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sábado, 10 de abril de 2010

HOMENS COMO ÁRVORES (Estou tirando a “casquinha” de quem para resolver meu problema?)




Crônica

HOMENS COMO ÁRVORES (Estou tirando a “casquinha” de quem para resolver meu problema?)

sábado, 10 de abril de 2010
Por Claudeci Ferreira de Andrade

       No colégio, contemplei uma forma de poder diferente do poder do professor, da coordenadora, da secretária; a meu ver, cruel e passional! A agente de limpeza, com uma faca na mão, roletava de fora a fora a casca do tronco de uma árvore a qual enfeitava a área verde do pátio. Já faz alguns meses, mas é ali, onde ainda tranco minha bicicleta com a certeza de que estaria protegida dos malfeitores, misturados com nossos alunos, porém já prevejo a perda de meu apoio, madeira apodrece rápido e ela já está muito seca.
       — "A árvore derrubava muitas folhas, dava trabalho varrer!" Essa foi a plausível justificativa, todavia como cada crime tem suas fabulosas justificativas, esta, além disso, é uma evidência de abuso de poder e de legislação em causa própria.
       O grito de dor daquela árvore, no momento do esfolamento fatal, não foi ouvido, mesmo tendo muitos espectadores, entretanto ecoa até hoje! Soaram vocativos estridentes ao coração incessível! E como não pude deter aquela “educadora” em seu ritual macabro, pois estava com a consciência amortecida pela a visão unilateral certa de que estava resolvendo o seu problema, agora apanho aqueles gritos, encorporo ao meu, e o levo até mais longe: o mundo das ideias.
       Como formar uma consciência ecológica, no seio da Instituição de Ensino, se há o visível  testemunho daquela madeira seca com a cicatriz em forma de uma cintura sem reparo, contradizendo qualquer coisa nobre? E logo, teremos só resto de um tronco podre, e finalmente um vazio! Por que 
ainda não a tiraram e já plantaram outra no lugar? São tantos os questionamentos sugeridos por aqueles beneficiados da sombra da outrora frondosa árvore! O que dizem os pássaros, os insetos, os líquens e a biodiversidade! Porém, um não pode calar! Será se todos os agentes, e até de outros setores da educação, usam o mesmo princípio, assim, resolvendo os seus problemas? Onde a tal funcionária aprendeu aquele procedimento? Compreendo quando um caçador de coelho acuado por um bicho grande atira em todas as direções, ferindo as árvores e até o pé dele mesmo. Sobretudo não compreendo até que ponto pode ir um funcionário para agradar o patrão!
       Dessa vez, foi só a casca, mesmo assim foi o suficiente para todo bom leitor da cena de então, imaginar uma bicicleta, instrumento ecologicamente correto, se apoiando em uma árvore seca de tronco escoriado, também paradoxal! Precisamos entender um fato: “tirar o couro” leva a óbito. Estou tirando a “casquinha” de quem a fim de resolver meu problema? Não gostaria de ser taxado de criminoso por incriminar o destruidor de árvore. O poder usado nessa forma de viver não é natural, é como diz o provérbio Árabe: “A árvore quando está sendo cortada, observa com tristeza que o cabo do machado é de madeira”. E eu quero fazer minhas as palavras de Tom Jobim: “Quando uma árvore é cortada ela renasce em outro lugar. Quando eu morrer quero ir para esse lugar, onde as árvores vivem em paz.”
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 10/04/2010
Código do texto: T2188867

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