"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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MINHAS PÉROLAS

sábado, 6 de agosto de 2022

EDUQUE-SE SE PUDER ("Tudo quanto aumenta a liberdade, aumenta a responsabilidade." — Victor Hugo)

 


quarta-feira, 3 de agosto de 2022

BICHO DE GOIABA É GOIABA (Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço. -- Rm 7:19)

 


BICHO DE GOIABA É GOIABA (Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço. -- Rm 7:19)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Naquela tarde de domingo, ao pegar uma manga madura da fruteira, meus olhos capturaram algo inusitado: pequenos "bichos" se contorciam na polpa dourada. Fiquei surpreso, pois em minha mente simplória, apenas as goiabas eram suscetíveis a tais invasores. Com a fruta ainda em mãos, uma avalanche de reflexões inundou minha mente.

Lembrei-me de uma passagem bíblica que minha avó costumava citar: "Pelos frutos conhecereis a árvore". Jesus, em um de seus sermões, dizia que uma árvore boa não dá maus frutos, assim como um homem de caráter íntegro não age com maldade. Fiquei ali, parado, segurando a manga "bichada", pensando sobre a simplicidade desse ensinamento e como ele se aplica à nossa vida cotidiana.

Como professor de filosofia, muitas vezes me vi desafiado pelos alunos que se declaravam fervorosamente religiosos. Eles chegavam à sala de aula com uma aura de superioridade moral, como se suas crenças os tornassem imunes a qualquer falha de caráter. No entanto, eram frequentemente os mesmos que atrapalhavam as aulas, que não cumpriam com suas obrigações e que mais reivindicavam direitos sem assumir responsabilidades.

Observava-os, dia após dia, pregando amor ao próximo, mas destilando julgamentos aos que consideravam "pecadores". Era como se vissem o mundo em preto e branco, incapazes de compreender os diversos tons de cinza que compõem a complexidade humana. Justificavam-se rapidamente com exemplos bíblicos – Davi, Pedro, todos pecaram, mas foram grandes homens. O problema é que, enquanto eles se agarravam a esses exemplos, muitas vezes se esqueciam de um detalhe fundamental: o arrependimento sincero e a transformação que esses personagens viveram.

Certa vez, durante um debate acalorado sobre ética, um desses alunos proclamou: "Eu amo o pecador, mas detesto o pecado". A frase ficou suspensa no ar, pesada como chumbo. Olhei para ele e perguntei: "E como você separa o dançarino da dança?" O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Vi nos olhos dele a confusão de quem se depara com a própria contradição. Afinal, como amar alguém e detestar uma parte intrínseca de seu ser?

Naquele momento, voltei a pensar na minha manga bichada. Ela não deixava de ser uma manga por estar infectada. Seu valor nutricional não diminuía por conta de suas imperfeições. E não eram justamente essas imperfeições que a tornavam única, real, sem maquiagem? Percebi que todos nós somos como frutas em uma grande árvore da vida. Alguns aparentemente perfeitos por fora, outros visivelmente marcados. Mas quem pode julgar o sabor de um fruto sem antes prová-lo?

Quantas pessoas "bichadas" conhecemos por aí? Não no sentido literal, mas aquelas cujos defeitos não ficam aparentes à primeira vista. Elas parecem perfeitas, até que, de repente, mostram que por dentro estão tomadas por algo que as corrói. E, como essas frutas, essas pessoas podem estragar o ambiente ao seu redor, espalhando desconfiança, fanatismo, ódio disfarçado de moralidade.

Ao final daquela reflexão, guardei comigo uma lição preciosa: o verdadeiro caráter de uma pessoa não se revela em suas palavras pomposas ou em sua aparência imaculada. Ele se mostra nas pequenas ações, na compaixão genuína, na capacidade de reconhecer as próprias falhas e aceitar as dos outros.

Voltei para a cozinha com um novo olhar. Peguei a manga que havia deixado de lado e, com cuidado, removi as partes afetadas. O que restou era doce, suculento e perfeitamente imperfeito. Assim somos nós, pensei. Imperfeitos, às vezes "bichados", mas ainda capazes de oferecer doçura ao mundo. O segredo está em aceitar nossas próprias imperfeições e as dos outros, cultivando não apenas a aparência de bondade, mas seus verdadeiros frutos.

Afinal, a vida é como uma manga. Às vezes, por fora, tudo parece perfeito, mas, por dentro, podemos estar repletos de pequenos defeitos. O que importa, no fim, é o que decidimos fazer com isso. Vamos ignorar e deixar que os "bichos" nos consumam ou reconhecer o problema e tentar nos curar?

E você, caro leitor, que frutos tem colhido em sua jornada? Lembre-se: o que importa não é apenas a árvore que parecemos ser, mas os frutos que efetivamente produzimos.
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Com base no texto apresentado, elabore respostas completas e detalhadas para as seguintes questões:


Qual a principal reflexão que o autor faz a partir da imagem da manga "bichada"?


Como o autor relaciona a parábola bíblica dos frutos com a hipocrisia que ele observa em algumas pessoas religiosas?


Qual a crítica do autor à visão maniqueísta de bem e mal, frequentemente encontrada em algumas interpretações religiosas?


Qual a importância da aceitação das próprias imperfeições e da compaixão pelos outros, segundo o autor?


Qual a mensagem central que o autor busca transmitir ao leitor por meio dessa narrativa?

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terça-feira, 2 de agosto de 2022

NA GANGORRA DA VIDA (" - Que é que eu faço? É de noite e estou viva. Estar viva esta me matando aos poucos, e eu estou toda alerta no escuro." — Clarice Lispector

 


NA GANGORRA DA VIDA (" - Que é que eu faço? É de noite e estou viva. Estar viva esta me matando aos poucos, e eu estou toda alerta no escuro." — Clarice Lispector

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Nenhum homem é abominação para Deus. A existência de cada um é, por si só, motivo de alegria para Ele. Apenas de tempos em tempos, acontece d’Ele ralhar com alguém. Essa aparente desigualdade no modo como trata os desobedientes é, paradoxalmente, uma forma de amar.

Neste momento, sou eu o ralhado da vez. Ainda assim, duvido que o destino tenha me abandonado. Ele me vigia quase constantemente por meio da dor. Por isso, valorizo profundamente as raras pausas que me são concedidas — esses breves momentos de prazer. Afinal, a vida é “(Cu)rta, mas (pica)nte!”

Mas, por que esse "ralho", esse aparente castigo? Seria uma forma de a própria vida nos esculpir, de nos forçar a buscar um sentido que o prazer constante não revelaria? Talvez a dor não seja apenas um fardo, mas a mola propulsora que nos impele ao crescimento, à resiliência. Pensemos nos gemidos que escapam não só do prazer, mas também do esforço exaustivo em uma corrida, do choro de alívio após uma longa espera, ou do suspiro profundo ao finalmente entender algo complexo. Em todos eles, ecoa a humanidade em seu estado mais cru e verdadeiro.

Vivemos, assim, nessa gangorra existencial: uma metáfora que bem poderia ser representada por uma relação sexual — uma hora de esforço físico e psicológico em troca de cinco segundos de orgasmo. Quem nos ensinou a gemer tanto na dor quanto no prazer? O que me desconcerta é que, em ambos os casos, ouvimos as mesmas interjeições.

“É preciso relaxar para gozar” (Marta Suplicy), dizem. E eu acrescento: é preciso também calejar para suportar a dor. Isso, sim, é a felicidade — o torpor da vida!

Se a vida fosse um orgasmo constante, confesso: preferiria sentir um pouco de dor. Que venham, então, as dores e os relampejos de alívio. No fim das contas, tudo vai acabar bem!


QUESTÕES DISCURSIVAS - SOCIOLOGIA

Tema: Dor, Prazer e Construção Social da Experiência Humana

QUESTÃO 1

O texto apresenta uma reflexão sobre como a dor pode ter uma função social e pessoal na formação do indivíduo. Baseando-se no que estudamos sobre socialização, explique como as experiências de sofrimento podem contribuir para o desenvolvimento da identidade e dos valores de uma pessoa na sociedade.

QUESTÃO 2

O autor utiliza a metáfora da "gangorra existencial" para descrever a alternância entre dor e prazer na vida humana. Na sua opinião, como essa oscilação entre momentos difíceis e momentos de alívio influencia a forma como as pessoas se relacionam umas com as outras e constroem seus laços sociais?

QUESTÃO 3

O texto sugere que "é preciso calejar para suportar a dor" e relaciona isso com a ideia de felicidade. Considerando o que aprendemos sobre desigualdade social, como você acha que diferentes grupos sociais (ricos, pobres, jovens, idosos) desenvolvem diferentes formas de "calejar" diante das dificuldades da vida?

QUESTÃO 4

O autor questiona: "Quem nos ensinou a gemer tanto na dor quanto no prazer?". Essa pergunta nos leva a pensar sobre como aprendemos a expressar nossas emoções. Explique como a família, a escola e os meios de comunicação influenciam a maneira como demonstramos nossos sentimentos na sociedade.

QUESTÃO 5

No final do texto, o autor afirma que "preferiria sentir um pouco de dor" a viver "um orgasmo constante". Relacione essa ideia com o conceito sociológico de que as sociedades precisam de conflitos e tensões para se desenvolverem. Por que você acha que uma sociedade sem nenhum tipo de problema ou desafio poderia ser prejudicial para o crescimento coletivo?

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segunda-feira, 1 de agosto de 2022

O QUE É O AMOR VERDADEIRO? ("Ainda que seja raro o verdadeiro amor, é no entanto menos raro que a verdadeira amizade." (François La Rochefoucauld)

 


O QUE É O AMOR VERDADEIRO? ("Ainda que seja raro o verdadeiro amor, é no entanto menos raro que a verdadeira amizade." (François La Rochefoucauld)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

O relógio da praça batia três horas quando me sentei naquele banco de madeira gasta, testemunha silenciosa de incontáveis histórias de amor. O outono pintava o cenário com suas cores quentes, e o aroma de café recém-passado flutuava no ar, vindo do quiosque próximo.

Abri meu caderno de anotações, pronto para capturar os fragmentos de vida que passavam diante de meus olhos. Foi quando vi Dona Amélia, aos 80 anos, caminhando de braços dados com seu novo namorado, o Sr. José. Seus olhos brilhavam como os de adolescentes em seu primeiro encontro.

"Quem diria, hein, Dona Amélia?", pensei, sorrindo. Lembrei-me de quando ela jurava que, após a morte do marido, jamais se apaixonaria novamente. O tempo, esse velho sábio, provou-lhe o contrário.

Não muito longe, um jovem casal discutia acaloradamente. Ele gesticulava, ela chorava. De repente, silêncio. Um abraço forte selou a reconciliação, lembrando-me que o amor também é feito de tempestades e calmarias.

Meu olhar vagou até o playground, onde uma mãe empurrava seu filho no balanço. A criança ria descontroladamente, e a mãe, mesmo visivelmente cansada, sorria. Ali estava o amor em sua forma mais pura e abnegada.

Um homem passou correndo, suado, carregando um buquê de rosas vermelhas. Tarde para um encontro, talvez? Ou correndo para pedir perdão? O amor tem muitas faces, pensei, algumas delas marcadas pela urgência do momento.

Ao entardecer, observei um casal de idosos sentados em silêncio, de mãos dadas, contemplando o pôr do sol. Não trocavam palavras, mas seus olhares falavam volumes. Entendi então que o amor verdadeiro não precisa de grandes gestos ou declarações - às vezes, basta estar ali, presente.

Quando as primeiras estrelas surgiram no céu, fechei meu caderno, rico em histórias e reflexões. Caminhei para casa com o coração leve, compreendendo que o amor, em todas as suas formas, é o que dá sentido à nossa existência.

Naquela noite, antes de dormir, escrevi uma última nota: "O amor é como este parque - um espaço aberto onde histórias se cruzam, vidas se transformam e, a cada dia, novas possibilidades florescem. Basta termos olhos para ver e coragem para viver." -/-/-/-/-/-/-/-/-/-/

Com base nessas temáticas, proponho as seguintes questões para discussão em sala de aula:

O texto apresenta diversas formas de amor. Quais são elas? Como a sociedade influencia nossa compreensão do amor?

Essa questão incentiva os alunos a refletirem sobre a diversidade de expressões amorosas, além de questionar os valores e normas sociais que moldam nossas concepções sobre o amor.


O amor pode ser aprendido ou é algo inato? Como as experiências de vida moldam a forma como amamos?

A questão provoca uma discussão sobre a natureza do amor, se ele é um instinto ou uma construção social, e como nossas experiências pessoais influenciam nossa capacidade de amar.


O papel do espaço público nas relações amorosas: como os lugares que frequentamos e as pessoas que encontramos influenciam nossas experiências amorosas?

Essa questão incentiva os alunos a pensarem sobre a importância do contexto social para as relações amorosas, e como os espaços públicos podem ser palco de encontros e desencontros amorosos.


O amor é eterno ou se transforma ao longo do tempo? Como os relacionamentos evoluem ao longo da vida?

A questão aborda a dinâmica dos relacionamentos, a importância da mudança e adaptação, e a possibilidade de o amor se transformar ao longo do tempo.


A sociedade contemporânea valoriza diferentes formas de amor? Como as mídias e a cultura popular influenciam nossas expectativas sobre o amor?

Essa questão leva os alunos a refletirem sobre como os valores e as representações do amor na mídia e na cultura popular moldam nossas percepções e expectativas sobre os relacionamentos.

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domingo, 31 de julho de 2022

AMIZADE DE PROFESSOR E ALUNOS ("Quando defendemos os nossos amigos, justificamos a nossa amizade." — Marquês de Maricá)

 


AMIZADE DE PROFESSOR E ALUNOS ("Quando defendemos os nossos amigos, justificamos a nossa amizade." — Marquês de Maricá)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Professor não pode sorrir demais para o aluno — ele pode interpretar o gesto como um convite à intimidade e, assim, confundir os papéis, julgando-se próximo o suficiente para ignorar a autoridade e desconsiderar as responsabilidades que a relação impõe.

"Uma raposa muito jovem, que nunca tinha visto um leão, estava andando pela floresta e deu de cara com um leão. Ela não precisou olhar muito para sair correndo desesperadamente na direção de um esconderijo que encontrou. Quando viu o leão pela segunda vez, a raposa ficou atrás de uma árvore a fim de poder olhar antes de fugir. Mas, na terceira vez a raposa foi direto até o leão e começou a dar tapinhas nas costas dele, dizendo: — Oi, gatão! Tudo bom?"

Moral da história: Da familiaridade nasce o abuso. (Esopo)

Como pessoas sensatas, devemos ter a astúcia da raposa para reconhecer as armadilhas e a imponência do leão para manter os lobos à distância. Contudo, quando o temor se dissipa, instala-se a banalização dos vínculos. Maquiavel já advertia: "Os homens têm menos escrúpulos em ofender quem se faz amar do que quem se faz temer, pois o amor é mantido por vínculos de gratidão que se rompem quando deixam de ser necessários, já que os homens são egoístas; mas o temor é mantido pelo medo do castigo, que nunca falha."

Reconheço: minha posição pode soar radical — e é, intencionalmente. Às vezes, é preciso podar na raiz o que compromete o fruto. No entanto, admito e valorizo as exceções: há raposas prudentes, que respeitam o espaço do leão, e há leões sábios, que sabem quando rugir e quando acolher. Essa crítica não se aplica a você, que, com equilíbrio e sensatez, constrói relações saudáveis. Que assim continue, entre nós e em toda comunidade escolar.

Infelizmente, há coordenadores e diretores que desaprovam qualquer laço de amizade entre professores e alunos. Enxergam conspiração em cada gesto de proximidade, como se o afeto fosse uma ameaça. E não escondo a contundência: minha experiência mostra que, salvo raras exceções, esse medo é generalizado. Alegam que o distanciamento previne namoros, casamentos, abusos sexuais e complôs. Mas a realidade desmente essa crença — as escolas continuam nas manchetes por esses exatos motivos, apesar dos muros erguidos contra a confiança.

Na verdade, acredito no oposto: uma amizade genuína entre professor e aluno é um dos pilares da aprendizagem. O professor não perde ao ser amigo do aluno, e o aluno só ganha ao respeitar e confiar no professor. Onde há amizade, há espaço para limites, empatia, autocontrole, construção de autonomia. Afinal, só se aprende de quem se gosta.

Mas como operacionalizar essa amizade genuína sem comprometer os limites? A resposta está na transparência das intenções e na clareza dos papéis. O professor-amigo estabelece fronteiras desde o início: “Sou seu amigo, mas também seu educador — posso rir com você, mas não abrirei mão de cobrar sua responsabilidade.” Essa amizade constrói-se no diálogo franco, na coerência entre afeto e exigência, na capacidade de ser próximo sem ser permissivo. É a arte de abraçar sem sufocar, de acolher sem ceder, de ser humano sem perder a humanidade educativa. Afinal, o verdadeiro amigo não é aquele que facilita o caminho, mas aquele que ensina a caminhar com dignidade.

Para que essa amizade floresça sem transgredir os limites éticos da relação pedagógica, é necessário um pacto silencioso — porém firme — de respeito mútuo. O professor deve adotar uma postura de abertura vigilante: mostrar-se humano sem se tornar vulnerável à manipulação emocional. Isso se traduz em escuta atenta, empatia equilibrada e firmeza pedagógica. A linguagem corporal, o tom de voz, a constância das atitudes e o cuidado com o espaço pessoal são elementos que comunicam afeto sem permissividade. Assim, estabelece-se um vínculo saudável, onde a autoridade não é anulada pela proximidade, mas fortalecida por ela. Afinal, a educação é uma dança delicada entre o coração e a razão, entre o carinho e o limite.

Por isso, meu caro leitor, devemos cultivar também a amizade entre pais e professores. O pai que é amigo do educador do seu filho contribui imensamente para o sucesso do processo educativo. Confesso que inseri uma dose de ironia no primeiro parágrafo — não por descuido, mas para destacar um problema real: a escola, muitas vezes, finge formar cidadãos, mas se limita a despejar conteúdos. Como bem disse Arthur Schopenhauer: "Devemos nos proteger da familiaridade e das amizades idiotas." Sim, porque a verdadeira amizade, longe de idiotices, constrói pontes — e não atalhos — entre autoridade e afeto.


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O texto que acabamos de ler nos traz uma reflexão superinteressante e, confesso, um tanto provocadora, sobre a relação entre professores e alunos. O autor, com uma sagacidade que só a experiência oferece, nos convida a pensar sobre limites, autoridade, afeto e os perigos da "familiaridade excessiva" na escola. Ele até usa uma fábula clássica e pensadores como Maquiavel e Schopenhauer para dar um tempero à discussão. Mas, além da provocação inicial, o texto levanta questões sociológicas muito relevantes sobre o papel do professor na sociedade, a dinâmica das relações interpessoais no ambiente escolar e a importância dos limites para a construção de uma educação de qualidade. Vamos mergulhar juntos nessas ideias?


1 - O autor inicia o texto com a afirmação de que "Professor não pode sorrir demais para o aluno", citando a fábula da raposa e do leão e a frase "Da familiaridade nasce o abuso". Discuta como essa perspectiva se relaciona com os conceitos sociológicos de papel social e status no ambiente escolar, e por que a clareza desses papéis é considerada importante para a manutenção da ordem e das hierarquias.


2 - Maquiavel é citado com a ideia de que "Os homens têm menos escrúpulos em ofender quem se faz amar do que quem se faz temer". Analise essa citação à luz da autoridade carismática e da autoridade legal-racional, conforme os conceitos de Max Weber. Como o texto sugere que a relação professor-aluno deve equilibrar esses tipos de autoridade para ser eficaz?


3 - O autor critica a desaprovação de "qualquer laço de amizade entre professores e alunos" por parte de coordenadores e diretores, argumentando que "uma amizade genuína entre professor e aluno é um dos pilares da aprendizagem". Sob uma ótica sociológica, como a confiança e o vínculo afetivo podem influenciar o processo de socialização escolar e a construção do conhecimento, considerando que a escola é também um espaço de relações humanas?


4 - O texto propõe que uma "amizade genuína" entre professor e aluno é possível por meio da "transparência das intenções e na clareza dos papéis", com o professor-amigo estabelecendo fronteiras firmes. Explique como a comunicação não-verbal (linguagem corporal, tom de voz) e a coerência nas atitudes do professor podem atuar como mecanismos de manutenção da autoridade e dos limites, mesmo em uma relação de proximidade e afeto.


5 - Ao final, o autor estende a ideia de amizade para a relação entre pais e professores, afirmando que ela "contribui imensamente para o sucesso do processo educativo". Discuta sociologicamente a importância da parceria família-escola na formação do indivíduo, considerando que ambas são instâncias fundamentais de socialização e que seus valores e práticas podem se complementar ou entrar em conflito.

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