"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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MINHAS PÉROLAS

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

ANALFABETISMO SUSTENTÁVEL: O Analfabetismo como Pilar Inverso da Escola ("Na época em que vivo, analfabetismo é tido por "Dialeto Virtual". — Thiago O. Rodrigues)

 


ANALFABETISMO SUSTENTÁVEL: O Analfabetismo como Pilar Inverso da Escola ("Na época em que vivo, analfabetismo é tido por "Dialeto Virtual". — Thiago O. Rodrigues)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

O analfabetismo, paradoxalmente, parece ser o que mantém viva a estrutura da escola, que não demonstra um interesse real em sua erradicação. As tentativas de combate à ignorância são tímidas e superficiais, parecendo cumprir apenas um discurso protocolar. A ironia de Davi Goulart Martins ecoa com precisão ao afirmar: “O Brasil não precisa de IBGE para mostrar faixa de analfabetismo, basta ir ao ‘feicebuqui’.” Essa observação expõe uma verdade cruel: a educação nacional está presa a uma lógica que alimenta o problema que deveria resolver, perpetuando um ciclo em que a falta de conhecimento é o próprio combustível da instituição escolar.

No corpo discente, o cenário é igualmente contraditório. Os alunos considerados "bons" tendem a aprender rápido e, involuntariamente, tornam-se o suporte dos dependentes, reforçando a desigualdade. As amizades escolares, que deveriam ser espaços de crescimento mútuo, transformam-se em redes de cumplicidade na trapaça. Quando o auxílio legítimo degenera em cola e a cola em hábito, o aprendizado deixa de ser uma conquista para se tornar mera aparência, enganando não só o professor, mas, sobretudo, o próprio aluno.

Esse comportamento revela uma distorção moral preocupante: o colega é "ajudado" não por solidariedade genuína, mas por medo de romper o pacto de mediocridade que protege o grupo. Enganar o sistema torna-se um gesto de pertencimento e sobrevivência em um ambiente que perdeu sua autenticidade. No fundo, há uma recusa em assumir a culpa individual — “ninguém quer ir para o inferno sozinho” —, e essa cumplicidade no erro corrói, silenciosamente, o caráter coletivo.

Como professor, resta-me o protesto. Manifesto-me contra a omissão institucional, contra o esvaziamento da vocação e contra a indiferença diante da falência moral que a escola reflete e reproduz. Visto-me de preto, em luto pela educação pública, não por compaixão passiva, mas por resistência ativa. Educar, no sentido mais profundo, é um ato de coragem: o de romper com o comodismo, despertar consciências e recusar-se a aceitar que o analfabetismo — seja ele literal ou moral — continue sendo o pilar de sustentação do nosso sistema.


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Como professor de Sociologia do Ensino Médio, preparo as seguintes 5 questões discursivas e simples. Elas exploram os conceitos de função social da escola, ideologia, capital cultural e anomia presentes no texto, incentivando os alunos a analisar criticamente a estrutura e as dinâmicas da educação.

1. O Paradoxo da Manutenção do Analfabetismo

O texto afirma, paradoxalmente, que o analfabetismo é o "combustível da própria instituição escolar". Explique, a partir de uma perspectiva crítica da Sociologia (como a Teoria da Reprodução), como a falha sistêmica (manutenção da ignorância) pode ser funcional para a escola, mantendo a necessidade da sua existência, em vez de promover sua erradicação.

2. Capital Cultural e Desigualdade no Corpo Discente

O texto descreve que os alunos "bons" se tornam "suporte dos dependentes, reforçando involuntariamente a desigualdade". Utilizando o conceito de Capital Cultural (Bourdieu), analise como essa dinâmica de dependência (cola e auxílio) na escola não diminui, mas sim reproduz e legitima a desigualdade entre os alunos, transformando a competência em "suporte" em vez de inspiração.

3. O Pacto de Mediocridade e o Controle Social Informal

O comportamento de cumplicidade na cola é motivado pelo "medo de romper o pacto de mediocridade que protege o grupo". Explique como esse pacto funciona como uma forma de Controle Social Informal dentro do grupo de alunos. Por que "enganar o sistema" se torna um "gesto de pertencimento" mais forte do que a busca pela excelência individual?

4. A Crítica ao "Discurso Protocolar" e a Ideologia

O texto critica as tentativas de combate à ignorância como "tímidas e superficiais", cumprindo apenas um "discurso protocolar". Relacione essa crítica ao conceito de Ideologia. Como a manutenção de um discurso de erradicação do analfabetismo (a ideologia da escola) pode coexistir com a prática de perpetuação do problema?

5. O Protesto e a Resistência Ativa do Professor

O professor opta por "vestir-se de preto, em luto" como um ato de resistência ativa contra a "falência moral" do sistema. Analise este gesto como uma forma de Ação Social (Weber) ou Resistência Institucional. Qual o significado sociológico de um indivíduo resistir ativamente a uma omissão institucional, e por que a educação é definida como um "ato de coragem" nesse contexto?

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domingo, 23 de outubro de 2022

O INSEGURO MORRE MAIS CEDO: O "Lobovírus," o Medo e a Purificação da Resistência ("O segredo do sucesso é ser frio, calculista, e confiante." — George Sheykson)

 


O INSEGURO MORRE MAIS CEDO: O "Lobovírus," o Medo e a Purificação da Resistência ("O segredo do sucesso é ser frio, calculista, e confiante." — George Sheykson)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

O coronavírus revelou-se um "Lobovírus", um predador que, à semelhança do lobo, testa a força e a serenidade do rebanho. Diante do perigo, os que se mantêm firmes e confiantes sobrevivem, enquanto aqueles dominados pelo pânico se tornam presas fáceis. Essa metáfora traduz a essência de um tempo em que o medo e a vulnerabilidade interior abriram espaço para o sofrimento coletivo, expondo a fragilidade humana diante do invisível. Mais do que um inimigo biológico, a pandemia demonstrou que o medo é capaz de ferir antes mesmo que a doença toque o corpo.

Em meio ao caos, tornou-se evidente que a saúde psicológica valia tanto quanto, ou até mais, que a física. O equilíbrio interno configurou-se como um escudo essencial contra a desordem do mundo exterior, pois a mente lúcida era a única capaz de sustentar o corpo cansado. O indivíduo percebeu que o domínio do medo é um exercício de fé e de lucidez, e que a confiança serena, como a das ovelhas que não fogem, é o que, de fato, desarma o predador.

No entanto, a relação entre o medo e o poder manteve-se ambígua. O mais forte — seja ele um sistema, uma força política ou um instinto — tende a oprimir o mais fraco para conservar o controle. Essa opressão é alimentada pela insegurança, já que o poderoso também teme perder o domínio que o define. Assim, a pandemia revelou não apenas a vulnerabilidade dos indivíduos, mas também a do próprio poder que tenta contê-los por meio da coerção e do temor.

Entre as cicatrizes deixadas por esse tempo, há fantasmas que nos lembram que a sobrevivência não é sinônimo de vitória, mas de resistência. Carrego comigo marcas que sussurram que não fui bom o suficiente para ser perverso, mas forte o bastante para permanecer. Nessa permanência, reside um mistério que transcende a vontade e o esforço individual, pois, como está escrito: “Isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece” (Romanos 9:16). A verdadeira purificação, afinal, não está em escapar do lobo, mas em aprender a permanecer inteiro diante dele.


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Como professor de Sociologia do Ensino Médio, vejo neste texto uma oportunidade excelente para discutir a relação entre medo, poder, vulnerabilidade e controle social em tempos de crise. Abaixo estão 5 questões discursivas e simples, formuladas para incentivar os alunos a aplicar conceitos sociológicos ao meu texto:

1. O Medo como Fator de Vulnerabilidade Social: O texto afirma que a pandemia demonstrou que o medo pode "ferir antes mesmo que a doença toque o corpo" e transforma os dominados pelo pânico em "presas fáceis". Analise, sob a perspectiva sociológica, como a disseminação do medo em massa pode se tornar um fator de desorganização social e aumentar a vulnerabilidade de certos grupos, levando-os a aceitar medidas extremas ou a agir irracionalmente.

2. Saúde Psicológica e Resistência no Caos: O autor destaca que o "equilíbrio interno" e a "saúde psicológica valia tanto quanto, ou até mais, que a física" como escudo contra a desordem externa. Explique o conceito de Resiliência Social e como a manutenção da lucidez mental e do equilíbrio interno pode ser vista como uma forma de resistência individual contra as pressões e o pânico gerados por uma crise coletiva.

3. O Medo como Instrumento de Opressão do Poder: O texto aborda a "relação entre o medo e o poder", afirmando que "o mais forte [...] tende a oprimir o mais fraco para conservar o controle". Discuta como as instituições (Estado, mídia, grupos políticos) podem utilizar o medo de uma ameaça (como o "Lobovírus") como uma estratégia de controle social e político, justificando a restrição de liberdades ou a adoção de medidas que beneficiam o "mais forte".

4. A Ambiguidade da Vulnerabilidade do Poder: O texto afirma que a pandemia revelou não só a vulnerabilidade dos indivíduos, mas também a do "próprio poder que tenta contê-los". Analise a vulnerabilidade das Estruturas de Poder em momentos de crise global. Por que a incapacidade de um sistema político ou econômico de garantir segurança total pode levar o "poderoso" a intensificar a opressão por medo, ao invés de buscar soluções cooperativas?

5. Sobrevivência e o Conceito de Resistência: O autor conclui que a "sobrevivência não é sinônimo de vitória, mas de resistência". Diferencie os termos Sobrevivência e Resistência no contexto de uma crise social. Por que a resistência — a permanência "inteiro diante dele" (do lobo/vírus) — é considerada a "verdadeira purificação", em vez da simples vitória ou escape?

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A VIDA SUPLICA POR REFLEXÃO: A Permanência na Mudança e a Resistência da Fé (" QUEM VAI, LEVA O NORTE; QUEM FICA, SUPLICA. DOR... NÃO ME CONFORTE." — Oscar de Jesus Klemz)

 


A VIDA SUPLICA POR REFLEXÃO: A Permanência na Mudança e a Resistência da Fé (" QUEM VAI, LEVA O NORTE; QUEM FICA, SUPLICA. DOR... NÃO ME CONFORTE." — Oscar de Jesus Klemz)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Não se trata mais de quarentena, mas de um distanciamento social permanente — um verdadeiro buraco negro na vida de qualquer um. As mudanças, mesmo que motivadas por politicagem, tornaram-se inevitáveis, embora nem toda transformação seja intrinsecamente benéfica. Aprendi a aceitá-las com modéstia e estratégia, evitando provocar mais complicações em um cenário já conturbado. A vida prossegue, protegida por uma fé persistente, e quem esperou até agora pela morte sabe que alguns dias a mais são irrelevantes. O fundamental é não tropeçar perto da linha de chegada, como um atleta exausto que desfalece no último metro.

As medidas preventivas implementadas trouxeram um rigor que, muitas vezes, parece desproporcional aos resultados efetivos. É imperativo ter disciplina, mas também discernimento, para evitar que o medo nos converta em prisioneiros do próprio lar. O caos, por mais paradoxal que seja, possui sua própria lógica, e dele podem emergir novas formas de ordem e aprendizado. A prudência é necessária, mas não deve de forma alguma sufocar a vontade de viver.

O acúmulo de tarefas e a sensação de improdutividade pesam sobre a rotina, e a internet, embora útil, jamais substituirá a complexidade do mundo real. Contudo, recuso-me a ceder à aflição. Lembro-me das palavras de Vicente Jolvino: “Se as coisas não estão tão boas, talvez seja porque a vida suplica por um pouco mais de reflexão.” É nessa pausa forçada que encontro refúgio, buscando sentido no próprio desconforto.

Creio que as soluções virão, como sempre vieram, conduzidas por forças que se alternam entre o divino e o humano. Que os anjos inspirem e que até os demônios colaborem, se necessário, para que o mal se converta em bem. Afinal, é nas contradições do existir que se manifesta a verdadeira capacidade humana de resistência e reinvenção.


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Como professor de Sociologia do Ensino Médio, fiz neste texto uma análise profunda sobre os efeitos sociais da crise, a mudança e a redefinição de ordem em um contexto de incerteza. Abaixo estão 5 questões discursivas, simples e objetivas, que incentivam os alunos a aplicar conceitos sociológicos às ideias de seu texto:

1. A Mudança Social e o Papel da "Politicagem": O texto observa que as mudanças, mesmo quando inevitáveis, podem ser "motivadas por politicagem". Analise o conceito sociológico de mudança social e discuta como a intervenção política e os interesses de grupos de poder (a "politicagem") podem distorcer ou acelerar transformações sociais, em vez de refletir um consenso ou uma necessidade genuína da sociedade.

2. Disciplina, Medo e Controle Social: As "medidas preventivas" impuseram um "rigor" que pode levar ao confinamento e ao medo, transformando as pessoas em "prisioneiros do próprio lar". Relacione essa ideia com o conceito de Controle Social (formal e informal). Como o medo de uma ameaça invisível pode ser utilizado para gerar uma disciplina social que, em excesso, limita a liberdade e o discernimento individual?

3. O Paradoxo do Caos e a Nova Ordem: O autor afirma que o "caos (...) possui sua própria lógica" e que dele podem "emergir novas formas de ordem e aprendizado". Discuta o pensamento sociológico sobre a relação entre caos (ou anomia) e a reorganização social. Cite um exemplo histórico ou contemporâneo de como uma crise ou desordem (caos) forçou a sociedade a criar novas instituições, normas ou formas de convivência (nova ordem).

4. O Sentido de Comunidade e o "Distanciamento Social Permanente": O "distanciamento social permanente" é descrito como um "buraco negro". Em termos sociológicos, qual o impacto desse distanciamento prolongado na solidariedade social (mecanismos que unem os indivíduos)? Como a falta de interação física e o excesso de mediação digital afetam a formação do sentido de comunidade e de pertencimento?

5. A Internet e a Complexidade do Mundo Real (Interação Social): O texto menciona que a internet é útil, mas "jamais substituirá a complexidade do mundo real". Explique por que, do ponto de vista da Teoria da Interação Social (como a interacionismo simbólico), a comunicação face a face é considerada insubstituível. Quais elementos da interação (gestos, expressões não verbais, etc.) se perdem no ambiente digital e diminuem a "complexidade" do convívio?

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sábado, 22 de outubro de 2022

RUGAS: MAPAS DA VIDA, DOENÇA DA VIDA ("Mato-me como o recém-nato que não chora, sabendo o destino que o espera; pequeno, enrugado e nu." — Heitor Nunes)

 


RUGAS: MAPAS DA VIDA, DOENÇA DA VIDA ("Mato-me como o recém-nato que não chora, sabendo o destino que o espera; pequeno, enrugado e nu." — Heitor Nunes)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Ontem, enquanto me olhava no espelho, as rugas em meu rosto pareciam ter se aprofundado de repente. Cada linha, uma história; cada vinco, uma lembrança. Observei atentamente, pensando: será que alguém ainda se importa em ouvir essas histórias?

Neste mundo acelerado, onde a juventude é venerada e a velhice temida, sinto-me como um personagem deslocado, quase uma relíquia viva. Não sou um zumbi, embora às vezes o olhar dos outros me faça sentir assim. Sou apenas um idoso, com a pele marcada pelo tempo e os olhos cansados de ver tantas mudanças, lutando para manter minha humanidade em um mundo que parece cada vez mais disposto a nos ver como números em uma planilha.

As campanhas de vacinação chegam como ondas incessantes. "Vacinem-se!", gritam os cartazes, e lá vou eu, obediente, estendendo o braço para mais uma dose. Por vezes, brinco que vou virar um jacaré de casca grossa de tanto me vacinar. O humor se tornou minha defesa contra o medo do desconhecido e a sensação crescente de que estamos sendo preparados para algo que não compreendemos totalmente.

Reflito sobre o valor que a sociedade nos atribui. É irônico que existam ONGs para proteger ratos de laboratório, mas quem se levanta para proteger a dignidade dos idosos? Nossas rugas não são uma doença a ser curada; são marcas de uma vida vivida, mapas de nossas jornadas. Voltamos a ser como crianças em muitos aspectos - dependentes e vulneráveis - mas sem a promessa de um futuro longo pela frente e, muitas vezes, sem o mesmo amor e cuidado dedicados aos pequenos.

Em filmes e livros, os zumbis são eliminados para proteger os "normais". Que analogia assustadora! Temo que um dia, nós, os idosos "inconvenientes", sejamos tratados com a mesma indiferença. Não necessariamente com violência física, mas com negligência ou sendo submetidos a experimentos médicos questionáveis, transformados em cobaias involuntárias de uma sociedade obcecada com a juventude e o controle populacional.

Ouço sussurros sobre o alto custo dos cuidados com os idosos, como se nossa existência fosse um fardo econômico. "Já viveram o suficiente", dizem alguns. Mas quem tem o direito de definir o que é "suficiente" quando se trata de uma vida humana? Cada dia é precioso, cada respiração uma dádiva, cada momento uma oportunidade de conexão e significado.

Observo as crianças brincando no parque em frente à minha janela, seus risos ecoando como um lembrete de que a vida continua, se renova. Nasce-se mais do que se morre, graças a Deus, um fato que parece frustrar aqueles que desejam impor um controle rígido sobre a demografia. A vida, em sua exuberância, escapa por entre os dedos daqueles que tentam contê-la, como areia fina.

As vacinas e remédios são caros, é verdade. Mas como mensurar o valor de uma vida? Dos sorrisos trocados entre avós e netos, das histórias passadas de geração em geração? Há algo que não compreendo nessa pressa de nos "preservar" com tanta veemência. Será genuína preocupação ou existe uma agenda mais obscura por trás dessas ações?

Ao fim do dia, sentado em minha poltrona favorita, contemplo o pôr do sol. As cores vibrantes pintam o céu, um espetáculo que me lembra da beleza que ainda existe no mundo, apesar de tudo. Penso em todos nós, jovens e velhos, como peças essenciais de um grande quebra-cabeça cósmico. Cada um tem seu lugar, seu valor intrínseco.

Que possamos aprender a respeitar e celebrar cada fase da vida, valorizar a sabedoria que vem com a idade tanto quanto a energia da juventude. Pois, no final, somos todos humanos, caminhando juntos nesta jornada chamada vida. Nossas rugas não são sinais de uma transformação em criaturas desumanas, mas testemunhas de nossa humanidade vivida e sentida intensamente.

As rugas podem nunca desaparecer, mas a alma permanece intacta, resistindo a qualquer tentativa de desumanização. Enquanto houver vida, haverá luta - luta para sermos vistos, ouvidos e tratados como seres humanos plenos. Não somos zumbis nem jacarés; somos pessoas que viveram o suficiente para merecer respeito, não medo ou indiferença.

Esta é a lição que espero deixar para aqueles que ainda têm a pele lisa e sem marcas: as rugas são sinais de vida, não de morte. São mapas de experiências, não símbolos de extinção. Que cada ruga, cada marca, cada história seja honrada e ouvida, pois nelas reside a verdadeira riqueza da existência humana.

Duas questões discursivas sobre o texto:

De que forma a sociedade atual trata os idosos e como essa visão impacta a qualidade de vida e a dignidade dessas pessoas?

Qual a importância de valorizar a experiência e a sabedoria dos idosos e como podemos construir uma sociedade mais justa e inclusiva para todas as idades?

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sexta-feira, 21 de outubro de 2022

QUEM RESPEITA MERECE RESPEITO: O Respeito como Pilar da Ética e da Educação ("O respeito pelos pais só resiste enquanto os pais respeitem o interesse dos filhos." — Raul Brandão)

 


QUEM RESPEITA MERECE RESPEITO: O Respeito como Pilar da Ética e da Educação ("O respeito pelos pais só resiste enquanto os pais respeitem o interesse dos filhos." — Raul Brandão)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Para os alunos que creem que lhes mendigo respeito ou que minhas correções são meras pirraças, digo: obediência forçada não é virtude. Meu objetivo não é a submissão, mas a atenção, focada no próprio processo de aprendizagem. O respeito verdadeiro não se impõe; ele emerge do reconhecimento mútuo e da consciência de que a sala de aula é um espaço de construção compartilhada. Se o lar não incutiu o valor da escuta, a escola não pode substituir essa falha, pois a educação familiar constitui o primeiro alicerce da convivência ética.

Creio que o céu não é feito de respeitados, mas sim de respeitadores. Eu respeito as pessoas não pelo que são ou pelo que me oferecem, mas sim pelo que sou. Estendo esse respeito a um mendigo, uma prostituta, um ladrão, um animal ou um homossexual, pois o respeito é uma expressão do caráter, não de um julgamento de valor. O oposto disso é o orgulho, o mesmo sentimento que impediu Lúcifer de reverenciar o Criador. Quem falha em respeitar revela uma natureza endurecida, incapaz de reconhecer o valor da alteridade e, consequentemente, de evoluir espiritualmente.

O respeito é, antes de tudo, um dom divino. O próprio Deus, Criador de todas as coisas, respeita Suas criaturas, concedendo-lhes liberdade e dignidade. É dessa fonte que busco aprender: saber respeitar é compreender a sacralidade da existência alheia. Por isso, não me preocupa ser respeitado pelos homens, mas sim manter viva a relação de respeito que cultivo com Deus, pois dela deriva a serenidade que me sustenta diante das incompreensões.

Não há pecado mais vergonhoso do que trair a confiança de quem acredita em nós. Talvez essa deslealdade seja a raiz do distanciamento entre professores e alunos: a perda da fé mútua. Quando o professor é visto como inimigo e o aluno como ameaça, o aprendizado cessa. O medo e a desconfiança substituem o diálogo, e a educação, que deveria ser libertadora, transforma-se em um campo de batalha. O provérbio popular diz que “Gato escaldado tem medo de água fria” — contudo, com base na verdade e no respeito, o calor do aprendizado pode, novamente, aquecer até os corações mais desconfiados.


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Atuando como professor de Sociologia do Ensino Médio, preparei 5 questões discursivas e simples, focadas nas ideias de ética, convivência, autoridade e construção do respeito mútuo, conforme abordado no meu texto acima.

1. Respeito Mútuo vs. Autoridade Impositiva: O texto afirma que "obediência forçada não é virtude" e que o respeito "emerge do reconhecimento mútuo". Discuta como a Sociologia da Educação diferencia a autoridade pedagógica legítima (baseada no reconhecimento) da autoridade coercitiva (baseada na submissão). Por que o autor vê a primeira como essencial para o aprendizado e a segunda como ineficaz?

2. A Escola e o "Primeiro Alicerce" da Convivência: O autor menciona que "a educação familiar constitui o primeiro alicerce da convivência ética" e que a escola não pode substituir a falha do lar. Analise, do ponto de vista sociológico, a função da família (agente primário de socialização) e a função da escola (agente secundário) na formação moral e cívica do indivíduo.

3. O Respeito como Expressão do Caráter e a Alteridade: O texto defende que o respeito é uma "expressão do caráter, não de um julgamento de valor", e deve ser estendido a todos, independentemente do status social (mendigo, prostituta, etc.). Explique o conceito sociológico de Alteridade e como essa visão de respeito incondicional contribui para a construção de uma sociedade mais inclusiva e menos hierarquizada.

4. Orgulho e Hierarquia Social (Referência a Lúcifer): O autor usa a figura de Lúcifer para exemplificar o orgulho, oposto ao respeito. Embora a analogia seja teológica, o orgulho possui um reflexo sociológico. Discuta como o orgulho de classe, de status ou de conhecimento (o oposto do reconhecimento mútuo) pode minar as relações de diálogo e confiança, transformando o ambiente social ou escolar em um espaço de disputa e hostilidade.

5. A Desconfiança Mútua e a "Traição da Confiança": O texto sugere que a "perda da fé mútua" e a "traição da confiança" entre professor e aluno transformam a educação em um "campo de batalha". Explique como a confiança é um capital social essencial para a eficácia das instituições e das interações sociais. Quais são as consequências de longo prazo para a sociedade quando as relações de ensino-aprendizagem são dominadas pelo medo e pela desconfiança?

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AUXÍLIO EMERGENCIAL, DIGNIDADE JÁ! ("O poder não corrompe os homens; mas os tolos, se eles adquirem uma posição de poder, eles a corrompem." — George Bernard Shaw)

 


AUXÍLIO EMERGENCIAL, DIGNIDADE JÁ! ("O poder não corrompe os homens; mas os tolos, se eles adquirem uma posição de poder, eles a corrompem." — George Bernard Shaw)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Em meio à cacofonia de vozes que ecoam pelos corredores da escola, encontro-me refletindo sobre a complexidade da educação. Sou professor, um papel que muitos veem como um farol de sabedoria, mas que, na realidade, é um equilíbrio delicado entre a disseminação do conhecimento e a manutenção da ordem.

Nem todos os professores desejam saber o certo para disseminá-lo. Alguns, infelizmente, preferem seguir o caminho da conveniente maioria para garantir seu emprego, caindo na graça do alunado. O amor à política partidária estende um véu sobre suas mentes, e eles continuam de alma escondida, xingando o presidente sem medir as consequências atribuídas por quem o instituiu líder da nação e ainda espera um bom funcionamento da "máquina".

As normas desvirtuam-se quando particularizadas, e isso mete medo em qualquer um. Eles são esquerda em relação ao macro e direita no micro. A medição de força leva à normatização em função do domínio das mentes dos mais simples, fazendo-os subalternos gratuitos.

Quem me deu uma cesta básica, com a intenção de ajudar, também me condenou como miserável e despertou meu desejo de desforra, encurtando meu caminho e me viciando nos muitos motivos para validar minha gratidão. "Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia". Quem transcreveu essa frase atribuída a Jesus Cristo não pensou que quem vive de misericórdia não tem dignidade e precisa sair desse estado! Ou esta é a vontade de Deus, visto que os do céu estarão ali sem dignidade alguma somente pelos méritos de Jesus!

Nesta crônica de minha vida como educador, percebo que a verdadeira sabedoria não reside em seguir cegamente as normas, mas em questioná-las, em buscar a justiça, em lutar pela dignidade de cada aluno. Afinal, a educação não é apenas sobre ensinar fatos, mas sobre formar cidadãos conscientes e empáticos. E, no final do dia, mesmo diante das adversidades, eu continuo acreditando na possibilidade de mudança, na força da educação para transformar vidas. Porque, como disse Nelson Mandela, "a educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo".

ALINHAMENTO CONSTRUTIVO

1. O Papel do Professor Entre a Transmissão de Conhecimento e a Manutenção da Ordem:

O texto apresenta a complexa realidade do professor, dividido entre a missão de transmitir conhecimento e a necessidade de manter a ordem em sala de aula. Como a sociologia pode nos auxiliar a compreender essa dicotomia, considerando as diferentes expectativas da sociedade, as características dos alunos e as relações de poder na escola?

2. A Influência da Política na Educação:

O autor critica a postura de alguns professores que se baseiam em suas preferências políticas ao invés de buscar o conhecimento e a verdade. Como a sociologia pode nos ajudar a analisar a relação entre a política e a educação, considerando a importância da neutralidade política no ambiente escolar e a formação crítica dos alunos?

3. Normas, Poder e Subalternidade:

O texto destaca a deturpação das normas e a utilização do poder para subjugar os mais simples. Como a sociologia pode nos auxiliar a compreender a relação entre normas, poder e subalternidade na escola, considerando as diferentes classes sociais, os mecanismos de controle e a luta por igualdade?

4. Misericórdia, Dignidade e o Papel da Educação:

O autor questiona a ideia de que a misericórdia leva à falta de dignidade e defende a busca pela justiça e pela emancipação dos alunos. Como a sociologia pode nos ajudar a analisar a relação entre caridade, educação e transformação social, considerando os princípios de justiça social, autonomia e empoderamento dos indivíduos?

5. Educação para a Transformação Social:

O autor reitera a importância da educação para a formação de cidadãos conscientes e empáticos, capazes de transformar a sociedade. Como a sociologia pode nos auxiliar a compreender o papel da educação na construção de uma sociedade mais justa, igualitária e sustentável, considerando os desafios contemporâneos e as potencialidades da educação como ferramenta de mudança?

Bônus:

A Evolução do Papel da Educação ao Longo da História:

Realize uma análise sociológica da evolução do papel da educação ao longo da história. Como as mudanças sociais, as lutas por direitos, as diferentes correntes de pensamento e as descobertas científicas influenciaram o papel da educação em diferentes épocas e culturas? Quais os desafios e as oportunidades que a educação enfrenta na sociedade contemporânea?