

UM PEDIDO À MORTE OU À VIDA? (“Qualquer idiota consegue ser jovem. É preciso muito talento pra envelhecer.” Millôr Fernandes)
sexta-feira, 2 de abril de 2010
Por Claudeci Ferreira de Andrade
O revelia da discriminação é paradoxal demais! Ou só ironicamente cruel: Vivemos num mundo de velhos com qualidade de vida! É muito ou quer mais!? Qualidade aqui é um eufemismo que sofreu o mesmo desgaste da palavra especial para facilitar a inclusão social (A longevidade do brasileiro subiu para 74,9 anos em média!) Tudo bem, mas velho é velho e tem tudo geriátrico!
O sinestésico de tudo isso é que eu gosto mais da juventude dos jovens do que eles mesmos gostam dela! É como os negros reduzindo suas competências em contas dos programas sociais. O maior problema é que meu corpo não me ajuda! Amolece e decai, parecendo-me tomar a forma do recipiente! Sendo assim, apenas me refugio nas palavras de Cecília Meireles: "Quanto mais me despedaço, mais fico inteira e serena." Eu Creio ser mais difícil para morte fazer-me sofrer. Pois, para destruir um ser calejado não basta cortes violentos, o sangue está profundo. Mas o senso comum insiste: "Quando de jovem não morre, de velho não escapa"! Esse é um lugar comum nos falando da certeza da morte, porém nos fala também do cansaço dela, de sua ação não condizente com a sua própria intensa fome e sede de matar. Se matar um jovem é muita crueldade; matar um velho é desperdício de munição! Que continue nos matando indistintamente, heroína malquista! Em meus desesperos não sei se estou pedindo à morte que venha logo para me aliviar dos sofrimentos ou à vida para retirá-los levando-me junto! "O pior não é morrer, mas ter de desejar a morte e não conseguir obtê-la." (Sófocles).
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 02/04/2010
Código do texto: T2172855
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Um comentário:
gostei do teu blog! Compartilho de muitas de suas ideias.
Que tal uma crônica sobre professores agressivos. Tenho a matéria prima.
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