"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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terça-feira, 5 de setembro de 2023

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico I(27) Medo, angústia e sabedoria: uma reflexão teológico-filosófica.

 


CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico I(27) Medo, angústia e sabedoria: uma reflexão teológico-filosófica.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

O medo e a angústia são sentimentos universais, que acompanham o ser humano desde os primórdios da sua existência. Eles revelam a nossa fragilidade, a nossa finitude, a nossa dependência de fatores que escapam ao nosso controle. Muitas vezes, esses sentimentos são associados a uma punição divina, a um castigo por nossos pecados ou erros. Mas será que essa é uma visão correta? Será que Deus é um tirano que nos amedronta e nos aflige? Ou será que Ele é um Pai amoroso que nos convida à sabedoria?

A sabedoria é a capacidade de discernir o bem do mal, o certo do errado, o verdadeiro do falso. Ela não se confunde com o conhecimento, que é a mera acumulação de informações. A sabedoria implica em uma atitude crítica, reflexiva, ética e espiritual diante da realidade. Ela nos ajuda a enfrentar o medo e a angústia com coragem e esperança.

Mas como adquirir a sabedoria? Como desenvolver essa virtude tão necessária e tão rara? A resposta não é simples, mas podemos encontrar algumas pistas nas Escrituras Sagradas e nos grandes pensadores da humanidade. Por exemplo, Sócrates afirmava que “A verdadeira sabedoria está em reconhecer a própria ignorância.” e Platão dizia que “A coisa mais indispensável a um homem é reconhecer o uso que deve fazer do seu próprio conhecimento.” Essas citações sugerem que a sabedoria requer humildade, reflexão e abertura para aprender com os outros. Como disse Rumi, o poeta persa, “A sabedoria não é o produto da escolaridade, mas a tentativa de vida por longos anos.”

Uma dessas pistas é reconhecer que o medo e a angústia não devem ser vistos como punições divinas, mas como parte da condição humana. Como disse Mahatma Gandhi, “não devemos temer o castigo pelos pecados, mas o pecado em si”. O pecado é a transgressão da lei de Deus, que é a lei do amor. O pecado nos afasta de Deus, de nós mesmos e dos outros. O pecado nos impede de ser felizes.

Outra pista é praticar a compaixão, que é a capacidade de se colocar no lugar do outro, de sentir o que ele sente, de sofrer com ele e de ajudá-lo. A compaixão é o oposto do egoísmo, da indiferença e da violência. A compaixão é o reflexo do amor de Deus por nós. Jesus Cristo nos ensinou: “Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mateus 5:44). Essa é uma lição difícil, mas essencial para a sabedoria.

Uma terceira pista é buscar o autoconhecimento, que é a capacidade de se conhecer profundamente, de reconhecer as próprias qualidades e defeitos, virtudes e vícios, potencialidades e limitações. O autoconhecimento nos leva à humildade, à sinceridade e à autenticidade. Ele nos liberta das ilusões, dos preconceitos e das falsas crenças. Ele nos permite crescer como pessoas. O filósofo Sócrates escreveu: “Uma vida sem exame não vale a pena ser vivida”. Devemos questionar dogmas e buscar respostas por nós mesmos.

Uma quarta pista é cultivar a empatia, que é a capacidade de se alegrar com a alegria do outro, de se entristecer com a tristeza do outro, de se solidarizar com o sofrimento do outro. A empatia é o oposto da inveja, da ironia e da crueldade. A empatia é o reflexo da bondade de Deus por nós. Ana Frank nos disse: “No final, o que realmente importa não é o que fizemos, mas como tratamos as pessoas”.

Portanto, rejeitemos a ideia de um Deus vingativo. Abracemos a compaixão. Examinemos nossos corações. E encontremos sabedoria dentro de nós mesmos.

domingo, 3 de setembro de 2023

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico I(26) A compaixão como expressão da sabedoria cristã

 


CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico I(26) A compaixão como expressão da sabedoria cristã

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A sabedoria cristã é a capacidade de discernir o que é bom, justo e agradável a Deus, tendo como base a revelação divina contida nas Escrituras Sagradas. No entanto, a sabedoria cristã não se limita a um conhecimento teórico ou dogmático, mas se manifesta também na prática do amor ao próximo. Neste ensaio, defendemos a tese de que a compaixão é uma expressão da sabedoria cristã, pois demonstra uma atitude de respeito, empatia e solidariedade para com aqueles que sofrem. Essa atitude se opõe ao escárnio, que é uma forma de desprezo, ironia e zombaria para com aqueles que nos desagradam. Acreditamos que a compaixão é mais coerente com o ensino e o exemplo de Jesus Cristo, que demonstrou misericórdia e amor pelos pecadores, sem deixar de exortá-los à conversão e à santidade.

Para fundamentar a nossa tese, recorremos a alguns embasamentos teóricos, tanto bíblicos quanto filosóficos. No campo bíblico, citamos o mandamento de Jesus: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Mateus 22:39). Esse mandamento resume toda a lei e os profetas, e implica em reconhecer o valor e a dignidade de cada pessoa, independentemente de suas falhas ou diferenças. Esse mandamento também implica em se colocar no lugar do outro, buscando compreender suas necessidades, sentimentos e motivações. Esse mandamento ainda implica em agir em favor do outro, procurando aliviar seu sofrimento, promover seu bem-estar e restaurar seu relacionamento com Deus.

No campo filosófico, citamos o pensamento de Mahatma Gandhi, que defendeu que "a não-violência e a verdade são inseparáveis". Segundo Gandhi, a não-violência é mais do que uma ausência de violência física ou verbal; é uma atitude de respeito e benevolência para com todos os seres vivos. A não-violência também exige uma busca pela verdade, que é mais do que uma conformidade com os fatos; é uma adesão aos princípios universais de justiça e amor. Portanto, para Gandhi, devemos agir com não-violência e verdade em todas as situações, mesmo diante dos nossos inimigos ou adversários.

Outro pensador filosófico que citamos é Nelson Mandela, que escreveu: "ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender". Com essa frase, Mandela mostrou que o ódio é um sentimento aprendido, fruto da ignorância e do preconceito. Mandela também mostrou que é possível desaprender o ódio, por meio da educação e do diálogo. Mandela foi um exemplo de perdão e reconciliação, ao liderar a transição pacífica da África do Sul do regime do apartheid para a democracia.

Em conclusão, propomos que a compaixão é uma expressão da sabedoria cristã, pois demonstra uma atitude de respeito, empatia e solidariedade para com aqueles que sofrem. Essa atitude se baseia no mandamento de Jesus de amar o próximo como a si mesmo, e se apoia em alguns embasamentos teóricos, tanto bíblicos quanto filosóficos, que nos ajudam a entender melhor a realidade e a agir com bondade. Essa atitude nos convida a ser mais misericordiosos e menos escarnecedores, mais humildes e menos arrogantes, mais pacíficos e menos violentos. Essa atitude nos desafia a ser mais cristãos.

quinta-feira, 31 de agosto de 2023

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico I(25) A compreensão da condição humana como base para a ética cristã

 




CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico I(25) A compreensão da condição humana como base para a ética cristã

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A ética cristã é o conjunto de princípios e valores que orientam a conduta dos seguidores de Cristo, tendo como fundamento a revelação divina contida nas Escrituras Sagradas. No entanto, a aplicação desses princípios e valores nem sempre é fácil ou evidente, pois a vida humana é complexa e cheia de dilemas. Como devemos agir diante das situações que nos desafiam? Como devemos julgar as ações dos outros? Como devemos lidar com os nossos erros e os dos outros?

Neste ensaio, defendemos a tese de que a ética cristã deve ter como base uma perspectiva compreensiva da condição humana, que reconheça as limitações, as intenções e as circunstâncias das pessoas envolvidas em cada situação. Essa perspectiva se opõe à visão rígida e condenatória que alguns crentes fanáticos apresentam, que ignora a complexidade da realidade e se baseia em preconceitos e dogmas. Acreditamos que uma perspectiva compreensiva é mais coerente com o ensino e o exemplo de Jesus Cristo, que demonstrou misericórdia e amor pelos pecadores, sem deixar de exortá-los à conversão e à santidade.

Para fundamentar a nossa tese, recorremos a alguns embasamentos teóricos, tanto bíblicos quanto filosóficos. No campo bíblico, citamos o episódio em que Jesus salva uma mulher adúltera da lapidação, dizendo aos seus acusadores: "Quem dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro a atirar pedra contra ela" (Jo 8:7). Com essa frase, Jesus mostra que ninguém tem o direito de julgar os outros com severidade, pois todos somos pecadores e carecemos da graça de Deus. Além disso, Jesus não condena a mulher, mas lhe diz: "Vai e não peques mais" (Jo 8:11). Com isso, Jesus mostra que é possível perdoar os erros dos outros, sem deixar de orientá-los para o caminho correto.

No campo filosófico, citamos o pensamento de Immanuel Kant, que defendeu que devemos julgar as ações pelas intenções que as motivam, e não pelos resultados que delas advêm. Segundo Kant, a intenção é o que determina o valor moral de uma ação, pois é o que revela a vontade do agente. Assim, uma ação é moralmente boa se for motivada pelo dever, isto é, pelo respeito à lei moral universal. Por outro lado, uma ação é moralmente má se for motivada por interesses egoístas ou contingentes. Portanto, para Kant, devemos avaliar as ações dos outros pela sua conformidade com a lei moral, mas também pela sua sinceridade com essa lei.

Outro pensador filosófico que citamos é Sócrates, que afirmou: "só sei que nada sei". Com essa frase, Sócrates expressou a sua consciência da própria ignorância, que o levou a buscar incessantemente o conhecimento da verdade. Sócrates reconhecia as suas limitações e as dos seus interlocutores, e por isso usava o método dialético para questionar as opiniões alheias e expor as suas contradições. Sócrates buscava a sabedoria com humildade e honestidade, sem se deixar levar pela vaidade ou pela arrogância.

Por fim, citamos Mahatma Gandhi, que disse: "o futuro depende daquilo que fazemos no presente". Com essa frase, Gandhi ressaltou a importância da responsabilidade individual e coletiva na construção de um mundo melhor. Gandhi defendia a não-violência como forma de resistir à opressão e promover a justiça. Gandhi acreditava que a mudança social começa pela mudança pessoal, e que devemos ser coerentes entre o que pensamos, dizemos e fazemos.

Em conclusão, propomos que a ética cristã deve ter como base uma perspectiva compreensiva da condição humana, que leve em conta as intenções, as circunstâncias e as limitações das pessoas envolvidas em cada situação. Essa perspectiva se baseia no ensino e no exemplo de Jesus Cristo, que demonstrou misericórdia e amor pelos pecadores, sem deixar de exortá-los à conversão e à santidade. Essa perspectiva também se apoia em alguns embasamentos teóricos, tanto bíblicos quanto filosóficos, que nos ajudam a entender melhor a realidade e a agir com sabedoria. Essa perspectiva nos convida a ser mais compreensivos e menos condenatórios, mais humildes e menos arrogantes, mais responsáveis e menos indiferentes. Essa perspectiva nos desafia a ser mais cristãos.

terça-feira, 29 de agosto de 2023

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio I(24) Uma abordagem crítica sobre convites, oportunidades e verdades.

 




CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio I(24) Uma abordagem crítica sobre convites, oportunidades e verdades.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Este ensaio apresenta algumas ideias sobre como devemos lidar com os convites e oportunidades que surgem em nossa vida, bem como sobre o papel de Deus na revelação ou ocultação da verdade. Neste ensaio, pretendo analisar essas ideias sob uma perspectiva crítica, questionando alguns pressupostos e oferecendo algumas alternativas de interpretação. Para isso, utilizarei algumas citações bíblicas e de grandes pensadores que podem contribuir para o debate.

Os crestes em geral afirmam que devemos aceitar os convites e as oportunidades que nos são oferecidos, sem questioná-los, pois eles podem ser uma forma de Deus nos abençoar ou nos testar. No entanto, essa postura pode ser problemática, pois nem todos os convites e oportunidades são benéficos ou legítimos. Alguns podem ser armadilhas, enganos ou tentações que visam nos afastar do propósito de Deus para nossa vida. Por isso, é necessário ter discernimento para avaliar as intenções por trás dos convites e oportunidades, e para escolher aqueles que estão de acordo com a vontade de Deus.

A Bíblia nos ensina que o discernimento é uma dádiva de Deus, que Ele concede aos que O buscam com sinceridade e humildade. O rei Salomão, por exemplo, pediu a Deus sabedoria e entendimento para julgar o seu povo com justiça, e Deus lhe concedeu um coração sábio e prudente (1 Reis 3:9-12). O apóstolo Paulo também orou para que os cristãos de Filipos tivessem amor, conhecimento e discernimento, para que pudessem aprovar as coisas excelentes e ser sinceros e inculpáveis diante de Deus (Filipenses 1:9-10). O discernimento é essencial para distinguir entre o bem e o mal, o verdadeiro e o falso, o sensato e o insensato. Disse Martin Buber: "A verdade não está com os homens, mas entre os homens."

Além disso, a Bíblia nos orienta a buscar o conselho dos sábios, dos que têm experiência e conhecimento da palavra de Deus. O livro de Provérbios está repleto de instruções sobre como obter sabedoria e discernimento através da escuta atenta e da observação dos exemplos dos sábios (Provérbios 1:5-6; 18:15; 19:20). A sabedoria humana é limitada e falível, mas a sabedoria divina é perfeita e infalível. Por isso, devemos confiar em Deus e não em nossa própria inteligência (Provérbios 3:5-6).

Portanto, podemos concluir que os convites e as oportunidades devem ser aceitos com discernimento, não sem questionamento. Devemos pedir a Deus sabedoria e orientação para tomar as melhores decisões, e consultar os sábios que podem nos aconselhar. Assim, estaremos mais aptos a reconhecer as bênçãos de Deus e a evitar as ciladas do inimigo.

Neste ensaio também defendo que Deus esconde a verdade daqueles que O rejeitam, enviando-lhes ilusões para que creiam em mentiras. Essa seria uma forma de Deus castigar os ímpios e julgar os rebeldes. No entanto, essa ideia também pode ser questionada, pois implica em uma concepção estática e absoluta da verdade, que seria um privilégio exclusivo dos que creem em Deus. Uma concepção alternativa seria a de que a verdade é dinâmica e relativa, e que depende da busca e da descoberta de cada um. Confirma Friedrich Nietzsche: "Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas."

A filosofia nos ensina que a verdade é um conceito complexo e controverso, que tem sido objeto de reflexão e debate ao longo da história. Alguns filósofos defendem que a verdade é correspondente à realidade, ou seja, que uma afirmação é verdadeira se corresponde aos fatos. Outros defendem que a verdade é coerente com um sistema de crenças, ou seja, que uma afirmação é verdadeira se é consistente com outras afirmações aceitas como verdadeiras. Ainda outros defendem que a verdade é pragmática, ou seja, que uma afirmação é verdadeira se funciona na prática ou se tem consequências positivas. Protágoras já dizia: "O homem é a medida de todas as coisas."

A Bíblia também nos mostra que a verdade é um tema complexo e multifacetado, que envolve aspectos teológicos, morais, epistemológicos e existenciais. A Bíblia afirma que Deus é a fonte e o padrão da verdade, e que a sua palavra é a revelação da sua verdade (Salmos 119:160; João 17:17). A Bíblia também afirma que Jesus Cristo é a encarnação e a expressão da verdade de Deus, e que ele veio ao mundo para dar testemunho da verdade (João 1:14; 14:6-10; 18:37). A Bíblia ainda afirma que o Espírito Santo é o guia e o mestre da verdade, e que ele nos ensina e nos convence da verdade (João 14:26; 16:13).

No entanto, a Bíblia também reconhece que a verdade de Deus não é facilmente acessível ou compreensível para os seres humanos, que são limitados e pecadores. A Bíblia mostra que há mistérios e segredos que pertencem somente a Deus, e que ele revela ou oculta conforme a sua vontade (Deuteronômio 29:29; Romanos 11:33-36). A Bíblia também mostra que há falsos profetas e falsos mestres que distorcem ou negam a verdade de Deus, e que enganam ou seduzem muitas pessoas (Mateus 24:23-25; 2 Pedro 2:1-3). A Bíblia ainda mostra que há resistência e oposição à verdade de Deus por parte do mundo, da carne e do diabo, que tentam impedir ou perverter o conhecimento da verdade (Romanos 1:18-25; 2 Tessalonicenses 2:9-12; Apocalipse 12:9).

Portanto, podemos concluir que a verdade não é algo que Deus esconde ou envia como um castigo, mas algo que ele revela ou concede como uma graça. A verdade de Deus não é algo estático ou absoluto, mas algo dinâmico e relativo, que depende da relação pessoal e histórica entre Deus e os seres humanos. A busca pela verdade é um exercício constante de questionamento e descoberta, que envolve fé e razão, revelação e investigação, obediência e liberdade.

domingo, 27 de agosto de 2023

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico I(23) Além dos Velhos Padrões

 




Ensaios

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico I(23) Além dos Velhos Padrões

Por Claudeci Ferreira de Andrade

O chamado à sabedoria é um convite perene que enriquece a jornada daqueles em busca de conhecimento e discernimento. A personificação da Sabedoria nos conduz à aceitação de suas dádivas, prometendo honra, riqueza e vida àqueles que abraçam sua orientação (Provérbios 1:5). A progressão em direção à sabedoria requer a humilde admissão de nossas imperfeições e a disposição de aprender e crescer (Romanos 12:1-2; 1 Tessalonicenses 1:9).

A rejeição da insensatez em prol da sabedoria gera uma transformação vital. A figura alegórica da Sabedoria adverte sobre as dolorosas consequências que aguardam aqueles que subestimam sua oferta (Provérbios 1:20-32). Contudo, a mudança não se limita a abandonar velhos padrões; ela implica em abraçar novos princípios de sabedoria e retidão. A busca pela sabedoria não é um caminho solitário; envolve descartar o prejudicial e acolher o edificante (Romanos 12:1-2).

A personificação da sabedoria transmite a promessa de adquirir discernimento e orientação interna. O cerne da mensagem é evidente: a sabedoria traz salvação e aperfeiçoamento. Para além dessa personificação, é notável a relação com Cristo, em quem habita toda a sabedoria (Colossenses 2:3; 1 Coríntios 1:30). Jesus promete guiar e instruir aqueles que buscam a verdadeira sabedoria (Efésios 1:17-18; 3:14-19; Colossenses 1:9-11; 1 Coríntios 2:6-16).

A realidade é que muitos rejeitam a sabedoria e escolhem a ignorância, culminando em vidas desestruturadas e, possivelmente, em condenação eterna (Romanos 1:18-32; 2 Tessalonicenses 2:9-12). Ignorar o chamado à sabedoria acarreta consequências árduas (Provérbios 29:1). A figura alegórica da Sabedoria e o convite ao arrependimento demandam interpretação espiritual, apontando para uma mudança substancial e duradoura.

A busca pela sabedoria exige escolha consciente e perseverança. A convicção é uma oportunidade de transformação; resisti-la pode resultar em uma vida vazia e alheia a Deus. É um convite a se aproximar de Deus, pois a comunhão e a prática da sabedoria são recompensas inestimáveis.

Em síntese, o apelo à sabedoria é um chamado à transformação e enriquecimento. A busca por sabedoria e discernimento constitui uma escolha crucial, com implicações profundas e duradouras, tanto nesta existência quanto na eternidade. A decisão de acolher ou rejeitar a oferta de sabedoria moldará a jornada singular de cada indivíduo. Como expressou o filósofo Sócrates, "a verdadeira sabedoria está em reconhecer a própria ignorância".

sábado, 26 de agosto de 2023

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio I(22) Questionando Rótulos e Desvendando Virtudes.

 


Ensaios

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio I(22) Questionando Rótulos e Desvendando Virtudes.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

O ensaio aborda a importância da busca pela sabedoria e como diferentes características de personalidade, como a simplicidade, o escárnio e a tolice, podem impedir o indivíduo de alcançar essa virtude. No entanto, é crucial questionar essa abordagem e explorar a ideia de que rotular alguém como "simples", "escarnecedor" ou "tolo" pode ser redutivo e limitado.

Ao examinar a noção de busca por sabedoria, é fundamental considerar que a complexidade da vida moderna muitas vezes exige um entendimento mais amplo do que pode ser encontrado somente por meio da autocrítica e autorreflexão. A noção de que alguém que vive uma rotina diária é automaticamente um indivíduo simples desconsidera as nuances das responsabilidades, desafios e aprendizados que podem ocorrer em diferentes contextos. Como disse o filósofo francês Blaise Pascal: "A simplicidade é o último grau de sofisticação". Além disso, a Bíblia nos ensina que a simplicidade não é sinônimo de ignorância, mas de humildade e confiança em Deus: "O Senhor preserva os simples; quando me encontrava enfraquecido, ele me salvou" (Salmo 116:6).

Além disso, a visão crítica do "escarnecedor" pode ser revista. A sociedade moderna exige uma abordagem cética para muitas informações e normas. O ceticismo pode, de fato, impulsionar a busca pela verdade e pela compreensão aprofundada, em vez de simplesmente aceitar a sabedoria convencional. O desafio de preconceitos e a disposição de questionar o status quo podem levar a descobertas e inovações significativas. No entanto, é preciso ter cuidado para não cair no cinismo ou na arrogância, que podem afastar as pessoas da sabedoria divina. Como alertou o filósofo grego Sócrates: "Só sei que nada sei". E como advertiu o apóstolo Paulo: "Não se deixem enganar: de Deus não se zomba. Pois o que o homem semear, isso também colherá" (Gálatas 6:7).

Quanto à caracterização de um "tolo", é importante lembrar que a ignorância não é necessariamente um estado permanente, e rotular alguém como tal pode minar o potencial de crescimento. Ao invés de julgar apressadamente, a abordagem mais construtiva seria encorajar a educação contínua e a disposição de aprender com os erros. As pessoas podem superar suas fraquezas, desde que estejam dispostas a se educar e se abrir para novas perspectivas. Como afirmou o filósofo chinês Confúcio: "A ignorância é a noite da mente, mas uma noite sem lua e sem estrelas". E como declarou o rei Salomão: "O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; todos os que cumprem os seus preceitos revelam bom senso" (Salmo 111:10).

Em resumo, o ensaio desafia a noção de que categorizar as pessoas como "simples", "escarnecedoras" ou "tolas" é suficiente para entender sua busca por sabedoria. Ao invés de adotar uma visão restrita dessas características, é importante adotar uma abordagem mais empática e reconhecer que todos têm a capacidade de crescer e evoluir. A busca pela sabedoria deve ser moldada por uma análise crítica e uma abertura para o aprendizado constante, em vez de rótulos simplistas.