"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

Pesquisar neste blog ou na Web

MINHAS PÉROLAS

⁠"TÁ TODO MUNDO LOUCO, OBA!"("O gênio, o crime e a loucura provêm, por igual, de uma anormalidade; representam, de diferentes maneiras, uma inadaptabilidade ao meio." — Fernando Pessoa)
Relendo as relações síncronas e assíncronas com docentes e discentes em tempos de distanciamento social. Tudo é pandêmico, nada mudou, continuam me taxando de louco; visto que até o Bolsonaro, que esquerdistas chamam de louco, a maioria dos loucos chama-o de Mito, então estou no lucro. Pois, se me nego a dar dinheiro para as vaquinhas virtuais da escola é porque lá se faz vaquinha demais. Parece-me que os organizadores de tais agravos lucram mais. Contudo, continuarei travando minha guerra branca, combatendo o assédio moral! Então, xingam-me dos mesmos palavrões que me chamavam na igreja por sonegar o Dízimo: "Mão de vaca" é o que me dói mais, porque tem vaca no meio, esse animal que tenho medo: "O medo tem alguma utilidade, mas a covardia não" — (Mahatma Gandhi). Aqui justifico as relações docentes e discentes: Na minha loucura, não entendo a razão de qualquer crápula matricular-se na escola pública, baseado apenas no histórico escolar. Um histórico que não consta o perfil moral e de personalidade. Uma vez incluso, o credenciado já se sente no direito de humilhar um doutor ou um mestre. Nessa tendência sofre um graduado igualmente a um mestrado ou doutorado, basta levar o estigma de professor. Uma coisa entendo o porquê do aluno indisciplinado, irresponsável e desrespeitoso continuar assim em nosso meio, é que no Brasil, bandido tem problemas mentais, políticos corruptos têm problemas mentais, as vítimas têm problemas mentais também. E a religião doida, cheia de puritano, fingindo de bonzinho e fanáticos fabricam mais... Já que é assim, por que não posso fingir de louco para autorizar minha falsa moralidade? Jesus versus Barrabás, o desfecho dessa relação revela problemas mentais? Você que é normal; veja se é normal, um aluno pedir permissão, para ir ao banheiro como se fosse educado, ele quer ouvir o "não" que não ouve em casa, mas lhe digo "sim" para martiriza-lo. A coordenadora também o atormenta, obrigando-o de volta à sala, onde não quer ficar: martirizado e atormentado. Quando você age incoerentemente, deduz-se que os outros são idiotas e você é louco!(CiFA

Claudeci Ferreira de Andrade

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

LIBERDADE DE EXPRESSÃO QUE OFENDE ( Não me calarei irresponsavelmente)


Crônica

LIBERDADE DE EXPRESSÃO QUE OFENDE ( Não me calarei irresponsavelmente)

Por Claudeci Ferreira de Andrade
             Desta vez, foi convocada uma reunião extraordinária, arregimentando todos da escola, desde a porteira servente até a diretoria, as aulas terminaram, às 16h45, trinta minutos: tempo suficiente para a pauta, que seria a crônica do professor Claudeci - “Vaquinha, comportamento da plebe”. Então, tomaram conhecimento da mesma, por que ela foi lida no recreio, em segredo, na sala dos professores, e apenas cinco cópias impressas no computador da escola e ali distribuídas. Todavia, o assunto vazou!
           Ninguém nunca conseguirá entender as razões da minha reprimenda, sem deixar subestimar a sua própria inteligência. E muito mais, depois de lerem o texto em análise, surgiram os contrários, não sei o porquê, se era apenas um recorte real do nosso cotidiano. Os fracos e fortes questionaram a atitude da gestora! Sou suspeito ao dizer isto, pois sou o autor do tal texto, mas é um texto jornalístico de alto nível literário, totalmente ético, gramatical e semanticamente correto, completamente verossímil e de bons propósitos, preferi não escrever nenhum nome para dissimular os reais culpados. A dita crônica foi colada na folha da ata, assinada por todos os ouvintes e está ali como prova, visto que ela tem como foco principal a valorização do respeito ao outro. Por que os encarapuçados sentiriam-se ofendidos?  Não é a escola um ambiente cultural e de construção de cidadania? Ou a educada liberdade de expressão, princípio da democracia, não é validada entre os educadores? Se tacham minhas crônicas de ofensivas, todavia são mais suaves do que os relatórios oficiais dos incidentes escolares, desmaiariam se olhassem o Livro Ata, nomeando indiscriminadamente advertidos, culpados e castigados!
          Na tal reunião, fui interrogado o porquê de não ocupar minha coluna no jornal só com os feitos positivos da escola, logo respondi: “Para fazer melhorar não me interessa o que está certo, parabéns, mas me interessa o errado, isso sim precisa de conserto”. Aproveitando o ensejo, disse-lhes ainda que não inventei nada, apenas descrevi os fatos numa perspectiva didática e poética. Agora me refugio nas palavras do George Bernard Shaw: “Liberdade significa responsabilidade. E assim, tanta gente tem medo dela.”
          Muitas vezes, se confunde liberdade com libertinagem, só pela semelhança fonológica dos vocábulos. A libertinagem é violenta, viola o direito de outros, desdenha esses direitos, recusando a outros sua própria dignidade e valor com menosprezo, ela afasta-nos da verdade libertadora. Por outro lado, a liberdade é dignificante, santificadora, sagrada, desde que liberte-nos do egoísmo e dos erros aviltantes, a liberdade produz brilho gerador de um justo caráter, enaltece merecidamente; essa é minha proposta. Lamento por está fazendo uso dela e dizendo-lhes o que muitos não querem ouvir, como disse George Orwell: “Se a liberdade significa alguma coisa, será sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir.” E se Deus me deu o dom da fala a fim de eu defender minha vida, por que sempre tenho de permanecer calado para sobreviver? Por isso, não me calarei irresponsavelmente. Assim, como não param de "dizer mentiras sobre  mim, não pararei de falar verdades sobre eles".
– Ela é tão livre que um dia será presa.
– Presa por quê?
– Por excesso de liberdade.
– Mas essa liberdade é inocente?
– É. Até mesmo ingênua.
– Então por que a prisão?
– Porque a liberdade ofende.
Clarice Lispector Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 20/11/2010
Código do texto: T2626413

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

Comentários

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Professor acuado (Minicrônica - 100 caracteres)

Minicrônica

Professor acuado (Minicrônica - 100 caracteres)

Por Claudeci Ferreira de Andrade
Até cachorro late de mim, a rua é pública, escola também, provas têm; enciumados perguntam! Eis a questão: Vitima ou réu?
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 10/12/2010
Código do texto: T2664566

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

Comentários


Aprovação escolar sem mérito - Por Içami Tiba


Aprovação escolar sem mérito -Por Içami Tiba

Por Içami Tiba

O que mais fere um professor digno é ter que aprovar um aluno que não mereça. Mas por que o professor tem que aprovar aluno não merecedor?

Porque o professor é pressionado pelos governos, donos da escola, diretoria/supervisor de ensino/coordenador de área, pais do aluno não merecedor, insultuoso excesso de trabalho, aviltante salário, falta de condições adequadas de atualização do processo ensino/aprendizagem, mercantilização do ensino, falta de respeito/reconhecimento e abuso dos alunos, destruição do sonho ao abraçar a carreira de professor, que maltratam sua alma pela destruição de sua autoestima.

Professores do ensino público foram guilhotinados nas suas funções de ensino/aprendizagem quando se viram obrigados a aprovar todos os estudantes por uma lei que proibia a reprovação a não ser pelas faltas às aulas. Esta lei ficou conhecida como "aprovação automática". Aprender ou não deixou de ser significativo e o aluno era simplesmente aprovado. Os "beneficiados" por esta lei estão constatando pela sua vida prática o quanto foram prejudicados, pois o mercado de trabalho não emprega quem não tem competência, que é o que os alunos deixaram de adquirir ao não aprender o necessário para merecer um diploma. São formados até pelo ensino médio, mas são analfabetos funcionais.

Muitos donos de escola autodenominam-se como mantenedores. Pelo Houaiss, mantenedor é aquele que mantém, sustenta, defende, protege e vem da palavra espanhola mantener, que significa "manter, prover de alimento". Hoje, muitos mantenedores têm suas escolas como fontes de renda. Mensalidades pagas pelos alunos mantêm e 'alimentam' a escola. Uma escola privada que não gere renda torna-se financeiramente inviável e é fechada ou vendida. Os alunos como clientes de lojas "sempre têm razão". Basta reclamarem ou brigarem com um professor para ameaçarem procurar outra escola. O docente, num episódio como esse, pode ser advertido, punido ou até mesmo despedido pelo mantenedor. Esquecem-se os mantenedores escolares que os alunos geralmente estão pouco interessados em aprender e muito menos em estudar e querem ser aprovados. A maioria dos professores acaba sendo atropelada pelos interesses financeiros dos mantenedores. Os verdadeiros mantenedores são empresas, ONGs, instituições beneficentes que realmente sustentam escolas cujos alunos nada ou pouco pagam para estudar e aprender.

Quando surgem conflitos entre professores e alunos, a maioria dos diretores, supervisores e coordenadores de ensino acaba atendendo mais aos interesses dos alunos que ao currículo programático e os interesses pedagógicos. Eles temem pais querelantes que ameaçam denunciar e até processar a escola e seus funcionários para superproteger, mesmo que indevidamente, os seus filhinhos, verdadeiros príncipes herdeiros. As maiores vítimas das agressões nas escolas são os professores, o elo mais frágil da educação, quando deveria ser o mais forte, pois eles representam a escola na educação. 20% das agressões aos professores vêm diretamente dos pais.

Pais que vêm questionar por que o seu inocente filho está sendo perseguido por algum professor desalmado ou implorar para que o seu esforçado filho não repita de ano por causa de um único pontinho na nota. Esses pais estão financiando o despreparo e a má formação do seu filho quando assim o fazem. Professores são representantes sociais que os alunos têm que aprender a respeitar. Os filhos não podem cuspir no prato que comem e os alunos não podem maltratar os professores que os capacitam para a vida.

Quais foram os sonhos e as pretensões que alimentaram os professores quando jovens, para que eles resolvessem abraçar o magistério? Na sua etimologia, o Houaiss traz: lat. magisterìum,ìi 'dignidade, ofício de chefe; meio de curar, tratamento'. Mas a prática e os sistemas de educação no Brasil tiraram do docente a sua alma generosa, digna e necessária à formação dos futuros cidadãos, e colocaram no lugar a falta do reconhecimento, a impotência, a pobreza, a dificuldade e/ou impossibilidade de atualização na sua carreira e a desrealização do seu ofício, quando lhe tiraram a competência de avaliar se o aluno merece ou não ser aprovado

Içami Tiba Içami Tiba é psiquiatra e educador. Escreveu "Família de Alta Performance", "Quem Ama e Educa!" e mais 25 livros

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

PROFESSOR MARCA ALUNO?(Minicrônica 121 caracteres - ou minha primeira Nanocrônica


Minicrônica

PROFESSOR MARCA ALUNO?(Minicrônica 121 caracteres - ou minha primeira Nanocrônica)

Por Claudeci Ferreira de Andrade
          Apresentei-me ao terceiro noturno. Fuxicou a tal Aline: — Esse otário fala mal o Português! Acreditaram; eu ainda professor; ela, quem é agora?

(Lembraças do Colégio Estadual João Carneiro dos Santos, ano 2000)
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 22/11/2010
Código do texto: T2630393

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.
Comentários

sábado, 13 de novembro de 2010

"VAQUINHA" PARA ENGORDAR (Tomar o café da manhã como um rei, almoçar como um príncipe e jantar como um mendigo)


Crônica

"VAQUINHA", COMPORTAMENTO DA PLEBE ("O inferno são os outros." Autor: Jean-Paul Sartre)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Há certos lugares onde o tempo não corre — ele escorre, denso como melado. Um deles é a sala dos professores, especialmente às vésperas de alguma confraternização improvisada. É nesse território fértil em tensões latentes que o profissionalismo e o improviso dividem a mesma garrafa de café, enquanto circulam planilhas, bilhetes, cobranças disfarçadas de convites e, inevitavelmente, as famigeradas "vaquinhas".

Nesse ambiente, onde títulos e pós-graduações às vezes parecem mais armaduras do que credenciais, já vi quase de tudo: alianças forjadas entre goles de suco industrializado, discussões acaloradas por causa de um pão de queijo amanhecido e até filosofias de vida sendo esmagadas sob o peso simbólico de uma coxinha morna. Acreditamos numa certa nobreza do nosso ofício, numa "privilegiada vocação", como alguns diriam, que nos deveria garantir um respeito quase tácito. Contudo, o cotidiano insiste em mostrar que a distância entre o ideal e o real pode ser abissal.

E o que vi naquela tarde específica, confesso, ainda me causa certo arrepio. Era para ser apenas mais uma coleta — dessas que surgem sorrateiras: “Dez reais por cabeça, pessoal, só pra gente não passar em branco o aniversário da diretora” Ninguém quer ser o estraga-prazeres, o avesso à festa, o voto vencido na democracia forçada do congraçamento. Mas bastou uma negativa, ou talvez um questionamento sobre o modo como a cobrança foi feita, para que o chão da sala parecesse tremer. Um colega, de língua tão afiada quanto suas credenciais acadêmicas, disparou impropérios contra o coordenador como quem atira pedras numa vidraça frágil. Palavras de uma vileza inesperada, que rasgaram o ar e o decoro.

Do outro lado, o coordenador, com o rosto pálido e as mãos visivelmente trêmulas, tentava manter a compostura enquanto devolvia a pequena quantia ofensora. A tensão era palpável, quase sólida — a ponto de parecer que o bolo de cenoura com cobertura de chocolate, já repousando sacrificialmente sobre a mesa, começava a derreter de pura vergonha alheia. O escândalo, claro, esvaziou o propósito da comemoração antes mesmo que ela começasse. E o professor em questão saiu dali não com a cauda entre as pernas, mas pisando faceiro, como quem venceu uma batalha crucial que ninguém mais sabia estar sendo travada. A celeuma estava, ruidosamente, estabelecida.

É curioso — e um tanto desolador — como certos gestos, às vezes pequenos, às vezes coléricos como aquele, revelam fraturas muito maiores sob a superfície do coleguismo. Há dias em que todos os certificados emoldurados e os anos de experiência não bastam para conter a vaidade ferida ou a mais pura e simples grosseria. E a gente se pergunta: quando foi que a educação, esse espaço que deveria ser de exemplo, virou também essa arena de egos onde se discute mais o recheio do bolo do que o conteúdo do quadro-negro? Onde a oposição e as ofensas tomam o lugar dos bons costumes e da ética que tanto pregamos?

Não tenho a resposta. Mas sei, por experiência própria, o desconforto que essas situações geram. Quantas vezes já me senti sutilmente coagido a contribuir, mesmo deixando claro que não participaria do lanche? Não por avareza, mas por uma escolha pessoal — talvez até por um princípio aprendido sobre hábitos alimentares, que me distancia dessa necessidade de transformar cada reunião num pequeno banquete fora de hora. Prefiro não comer no ambiente de trabalho. Não vejo sentido em mastigar entre uma correção e um planejamento.

E, por essa recusa, já me olharam torto. Já me senti vilipendiado por comentários constrangedores e desnecessários ao me negar a pagar pelo pão de queijo quentinho que não provaria. Já disseram que pareço distante — e talvez eu seja mesmo, desse costume peculiar de usar a comida como termômetro de simpatia e integração. Há quem veja nesses gestos de partilha forçada um elo comunitário essencial. Eu, muitas vezes, vejo apenas uma cortina de fumaça — uma pressão por conformidade que ignora o bom senso e as vontades individuais. Porque, se o vínculo profissional e humano é real, ele deveria resistir bravamente à ausência de salgadinhos e refrigerantes.

Lembro-me também do dia em que uma funcionária da limpeza, que raramente me dirige um cumprimento formal, entrou na minha sala sem bater, interrompendo a aula, pedindo “uma ajudinha com o refrigerante” para a festa de despedida da coordenadora. Uma súbita demonstração de interesse na “integração das funções”, conveniente apenas no momento da coleta. Eu sequer havia sido formalmente informado da festa. Disse não, com a gentileza possível naquela situação abrupta. Ela não respondeu — apenas me lançou um olhar que misturava desprezo e surpresa, como se minha negativa fosse um crime contra a própria instituição. Mas, não era. Era apenas o exercício de um limite pessoal, o direito de dizer não sem precisar me justificar longamente.

Hoje, olhando para trás, percebo que aquela tarde de estalos verbais e mãos trêmulas, assim como as pressões cotidianas por contribuições e participações, foi muito mais que um episódio infeliz: foi, e é, um sintoma. A escola, quando se esquece de seu papel primordialmente formativo e passa a operar segundo as leis não escritas da popularidade, da pressão de grupo e do melindre, adoece.

E doente ela está — quando a grosseria é disfarçada de sinceridade; quando a escolha individual vira motivo de chacota ou exclusão; quando a recusa educada é interpretada como insubordinação ou falta de espírito de equipe. Não há festa, por mais bem-intencionada que seja na superfície, capaz de adoçar esse amargor que fica no ar.

Por isso, talvez, escrevo sobre isso. Porque acredito que, ainda que muitos falem de união e coleguismo, poucos realmente os praticam no respeito às diferenças e aos limites alheios. E talvez tenhamos, de fato, nos acostumado demais ao barulho dos talheres e das conversas obrigatórias — e desaprendido a valorizar o silêncio respeitoso que deveria ser a base de qualquer convivência minimamente civilizada.

Não sou, de forma alguma, contra a celebração ou a gentileza. Mas, prefiro aquelas que nascem do afeto sincero e da vontade genuína — e não da obrigação disfarçada, da pressão velada ou do interesse momentâneo. Entre um pedaço de bolo imposto e um gesto de respeito espontâneo, fico sempre com o segundo. Porque este sim, alimenta de verdade a alma e dignifica nossas relações.


Olá! Como seu professor de sociologia, preparei 5 questões discursivas simples com base nas ideias principais do texto:


1. O texto descreve a sala dos professores como um lugar onde "o profissionalismo e o improviso dividem a mesma garrafa de café". Explique essa metáfora, utilizando exemplos do texto para ilustrar a tensão entre o esperado no ambiente profissional e as situações informais e, por vezes, problemáticas que ocorrem.

2. O autor questiona se a educação, "esse espaço que deveria ser de exemplo", transformou-se em uma "arena de egos". Quais exemplos do texto sustentam essa crítica? Em sua opinião, como as dinâmicas de poder e as relações interpessoais podem impactar o ambiente de trabalho em instituições educacionais?

3. O texto aborda a questão das "vaquinhas" e das contribuições para eventos como um ponto de tensão. Analise, sob uma perspectiva sociológica, como as pressões de grupo e a necessidade de conformidade podem influenciar as decisões individuais em um ambiente profissional. Utilize o exemplo da recusa do autor em participar do lanche para fundamentar sua resposta.

4. O autor relata dois episódios específicos envolvendo a coleta de dinheiro: um para o aniversário da diretora e outro para a despedida da coordenadora. Compare esses dois eventos, identificando as dinâmicas sociais e as diferentes formas de pressão ou constrangimento presentes em cada situação. O que esses episódios revelam sobre as relações hierárquicas e a "integração" no ambiente escolar?

5. Na conclusão do texto, o autor reflete sobre a importância do respeito às diferenças e aos limites alheios em contraposição a uma "união e coleguismo" superficiais. Como você interpreta essa reflexão à luz dos eventos narrados ao longo do texto? De que maneira a valorização do "silêncio respeitoso" poderia contribuir para um ambiente de trabalho mais saudável e ético?

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A Bandeira da Paz (“faça ao outro somente aquilo que gostaria que o outro lhe fizesse”)




Crônica

A Bandeira da Paz (“faça ao outro somente aquilo que gostaria que o outro lhe fizesse”)


Por Claudeci Ferreira de Andrade

          A bandeira da paz correu entre os colégios da Cidade de Senador Canedo, mais uma vez, fui participar de uma dessas entregas, do Colégio Estadual João Carneiro ao Pedro Xavier, de cujos laços ainda estão muito estreitos, compartilhando professores e alunos, foram nove quilômetros de caminhada, ida e volta, tempo suficiente para pensar sobre o tema. Comecei por esta reflexão: todos os anos se faz isso e não muda nada, a onda de violência, por aqui, continua aumentando!
          A verdade é que assistimos a esse tipo de manifesto sem pensar devidamente em seu significado. Para alguns das unidades escolares é apenas mais uma farra, uma forma de matar aula. Eu vi o reboliço e as algazarras dos alunos durante o percurso. Mas, com tudo isso, ainda me pareceu algo positivo. Nunca entendi a paz como um lago de água parada, ou a ausência de problema e conflito, ou ainda a condição de imobilidade e êxtase quando não precisamos pensar em coisa alguma, ou de fazer alguma coisa.
          Paz é o equilíbrio das forças opostas, esse equilíbrio é praticamente inatingível sem a movimentação do "fiel da balança". Todas as pessoas têm sede de paz, e a política utilizada é que deve ser balanceada.
          A religião contaminou todos os segmentos da sociedade com uma angústia existencial,  impondo a realidade da morte como consequência do que o homem faz ou deixa de fazer e a posse do paraíso na mesma condição. E ainda a isso também chama de paz libertadora, eu o chamo de conturbação pela culpa. A certeza da morte aniquila a vontade de viver ou acende um desespero para usufruir da vida de qualquer forma no pouco tempo restante. Schopenhauer, objetivando saciar a sede de paz aos humanos, aconselha o silêncio, o jejum, a castidade, a renúncia sistemática, a fuga temporária da realidade por meio da arte ou de práticas orientais de meditação. Penso que o filósofo, em parte, tenha razão, mas sem nunca me esquecer de minha existência, mesmo sem pensar o bastante para ser percebido (Obrigado René Descartes)! Parece-me que passeatas, batendo panela na rua, pedindo ao bandido para não me matar, não funciona!
          Paz é satisfação, e a encontramos em situações diferentes. A Paz encontrada por mim em um momento específico, você encontra semelhante em outro, provavelmente não podemos usufruir da mesma paz em um mesmo evento, então vem a necessidade do equilíbrio para nascer a satisfação ali, eu contribuo com um pouco de mim e você de si. Este conflito gera a paz! “Amar o próximo como a ti mesmo” casa bem com “faça ao outro somente aquilo que gostaria que o outro lhe fizesse”. Depois de uma negociação bem sucedida, às partes sempre sobra a paz.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 01/11/2010
Código do texto: T2591058

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

Comentários

domingo, 24 de outubro de 2010

FELIZES OS QUE REPRESENTAM (O que significa dançar conforme a música?)

CRÔNICA

FELIZES OS QUE REPRESENTAM (O que significa dançar conforme a música?)

 Por Claudeci Ferreira de Andrade
          A diferença entre um professor sábio e um tolo, ambos alvo de todas as acusações de igual forma, não é muito notória. Considere um profissional que sempre está em atrito com os colegas por não ter o tal jogo de cintura, porém já tem algumas cartas marcadas nas mangas. Ambos os tipos são de professores formados, têm conteúdo, dominam seus conhecimentos, todavia terminam aí, simplesmente aí! Contudo, não lhes Faltam a vadiagem. Eles se sentem bem em fazer tudo certinho à vista de todos, para terem a consciência limpa. Mas, isso não basta. Eles precisam também de esperteza. Na sua mente, há de ter sempre uma saída, ou seja, o plano “B”. É assim o politicamente correto para quem ensina. 
          Um professor é como político, pode ser moralmente correto, pode amar a justiça e a decência, mas ao ser bom mesmo, não pode lhe faltar a “manha”, esta a qual só os dotados de senso de oportunista adquirem. No Brasil, sem dissimulação não se prospera. É como disse Mônica de Castro: "Toda trama requer uma boa dose de frieza e dissimulação". De todos atuantes na educação, os mais astuciosos, refiro-me, são os que galgam os postos melhores. São os conquistadores da confiança. Estes prometem e não cumprem, e só estes têm o direito de ditar o velho lugar comum: “faça o que eu digo e não faça o que eu faço” e por aí vai: Ô, vida falsificada, por aqui! Para que servem os diplomas bem merecidos, senão para dissimular o saber?!
          Dizem os fingidos: "amanhã só teremos três aulas, mas não devemos dizer para os alunos, senão eles não virão". A coisa funciona assim, porém os alunos não podem saber disso"! Por último, os alunos espertalhões também têm suas técnicas e descobrem os enigmas, confeccionados com a embromação de índices e estatísticas bonitas. "Não dá nada".
           Quando um professor é notificado, denunciado, acusado, faltou-lhe a sagacidade suficiente que o faz invisível aos olhos vagueantes dos mais maliciosos, sedentos pela novidade.  Ou seja, cansou-se de viver a vida cênica. Seu problema foi a perda da perspicácia. É assim o fazer bem feito?
          A verdade jamais se considera completa sem um pouco de malandragem, aqui faço minha a oração de Cássia Eller: “Eu só peço a Deus um pouco de malandragem...” Para eu ser um "bom profissional".
          Os ludibriões do sistema educacional estadual têm comportamento diferenciado quando atuam também no municipal. Um sistema largo favorece mais oportunidade para lambança. Parecem até ser duas pessoas, mas são dois empregos de 40 horas aula. Fazer 80 horas aula de efetivo trabalho por semana, têm que ser muito ardilosos!
          Nossa preocupação de conveniência não tem sido as consequências a longo prazo, mas as soluções imediatas e momentâneas, que o amanhã cuide de si mesmo, portanto não podemos esconder dores do ontem. Na escola, funciona a técnica Ricuperuna (Rubens Ricupero*), como regra geral: “Eu não tenho escrúpulos, o que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde”. Salve-se quem puder com toda "lábia"! O que significa dançar conforme a música?
—*Atualmente é diretor da Faculdade de Economia da Fundação Armando Álvares Penteado, e presidente do Instituto Fernand Braudel, que promove pesquisas, debates e publicações sobre problemas institucionais como educação e segurança, política econômica, política energética, desenvolvimento econômico e relações internacionais.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 24/10/2010
Código do texto: T2576517

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

Comentários