas palavras ecoam em minha mente, lembrando-me de que as coisas simples geralmente chegam aos simples com a maior facilidade. No entanto, muitos de nós, cegos por nossas próprias ilusões, nos recusamos as ver.

"Do que adianta, Jesus nascer um milhão de vezes lá na manjedoura de Belém, se ainda não nasceu dentro de você, no seu coração?" Essa pergunta me atinge como um raio, iluminando a verdade de que a fé é um sentimento para todos os dias, não apenas para ocasiões especiais.

No dia 25 de dezembro, ouço tiros, muitos tiros, em louvor ao nascimento de Jesus. Mas quantos desses fogos foram comprados à custa da fome? Vejo a alegria carnavalesca, sem causa, dos irreflexivos. Eles, os antediluvianos modernos, parecem acreditar mais no Papai Noel e no Rei Momo do que nas evidências da destruição prevista para 2024. Entre a Manjedoura e o Sambódromo, vejo um Meio Ambiente depredado!

Desejo-lhes um dia de cada vez em 2024. Talvez o tempo passe mais devagar para os entediados, mas para aqueles que valorizam cada momento, cada dia é uma dádiva. "Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver." (Dalai Lama).

Hoje, é o dia de caprichar. Mesmo ainda precisando de ter ousadias calculadas, vou deixando rastros na areia solta. Sei muito bem sobre minha naturalidade e, poder chamar a atenção de pessoas diferentes é maravilhoso. Por isso, vou aproveitar o irrecuperável dia em prol de conhecer pessoas interessantes, refiro-me a este natal. Estou cheio de esperança e planos, não para o futuro, mas para hoje. E pensando em nós, terei de adequar muitas das minhas ideias à realidade presente. Não posso desanimar de novo, jamais! Afinal, cada dia é uma nova oportunidade para viver plenamente e autenticamente. E é nessa esperança que encontro a coragem para seguir em frente.

Questões Discursivas para Reflexão: Desvendando a Simplicidade e a Complexidade da Vida

1. Simplicidade e Fé: Uma Jornada Interior em Meio à Complexidade da Vida

O texto apresenta uma reflexão sobre a simplicidade e a complexidade da existência, convidando o leitor a questionar seus valores e prioridades em meio à agitação da vida cotidiana. A partir dessa perspectiva, vocês são incentivados a refletir sobre os seguintes questionamentos:


O Poder da Simplicidade:


Como a citação "Eu vim para os meus, e eles Me rejeitaram" de Jesus nos convida a reconhecer a essência das coisas simples e sua importância para a vida plena?

De que forma o texto nos incentiva a buscar a beleza e o significado nas coisas simples do dia a dia, como a natureza, a compaixão e as relações humanas?


Fé como Transformação Interior:


Como a pergunta "Do que adianta, Jesus nascer um milhão de vezes lá na manjedoura de Belém, se ainda não nasceu dentro de você, no seu coração?" nos convida a repensar o verdadeiro sentido da fé?

De que forma o texto nos alerta sobre a necessidade de transcender a superficialidade de rituais e tradições religiosas, buscando a fé como uma força transformadora no coração e nas ações?


Consumo Consciente e Responsabilidade Ambiental:


Como a crítica aos fogos de artifício e à ostentação no Natal nos convida a refletir sobre o consumo consciente e a responsabilidade ambiental?

De que forma o texto nos incentiva a buscar um equilíbrio entre a alegria das celebrações e a preservação do meio ambiente?


2. Valorizando Cada Dia: A Busca pela Felicidade no Presente

O texto enfatiza a importância de valorizar cada dia, reconhecendo o poder do presente e a necessidade de viver com autenticidade. A partir dessa perspectiva, vocês são convidados a refletir sobre os seguintes questionamentos:


Carpe Diem: Aproveitando o Dia de Cada Vez:


Como a citação do Dalai Lama "Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver" nos incentiva a valorizar cada dia e aproveitar o presente ao máximo?

De que forma o texto nos convida a romper com o tédio e a busca incessante pelo futuro, concentrando nossas energias no "Dia de Cada Vez"?


Ousadia Calculada e Autonomia:


Como a ideia de "ter ousadias calculadas" e deixar rastros na areia solta nos incentiva a agir com autonomia e a buscar nossos sonhos?

De que forma o texto nos convida a celebrar a nossa individualidade e a buscar a felicidade através da autenticidade e do contato com pessoas interessantes?


Esperança e Resiliência: Enfrentando os Desafios com Positividade:


Como a esperança e a convicção de que "cada dia é uma nova oportunidade para viver plenamente e autenticamente" nos dão força para superar desafios e seguir em frente?

De que forma o texto nos incentiva a cultivar a resiliência e a buscar a felicidade mesmo em meio às dificuldades da vida?

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sábado, 19 de janeiro de 2019

A CONCORRÊNCIA ("A rivalidade começa, em muitas circunstâncias, quando admiramos alguém e não conseguimos ser como ele."— Lourdes Catherine)



Crônica

A CONCORRÊNCIA ("A rivalidade começa, em muitas circunstâncias, quando admiramos alguém e não conseguimos ser como ele."— Lourdes Catherine)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Está terminando o ano e, com ele, chega a época de balanços e reflexões. É inevitável não sentir uma mistura de emoções: a alegria pelo dever cumprido, a expectativa das merecidas férias, mas também a ansiedade e o cansaço acumulado. Walt Disney dizia: "Eu gosto do impossível porque lá a concorrência é menor." Essa frase me vem à mente enquanto me preparo para encarar os desafios que ainda restam.

Neste período, minha profissão não se resume apenas a ensinar; é também o momento de avaliar e dar notas. Isso exige de mim uma atenção redobrada, para evitar erros que possam levar a acusações injustas. Alexandre Herculano já dizia: "Das definições possíveis do homem, uma só é verdadeira: o homem é o animal que disputa." De fato, lidar com a competitividade humana pode ser desgastante, mas é algo que faz parte do meu trabalho.

Hoje, por exemplo, é uma dessas noites em que sei que não vou dormir. O diário eletrônico, sempre presente em minha mente, traz uma mistura de insatisfação e esperança. É um período de forte transformação emocional. Mas apesar do cansaço, há uma luz no fim do túnel: as férias se aproximam. A ideia de viajar, aprender coisas novas e me inspirar me dá forças para seguir adiante.

As últimas semanas de trabalho são como um banquete de emoções. Os rostos estranhos e grotescos, as travessas vazias, as desilusões previstas – tudo isso incha meu coração com um misto de alegria e tristeza. Como diz o ditado, todo final de festa é triste, e o final do ano letivo não é exceção. Para aqueles que não gostam de me ver feliz, deixo um aviso: não endureçam as convenções e regras de engajamento. Lidar com humor instável é desgastante, e a falta de diálogo só agrava a situação. Mesmo assim, vou me esforçar para reverter esse quadro. Afinal, como disse Mahatma Gandhi: "A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido e não na vitória propriamente dita."

Tenho um pressentimento estranho, talvez devido a um sonho perturbador que tive na noite passada. Sonhei com insetos rastejando na minha pele, uma sensação de desconforto profundo. Era como se eu estivesse envolvido em problemas, cercado por oponentes. Porém, de repente, surgiram grandes gafanhotos vermelhos, que me deram uma sensação de proteção.

Interpretei esse sonho como uma revelação: minha vida social está mais intensa, e eu me abro às oportunidades de competição com coragem. Sei que estou preparado para enfrentar os desafios que vêm pela frente, protegido por uma armadura de determinação e resiliência.

À medida que o ano se encerra, reflito sobre tudo o que vivi. As lutas, as vitórias, os momentos de desânimo e de alegria. Tudo isso faz parte do meu crescimento pessoal e profissional. E assim, sigo em frente, com a certeza de que cada desafio é uma oportunidade de aprender e crescer. Que venha o novo ano, com suas promessas e possibilidades. Estou pronto para viver tudo isso, com esperança e determinação.

ALINHAMENTO CONSTRUTIVO

Questão 1: O texto aborda uma mistura de emoções vivenciadas pelo autor no final do ano letivo. Identifique e explique essas diferentes emoções mencionadas.

Resposta: O texto menciona uma série de emoções que o autor vivencia no final do ano letivo, como alegria pelo dever cumprido, expectativa pelas férias, ansiedade e cansaço acumulado. Há também uma mistura de insatisfação e esperança, além de transformações emocionais intensas. O autor descreve sentimentos contraditórios, como o coração inchado com alegria e tristeza.

Questão 2: O autor faz referência a duas citações famosas sobre a natureza humana. Explique o contexto em que essas citações são utilizadas e o que elas representam.

Resposta: O autor cita Walt Disney, que diz: "Eu gosto do impossível porque lá a concorrência é menor". Essa citação é mencionada enquanto o autor se prepara para enfrentar os desafios que ainda restam, sugerindo que ele está disposto a lidar com o que parece impossível. Ele também cita Alexandre Herculano: "Das definições possíveis do homem, uma só é verdadeira: o homem é o animal que disputa". Essa citação é usada no contexto de lidar com a competitividade humana, algo que o autor considera desgastante, mas parte inerente de seu trabalho.

Questão 3: O texto menciona um sonho perturbador que o autor teve. Descreva os elementos desse sonho e a interpretação que o autor faz dele.

Resposta: O autor descreve um sonho em que insetos rastejavam em sua pele, causando desconforto profundo, como se estivesse envolvido em problemas e cercado por oponentes. No entanto, surgiram grandes gafanhotos vermelhos, que lhe deram uma sensação de proteção. O autor interpretou esse sonho como uma revelação de que sua vida social está mais intensa, e ele se abre às oportunidades de competição com coragem, estando preparado para enfrentar os desafios que vêm pela frente, protegido por uma armadura de determinação e resiliência.

Questão 4: O autor faz uma reflexão sobre o final do ano letivo. Explique como ele vê essa fase e o que espera do novo ano que se aproxima.

Resposta: O autor vê o final do ano letivo como um período de balanços e reflexões, que envolve lutas, vitórias, momentos de desânimo e de alegria. Ele considera tudo isso parte de seu crescimento pessoal e profissional. Com o encerramento do ano, o autor reflete sobre tudo o que viveu e se prepara para encarar o novo ano com suas promessas e possibilidades, enfrentando os desafios com esperança e determinação.

Questão 5: O texto faz referência a uma citação de Mahatma Gandhi sobre a alegria. Explique o contexto em que essa citação é usada e o que ela representa.

Resposta: O autor cita Mahatma Gandhi, que diz: "A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido e não na vitória propriamente dita". Essa citação é mencionada no contexto das últimas semanas de trabalho, que o autor descreve como um "banquete de emoções". A citação de Gandhi sugere que, apesar das dificuldades e do cansaço, o autor encontra alegria no processo de luta e na tentativa de superar os desafios, e não apenas na vitória em si.

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domingo, 13 de janeiro de 2019

A CRÔNICA DO ESTUDANTE NOTURNO ("Mudar algo por fora esconde o entulho do desmoronamento que há por dentro."— Douglas Rodrigues da Silva).



Crônica

A CRÔNICA DO ESTUDANTE NOTURNO ("Mudar algo por fora esconde o entulho do desmoronamento que há por dentro."— Douglas Rodrigues da Silva).

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Era quase meia-noite quando me sentei à mesa da cozinha, o caderno de anotações aberto à minha frente. As palavras pareciam dançar diante dos meus olhos, uma valsa de letras e números que zombava da minha exaustão. Ergui o olhar para o relógio na parede - passava das 23h. Suspirei profundamente, lembrando-me de como havia chegado àquela situação.

Tudo começou quando decidi abandonar os estudos regulares pela manhã ou à tarde. A "farra do boi", como costumavam dizer, havia me seduzido com suas promessas de liberdade e descompromisso. Afinal, pensei, seria mais vantajoso esperar até atingir a idade mínima requerida e, então, retornar à escola noturna para concluir o Ensino Médio rapidamente. Um tropeço, como dizia Thomas Fuller, poderia evitar uma queda maior.

Ah, como fui ingênuo! Não demorou muito para que eu percebesse o quão árduo era conciliar os estudos com o trabalho. As noites se arrastavam intermináveis, enquanto eu lutava para manter os olhos abertos diante de equações e textos infindáveis. Meus colegas de turma, uma coletânea de almas cansadas e sonhadoras, compartilhavam do mesmo fardo.

Lembro-me de um deles, José, um rapaz cuja paixão pela mecânica o impulsionava adiante. Ele me confidenciou certa vez: "É melhor pingar que faltar, meu amigo. Cada gota de suor hoje é uma gota de liberdade amanhã." Suas palavras ecoavam em minha mente, uma lembrança constante de que o sacrifício presente traria recompensas futuras.

No entanto, não pude deixar de questionar o sistema que nos colocava nessa situação. Educação de Jovens e Adultos (EJA) até mesmo os Simulados ofereciam atalhos tentadores, mas eu não pude evitar de perguntar: será que esses esquemas realmente nos preparavam para a vida? Ou seriam apenas bandeiras brancas erguidas por uma sociedade que negligenciava sua própria juventude?

À medida que os meses passavam, comecei a perceber as rachaduras no sistema educacional. Políticopedagogos, embora bem-intencionados, careciam do conhecimento técnico necessário para guiar nossas vidas acadêmicas. E aqueles que deveriam zelar pelo nosso bem-estar muitas vezes pareciam mais preocupados em "tapar buracos" do que construir um futuro sólido.

Foi então que as palavras de François Rabelais ressoaram em minha mente: "Ciência sem consciência não passa de ruína da alma." E José Octávio Alves Ferreira Fantinato, com sua sabedoria crua, acrescentou: "Inversão de valores antes. Valorização do invalorizável agora. Involução em breve."

Enquanto folheava as páginas gastas do meu caderno, percebi que essa jornada não era apenas um desafio acadêmico, mas uma luta por valorização e respeito. Nós, os estudantes noturnos, éramos os guerreiros silenciosos, lutando contra a maré da negligência e da incompetência.

E, no final das contas, talvez essa fosse a maior lição de todas: a educação não é apenas um meio de adquirir conhecimento, mas também um campo de batalha onde travamos a luta por um futuro melhor. Como disse Junior Santos, "O declínio moral de uma pessoa, nada mais é do que a imagem concreta de suas más condutas." Era hora de elevar nossos padrões e exigir mais de nós mesmos e daqueles que deveriam nos guiar.

Fechei o caderno, determinado a continuar lutando. Porque, no final, cada gota de suor, cada noite mal dormida, era um passo em direção à liberdade verdadeira – a liberdade de sermos valorizados, respeitados e ouvidos. E essa batalha, meus amigos, era uma que valia a pena lutar.

ALINHAMENTO CONSTRUTIVO

1. O autor do texto narra sua experiência como estudante noturno. Quais desafios ele enfrenta ao conciliar estudos e trabalho?

2. O texto menciona a "farra do boi" como um atrativo que o levou a abandonar os estudos regulares. Que críticas o autor faz a essa cultura e quais consequências ele observa em si mesmo e em seus colegas?

3. O autor cita a frase de José: "É melhor pingar que faltar, meu amigo. Cada gota de suor hoje é uma gota de liberdade amanhã." Que reflexões essa frase provoca sobre o papel do esforço individual na busca por um futuro melhor?

4. O autor questiona a eficácia de atalhos como a EJA e simulados. Quais críticas ele faz ao sistema educacional e que alternativas ele sugere para uma educação de qualidade?

5. O autor cita autores como Rabelais e Fantinato para embasar suas reflexões. Como essas citações contribuem para a construção da argumentação do texto sobre a importância da educação e da luta por um futuro melhor?


sábado, 5 de janeiro de 2019

PRESSÁGIO ("Previsão para luta: Dor" (Rocky Balboa).



Crônica

PRESSÁGIO ("Previsão para luta: Dor" (Rocky Balboa).

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Aqui estou eu, um professor em meio a um sistema educacional que parece estar se desmoronando. Vejo o dia se aproximando, um dia em que, para fechar as notas bimestrais, terei que pedir permissão ao aluno. Parece absurdo, não é? Mas, como Mário Pereira Gomes disse uma vez, "As profecias são enigmáticas para que o sentido delas só seja descoberto depois que o vaticínio se cumprir."

Esta profecia, no entanto, já se tornou realidade. Os alunos, percebendo o poder que têm, trazem seus pais à escola, pais que não hesitam em fazer um escândalo para defender os interesses de seus filhos. Eles se articulam com a Secretaria de Educação e conquistam o direito de fazer o que quiserem. Como Albert Einstein sabiamente colocou, "É urgente eliminarmos da mente humana a ingênua suposição de que seja possível sairmos da grave crise em que estamos mergulhados, usando o mesmo pensamento que a produziu."

E assim, nós professores, pressionados por todos os lados, nos vemos obrigados a dar tantas chances quanto necessárias para resolver a situação de forma favorável a ambas as partes. "Por que decidiu pelo magistério, se suas notas são ótimas", me perguntam. "Os pais são a parte mais difícil do trabalho do professor", respondo.

Com ou sem lições, o aluno não sabe mais conquistar... só "ganhar no grito". E assim, justifica-se a existência do pré-conselho de classe para efetivar os arranjos de defesa: Reprovação zero. Erica Gaião disse uma vez que "Amar a si mesmo é o primeiro pressuposto do amor…", mas parece que os alunos esqueceram como conquistar esse amor.

Ao finalizar esta crônica, faço minhas as palavras de Fernando Pessoa: "Acontece-me às vezes, (...) um cansaço tão terrível da vida que não há sequer hipótese de dominá-lo." Mas, como Alexandre Gramsci nos lembra, "Pessimismo no prognóstico é otimismo na ação." E assim, continuamos a tropeçar aqui e levantar ali, na esperança de que, um dia, as coisas possam mudar para melhor.

ALINHAMENTO CONSTRUTIVO

1. Crise do Sistema Educacional:

O texto apresenta uma visão crítica do sistema educacional atual, com ênfase na falta de autoridade do professor e no poder excessivo dos alunos e pais. Você concorda com essa visão? Por quê?

Quais fatores contribuem para a crise do sistema educacional brasileiro?

De que forma podemos superar essa crise e construir um sistema educacional mais justo e eficaz?

2. Poder dos Alunos e Pais:

O autor destaca o crescente poder dos alunos e pais na escola, que inclusive pressionam por mudanças nas regras e na avaliação. Qual a sua opinião sobre essa mudança de poder?

Quais as consequências positivas e negativas do aumento da participação dos pais e alunos na vida escolar?

Como encontrar um equilíbrio entre a autonomia dos alunos, o papel dos pais e a autoridade do professor?

3. Pressão por Resultados:

O texto menciona a pressão que os professores sofrem para alcançar bons resultados, mesmo que isso signifique ceder às demandas dos alunos e pais. Você já vivenciou essa pressão em seu ambiente escolar?

Como essa pressão por resultados afeta a qualidade do ensino e a autonomia do professor?

Quais medidas podem ser tomadas para reduzir a pressão sobre os professores e promover uma avaliação mais justa e eficaz do aprendizado?

4. Desmotivação e Cansaço:

O autor expressa seu cansaço e desmotivação com a situação da educação. Você se identifica com esse sentimento? Por quê?

Quais os desafios enfrentados pelos professores no dia a dia?

Como podemos combater a desmotivação dos professores e promover um ambiente de trabalho mais positivo e gratificante?

5. Esperança e Otimismo:

Apesar dos desafios, o autor termina o texto com uma mensagem de esperança e otimismo. Você acredita que é possível mudar a realidade da educação brasileira? Por quê?

Qual o papel do professor na construção de um futuro melhor para a educação?

Como podemos mobilizar a comunidade escolar, pais, alunos e governantes para trabalhar em conjunto pela melhoria da educação?

Reflexão Adicional:

O texto apresenta uma visão complexa e crítica da educação, convidando o leitor a refletir sobre os desafios e as possibilidades de mudança. Quais são seus principais pontos de reflexão após a leitura?

Que tipo de educação queremos para o futuro? Quais valores e habilidades devem ser priorizados na formação dos alunos?

Como podemos construir uma sociedade que valoriza a educação e o papel essencial do professor?


sábado, 29 de dezembro de 2018

ERROS DE QUALIDADE("Se alguém te olha como se estivesse te examinando, não precisas pirar. As pessoas têm formas diferentes de admirar qualidades das outras." (Janilma Lins)



Crônica

ERROS DE QUALIDADE("Se alguém te olha como se estivesse te examinando, não precisas pirar. As pessoas têm formas diferentes de admirar qualidades das outras." (Janilma Lins)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Eu, professor, em meio ao caos de uma sala de aula. Um aluno, conhecido por sua rebeldia, pediu permissão para ir ao banheiro. A ironia da situação não me escapou. Ele, que normalmente desafiava todas as regras, agora pedia permissão como se fosse o mais educado dos estudantes. Será que estava apenas testando os limites? Ou talvez buscando a negação que tanto ansiava receber dos pais? Ou, quem sabe, apenas querendo interromper a aula mais uma vez?

Lembrei-me das palavras de Paula Oliveira: “Estão testando minha paciência, mas eu estou testando suas persistências!” E assim, esperei, com uma paciência que nem sabia que possuía, que ele cumprisse seus intentos.

De repente, a coordenadora apareceu à porta da sala, interrompendo a aula. Ela me perguntou por que os alunos estavam lá fora. Eu me perguntei, por que ela não perguntou diretamente a eles? Afinal, como disse Tatiana Moreira Alvarez: “Enquanto você me disser o que é certo e o que é errado, você só estará me provando que você não sabe de coisa alguma”. Quem deveria ser o mais interessado no que acontece dentro da sala de aula, senão o próprio estudante?

No entanto, eu estava conformado. Como Waan Oliver disse: “Tudo é uma experiência! Você é a experiência, experienciando você mesmo.” E, apesar de muitas experiências desagradáveis, aprendi com elas. Os erros me assustavam, mas como saber se o erro tem selo de qualidade ou não? Como Márcio Otniel disse: “Se as pessoas que vivem avaliando nossos erros soubessem que também enxergamos os erros delas, talvez fossem mais ponderadas com os erros dos outros.”

Julgar os outros requer muita sabedoria ou muita loucura. Afinal, “Todo mundo é um cientista maluco e a vida é o laboratório. A gente está sempre experimentando, tentando achar um jeito de viver, de resolver os problemas, de se livrar da loucura do caos”, como disse David Cronenberg.

E, para encerrar esta crônica, nada melhor do que as palavras de Allan Kardec: “Estude a si mesmo, observando que o autoconhecimento traz humildade e sem humildade é impossível ser feliz.” E assim, vivendo e aprendendo, sigo minha jornada, sempre em busca de novas experiências e aprendizados.

ALINHAMENTO CONSTRUTIVO

1. Desafios e Dilemas da Sala de Aula:

A crônica apresenta um relato vívido sobre um desafio comum aos professores: lidar com alunos rebeldes. A partir dessa experiência, quais os principais desafios e dilemas que você identifica na vida docente? Como a sociologia pode contribuir para a compreensão desses desafios e para a busca de soluções criativas e eficazes?

2. Autoridade e Autonomia na Educação:

O texto questiona a relação de poder entre professor e aluno, levantando a questão da autonomia do estudante. Como a sociologia contribui para a análise crítica dessa relação de poder? De que forma podemos repensar a dinâmica de autoridade em sala de aula, promovendo uma aprendizagem mais autônoma e significativa para os alunos?

3. Erro e Aprendizagem:

A crônica destaca a importância do erro como parte do processo de aprendizagem. Como a sociologia auxilia na compreensão do papel do erro no contexto educacional? De que forma podemos criar um ambiente de sala de aula que incentive o aprendizado a partir dos erros, sem medo de punições ou julgamentos?

4. Sabedoria e Autoconhecimento:

O texto conclui com a importância do autoconhecimento para a felicidade e o desenvolvimento pessoal. Como a sociologia pode contribuir para o cultivo da autoconsciência e da autorreflexão no âmbito da educação? De que forma o professor pode se tornar um facilitador do processo de autoconhecimento dos seus alunos?

5. A Sala de Aula como Laboratório Social:

A crônica utiliza a metáfora da sala de aula como um laboratório social. Como a sociologia pode auxiliar na análise da sala de aula como um microcosmo da sociedade? De que forma as relações sociais, os conflitos e as dinâmicas de poder presentes na sala de aula podem ser utilizados como ferramentas para o aprendizado sobre a sociedade como um todo?