"A BRECHA DIVINA" (Sodomitas modernos — e o ânus tornou-se um órgão sexual?)
Por Claudeci Ferreira de Andrade
Era uma tarde morna de agosto. O sol, preguiçoso, se escondia atrás dos prédios, pintando de dourado as fachadas gastas da cidade. Eu, em casa, navegava distraidamente pelo YouTube, como quem procura nada e tropeça em tudo. Foi então que um título me saltou aos olhos como um tapa: “Dou Meu C... de Cabeça pra Baixo”, um funk de MC Kátia. Primeiro ri, depois franzi a testa. Cliquei.
A coreografia exagerada e a letra explícita me causaram espanto, mas não apenas pela vulgaridade aparente. Havia ali algo que me incomodava mais do que o escândalo em si: a constatação de que vivemos entre dois extremos — a erotização frenética de tudo e a condenação moral de qualquer desejo. Uma corda bamba. E nós, equilibristas.
Enquanto assistia ao vídeo, me perguntei: por que certas partes do corpo exercem fascínio tão profundo sobre nós? Por que o “bumbum” virou uma entidade quase mística no imaginário coletivo? Lembrei-me de Clóvis de Barros Filho: “Sentir desejos não é objeto da moral, mas sim o que fazemos com esses desejos.” E quanta sabedoria há nisso! O problema nunca foi sentir — foi reprimir, distorcer, manipular.
Na sala de aula, esse conflito ganha vida em forma de adolescentes em ebulição. Hormônios, silêncios, olhares atravessados. Vejo alunos tentando entender as regras invisíveis da sociedade, e colegas sendo vítimas de mal-entendidos perigosos, às vezes até acusados injustamente por jovens confusos, que não compreendem o que sentem nem o que projetam.
Recordo o caso de um professor de ciências, punido por abordar o sistema reprodutor de forma técnica e respeitosa. Alguém achou “inadequado”. E fiquei com essa dúvida incômoda: por que os órgão da defecação está tão próximo do da reprodução? Será uma ironia da evolução? Ou uma armadilha biológica para nos confundir de propósito?
As religiões, que deveriam iluminar com compaixão, por vezes obscurecem com culpa. Jovens seguem rituais que burlam as regras sem “pecar”, e adultos disfarçam seus desejos sob mantos de moralismo. A fronteira entre o sagrado e o profano está borrada. Como o ânus e a vagina, tão próximos no corpo, tão distantes na narrativa cultural.
E a medicina? Outro campo minado. A campanha “Novembro Azul” tenta salvar vidas, mas vira motivo de piada e vergonha entre os homens. Prevenir-se de um câncer se torna, ainda hoje, um tabu. Que contradição é essa que nos impede de cuidar do corpo por medo de parecer frágil? A via retal também serve para isso!
Quando a noite caiu e as luzes da cidade começaram a piscar como olhos inquietos, entendi que estamos presos num paradoxo social: queremos liberdade, mas nos envergonhamos do corpo; pregamos o amor, mas julgamos o desejo; ansiamos por verdade, mas usamos máscaras. O hedonismo corre solto, mas sob a vigilância severa de uma moral em ruínas.
Talvez a chave esteja na honestidade — aquela que começa em nós. Assumir nossos impulsos sem vergonha, e viver com responsabilidade, não por medo da condenação, mas por respeito ao outro. Porque o problema não é o desejo, é o que fazemos com ele. O erro não está no corpo, mas na forma como o olhamos: como mercadoria, como ameaça, como pecado.
Terminei aquele dia sem respostas, mas com uma certeza: somos contraditórios, sim. Mas também fascinantes. E talvez seja exatamente essa mistura de luz e sombra que nos torne humanos. Afinal, a evolução talvez não esteja em eliminar os instintos, mas em aprender a não mentir sobre eles.
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Com base no texto apresentado, elabore respostas completas e detalhadas para as seguintes questões:
1 - O texto inicia com uma reflexão sobre um vídeo musical. Qual o papel desse elemento na construção da argumentação do autor?
2 - O autor aborda a complexidade da relação entre a sexualidade e a moralidade. Como ele demonstra essa complexidade através de exemplos do cotidiano e de referências culturais?
3 - A questão da hipocrisia é recorrente no texto. De que forma essa hipocrisia se manifesta nas diferentes esferas da sociedade, como a educação, a religião e a saúde?
4 - O autor sugere que a busca pela felicidade está muitas vezes em conflito com as regras sociais. Como essa tensão se manifesta na vida das pessoas?
5 - Qual a principal mensagem que o autor deseja transmitir ao leitor? Como essa mensagem pode ser aplicada para construir uma sociedade mais justa e igualitária?
Estas questões abordam os seguintes aspectos do texto:
O papel da mídia: A primeira questão busca entender como a cultura popular influencia a nossa percepção sobre a sexualidade e a moralidade.
Complexidade da sexualidade e moralidade: A segunda questão explora a relação entre esses dois conceitos e como eles se manifestam na sociedade.
Hipocrisia social: A terceira questão analisa a presença da hipocrisia em diferentes contextos.
Felicidade e regras sociais: A quarta questão explora o conflito entre a busca pela felicidade e as normas sociais.
Mensagem central e implicações: A quinta questão busca resumir a principal ideia do texto e suas implicações para a sociedade.
Um comentário:
OBEDIENTE CONQUISTA ("Obediência sem amor é servil. Amor sem obediência é irreal." — Russell Shedd)
Eu já prefiro dizer que Deus cuida mais e melhor dos pássaros e dos lírios do campo que dos seres humanos! Aqueles são mais obedientes à leis naturais que estes. Já viu pássaro cair do céu? Eu já vi aviões e bombas. Já viu lírios vestirem Jeans rasgados? Eu já vi pessoas pretensas à modernidade: o "gado" REBELDE, seguidor da mídia alienadora. Será se esta geração anal é mais sábia e abençoada que as anteriores só por causa da internet? E por falar em geração anal, nunca vi os animais fazendo sexo anal! Agora vejo o extremo: Adoração ao Deus ânus! O ânus É considerado um órgão sexual; uma cantora famosa fez tatuagem no ânus; o exame para covid-19 é no ânus; aconteceu na França, em 2013, a polêmica EXPOCU, uma exposição de fotografias sobre o ‘esfíncter anal’... Paulo escreve aos Romanos 1. 26,27: “Por causa disso os entregou Deus a paixões infames; porque até as suas mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro contrário à natureza; semelhantemente, os homens também, deixando o contato natural de mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo em si mesmos a merecida punição do seu erro.”(CiFA
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