"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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MINHAS PÉROLAS

Toda vítima tem um quê de culpa, não pode denunciar a si mesma de propósito.É sempre um terceiro o delator cruel:Aquém do bem.
Claudeci Ferreira de Andrade

sábado, 26 de setembro de 2015

NAVEGANDO PELAS BRECHAS ("hoje sei que dá pra renascer várias vezes nesta mesma vida. Basta desaprender o receio de mudar." — Martha Medeiros)


Crônica

NAVEGANDO PELAS BRECHAS ("hoje sei que dá pra renascer várias vezes nesta mesma vida. Basta desaprender o receio de mudar." — Martha Medeiros)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Era uma tarde de segunda-feira quando me sentei na sala dos professores, exausto após uma aula caótica. Olhando para o café frio esquecido pela manhã, decidi desabafar no papel as frustrações acumuladas ao longo dos anos:

"Hoje, descobri uma nova tática dos alunos" — comecei a escrever — "Como advogados espertos, eles exploram as brechas a seu favor, tumultuam a porta da sala na esperança de que a coordenadora me repreenda. Foi o que um aluno do oitavo ano, com um sorriso malicioso, jogou na minha cara."

Respirei fundo, lembrando-me dos meus ideais iniciais, agora tão distantes. "Frustrado, tento justificar meu trabalho focando nos poucos que ainda querem aprender. Mas e os outros? Os que buscam apenas atenção ou estão ali por obrigação? Sou professor de Língua Portuguesa, não psicólogo, embora, às vezes, sinto-me como se precisasse ser ambos."

As memórias se misturavam. "É um constante 'psiu' para cá, um 'oba-oba' para lá. No sétimo ano, vejo papéis voando e alunos passeando como se estivessem num parque. Eles testam meus limites, abusam da minha paciência. Peço bom comportamento a cada minuto, mas parece em vão."

Refleti sobre o "domínio de classe" tão valorizado. "Será que dominar é dizer sempre 'não'? Ou há poder em saber quando dizer 'sim'? Busco um equilíbrio, mas me sinto como um palhaço, falando para cadeiras ocupadas por mentes ausentes. Não posso corrigi-los em público sem enfrentar sua ira coletiva. Uma vez, quase fui agredido por comentar sobre uma caligrafia ilegível."

Pensei nas palavras de Edmund Burke: "Todos os opressores atribuem a frustração dos seus desejos à falta de rigor suficiente." Seria eu o opressor ou o oprimido? "Quem assume o controle dos outros paga o preço com sua própria escravidão," escrevi, "mas quem liberta os outros paga o preço com sua liberdade. Qual atitude é mais cara?"

Refleti sobre os alunos do ensino fundamental. "Eles almoçam correndo, chegam às 13h e saem no final da tarde sem saber explicar o que aconteceu nas aulas do dia. Bagunçam e competem para mostrar que sabem mais, jogando a culpa no professor. Não entendem que nunca se ensina adversários, mas parceiros. Ensinar é um ato de amor, aprender só é possível com respeito."

As palavras de Alice Walker ecoaram: "Não pode ser seu amigo quem exige seu silêncio." Acrescentei: "Não é meu amigo quem abafa minha voz ou me obriga a calar." Paradoxalmente, dou boas notas aos adversários, iludindo-os de bons, tornando-os heróis sem caráter, como Macunaíma.

A instituição exige altos índices de aprovação, como uma missão impossível. Todo mundo finge estar a favor da escola, mas até quando ela resistirá? As bênçãos e desgraças vêm do mesmo lugar, como diz em Lamentações 3:38.

Olhei para as páginas preenchidas, uma mistura de desabafo e reflexão. Apesar de tudo, ainda acredito na transformação pelo conhecimento. Fechei o caderno, prometendo continuar buscando maneiras de alcançar meus alunos, de fazer a diferença, mesmo que para apenas um deles.

Levantei-me, recolhendo minhas coisas. Amanhã será outro dia, outra chance. A luta continua, na esperança de que as sementes plantadas hoje floresçam em um futuro melhor. Afinal, como diria Macunaíma, "Ai, que preguiça!" Mas não posso me dar ao luxo de desistir. Seguimos navegando pelas brechas, tentando, com esforço e paciência, fazer a diferença em um sistema cheio de falhas.

Questões Discursivas:

1. O texto apresenta um desabafo de um professor de Língua Portuguesa sobre os desafios e frustrações do dia a dia na sala de aula. A partir da narrativa do professor, explore as principais dificuldades enfrentadas pelos docentes no contexto educacional atual. Quais são os principais fatores que contribuem para a indisciplina e a desmotivação dos alunos? De que forma a cultura escolar, a valorização excessiva por notas e a falta de apoio da família e da sociedade podem influenciar o trabalho do professor?

2. O professor reflete sobre o papel do professor e a busca por um "domínio de classe". A partir dessa perspectiva, discuta os diferentes métodos de ensino e gestão de sala de aula. É possível conciliar disciplina com respeito e autonomia dos alunos? Como o professor pode criar um ambiente de aprendizagem positivo e engajador,

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sábado, 5 de setembro de 2015

AS ÁGUAS VÃO ACABAR? ( O fim será, estocar vento e correr atrás do fogo)



Crônica

AS ÁGUAS VÃO ACABAR (CONOSCO)? ( O fim será, estocar vento e correr atrás do fogo)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Em um dia de inverno, enquanto o sol lutava para aquecer a atmosfera, uma conversa me despertou para uma reflexão profunda sobre a fragilidade da nossa relação com os recursos naturais. "A água vai acabar", disseram as instrutoras do curso sobre meio ambiente. A frase ecoou em minha mente como um alerta sobre a crise que se anuncia.

Diante daquela afirmação, uma série de indagações me invadiu. Se a água vai acabar, para onde ela irá? Em que se transformará? E a chuva, seria um desperdício de água? A torneira pingando na cozinha, seria um ato de negligência?

Busquei respostas para minhas perguntas, e a conclusão foi inevitável: o problema não é a água em si, mas sim o tratamento que dispensamos a ela. A água da torneira, se tratada, é um recurso valioso que não podemos desperdiçar. Mas, com as tecnologias avançadas que temos à disposição, a falta de água potável e acessível tornar-se-á uma realidade cada vez mais presente.

A água é tão essencial para a vida quanto o ar que respiramos. E este, ironicamente, está tão poluído quanto a água que consumimos. No entanto, ninguém se atreve a afirmar que o ar vai acabar. Mas, se os ricos começassem a medir o consumo de ar por pessoa, leis logo surgiriam para regulamentar e taxar esse recurso essencial.

Enquanto isso, a população comum é incentivada, e até mesmo coagida por lei, a economizar água sob ameaça de multa, enquanto os mais abastados desfrutam de piscinas e cascatas iluminadas em suas propriedades.

E o fogo, vai acabar? E a terra, também? Os terraplanistas quase reduziram o globo terrestre a uma pizza, mas a verdade é que os quatro elementos fundamentais para a vida na Terra – água, ar, fogo e terra – deveriam ser considerados bens públicos, com tratamento e uso adequados e acessíveis a todos.

A conscientização sobre o descarte correto de lixo é válida, mas não podemos ignorar o crescimento populacional desenfreado, que aumenta a contaminação da água, do ar e da terra. Qual seria o destino ideal para o lixo que produzimos? Aterros sanitários, seleção e incineração são apenas paliativos que, a longo prazo, não resolvem o problema e ainda geram outros impactos negativos.

Lamento ser pessimista, mas a realidade é cruel: a população da Terra cresce exponencialmente, e os recursos naturais tornam-se cada vez mais escassos. O que farão os ecologistas, biólogos, químicos e engenheiros ambientalistas quando a população mundial atingir 13 bilhões de habitantes?

Acredito que a água potável nunca irá acabar, mas seu acesso será cada vez mais restrito e caro, penalizando os mais pobres. A natureza, sábia e resiliente, encontrará formas de combater o "golpe da água", mas a que custo para a humanidade?

Diante desse cenário, a educação torna-se a chave para a mudança. Precisamos despertar a consciência crítica dos alunos para que compreendam a importância da preservação dos recursos naturais e da responsabilidade individual e coletiva.

Que esta crônica sirva de alerta e de incentivo à ação. Que possamos usar a tecnologia com sabedoria, para que ela seja uma ferramenta a serviço da educação e da sustentabilidade, e não um obstáculo para a construção de um futuro mais justo e equilibrado para todos.

5 Questões Discursivas Detalhadas sobre a Crônica "Reflexões Sobre a Água, o Ar e a Insustentabilidade Humana":

A crônica levanta a questão da disparidade entre o discurso de "economizar água" e a prática de consumo da elite. Discuta como essa contradição se manifesta na sociedade e quais as implicações sociais e ambientais dessa desigualdade.

Habilidade: Analisar criticamente discursos e práticas relacionados ao consumo de recursos naturais, identificando contradições e desigualdades.

Considerações: O aluno pode abordar a diferença entre o discurso de sustentabilidade e a prática de consumo da elite, a falta de acesso igualitário aos recursos naturais, a mercantilização da água e outros elementos relacionados à temática.

A crônica compara a água com o ar, questionando por que a escassez da água é tão debatida enquanto a poluição do ar é ignorada. Explique essa comparação e discuta as possíveis razões para essa diferença de tratamento, considerando aspectos econômicos, políticos e sociais.

Habilidade: Comparar diferentes situações relacionadas à questão ambiental, identificando semelhanças e diferenças, e relacionando-as a fatores econômicos, políticos e sociais.

Considerações: O aluno pode abordar a questão da mercantilização da água versus a dificuldade de taxar o ar, a influência de grupos de interesse na definição de políticas públicas, a falta de informação e conscientização sobre a poluição do ar, entre outros aspectos.

A crônica critica o modelo de desenvolvimento baseado no crescimento populacional e na exploração desenfreada dos recursos naturais. Discuta essa crítica, relacionando-a com a problemática do lixo e a busca por soluções sustentáveis.

Habilidade: Avaliar criticamente o modelo de desenvolvimento vigente, relacionando-o com a problemática ambiental e a busca por alternativas sustentáveis.

Considerações: O aluno pode abordar a questão do consumismo, da produção de lixo e seus impactos ambientais, da necessidade de repensar o modelo de desenvolvimento, da importância da economia circular e de outras soluções sustentáveis.

A crônica levanta a hipótese de que a água potável nunca irá acabar, mas seu acesso será restrito e caro, penalizando os mais pobres. Discuta essa afirmação, relacionando-a com a questão da justiça ambiental e do direito à água como um bem essencial à vida.

Habilidade: Refletir sobre a relação entre a questão ambiental e a justiça social, reconhecendo o direito à água como um direito humano fundamental.

Considerações: O aluno pode abordar a questão da mercantilização da água, da desigualdade social e seus impactos na distribuição dos recursos naturais, da importância de políticas públicas que garantam o acesso à água potável para todos, entre outros aspectos.

A crônica enfatiza o papel da educação como chave para a mudança. Explique a importância da educação ambiental crítica e transformadora na formação de cidadãos conscientes e engajados na defesa do meio ambiente.

Habilidade: Analisar o papel da educação na construção de uma sociedade mais justa e sustentável, reconhecendo a importância da educação ambiental crítica e transformadora.

Considerações: O aluno pode abordar a importância da educação ambiental para a conscientização sobre os problemas ambientais, para o desenvolvimento de valores e práticas sustentáveis, para o estímulo à participação cidadã e para a construção de um futuro mais justo e equilibrado para todos.

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