ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (64): O Véu da Fé Corrompida.
Era uma tarde ensolarada quando me deparei com uma cena que despertou minha curiosidade e indignação. No coração da cidade, cercada por prédios imponentes, uma multidão se aglomerava diante de uma construção que se autodenominava "igreja". Os cânticos fervorosos ecoavam pelos arredores, atraindo os fiéis como mariposas hipnotizadas pela chama de uma vela.
Movido pela inquietação, decidi adentrar aquele lugar sagrado, buscando compreender a essência que o impulsionava. Mas ao cruzar o portal, fui envolvido por um ambiente em que a devoção estava longe de ser o ponto central. Ali, testemunhei uma teia de enganos e interesses escusos, onde os princípios religiosos eram meras peças descartáveis.
Esses supostos "religiosos", desprovidos de valores éticos e verdadeira vocação religiosa, revelavam uma habilidade surpreendente em disfarçar sua avidez comercial. Eram como comerciantes inescrupulosos, negociando a fé como se fosse uma mercadoria qualquer. Os fundamentos deixados pelo Filho de Deus, os pilares que sustentam a crença cristã, pareciam não fazer parte de seu universo deturpado. Eu estava na congregação dos "colportores".
Em vez de transmitirem esperança e conforto espiritual, esses indivíduos transformavam a religião em um balcão de negócios. Era como se os altares sagrados tivessem se tornado vitrines de produtos (livros, revistas e jogos bíblicos), onde a fé era medida em cifras e os fiéis, meros consumidores. Essa perversão dos princípios religiosos era um golpe doloroso em minha alma, uma ferida aberta que clamava por justiça.
À medida que a cronologia dos acontecimentos se desdobrava diante de meus olhos, percebia a urgência de romper com o véu do engano e resgatar a verdadeira essência da fé. O despertar dessa consciência era como um raio de luz penetrando nas sombras, iluminando as almas que ansiavam por um encontro genuíno com o Divino.
E assim, caro leitor, somos convocados a questionar, a rejeitar o domínio da mercantilização religiosa e a buscar uma conexão profunda com o sagrado. Pois é somente através dessa jornada íntima, desprovida de interesses egoístas, que encontraremos a verdadeira paz e realização.
Que a reflexão aqui apresentada nos inspire a resgatar a essência da religiosidade, a reconstruir os alicerces abalados pela ganância e a reavivar a chama da verdadeira devoção. Que possamos discernir entre aqueles que se escondem atrás de máscaras e aqueles que genuinamente compartilham a luz divina com amor e integridade.
Pois a fé, quando vivida com autenticidade, é capaz de mover montanhas, de transformar corações e de conduzir-nos a um encontro transcendental com Deus. Que essa mensagem ecoe em nossas almas e nos impulsione à caminhada proposta.