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domingo, 5 de julho de 2009

Sábado Letivo ou Letal? (TCE – “Tecido Com Escórias”)

Crônica

Sábado Letivo ou Letal? (TCE – “Tecido Com Escórias”)

domingo, 5 de julho de 2009
Por Claudeci Ferreira de Andrade

     Legitima-se e justifica-se o sábado como dia letivo apenas porque se discute em grupo qualquer assunto da escola? Qual aluno frequentaria uma reunião dessas, num sábado, para torná-la  legalmente letiva, sem lhe dar muitos pontinhos na nota? Porém, os professores não ganham nada a mais! Chamam-na de parada pedagógica, outros preferem, de TCE (trabalho coletivo escolar). Contudo, chamem-na do que quiserem; não passa de uma confluência para fazer faxina nas dependências da unidade escolar; quando não, para dar atenção às diferenças pessoais e se acrescentam alguns informes locais, que nem precisavam ser transmitidos lá. Muitos preferem chamá-la, por isso, de “lavação de roupa suja”. Eu gostaria que o sábado fosse o dia de descanso, como diz a Bíblia Sagrada: “Lembra-te do dia de sábado para santificá-lo. Trabalharás durante seis dias, e farás todas as tuas obras. O sétimo dia, porém, é o sábado de Iahweh, teu Deus. Não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu animal, nem o estrangeiro que está nas tuas portas. Porque em seis dias Iahweh fez o céu, a terra, o mar e tudo o que eles contêm, mas repousou no sétimo dia: por isso Iahweh abençoou o dia de sábado e o santificou.” (Ex. 20:8-11 BJ). Como se fazia melhor educação com 180 dias letivos no ano e 5 aulas de 45 minutos por período sem profanar o Dia do Senhor!

     Muitos educadores detestam este fardo: ter que ir à escola no dia de sábado, e a choradeira aumenta quando, faltando, o ponto é cortado, tiram do seu mísero salário! Mas, para evitar esse transtorno, quem precisa faltar contrata até substituto para assegurar sua presença mesmo a distância. Que contribuição daria um professor substituto para o enriquecimento dos temas tratados ali, se ele está completamente descontextualizado? Outros vão a fim de ser aceitos e amados. Esforçam-se em dar significativas contribuições para que seus chefes fiquem contentes. Sentem que devem ser engraçados ou de boa aparência a fim de que sejam reconhecidos. Sabem que seu diretor aprecia se tiver bom comportamento na reunião. Mas, e as ferramentas que precisam ser amoladas para o trabalho produtivo e eficiente da sala de aula nos dias "úteis"? O problema se avoluma quando, após um encontro desses, refletimos e nos deparamos com a triste realidade que uma manhã toda de “trabalhos” não nos acrescentou nada profissionalmente, apenas se foi a vitalidade intelectual! É como já disse Luís de Camões: "O fraco rei faz fraca a forte gente".
     De alguns anos para cá, tenho chegado à crua conclusão de que em vez de tentarmos manter só a aparência, que é inútil, quando contemplamos as reais necessidades da educação pública, deveríamos crescer de fato, procurando o conhecimento casado com a experiência que gera qualidade. Esse tal sábado letivo mina o pouco tempo que o professor tem para estudar e se revigorar! Penso que haveria muito menos professores e funcionários da educação desanimados se tivessem essa coerência. É isto que direciona a educação para a vida: importar-se mais com a quantidade  que com  a qualidade?
         Dessas reuniões pedagógicas só o coordenador sai feliz, de alma lavada, ninguém mais! E se não comparecer ao tal TCE, o ofício circular da Secretaria de Educação, nº 012/2010 - Gegeder/Codesal diz o que vai acontecer: "5. O servidor que faltar ao trabalho coletivo sem justa causa, terá perda de vencimentos referente a 5 (cinco) horas-aula para o professor, 5 horas relógio para o técnico administrativo educacional." Que Deus tenha misericórdia de nós!
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 20/08/2009
Código do texto: T1765070


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Comentários

2 comentários:

POETA ALMÁQUIO BASTOS disse...

Professor amigo, a questão, por você colocada, em SÁBADO LETIVO OU LETAL? é apenas uma amostra (infelizmente) que como são tomadas as decisões nas áreas prioritárias da sociedade, isto é, saúde, educação e segurança. Reúnem-se em gabinetes e alheios, alheios, tomam decisões e cafés com a mesma seriedade, fazendo-dos engolir projetos-porcarias que não resolvem o problema. Hoje sou servidor público na área da Segurança (polícia Civil) onde ingressei através de concurso público, mas sou egresso da Secretária de Educação, cujo ingresso também foi via concurso público, por isso me arvoro em comentar seu artigo. Enquanto perdurar a cultura do faz-de-conta, resta-nos (a mim, a você e a muitos outros que resistem) continuar essa luta (aparentemente inglória) por meio das palavras. A tentativa de fazer a diferença em nosso nicho é uma nesga de luz que desafia o breu da caverna. Abraços e Boa sorte.

Claudia Correa disse...

Boa noite! adorei a sua postagem,esse sábado letal não acrescento em nada e é verdadeiro "enrolation" para contentar alguns e aborrecer a muitos!