"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

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MINHAS PÉROLAS

⁠"TÁ TODO MUNDO LOUCO, OBA!"("O gênio, o crime e a loucura provêm, por igual, de uma anormalidade; representam, de diferentes maneiras, uma inadaptabilidade ao meio." — Fernando Pessoa)
Relendo as relações síncronas e assíncronas com docentes e discentes em tempos de distanciamento social. Tudo é pandêmico, nada mudou, continuam me taxando de louco; visto que até o Bolsonaro, que esquerdistas chamam de louco, a maioria dos loucos chama-o de Mito, então estou no lucro. Pois, se me nego a dar dinheiro para as vaquinhas virtuais da escola é porque lá se faz vaquinha demais. Parece-me que os organizadores de tais agravos lucram mais. Contudo, continuarei travando minha guerra branca, combatendo o assédio moral! Então, xingam-me dos mesmos palavrões que me chamavam na igreja por sonegar o Dízimo: "Mão de vaca" é o que me dói mais, porque tem vaca no meio, esse animal que tenho medo: "O medo tem alguma utilidade, mas a covardia não" — (Mahatma Gandhi). Aqui justifico as relações docentes e discentes: Na minha loucura, não entendo a razão de qualquer crápula matricular-se na escola pública, baseado apenas no histórico escolar. Um histórico que não consta o perfil moral e de personalidade. Uma vez incluso, o credenciado já se sente no direito de humilhar um doutor ou um mestre. Nessa tendência sofre um graduado igualmente a um mestrado ou doutorado, basta levar o estigma de professor. Uma coisa entendo o porquê do aluno indisciplinado, irresponsável e desrespeitoso continuar assim em nosso meio, é que no Brasil, bandido tem problemas mentais, políticos corruptos têm problemas mentais, as vítimas têm problemas mentais também. E a religião doida, cheia de puritano, fingindo de bonzinho e fanáticos fabricam mais... Já que é assim, por que não posso fingir de louco para autorizar minha falsa moralidade? Jesus versus Barrabás, o desfecho dessa relação revela problemas mentais? Você que é normal; veja se é normal, um aluno pedir permissão, para ir ao banheiro como se fosse educado, ele quer ouvir o "não" que não ouve em casa, mas lhe digo "sim" para martiriza-lo. A coordenadora também o atormenta, obrigando-o de volta à sala, onde não quer ficar: martirizado e atormentado. Quando você age incoerentemente, deduz-se que os outros são idiotas e você é louco!(CiFA

Claudeci Ferreira de Andrade

sábado, 12 de maio de 2012

MODULAÇÃO TEMPORÃ ("Quando não encontramos o repouso em nós próprios, é inútil ir procurá-lo noutro lado". François La Rochefoucauld)



Crônica

MODULAÇÃO TEMPORÃ ("Quando não encontramos o repouso em nós próprios, é inútil ir procurá-lo noutro lado". François La Rochefoucauld)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

No limiar de cada ano letivo, sou testemunha e vítima de um espetáculo que se desenrola nos colégios estaduais, uma espécie de ringue onde os professores travam uma batalha silenciosa e ora estridente, garantindo sua carga de aula, que, mais do que uma mera estatística, representa a luta pela manutenção do padrão de vida. Em meu retorno do recesso do final de ano, vejo esses atores profissionais e concursados se embrenhando na disputa pelo número mágico de aulas — seja ele 20, 30, ou 40 —, tudo em busca do tão desejado salário. E se preferir carga mínima, terá que justificar com documentos mil.

Nessa encenação da vida real, percebo que os critérios para a distribuição de aulas variam a cada ano, envoltos na teia complexa da política do grupo gestor, em que apadrinhamento, vinganças e o medo de denúncias delineiam as regras do jogo. Na ciranda de aulas voláteis, até mesmo os "veteranos de casa" se submetem a ministrar disciplinas que pouco se alinham com sua formação original. Pedagogos, por exemplo, se aventuram no Ensino Médio, lecionando desde Filosofia até Sociologia, enquanto encaram a difícil tarefa de administrar 32 diários de classe.

A ironia da situação revela-se na chamada "Pré-Modulação", um processo que se inicia em janeiro, perdura ao longo do ano, e colhe os frutos amargos das decisões precipitadas. O que deveria ser um período de descanso para os professores, no entanto, transforma-se em um interregno tenso e incerto. Enquanto outros trabalhadores de outras profissões se afastam para suas férias com a certeza de um retorno seguro ao mesmo posto, os educadores, em seu recesso, são assombrados por uma pergunta perturbadora: "O que será da minha vida quando eu voltar ao trabalho?"

Assim, o recesso docente de final de ano letivo e férias se tornam uma espécie de suspense angustiante, no qual os professores, ainda em seus dias de descanso, ligam para a secretaria da escola, buscando desesperadamente suas aulas. Este ritual força uma pré-modulação, uma distribuição de aulas fora de época que, inevitavelmente, será refeita devido à imprecisão. Eu, porém, vejo esse processo como um desperdício remunerado de esforços, provando que o fruto forçado a amadurecer cedo demais inevitavelmente apodrece antes do tempo.

Por que deveríamos acreditar em um apagão na educação se há professor demais e aula de menos? A resposta não reside na escassez de professores, mas na precariedade de um sistema que desperdiça talentos, submete educadores a um jogo desgastante e, no final, compromete a qualidade do ensino. O ciclo se repete, e a dança anual pela carga horária revela-se não apenas como uma questão de números, mas como um reflexo mais amplo das mazelas de um sistema educacional em descompasso. A verdade é que, enquanto alguns lutam por suas aulinhas, a educação como um todo corre o risco de se perder nos descaminhos de uma pré-modulação desgastante e desencontrada para atender as preferências por conveniência dos privilegiados.

Por isso que não quis pegar aula. Formei-me em Letras, por paixão. Pretendo fazer uma Pós de Literatura e Crítica Literária. Acho mais minha cara. Sou apaixonado pelas palavras, letras, literatura. Mas não para ficar dessa forma. Um ótimo texto! O pior é que tem professor demais - talvez -, porém, o governo e prefeito sempre abre vagas para substituto e nunca conseguem preenchê-las pois muitos desistem no meio do caminho. Abraço do Gonçalves.


Um comentário:

Calixtoquimica disse...

Claudeci que texto maravilhoso, lembro de nossas conversas memoráveis, enquanto voltávamos das aulas na UFG, nos apertados ônibus do Itatia.
Você, como sempre, um grande crítico e que o faz com mestria e assertividade.