"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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sábado, 2 de julho de 2016

DOMÍNIO DE CLASSE X DOMÍNIO DE CONTEÚDO ("Tome um rumo diferente do de costume, e quase sempre estará certo." Jean-Jacques Rousseau)



Texto

DOMÍNIO DE CLASSE X DOMÍNIO DE CONTEÚDO ("Tome um rumo diferente do de costume, e quase sempre estará certo." Jean-Jacques Rousseau)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Naquela tarde de segunda-feira, "Sol a pino", quando entrei na sala dos professores. O ar estava carregado de expectativas para a semana letiva que se iniciava. Enquanto folheava distraidamente meu planejamento, ouvi cochichos vindos do canto esquerdo da sala. "Ele não tem domínio de classe", sussurrou uma voz que reconheci como a da coordenadora pedagógica.

Aquelas palavras me atingiram como um soco no estômago. Eu, que sempre me orgulhara de minha vocação, agora me via rotulado como inadequado, diferente, quase um pária entre meus pares. O peso daquele julgamento me acompanhou pelos corredores barulhentos até minha primeira aula daquela tarde.

O termo "domínio" tem sido frequentemente usado para definir a capacidade de manter a ordem em sala. No entanto, essa palavra, quando analisada sob a luz da pedagogia, revela-se inadequada. Ela coisifica os alunos, reduzindo-os a meros objetos de controle. Quando penso no "domínio" que muitos administradores escolares valorizam, não posso deixar de refletir sobre a sua conexão com a imposição e a dominação.

Ao entrar na sala do 6º ano, fui recebido por um mar de rostos inquietos e vozes exaltadas. Respirei fundo, lembrando-me das palavras de Platão: "Não eduques as crianças nas várias disciplinas recorrendo à força, mas como se fosse um jogo". Com esse pensamento em mente, decidi tentar uma abordagem diferente.

"Hoje", anunciei com um sorriso, "vamos fazer uma viagem no tempo". Os olhares curiosos se voltaram para mim. Por um momento, o caos deu lugar à atenção. Comecei a narrar a história da Grécia Antiga, pintando imagens de filósofos em togas brancas e jovens discutindo ideias sob oliveiras centenárias.

À medida que a aula avançava, percebi que alguns alunos começavam a se envolver, fazendo perguntas e compartilhando suas próprias ideias. Outros, no entanto, permaneciam distantes, presos em seus próprios mundos de conversas paralelas e mensagens de celular. Esta realidade reflete um sistema educacional que muitas vezes valoriza mais o controle do que a criatividade.

Ao final da aula, fiquei refletindo sobre o significado de "domínio". Não era sobre controle ou submissão, concluí. Era sobre despertar a curiosidade, cultivar o desejo de aprender. Como Clarice Lispector disse, "A palavra é meu domínio sobre o mundo". E ali estava minha missão: não dominar alunos, mas ajudá-los a dominar o conhecimento.

A pressão sobre os educadores é imensa. Reprovar alunos como forma de punição, ou mesmo tentar controlar comportamentos através de notas, é visto não como uma estratégia pedagógica, mas como um ataque ao sucesso da escola. Quando as salas de aula são superlotadas e a indisciplina predomina, a transmissão de conhecimento se torna um desafio quase impossível.

Nos dias que se seguiram, enfrentei os desafios com uma nova perspectiva. Cada aula era uma oportunidade de criar conexões, de transformar a matéria em algo vivo e pulsante. Nem sempre era fácil. Havia dias em que o cansaço e a frustração ameaçavam me dominar.

A realidade do ensino nas escolas públicas é muitas vezes um retrato de desilusão. O "lanche gostoso" da escola muitas vezes serve apenas para preencher estômagos vazios, enquanto as mentes dos alunos são deixadas de lado. O maior reflexo desse fracasso está na presença de alunos analfabetos no sexto ano, um sinal evidente de que algo está profundamente errado.

Mas então, numa tarde de quinta-feira, aconteceu algo que mudou tudo. João, um aluno que sempre parecera desinteressado, me procurou após a aula. "Professor", ele disse, os olhos brilhando, "nunca pensei que história pudesse ser tão legal". Naquele momento, entendi que meu verdadeiro domínio não estava no silêncio forçado ou na obediência cega, mas no poder de inspirar.

Ao final daquele ano letivo, olhei para minha turma e vi não apenas alunos, mas jovens pensadores, questionadores, sonhadores. Talvez eu nunca fosse o professor com o "domínio de classe" que a coordenação desejava. Mas havia conquistado algo muito mais valioso: o respeito e o interesse genuíno dos meus alunos.

A filosofia de Platão, que defende um ensino que respeite a liberdade e a disposição natural dos alunos, parece ter se perdido no turbilhão da burocracia escolar. No entanto, minha experiência mostrou que é possível recuperá-la, mesmo em meio às adversidades do sistema educacional atual.

E assim, querido leitor, deixo com você esta reflexão: o verdadeiro domínio na educação não está em silenciar vozes, mas em amplificá-las. Não está em controlar corpos, mas em libertar mentes. Está em acender a chama da curiosidade e deixá-la queimar livremente, iluminando caminhos que vão muito além das paredes da sala de aula. A escola deve ser um lugar onde o aprendizado é valorizado e a criatividade é incentivada. E, assim como o cachorro que volta ao que vomitou, a educação não deve se revolver na lama da conformidade, mas sim alçar voo, como os pássaros guiados pelo vento da sabedoria.

Com base no texto apresentado, elabore respostas completas e detalhadas para as seguintes questões:

O texto critica a concepção tradicional de "domínio de classe". Qual a principal crítica apresentada pelo autor e quais as alternativas propostas por ele?

Como as citações de Platão e Clarice Lispector contribuem para a construção da argumentação do autor sobre a educação?

De que forma a experiência pessoal do autor em sala de aula ilustra os desafios e as possibilidades da educação contemporânea?

O texto estabelece uma relação entre o conceito de "domínio" e o sistema educacional como um todo. Quais as implicações dessa relação para a qualidade do ensino?

Qual a importância da criatividade e da autonomia dos alunos no processo de ensino-aprendizagem, segundo o autor?

Estas questões abordam os seguintes aspectos do texto:

Crítica à concepção tradicional de educação: A primeira questão explora a crítica central do texto à ideia de "domínio" como sinônimo de controle e submissão.

Uso de referências teóricas: A segunda questão analisa como as citações de filósofos e escritores servem para fundamentar a argumentação do autor.

Experiência pessoal: A terceira questão explora a importância da experiência pessoal do autor como base para suas reflexões sobre a educação.

Sistema educacional: A quarta questão amplia a discussão para o sistema educacional como um todo, analisando as implicações da concepção de "domínio" para a qualidade do ensino.

Criatividade e autonomia: A quinta questão destaca a importância da criatividade e da autonomia dos alunos como elementos fundamentais para uma educação de qualidade.

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sábado, 18 de junho de 2016

COMO ENSINAR INIMIGOS ("Nunca interrompas o teu inimigo enquanto estiver a cometer um erro". Napoleão Bonaparte)


Crônica da vida escolar

COMO ENSINAR INIMIGOS  ("Nunca interrompas o teu inimigo enquanto estiver a cometer um erro". Napoleão Bonaparte)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Na verdade, eu não ensino inimigo algum, ou melhor, não revelo meus melhores truques a quem se protege de mim, ou me tem em pouca estima. Porque ele é um destruidor de minha imagem. E como o mal é de igual poder de contaminação do bem, não posso alimentar de esperança um inimigo destruidor de meus projetos de vida. Mesmo assim, senti-me receoso e relutante ao chamar de inimigo, os meus alunos militantes e ativistas, denunciadores gratuitos, afrontadores para me derrubar, ameaçadores violentos. Esses são somente as vozes do cemitério que me oferecem desânimo. Afinal, quem é o inimigo de quem? Eu que eles me fizeram ou eles que os fiz? Confesso que cheguei, por um instante, a pensar que lhes promovo motivos. Mas, conformei-me nos conceitos do dicionário Aurélio: Inimigo - "adj. e s.m. Que ou o que odeia alguém, que procura prejudicá-lo. Que ou o que tem aversão a certas coisas: inimigo do ruído. Nação, país com que estamos em guerra: vencer o inimigo; exército inimigo. Adversário, contrário." Eu não sou assim...Gosto dos meus alunos humildes. Inimigos são orgulhosos e "mimizeiros"!
           O estado deveria processar os maus alunos e seus pais para fazê-los devolver o dinheiro público investido neles, mantendo outros mais dedicados na escola pública com melhor qualidade. Li aqui na net que um aluno da escola pública custa para os cofres públicos R$ 2300,00 por ano, menos do que se investe em um preso, mas é dinheiro também mal empregado. Então, prendem os políticos corruptos e continuaremos sustentando-os na cadeia! Todavia, em nosso caso, o nosso dinheiro, também, continua patrocinando a violência na escola e reprovação, ou melhor, aprovação sem mérito. Porque a escola tem mascarado isso, passando o aluno, para a série seguinte, sem mérito, para as estatísticas altas justificarem o dinheiro desperdiçado, porém alguém tem de restituí-lo para beneficiar os que devolverão com serviço de qualidade, o que ganhou nos estudos, à sociedade. Já que não posso me recusar a dar aulas a estes incautos, pois estão misturados, queria me recusar a pagar meu imposto de renda e outros impostos para mantê-los. Mas, se eu sonegar, então serei o inimigo do rei, indigno, também, de meu salário.
          Atribuir nota aos filhos da escola, por qualquer isopor pintado que trazem, ou por articulações de festa "culturais", levando feijão cozido, ou por assistirem aos jogos interclasses e torcerem freneticamente,  não é dar-lhes poder, o poder estar no conhecimento, aliás só o conhecimento dá poder, disse Leonardo da Vinci: "Pouco conhecimento faz com que as pessoas se sintam orgulhosas. Muito conhecimento, que se sintam humildes. É assim que as espigas sem grãos erguem desdenhosamente a cabeça para o Céu, enquanto que as cheias as baixam para a terra, sua mãe."
            Um dia eu me recusei a ministrar aulas particulares de redação, apesar da proposta de um bom pagamento, para um ex-aluno dos atrapalhadores da sala, desrespeitadores do direito de aprender dos demais estudantes e disse a ele: Não preciso de seu dinheiro, todos os dias estive em sua sala e nunca prestou atenção em mim. Ensiná-lo agora seria anular as consequências, as quais tanto esperei vê-lo sofrer. O que eu pensava de meus professores me fez a diferença, eles não foram maiores por que eu os respeitei, mas eu sou maior por que os obedeci. 
           Depois dizem que professor não marca aluno!  E fui contra o que disse Arthur Schopenhauer: "Não devemos mostrar a nossa cólera ou o nosso ódio senão por meio de atos. Os animais de sangue frio são os únicos que têm veneno". Que Deus tenha misericórdia de mim, pequei por pensamentos!
Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 11/06/2016
Reeditado em 18/06/2016
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domingo, 29 de maio de 2016

PROTAGONISTA DA ESCOLA SEM PARTIDO ("Liberdade de expressão para todo mundo dizer a mesma coisa é ditadura de opinião." — Silas Malafaia)



Crônica

           Nunca uma celebridade foi tão comentada nas redes sociais e jornais do que o invejável, polivalente, Alexandre Frota: Com seu currículo de ator, diretor, ex-modelo, comediante, ex-jogador de futebol americano, apresentador, empresário e ex-autor pornográfico brasileiro (tendo 20 filmes dessa categoria). Sem falarmos das participações em programas e reality shows dentro e fora do país. Bem pudera, segundo tanta bagagem intelectual e conhecimento universal, ousou levar ao ministro da Educação, Mendonça Filho, no MEC, uma proposta com melhorias para a educação brasileira. O "grande pensador", tal qual Valesca Poposuda, também divulgou ter visitado o ministro da Cultura, Marcelo Calero. E aproveitado essa tacada só, o ator e seus amigos do "Revoltados On Line", apresentaram a defesa do projeto "Escola sem Partido"; proposta ultra reacionária, sob o pretexto em combater a “doutrinação ideológica” e o “comunismo” nas escolas e universidades.
             Li tantos comentários na internet, sobre o caso, vindo-me ocorrer a seguinte constatação: O sistema educacional anda mesmo tão "capenga" que qualquer um pode meter seu bedelho! Eu já havia dito sobre a educação ser semelhante ao futebol, todo mundo acha-se entendido demais e dá "pitacos" empiristas, só na "boa" fé. Bem, mas, Alexandre Frota e outras celebridades em diversas áreas nem são de pouca monta. Pelo menos, chamaram a atenção do mundo para uma suposta causa nobre, isso se faz necessária. Críticas, ironias, inadequações e incoerências ideológicas a parte, firmo aqui consoante  a pedagogia da escola sem partido, que estou conhecendo agora, mas já posso ver seu lado positivo, pois os mesmos aspectos desta proposta em questão já foram considerados em um passado não muito distante, apesar de  barrados por outras autoridades, porém quem sabe dessa vez, dará certo! O adágio popular reza: "água mole em pedra dura tanto bate até que fura".  Eu jamais nego os benefícios  das cartilhas de orientações sexuais, reforçando o combate a homofobia e reprovando todas as anomalias sociais e preconceitos; sobretudo, promovendo o amor nas escolas, se não fosse a tendência modista: Orientação Sexual é um dos temas transversais proposto nos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, do MEC, visando a compreensão saudável e reflexão da realidade social, construindo assim a cidadania.
           E quando dizem sobre o ator ex-pornô nem saber o que seria o melhor para a educação brasileira, estão equivocados, pois na situação atual, qualquer um sabe melhorar o sistema educacional brasileiro. O mais assustador para mim é a liberdade do alunado em detrimento da liberdade do professor em sala de aula. E quando o professor não faz o que os pais querem apanha. Então, minha maior preocupação no momento é com o futuro da escola (O Coronavírus escutou).
           E se caso essas "inovações" nem vierem a ser aprovadas, fica aqui a alta divulgação dos trabalhos artísticos do "educador" Frota e dos outros de mesma natureza pelas mídias: Ninguém nunca assistiu a tanta pornografia "educativa" como nesse momento de internet para todos. Até uma professora confessou em um comentário no Facebook: "Quando me lembro que vi um trecho do pornô dele. ECA! Que nojo." Na verdade, seus filmes nunca foram tão divulgados e assistidos sob o pretexto da curiosidade, volto ao risco de dizer: Mesmo se sua proposta para o MEC não sendo aprovada já lhe valeu ao sucesso de seu outros trabalhos anteriores.
             A escola sempre foi um palanque de fácil acesso, pois é um público cativo.  Sinto-me destroçado, no papel de professor, por dois motivos: de um lado ameaçam minha liberdade para filosofar na sala de aula e, do outro, estimulam-me a assistir mais a pornografia promovendo os protagonistas.
           E falando nisso, uma coisa puxa outra, antecipam-se as torturas aos professores descuidados segundo suas expressões fortes em sala de aula. Li isto também sobre a aluna universitária que processou seu professor: “Ele utiliza do meu nome com expressões de cunho racista quando ele diz, por exemplo, 'pretinha e desclassificada fazendo macaquices'. Então, todas essas expressões que ele utiliza são claramente de teor racial e pejorativas”. http://g1.globo.com/mato-grosso/noticia/2016/05/estudante-denuncia-professor-da-ufmt-por-racismo-pretinha.html - (acessado em 21/08/2021).
           "Pretinha" é uma expressão, na maioria das vezes, usada carinhosamente. Só configura racismo aos maldosos (Tito 1:15). "Desclassificada" não tirou nota suficiente ou por está fazendo "macaquice", perturbando a aula do professor. É isso, quaisquer palavras usadas para repreender alunos em sala de aula, doravante fará do professor marginal, digno de processo. As palavras referidas podem ser ofensivas, sim, se foram pronunciadas com a intenção de ofender e forem recebidas como ofensivas, mas quem pode julgar as intenções? Estão brincando de ser o Deus cruel do velho testamento. Assim, ao invés de corrigir, enfraquecem, mais ainda, o professorado. Parece-me vingança! De forma nenhuma, estou querendo justificar ninguém, só queria entender porque eles me chamam de velho caduco, cabeça-branca etc?! Nesse teor, não seria discriminação também? De lá para cá não dá nada!!!

Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 27/05/2016
Reeditado em 29/05/2016
Código do texto: T5648548 
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sábado, 21 de maio de 2016

A INTEMPERANÇA ALIMENTAR E A INDISCIPLINA ESCOLAR ("O meio ambiente apropriado, ações corretas e uma dieta adequada proporcionam saúde mental". — Ellen G. White)


A INTEMPERANÇA ALIMENTAR E A INDISCIPLINA ESCOLAR ("O meio ambiente apropriado, ações corretas e uma dieta adequada proporcionam saúde mental". — Ellen G. White)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Eu nunca imaginei que um simples lanche na escola pudesse me fazer questionar tantas coisas sobre a educação, a família e a sociedade. Mas foi o que aconteceu em uma manhã comum, quando me deparei com uma cena que me intrigou: alunos comendo arroz, carne e macarrão na sala de aula, como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Eu, que sou professor há muitos anos, fiquei curioso para saber o que levava aqueles jovens a preferirem se alimentar na hora da aula, em vez de aproveitarem o intervalo ou o recreio. Será que eles não tinham fome em casa? Será que eles não se importavam com o aprendizado? Será que eles não percebiam que estavam prejudicando sua saúde física e mental?

Resolvi conversar com alguns deles, para tentar entender melhor a situação. Uma aluna do segundo ano do Ensino Médio me disse que estava ali pelos dois motivos: para comer e aprender. Mas ela colocou o comer em primeiro lugar, como se fosse mais importante do que o aprender. Outra aluna, que ouvia nossa conversa, me interpelou: “O senhor não é a favor do lanche na escola, porque quando estudou não tinha isso”. Eu respondi que eu era do tempo em que não se dava lanche na hora da aula, e a “educação” era melhor. Argumentei ainda que quando comemos, sentimos uma sonolência terrível, indispondo-nos às atividades intelectuais. Então, lembrei-me das palavras de Jesus, que recomendou o jejum temporário para melhorar a clareza mental. O estômago vazio intencionalmente não atrapalha estudar. O que atrapalha é a fome, mais precisamente, a certeza das impossibilidades de adquirir a alimentação.

Foi então que eu percebi que a escola que oferece conhecimento atrai intelectos, mas a que oferece comida atrai estômagos. E que muitos daqueles alunos estavam ali não por amor ao saber, mas por necessidade de sobreviver. E que a escola, ao oferecer comida, também assumia o papel das famílias: educar e alimentar suas crianças. Isso permitia que os pais fugissem de suas obrigações, depositando seus filhos na escola. Mas, a escola não pode substituir o lar. As famílias devem educar e alimentar suas crianças, e a escola, por sua vez, deve intelectualizá-las com conhecimentos técnicos e seculares.

No final daquele periodo, percebi que a escola é um microcosmo da sociedade. Vi exemplos de ações intemperantes na escola. Um exemplo de meio ambiente intemperante, repito: na sala de aula, comem todos os dias na hora da aula, porque na escola tem “lanche”. Ali, os parceiros comensalistas têm uma relação interespecífica, com benefício para um deles (alunado), mas sem prejuízo para a outro (escola); inquilinismo. Se todos por aqui dão seu “Jeitinho brasileiro”, eu também sou “Macunaíma”. Pois, ninguém pretende o “Triste Fim de Policarpo Quaresma”. Agora os alunos e seus pais ameaçam tratar de quaisquer assuntos mínimos com a direção, porque de cima para baixo flui melhor. No terreno de “nervosinhos”, o equilíbrio mental é prejudicado com a falta de clareza. Ellen G. White defendeu que o meio ambiente apropriado, ações corretas e uma ‘dieta adequada’ proporcionam saúde mental. "Quando ela usou o termo ‘saúde mental’, associou-o à ‘clareza mental, nervos calmos, sossego, espírito pacífico como de Jesus’”. Poderíamos até pensar positivamente que achamos a solução para a indisciplina nas escolas, se não, pelo menos, uma aliada que ajudará bastante a combatê-la.

Mas eu não me iludo. Sei que o problema é mais profundo e complexo do que parece. Sei que o lanche na escola é apenas um sintoma de uma sociedade desigual, injusta e deseducada. Sei que o que falta mesmo é amor. Amor pela vida, pelo próximo, pelo conhecimento, pela verdade. Amor que se traduz em ação, em compromisso, em responsabilidade, em respeito. Amor que se alimenta de valores, de princípios, de ideais, de sonhos. Amor que se nutre de esperança, de fé, de coragem, de paz.

Eu ainda sonho com uma escola que ofereça mais do que comida. Que ofereça sentido, propósito, dignidade, felicidade. Que ofereça amor. E que esse amor seja o alimento mais saboroso e nutritivo para os nossos alunos. E para nós, professores. E para o mundo.

A INTEMPERANÇA ALIMENTAR E A INDISCIPLINA ESCOLAR ("O meio ambiente apropriado, ações corretas e uma dieta adequada proporcionam saúde mental". — Ellen G. White)

Eu nunca imaginei que um simples lanche na escola pudesse me fazer questionar tantas coisas sobre a educação, a família e a sociedade. Mas foi o que aconteceu em uma manhã comum, quando me deparei com uma cena que me intrigou: alunos comendo arroz, carne e macarrão na sala de aula, como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Eu, que sou professor há muitos anos, fiquei curioso para saber o que levava aqueles jovens a preferirem se alimentar na hora da aula, em vez de aproveitarem o intervalo ou o recreio. Será que eles não tinham fome em casa? Será que eles não se importavam com o aprendizado? Será que eles não percebiam que estavam prejudicando sua saúde física e mental?

Resolvi conversar com alguns deles, para tentar entender melhor a situação. Uma aluna do segundo ano do Ensino Médio me disse que estava ali pelos dois motivos: para comer e aprender. Mas ela colocou o comer em primeiro lugar, como se fosse mais importante do que o aprender. Outra aluna, que ouvia nossa conversa, me interpelou: “O senhor não é a favor do lanche na escola, porque quando estudou não tinha isso”. Eu respondi que eu era do tempo em que não se dava lanche na hora da aula, e a “educação” era melhor. Argumentei ainda que quando comemos, sentimos uma sonolência terrível, indispondo-nos às atividades intelectuais. Então, lembrei-me das palavras de Jesus, que recomendou o jejum temporário para melhorar a clareza mental. O estômago vazio intencionalmente não atrapalha estudar. O que atrapalha é a fome, mais precisamente, a certeza das impossibilidades de adquirir a alimentação.

Foi então que eu percebi que a escola que oferece conhecimento atrai intelectos, mas a que oferece comida atrai estômagos. E que muitos daqueles alunos estavam ali não por amor ao saber, mas por necessidade de sobreviver. E que a escola, ao oferecer comida, também assumia o papel das famílias: educar e alimentar suas crianças. Isso permitia que os pais fugissem de suas obrigações, depositando seus filhos na escola. Mas, a escola não pode substituir o lar. As famílias devem educar e alimentar suas crianças, e a escola, por sua vez, deve intelectualizá-las com conhecimentos técnicos e seculares.

No final daquele periodo, percebi que a escola é um microcosmo da sociedade. Vi exemplos de ações intemperantes na escola. Um exemplo de meio ambiente intemperante, repito: na sala de aula, comem todos os dias na hora da aula, porque na escola tem “lanche”. Ali, os parceiros comensalistas têm uma relação interespecífica, com benefício para um deles (alunado), mas sem prejuízo para a outro (escola); inquilinismo. Se todos por aqui dão seu “Jeitinho brasileiro”, eu também sou “Macunaíma”. Pois, ninguém pretende o “Triste Fim de Policarpo Quaresma”. Agora os alunos e seus pais ameaçam tratar de quaisquer assuntos mínimos com a direção, porque de cima para baixo flui melhor. No terreno de “nervosinhos”, o equilíbrio mental é prejudicado com a falta de clareza. Ellen G. White defendeu que o meio ambiente apropriado, ações corretas e uma ‘dieta adequada’ proporcionam saúde mental. "Quando ela usou o termo ‘saúde mental’, associou-o à ‘clareza mental, nervos calmos, sossego, espírito pacífico como de Jesus’”. Poderíamos até pensar positivamente que achamos a solução para a indisciplina nas escolas, se não, pelo menos, uma aliada que ajudará bastante a combatê-la.

Mas eu não me iludo. Sei que o problema é mais profundo e complexo do que parece. Sei que o lanche na escola é apenas um sintoma de uma sociedade desigual, injusta e deseducada. Sei que o que falta mesmo é amor. Amor pela vida, pelo próximo, pelo conhecimento, pela verdade. Amor que se traduz em ação, em compromisso, em responsabilidade, em respeito. Amor que se alimenta de valores, de princípios, de ideais, de sonhos. Amor que se nutre de esperança, de fé, de coragem, de paz.

Eu ainda sonho com uma escola que ofereça mais do que comida. Que ofereça sentido, propósito, dignidade, felicidade. Que ofereça amor. E que esse amor seja o alimento mais saboroso e nutritivo para os nossos alunos. E para nós, professores. E para o mundo.

sábado, 14 de maio de 2016

O ALUNO MUITO FREQUENTE ( "E o tempo segue displicente, embrulhando as horas sem pressa alguma na poesia do dia-a-dia." —Edna Frigato)



         

Crônica

O ALUNO MUITO FREQUENTE ( "E o tempo segue displicente, embrulhando as horas sem pressa alguma na poesia do dia-a-dia." —Edna Frigato)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

            O adolescente acordou muito cedo, nesse dia! Foi ao banheiro, fez suas necessidades fisiológicas, banhou-se, depois tomou seu desjejum, escovou os dentes, arrumou-se, pegou seu material escolar e saiu para o colégio. Andou devagar, e as ruas estavam vazias.
— Deve ser porque ainda está muito cedo! – pensou ele em voz alta.
Continuou a caminhar e finalmente chegou ao colégio, mas não havia ninguém ali, todavia lhe nasceu uma esperança, descobrindo a fresta do portão semiaberto. Então, empurrou-o um pouquinho mais e avistou o guarda assentado na área de dentro. Com isso, gritou entusiasmado:
— Seu guarda, hoje não tem aula, não?
— Hoje é sábado, meu filho! kkkkk!
           Nos informa Lucas Martins: "A maconha, cujo nome científico é Cannabis sativa, é uma das drogas mais usadas no Brasil, por ser barata e de fácil acesso nos grandes centros urbanos. O modo mais utilizado para usá-la é fumando enrolado em um papel, ou então utilizando um cachimbo. O que traz os efeitos é uma substância muito poderosa chamada tetrahidrocanabinol (THC), que varia de quantidade, dependendo da forma como a maconha é produzida ou fumada.
           Os efeitos, logo após fumar o cigarro de maconha, são (podem ser diferentes dependendo da quantidade de THC): euforia, sonolência, sentimento de felicidade, risos espontâneos, sem motivo algum, perda de noção do tempo, espaço, etc. perda de coordenação motora, equilíbrio, fala, etc. aceleramento do coração (taquicardia), perda temporária de inteligência, fome, olhos vermelhos, e outras características.
           O tempo do efeito depende do modo como a maconha é utilizada. Se for fumada, o THC vai rapidamente para o cérebro, e o efeito dura aproximadamente 5 horas. Se for ingerido, o efeito demora pra vir (cerca de 1 hora) mas dura aproximadamente 12 horas. Quando a quantidade de THC for mais alta, podem-se somar os efeitos: alucinações, ilusões, ansiedade, angústia, pânico, impotência sexual.
           Os efeitos a longo prazo são muito mais danosos: maior chance de desenvolver câncer de pulmão, bronquites, sistema imunológico fragilizado, tosse crônica, arritmia cardíaca. Outros nomes da maconha: baseado, erva, marola, camarão, taba, fumo, beck, bagana, bagulho, cachimbo da paz, capim seco, erva maldita, etc." (sic). http://www.infoescola.com/drogas/maconha/
           E tem alunos que vendem no banheiro da escola. Eu não sei o que fazem na escola os alunos que não faltam um dia sequer, bagunçam as aulas, atrapalhando os que querem estudar, não tem nada escrito em seu caderno e todas as notas estão abaixo da média, tem fome demais pelo o lanche. E eu maconheiro por tabela, de vez em quando, explico minhas aulas respirando o cheiro de maconha. Digo que maconha e escola não combinam, já disse Mário Sérgio Cortella: "Usar a maconha não faz de você  um intelectual, mas sim, maconheiro".
Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 04/05/2016
Reeditado em 14/05/2016
Código do texto: T5625434
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sábado, 7 de maio de 2016

CONVERSÃO É FARSA, REEDUCAÇÃO É ILUSÃO ("Assim também podereis vós fazer o bem, estando tão habituados à prática do mal?" — Jr 13:23)


Crônica

CONVERSÃO É FARSA, REEDUCAÇÃO É ILUSÃO ("Assim também podereis vós fazer o bem, estando tão habituados à prática do mal?" — Jr 13:23)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Um homem não pode enganar a si mesmo, senão seria admitir a bipolaridade do seu eu ou a presença de duplo caráter. O lado mais esperto enganaria o atrofiado! Uma essência única é necessária como princípio, do início, do meio e fim do ser. Numa formatação de dualidade não há indivíduo, perde-se a identidade. O que quer dizer Provérbio 22:6? "Ensina a criança no Caminho em que deve andar, e mesmo quando for idoso não se desviará dele!" Isso me fala da imutabilidade e unidade do ser.
           Mudança de comportamento não significa mudança de caráter e sim de dramatização; mas uma confirmação do comportamento conveniente do caráter, aquele que se permite os desejos de quem quer tirar proveito em tudo, é próprio do "jeitinho brasileiro". Não existe "Herói sem caráter": Macunaíma é uma farsa.
             Como entender Jer. 13:23? "Pode o etíope mudar a sua pele? Pode o leopardo alterar as suas pintas? Assim também podereis vós fazer o bem, estando tão habituados à prática do mal? Como vimos, a educação é só uma motivação do direcionamento comportamental com a distinção do indivíduo, que ainda vai reagir com os moldes exclusivos do seu caráter. A transformação que se vê nas pessoas é superficial, é só aparente, e dura enquanto o indivíduo acredita ser seu melhor a fazer: conveniência.
          O que pretendem as instituições como: escola, igreja, presídios sem a Bíblia? "Mesmo que você espanque o perverso, como grãos num pilão, a sua insensatez não se separa dele! (Pv 27:22). "Mesmo nesse tempo em que passou por várias provações, o rei Acaz não mudou de atitude, pelo contrário, tornou-se ainda mais infiel a Yahweh, o SENHOR.…"(2 Crônicas 28:22,23). "Mas Senhor, não é fidelidade que os teus olhos buscam? Tu já os feriste, mas eles não compreenderam nada, nem sentiram a dor da correção; tu os deixaste extenuados, mas recusaram aceitar a lição. Ao contrário, empederniram e fecharam o rosto mais do que um rochedo, e negaram arrepender-se."(Jeremias 5:3).
           Parece-me que alguém tomado por um comportamento radical dificulta a demonstração de si mesmo. "E dirás: 'Feriram-me, mas eu nada senti! Bateram em mim, contudo eu nada percebi! Quando despertarei para que possa voltar a beber?'” (Provérbios 23:35). "Como um cão que torna ao seu vômito é o insensato que repete suas tolices." (Provérbios 26:11).
          Chego a pensar que quando educamos adultos, estamos apenas forçando-os a um comportamento que nos agrada; às vezes, eles respondem hipocritamente! Existe uma entidade última e imutável, constituinte do homem já maduro, essa é sua identidade, nessa estão todas as informações, os traços moldados pela forma original da individualidade. Se duas crianças gêmeas, criadas juntas, recebendo a mesma educação, ainda assim; elas amam diferente, porque a energia do realizar vem de dentro com a distinção do eu original de cada uma.  "Pois é Deus quem produz em vós tanto o querer como o realizar, de acordo com sua boa vontade. Ninguém faz nada igual ao outro". (Fl 2:13). "Porquanto, pela graça que me foi concedida, exorto a cada um dentre vós que não considere a si mesmos além do que convém; mas, ao contrário, tenha uma autoimagem equilibrada, de acordo com a medida da fé que Deus lhe proporcionou." (Romanos 12:3). "E, em seu amor, nos predestinou para sermos adotados como filhos, por intermédio de Jesus Cristo, segundo a benevolência da sua vontade." (Efésios 1:5).
           Há uma consciência universal que também toma os moldes da individualidade quando perpassa o íntimo do homem. "E há diversas maneiras de atuação, mas é o mesmo Deus quem efetua tudo em todos." (1 Coríntios 12:6). O verdadeiro educador motiva ao educando um comportamento mais ou menos na direção das tendências sociais do momento. É um erro grosseiro dizer que o professor é um formador de opinião, como se todos seguissem o que o professor dita, a menos que ninguém tenha um "filtro". Então, todo trabalho da educação é motivar, e não forçar, fazendo com que o indivíduo acione sua individualidade na direção que esperamos dele. E viva a espontaneidade.
           A quem pretende ensinar alguma coisa: "É por isso que se mandam as crianças à escola: não tanto para que aprendam alguma coisa, mas para que se habituem a estar calmas e sentadas e a cumprir escrupulosamente o que se lhes ordena, de modo que depois não pensem mesmo que têm de pôr em prática as suas ideias." (Immanuel Kant). "Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo." (Paulo Freire ).
           Com certeza, num futuro bem próximo, teremos computadores mais perceptivos que humanos! Programa-se eles, pois não têm individualidade e sim uma consciência universalizada conforme a tecnologia aplicada. É assim também nos humanos adultos, quando se conduz à escola, pretende-se anular sua individualidade, mas em vão! Não será possível, para confirmar que "toda generalização é burra." E reforço com o que disse Nelson Rodrigues: "Toda unanimidade é burra. Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar."
            Por isso, deve-se repensar os objetivos da escola e dos presídios, quando usar o termo "reeducando". O caráter essencial não muda, ninguém pode perder sua individualidade, senão tornar-se-á coisa passíveis de conceitos e não se reconhecerá. Só permanecerá a instituição educadora se respeitar a individualidade da criança. Educação nada mais é do que direcionar o comportamento, e há modelos de ensinamento que pretendem podar as manifestações originais do caráter: apologia à hipocrisia geradora da "harmonia" social!
Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 30/04/2016
Reeditado em 06/05/2016
Código do texto: T5620715
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