"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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domingo, 16 de julho de 2023

ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (64): O Véu da Fé Corrompida.

 


ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (64): O Véu da Fé Corrompida.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Era uma tarde ensolarada quando me deparei com uma cena que despertou minha curiosidade e indignação. No coração da cidade, cercada por prédios imponentes, uma multidão se aglomerava diante de uma construção que se autodenominava "igreja". Os cânticos fervorosos ecoavam pelos arredores, atraindo os fiéis como mariposas hipnotizadas pela chama de uma vela.

Movido pela inquietação, decidi adentrar aquele lugar sagrado, buscando compreender a essência que o impulsionava. Mas ao cruzar o portal, fui envolvido por um ambiente em que a devoção estava longe de ser o ponto central. Ali, testemunhei uma teia de enganos e interesses escusos, onde os princípios religiosos eram meras peças descartáveis.

Esses supostos "religiosos", desprovidos de valores éticos e verdadeira vocação religiosa, revelavam uma habilidade surpreendente em disfarçar sua avidez comercial. Eram como comerciantes inescrupulosos, negociando a fé como se fosse uma mercadoria qualquer. Os fundamentos deixados pelo Filho de Deus, os pilares que sustentam a crença cristã, pareciam não fazer parte de seu universo deturpado. Eu estava na congregação dos "colportores".

Em vez de transmitirem esperança e conforto espiritual, esses indivíduos transformavam a religião em um balcão de negócios. Era como se os altares sagrados tivessem se tornado vitrines de produtos (livros, revistas e jogos bíblicos), onde a fé era medida em cifras e os fiéis, meros consumidores. Essa perversão dos princípios religiosos era um golpe doloroso em minha alma, uma ferida aberta que clamava por justiça.

À medida que a cronologia dos acontecimentos se desdobrava diante de meus olhos, percebia a urgência de romper com o véu do engano e resgatar a verdadeira essência da fé. O despertar dessa consciência era como um raio de luz penetrando nas sombras, iluminando as almas que ansiavam por um encontro genuíno com o Divino.

E assim, caro leitor, somos convocados a questionar, a rejeitar o domínio da mercantilização religiosa e a buscar uma conexão profunda com o sagrado. Pois é somente através dessa jornada íntima, desprovida de interesses egoístas, que encontraremos a verdadeira paz e realização.

Que a reflexão aqui apresentada nos inspire a resgatar a essência da religiosidade, a reconstruir os alicerces abalados pela ganância e a reavivar a chama da verdadeira devoção. Que possamos discernir entre aqueles que se escondem atrás de máscaras e aqueles que genuinamente compartilham a luz divina com amor e integridade.

Pois a fé, quando vivida com autenticidade, é capaz de mover montanhas, de transformar corações e de conduzir-nos a um encontro transcendental com Deus. Que essa mensagem ecoe em nossas almas e nos impulsione à caminhada proposta.

ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (63): O Despertar da Fé: Uma Jornada Perigosa.

 


ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (63): O Despertar da Fé: Uma Jornada Perigosa.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Era uma manhã de domingo, daquelas em que o sol parece abraçar a cidade e a brisa suave sopra trazendo consigo o cheiro do café fresco. Enquanto caminhava pelas ruas movimentadas, observava atentamente as fachadas coloridas das novas "igrejas evangélicas" que brotavam como flores silvestres em um jardim desordenado. Intrigado, decidi adentrar nesse mundo desconhecido, mergulhar nas águas turbulentas dessas congregações modernas.

Ao cruzar o portal daquela primeira igreja, percebi que suas estruturas estavam enraizadas na facilidade e na conveniência. Depois de entrar em outras quatro, na mesma rua, percebi que todas eram como armadilhas atrativas para os menos esclarecidos, aqueles que não ousam questionar, mas que estão dispostos a aceitar qualquer palavra que lhes seja dita. Ali, a busca pelo conhecimento era deixada de lado, e a ignorância era celebrada como virtude.

Aquelas novas denominações pareciam não ter compromisso com a verdadeira felicidade e o bem-estar do ser humano. Eram como marionetes manipuladas por interesses obscuros, dançando conforme a música de falsas promessas. Eu me perguntava se essas pessoas sequer tinham conhecimento de que as várias vertentes da religião cristã surgiram de dissidências filosóficas respeitáveis, que motivaram movimentos de diversidade dentro da comunidade religiosa no século XVI. Afinal, esses caminhos foram trilhados não pela mera vontade daqueles que completaram um curso por correspondência.

A medida que me aprofundava nesse universo paralelo, testemunhava um espetáculo de ilusões e enganos. Os líderes carismáticos, sedutores em suas palavras, manipulavam as mentes e corações dos fiéis em busca de poder e riqueza. As escrituras sagradas, tão cheias de sabedoria e profundidade, eram relegadas a meros adereços decorativos, enquanto a ganância reinava soberana nos altares.

Em meio a essa jornada perigosa, escolhi uma: A IASD, então me vi envolvido em uma batalha interna entre o fascínio e o desencanto. Por um lado, a emoção da adesão cega, a sensação de pertencimento a algo maior. Por outro, a decepção diante do vazio, da superficialidade e da ausência de um verdadeiro propósito espiritual.

Hoje, olhando para trás, com a bagagem de experiências vividas, percebo que a fé não pode ser moldada pela conveniência. Ela é uma busca constante, uma jornada que exige questionamentos, reflexões e um compromisso genuíno com a verdade. Devemos lembrar que o crescimento desordenado dessas "igrejas evangélicas" é um reflexo de nossa sociedade, onde a ignorância e a falta de discernimento são exploradas em nome de interesses egoístas.

Que possamos resgatar o verdadeiro significado da religiosidade, enraizada no conhecimento, na empatia e no respeito pelo próximo.

sábado, 15 de julho de 2023

ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (62): O Lado Oculto da Devoção: Um Jogo de Interesses.

 


ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (62): O Lado Oculto da Devoção: Um Jogo de Interesses.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Era uma tarde abafada, em que o sol parecia lançar suas últimas faíscas de calor antes de se esconder por trás do horizonte. Sentado à minha mesa, folheando papéis e tomando um gole de café, deparei-me com um artigo intrigante que prometia revelar os bastidores da vida dos pastores. "Não, meus amigos", pensei, "não é apenas uma questão de fé e devoção, há algo mais obscuro nesse enredo".

Segundo as palavras impressas naquelas linhas, a motivação para abraçar o caminho pastoral era, essencialmente, financeira. Um emprego com segurança e vitalício, um ganho fácil, como se o salário do pastor fosse um trunfo bem guardado nas mangas da vida. Afinal, o valor a ser recebido dependia do tamanho da igreja, ou até mesmo da classe social que a frequentava. Além do salário, vantagens como moradia e ajuda para combustível eram concedidas, como se um contrato benevolente selasse esse acordo.

Enquanto meus dedos percorriam aquelas palavras, uma sensação de desconforto tomou conta de mim. Aquela busca espiritual, que deveria ser alimentada por um propósito nobre, parecia ser contaminada por interesses mundanos. A devoção ao Divino era eclipsada pela necessidade de se "ajeitar na vida", de obter benefícios materiais com relativa facilidade.

De forma irônica, alguns desses pastores pediam discrição pública sobre o tema salarial. Como se um véu de segredo encobrisse as cifras e o modo como o dinheiro fluía nessa empreitada religiosa. "As pessoas ignorantes da comunidade podem não entender", afirmavam com sutileza, como se fosse um enigma indecifrável destinado apenas a uma elite esclarecida.

Refleti sobre a essência da religiosidade e do compromisso espiritual. A mensagem que emergia daquelas palavras era avassaladora: havia um jogo de interesses por trás do véu sagrado. As chamas da fé, outrora incandescentes, pareciam ofuscadas por sombras de interesse pessoal. Era como se os pilares da devoção estivessem prestes a ruir sob o peso da ganância e da ilusão de uma vida confortável.

Enquanto observava a tinta se espalhar nas páginas do jornal, senti uma tristeza profunda. Não podemos permitir que nossa devoção seja corrompida por interesses mesquinhos. A religião, em sua essência, deve ser uma busca sincera pela conexão com o divino, um farol que ilumina nosso caminho em meio às sombras do mundo.

Que possamos refletir sobre o verdadeiro propósito de nossa devoção, sobre a necessidade de transcender as amarras do egoísmo e da busca por vantagens pessoais. Que nossa fé seja um elo genuíno com algo maior do que nós mesmos, uma chama que arde em nossos corações e nos impulsiona, cada vez mais, a sermos melhores.

Que a luz da verdade possa dissipar as sombras do interesse no conforto material.

ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (61): A Jornada do Autoproclamado Pastor.

 


ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (61): A Jornada do Autoproclamado Pastor.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Era uma manhã cinzenta, daquelas em que o sol parece esconder-se timidamente por trás das nuvens. Enquanto folheava o jornal, deparei-me com uma notícia intrigante, um anúncio em letras garrafais: "Torne-se um pastor em apenas 20 meses!". A curiosidade tomou conta de mim, e mergulhei naquelas palavras que revelavam um universo obscuro e inquietante.

Segundo o jornal, qualquer pessoa poderia se tornar um pastor, sem maiores exigências além de um curso por correspondência. Bastava desembolsar uma quantia módica de R$ 8,00 por mês, durante um período de 20 meses, e as apostilas seriam entregues ao aspirante a líder espiritual. Assim, em um piscar de olhos, alugar uma sala e erguer uma nova igreja tornava-se uma realidade tangível. Porém, algo não parecia certo nessa história.

Refleti sobre as entrelinhas daquele anúncio e senti um profundo desconforto. O que havia acontecido com a solenidade do ofício religioso? Onde estavam os grandes estudos sobre os escritos sagrados, os cursos de teologia, as reflexões exaustivas sobre interpretações? Tudo parecia ter se dissipado no ar, como se a essência da religiosidade tivesse sido esquecida.

A jornada para se tornar um pastor, outrora marcada por um árduo caminho de aprendizado e aprofundamento espiritual, agora era resumida a uma série de pagamentos e apostilas. Não havia espaço para as discussões intermináveis sobre o apostolado, a fé, a religiosidade, a esperança e a crença no potencial transformador do ser humano. O sagrado, antes reservado a poucos escolhidos, parecia agora disponível a qualquer um disposto a pagar o preço em dinheiro.

Enquanto o mundo ao meu redor seguia seu ritmo frenético, eu me via imerso em uma profunda reflexão. A comercialização da fé, presente de forma tão escancarada, parecia desvirtuar a própria essência da religião. Afinal, como confiar em líderes espirituais cuja formação se baseia em meras apostilas? Como acreditar em discursos que não surgem de uma vivência profunda e de uma busca constante pelo conhecimento divino?

Percebi que a religião, em seu cerne, deveria ser uma busca sincera pela verdade, um refúgio para as almas sedentas por significado. Não se trata apenas de recitar palavras prontas ou ocupar um posto de liderança sem o devido preparo. A religiosidade é uma jornada de autodescoberta, de conexão com algo maior que nós mesmos.

Ao concluir a leitura daquele anúncio polêmico, senti um misto de tristeza e indignação. Não podemos permitir que a essência da religião seja banalizada, transformada em uma mera mercadoria. Cabe a cada um de nós, como buscadores de verdades espirituais, discernir entre a superficialidade e a profundidade.

ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (60): A Anarquia Religiosa.

 


ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (60): A Anarquia Religiosa.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Era uma época em que a liberdade parecia florescer em todos os cantos da sociedade. A democracia, com sua promessa de igualdade e direitos fundamentais, assegurava a todos o direito à liberdade religiosa. A Constituição Brasileira, com seus artigos claros e precisos, garantia essa prerrogativa. No entanto, em meio a essa aparente harmonia, surge uma pergunta inquietante: até que ponto essa disseminação, rotulada como religiosa, não se configura como um abuso da boa fé do povo? Até que ponto ela ultrapassa os limites legais e viola o verdadeiro propósito da religiosidade? O que presenciamos não é um genuíno uso da liberdade, mas sim uma anarquia religiosa.

Não há leis que proíbam tais práticas, é verdade. A liberdade religiosa é um direito inalienável de cada indivíduo. Contudo, ao nos depararmos com a realidade, é impossível não questionar os excessos que presenciamos. Oportunidades se transformam em abusos, e a religião se torna uma moeda de troca, uma forma de manipulação. Um instrumento de dominação.

É como se a fé, tão sublime e sagrada, estivesse sendo comercializada, diluída em promessas vazias e interesses mesquinhos. É um verdadeiro atentado à essência da religiosidade, um desvio do seu propósito mais nobre. Essa anarquia religiosa que testemunhamos coloca em xeque não apenas a boa fé do povo, mas também a própria integridade da religião.

Afinal, onde está a verdade na multiplicidade de líderes espirituais que surgem a cada esquina? Onde está a profundidade da experiência espiritual em meio à superficialidade dos discursos e rituais? São questões que me assombram, que me fazem questionar se essa diversidade aparente não passa de uma mera fachada para a ganância e a manipulação.

Não estou aqui para julgar crenças individuais ou negar o direito de cada um buscar sua própria conexão com o divino. No entanto, é preciso refletir sobre os limites éticos e morais que são ultrapassados em nome da religião. É necessário separar o joio do trigo, discernir entre os verdadeiros mestres espirituais e aqueles que apenas se aproveitam da vulnerabilidade alheia.

A anarquia religiosa não é sinônimo de liberdade, mas de caos espiritual. É preciso reavaliar o significado da fé em nossa vida, resgatar a verdadeira essência da religiosidade. A busca pelo divino deve ser um caminho de autenticidade, conhecimento e compaixão, não um terreno fértil para o oportunismo e a exploração.

Neste momento de reflexão, convido cada leitor a olhar além das aparências, a questionar as motivações por trás das práticas religiosas que testemunhamos. Que possamos buscar uma conexão verdadeira com o sagrado, baseada na integridade, no amor e na busca sincera pela verdade. "A ignorância, a cobiça e a má-fé também elegem seus representantes políticos." (Carlos Drummond de Andrade) .

ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (59): A Facilidade de Inventar uma Nova Crença.

 


ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (59): A Facilidade de Inventar uma Nova Crença.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Tenho amigos que, em algum momento da vida deles, encontraram um novo caminho espiritual. Converteram-se ao evangelismo, como costumam dizer, e agora percorrem os dias com a Bíblia em mãos e uma nova religião no coração. Mas, não é deles que pretendo falar. Não é sobre a transformação pessoal de cada um e sua abordagem singular em relação à crença. Quero abordar, entretanto, a facilidade com que alguém, partindo de sua própria ignorância, ousa inventar uma nova crença desprovida do mínimo conhecimento das Sagradas Escrituras, destituída de qualquer base cultural religiosa e desprovida de autenticidade na fé cristã.

Que tipo de igreja é essa que surge do nada, como se o próprio pastor tivesse sido ungido pelo "Espírito Santo" durante a noite? É uma questão que me inquieta e me faz refletir sobre a natureza da religião em nossos tempos.

Na era em que vivemos, parece que qualquer pessoa com uma ideia, por mais absurda que seja, pode se proclamar líder religioso. Não há critérios, não há exigências, não há um processo de formação e aprofundamento espiritual. Basta que alguém se sinta inspirado, junte alguns seguidores e pronto: uma nova igreja nasce.

Fico a questionar a qualidade da fé que é cultivada nesses ambientes. É uma fé vazia, desprovida de qualquer visão de religiosidade verdadeira. O conhecimento das Sagradas Escrituras, tão fundamental para uma compreensão profunda da fé, é negligenciado em meio a essa onda de criações religiosas. A falta de embasamento torna-se evidente, e é preocupante testemunhar tantas pessoas seguindo cegamente uma liderança que se ergueu sem fundamentos sólidos.

Que mensagem estamos transmitindo para as gerações futuras? Estamos permitindo que a superficialidade e a falta de discernimento contaminem o campo sagrado da espiritualidade. Devemos questionar e discernir, buscar um entendimento mais profundo das verdades espirituais e não nos deixarmos levar por qualquer modismo religioso que apareça.

A religião, em sua essência, deveria ser um farol de luz, uma fonte de sabedoria e esperança. Não podemos permitir que a ignorância se sobreponha à verdade. Cada um de nós tem a responsabilidade de nutrir uma conexão profunda com o divino, de buscar o conhecimento e a compreensão de nossas crenças.

Enquanto observo essa enxurrada de novas igrejas, nascidas sem raízes sólidas, sinto um chamado para a reflexão e a ação. Devemos buscar um equilíbrio entre a autenticidade espiritual e a busca por uma comunidade que nos fortaleça e inspire. Que possamos discernir entre o verdadeiro chamado do Espírito Santo e as vozes que surgem da mera ambição e falta de conhecimento.

É chegada a hora de retomar o verdadeiro propósito da religião: buscar a conexão com o sagrado, enriquecer nossa espiritualidade e confiança em Jesus.

ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (58): A Fabricação de uma Igreja.

 


ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (58): A Fabricação de uma Igreja.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Era uma época em que a degradação ascendente se infiltrava sorrateiramente pela sociedade. O que outrora chamávamos de igreja, agora ganhava contornos obscuros, revelando um processo corrosivo e intrigante. Quem melhor para desvendar os segredos dessa engrenagem que fabrica igrejas do que o renomado escritor Edmundo Morais Neto?

Ele nos guia por um caminho sinuoso, revelando em sua obra, intitulada: "Como se Fabrica uma Igreja"; o câncer social que permeia essa construção. Afinal, se você deseja abrir uma igreja evangélica, basta seguir os passos indicados pela reportagem do Diário da Manhã, datada de 13 de janeiro de 2002. São ensinamentos detalhados sobre como criar e montar uma congregação, além dos requisitos necessários para tornar-se pastor.

Surpreendentemente, o jornal revela que aqueles que não conseguem abrir filiais de igrejas populares e tradicionais preferem trilhar o caminho da criação própria. Sim, você leu corretamente: aqueles que não encontram espaço nas instituições estabelecidas optam por erguer suas próprias estruturas.

Essa realidade ganha vida em nossa capital, onde numerosas igrejas evangélicas surgem como cogumelos após a chuva. Basta percorrer as ruas e observar os nomes peculiares que saltam das paredes de pequenos cômodos, casas modestas ou até mesmo barracos improvisados. A maioria desses locais de culto, acredite, surge de meras reuniões de quatro, cinco ou seis pessoas em qualquer aposento disponível de uma casa ou apartamento.

Vivi esses acontecimentos como testemunha impotente, enxergando a disseminação desenfreada de uma realidade perturbadora. A multiplicação desenfreada de igrejas, muitas delas desprovidas de fundamentos sólidos, desafia a nossa compreensão. Fico a refletir sobre o verdadeiro propósito dessas construções e o impacto que exercem em nossa sociedade.

Nessa reflexão profunda, a mensagem que ecoa é poderosa e inquietante. Devemos questionar a essência das nossas crenças e buscar a verdadeira conexão com o divino. Não permitamos que a superficialidade e a ganância obscureçam a essência da fé. Afinal, a grandeza de uma igreja não reside em suas paredes, mas sim na autenticidade do vínculo humano e espiritual que ela promove.

Que possamos abrir os olhos para o verdadeiro significado da igreja, transcendendo as construções físicas e abraçando a busca pela espiritualidade genuína. Não nos deixemos seduzir pelas armadilhas do status e do poder. Que possamos encontrar o sagrado nas mínimas expressões da vida e na conexão fraterna entre aqueles que buscam a verdade.

Assim, desvendaremos o mistério que permeia a fabricação das igrejas e resgataremos a essência de uma fé verdadeira.